segunda-feira, 6 de abril de 2020

Espírito Henrique - Livro Lealdade / Ainda Hoje - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 5 - Repercussões da absolvição no Mundo Espiritual




Espírito Henrique - Livro Lealdade / Ainda Hoje - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 5


Repercussões da absolvição no Mundo Espiritual




Um amigo em campanha antiódio

“O amor vence a morte e vencerá sempre em qualquer ocorrência da vida, porque o amor traduz a presença de Deus.”


“Veia”, abençoe-me. Estamos aqui, firmes na fé.

Dias agitados os nossos de agora. Tantas questões por estudar, tantos apontamentos a fazer. E creia que o problema deslocou muita poeira nos dois Planos.

Refiro-me ao caso Maurício. Ninguém diria que o mocinho que visitei em Anápolis, se convertesse num ponto para tantas interrogações. Gostei do modo simples adotado por ele para descrever a realidade. Tudo espontâneo. Tudo claro.

O nosso respeitado Juiz agiu ao modo de alguém que se visse subitamente fascinado pela verdade pura. Incapaz de evitá-la, ante a nobreza da consciência, o nosso magistrado, num momento de abençoada luz, associou a verdade com a justiça e, sem nenhum propósito de parecer herói ou santo, lavrou a sentença incluindo nela a verdade sem atavios que o interessara.

O assunto, efetivamente, é cativante, mas não posso avançar nessa gleba. Tenho receio de temperar alguma frase com o molho do bom humor com que Deus me fez nascer, e prefiro que o nosso amigo Maurício e os amigos de sua causa se manifestem.

Não posso e nem devo desfigurar a seriedade, em cujo clima o diálogo dos companheiros se desdobra. Aguardemos. Posso, entretanto, dizer que estou contente com a campanha antiódio, na qual me alistei.

Mãe, se desvincularmos os nossos olhos da paisagem na vida física, orientando as nossas pesquisas para o Além, encontraremos uma vastidão de circunstâncias a espraiar-se em qualquer caso, facultando-nos novas interpretações de culpa e culpados.

Você, “Veia”, já pôde vislumbrar, em nossos diálogos, que atravessei doloroso período de luta e sofrimento, ao retomar certas reminiscências.

9 Aí, no Plano das formas da natureza material, a mente descansa na amnésia temporária e aqui, as terapêuticas para o trato real de nossas necessidades de paz, incluem atitudes que se devem tomar com certas dificuldades de nossa parte.

Eu nunca entendi tanto, quanto agora, aquele ensinamento do Cristo, quando declara o nosso Divino Mestre: “Reconcilia-te com o teu inimigo, enquanto estás a caminho com ele”.

Parece que em minhas extravagâncias de rapaz não memorizava o que você dizia, em casa, a nosso favor, mas tudo o que aprendi de seus lábios e de seus exemplos está gravado na lembrança.

Você, querida “Veia”, por ilações sucessivas e nos registros de nossos diálogos, já reconheceu, há muito tempo, que fui constrangido a pacificar o meu relacionamento na Vida Espiritual com o querido papai Gastão.

A natureza é uma oficina de Deus em que todas as peças da experiência humana são refundidas quando necessário. A reencarnação me parece um macete nas mãos dos Orientadores de nossos caminhos.

O amor não é somente aquele poder citado no Evangelho que nos cobre todas as faltas; é igualmente o véu que nos esconde uns dos outros, a fim de que todos os nossos resgates se processem, com a tranquilidade precisa.

Bendita a hora em que a sua mão assinou o pedido de encerramento da apelação da sentença em que, espiritualmente, me achava envolvido.

Agradeci tanto ao Mário Lúcio, n fiquei tão emocionado com a adesão do nosso amigo Dr. Wanderley, n que muita gente, inclusive corações dos mais nossos, ficaram sem perceber o motivo de minha euforia.

É que com a sua mão que amo tanto, eu mesmo assinei a solicitação que dissipava o grilhão no qual iríamos novamente perder muito tempo, adquirindo, talvez, neblina e cegueira para os nossos próprios olhos por longos dias.

Continuei o movimento e, quanto se me faz possível, com o apoio do meu amigo, o papai Gastão e de outros companheiros dos quais me fizera devedor em épocas passadas, procuro atuar na reconciliação possível de todos os ofendidos e ofensores.

Só com o esquecimento das falhas cometidas contra nós é que dissolveremos as pedras da estrada, suscetíveis de ferir-nos ainda. Quem quiser acalente espinhos no coração.

Você e eu não mais. Estamos num grande momento de nossa vida. Percebemos hoje que os sofredores e os infelizes são nossos irmãos verdadeiros. É preciso haver chorado muito para reconhecer essa verdade com o coração.

Conhecíamos noutro tempo os enfermos do corpo, os abandonados, os que se apresentassem certidão de infortúnio para terem direito à nossa esmola quase sempre arrogante e destrutiva, os últimos das filas nos interesses econômicos e sociais.

Hoje, porém, Dona Augustinha, estamos com a visão interna funcionando. Mais tristes do que os mendigos mais tristes são os nossos companheiros do mundo, tantas vezes bem apessoados e altamente distintos, que carregam culpas e remorsos no coração!

Aquele que estende a mão para recolher migalha do que podemos distribuir dorme tranquilamente ante o céu estrelado, sob cobertores de papel ou descansa sobre uma calçada esquecida ao abandono; entretanto, os irmãos que se reconhecem atormentados por dúvidas e arrependimentos, unicamente a custa dos poderosos tranquilizantes que lhes prejudicam a saúde é que conseguem a fuga artificial de si mesmos, para despertarem no dia seguinte, mais agoniados e desditosos, até se precipitarem nas doenças de caráter obscuro que os matriculam em sanatórios e casa de repouso físico, que às vezes, lhes precedem a instalação nos gabinetes da morte prematura.

Lutei muito, querida mãe, para compreender isso, e hoje peço a Deus para que todas as criaturas se amem umas às outras, declarando perdoadas as faltas reais ou as imaginárias que se atribuem a muitos de nossos irmãos e irmãs da jornada terrestre.

Sei que a realização, por enquanto, na Terra, é muito difícil, mas sei também que a Divina Providência nos fará desmemoriados no mundo, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, até que aprendamos sinceramente, com teoria e prática, a lei divina do perdão das ofensas.

Ainda uma vez, agradeço o carinho com que a sua dedicação me ouviu, agindo publicamente, ao meu lado, para que eu pudesse voltar a ser o seu filho, sempre mais seu e mais livre para dedicar ao seu carinho todo o meu amor, diante do Pai Altíssimo.

Entendo que os agrupamentos sociais “por aí” por muito tempo ainda caminharão na base do “toma lá, dá cá”, numa espécie de maiorias, daquelas que as leis antigas criaram com os princípios do “olho por olho” e do “dente por dente”, mas estamos agora descartados de semelhantes processos de vivência infeliz.

Os errados são irmãos que necessitam de apoio, os delinquentes são enfermos da alma, ingratos são paralíticos da memória e as inteligência perversas são criaturas enganadas por si próprias, de que as Leis de Deus se encarregarão.

Agradeço a você, mãe do coração, por me haver compreendido. Sabia, de minha parte, que não recorreria debalde à sua proteção. Estamos livres para obedecer a Jesus, estamos independentes para escravizar-nos ao Divino Mestre que nos ensinou a desculpar qualquer ofensa setenta vezes sete vezes. 

Isso tudo é raciocínio que me ocorre, diante do caso do nosso amigo Maurício que soube participar de nosso empreendimento.

Deus é amor para todos e, buscando agradecer a Deus pelo amor que recebemos, devemos de nossa parte cooperar sempre mais com o apoio aos infelizes que, um dia, devem ser felizes ou tão felizes quanto somos.

Peço dizer ao Luiz Antônio que a nossa querida Toca foi transportada para a Vida Maior na condição de uma criança de Deus, regressando ao lar que deixara iluminado e feliz na retaguarda.

Toca foi na Terra esse exemplo de flor oculta que preferia resguardar-se na singeleza e no serviço para conquistar a verdadeira paz.

Quanto ao nosso Rogério, rogo a você, querida “Veia”, dizer aos nossos amigos Aziz e Walquíria que o irmão Alcides tutelou-o na Vida Espiritual.

Lembro-me de sua emoção na manhã de sete de agosto último, quando o seu coração percebeu conosco que o Rogério estava de partida. Eu mesmo pedi para que você voltasse a casa para não se recordar com tamanha intensidade do filho que era ali, eu mesmo, a preocupar-me com o seu estado de espírito.

A mãezinha de nossa estimada Walquíria recebeu o pequenino e grande amigo nos braços carinhosos, e depois o amigo Alcides o retomou sob seus cuidados especiais.

O amor vence a morte e vencerá sempre em qualquer ocorrência da vida, porque o amor traduz a presença de Deus.

Comigo se encontram o Izídio, n que abraça a irmã Laudelina, n e o nosso amigo Alvicto, que reafirma à irmã Lélia a sua assistência constante.

O Oscar e o Guimarães estão conosco e todos formamos uma corrente de preces rogando a Deus a paz em auxílio a todos.

E agora, Dona Augusta, é a hora do ponto final. Não direi pra você que será ele pontilhado de lágrimas, porque será hoje burilado com partículas de luz. Estamos ricos de paz e amor, e isso agora é tudo o que seu filho ansiava conquistar.

Abraços ao Eduardo, a quem desejo sucesso nas tarefas escolhidas, e às irmãs e aos irmãos que as desposaram, todo o meu afetuoso agradecimento.

E agora, querida “Veia”, enquanto o Izídio pede à irmã Lau que faça a entrega da melodia do “João de Barro” à sua querida mãe Dona Leila, peço ao seu carinho ouvir a canção do seu “Menino da Porteira” que você me auxiliou a abrir para o lado das terras iluminadas de Jesus-Cristo, com a extinção de todo e qualquer ressentimento em meu coração.

Sou agora o Menino da Porteira Aberta para a Bênção de Deus. Graças a Deus e a você, esse hoje é o meu melhor título.

O nosso amigo Alvicto abraça a irmã Lélia e todos somos gratos a quantos aqui nos facultam a possibilidade de escrever esta carta.

“Veia” querida, sou tão pobre de tudo que, se tenho alguma riqueza, essa é a sua dedicação para com seu filho. Sou um Espírito ainda empobrecido que adquiriu imensa fortuna no amor com que você me acolhe.

Receba assim seu filho que vive em seu coração e vem de tão longe, em me referindo ao passado, para agradecer tudo o que o seu carinho representa em meus passos.

Mãe, o filho pródigo da parábola foi recebido pelo devotado pai a que se referia Jesus, pois sou eu o filho pródigo que nunca se afastou de você.

Guarde-me na bênção de suas preces e Deus a recompensará por ser a esperança sempre viva e o amor cada vez mais belo e mais presente para o seu filho, sempre o seu filho do coração,




Henrique






Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

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