Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Atualidade - Divaldo P. Franco - Cap. 12
Jesus e Responsabilidade
Há, no homem, latente, um forte mecanismo que o leva a fugir da responsabilidade, transferindo o seu insucesso para outrem, na condição de indivíduo social, ou para os fatores circunstanciais da sorte, do nascimento e até de Deus. Quando tal não se dá, na área das suas projeções comportamentais, apega-se ao complexo de culpa, mergulhando nas depressões em que oculta a infantilidade, pouco importando a idade orgânica em que transita.
A responsabilidade resulta da consciência que discerne e compreende a razão da existência humana, sua finalidade e suas metas,
trabalhando por assumir o papel que lhe está destinado pela vida. Graças a isso, não se omite, não se precipita, estabelecendo um programa de ação tranquila, dentro do quadro de deveres que caracterizam o progresso individual e coletivo, visando à conquista da plenitude.
O homem responsável sabe o que fazer, quando e como realizá-lo.
Não se torna parasita social, nem se hospeda no triunfo alheio, tampouco oculta-se no desculpismo ridículo. A sua lucidez torna-o elemento precioso no grupo social onde se movimenta. Talvez não lhe notem a presença, face à segurança natural que proporciona, todavia, a sua falta sempre se faz percebida por motivos óbvios.
A responsabilidade do homem leva-o aos extremos do sacrifício, da abnegação, da renúncia, inclusive do bem-estar, e até mesmo da sua vida.
Como pastor de almas, Jesus fez-se-nos responsável, elucidando-os a respeito dos deveres, das necessidades reais, dos legítimos objetivos de nossa vida. Em contrapartida, doou-se-nos até o holocausto, não fosse a Sua vida ao nosso lado, em si mesma, um grande e estoico sacrifício de amor. Não obstante, conclamava a todos que O buscavam para o dever da responsabilidade, que os capacita para as realizações relevantes. Por conhecer a alma humana em sua realidade plena, identificava nela as nascentes de todos os males, como também a fonte generosa de todas as bênçãos.
Porque o homem ainda prefere a manutenção das próprias mazelas,
nelas se comprazendo, anestesia-se no infortúnio em que permanece com certo agrado, embora demonstre desconforto e infelicidade. Desse modo,
sempre que acolhia àqueles que O buscavam, conhecendo-lhes as causas dos pesares, após atendê-los, propunha-lhes com veemência que não retornassem aos erros, a fim de que lhes não acontecesse nada pior.
A responsabilidade liberta o indivíduo de si mesmo, alçando-o aos planos superiores da vida. Enquanto ele se movimenta cultivando o morbo das paixões selvagens, desajusta os implementos emocionais, tornando-se vítima de si mesmo, facultando que se lhe instalem as doenças degenerativas e causticantes.
A renovação moral propicia a canalização das energias saudáveis de forma favorável, preservando o ser para os cometimentos elevados a que se destina.
A humanidade sobrevive graças aos seus homens responsáveis, que trabalham continuamente em prol do bom, do belo, do ideal. Eles se destacam pela grandeza das suas realizações cimentadas no sacrifício pessoal.
À mulher surpreendida em adultério, aos portadores do mal de Hansen e aos obsidiados, após a recuperação de cada um, a advertência de Jesus era sempre firmada na responsabilidade, para que, em entesourando os valores éticos e os deveres espirituais, não se permitissem voltar aos erros.
Neste momento, quando necessitas d'Ele, reformula os teus conceitos sobre a vida e passa a atuar corretamente, dominado pela responsabilidade.
A ninguém transfiras a causa dos teus desaires, dos teus insucessos. Dá-te conta deles e recomeça a ação transformadora.
Mesmo que não o queiras, serás sempre responsável pelos efeitos dos teus atos. Colherás conforme semeares.
Assume, portanto, o teu compromisso com o Mestre e permanecerás saudável interiormente, prosseguindo íntegro nos teus deveres com responsabilidade.
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