sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Léon Denis - Livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor - Cap. XIX - A Lei dos Destinos




Léon Denis - Livro O Problema do Ser, do  Destino e da Dor - Cap. XIX


A Lei dos Destinos


Tendo sido feita a prova das vidas sucessivas, o caminho da existência se acha desobstruído; a rota firme e segura, está traçada.

A alma vê claramente seu destino, que é a ascensão à mais alta sabedoria, à luz mais viva. A equidade governa o mundo; nossa felicidade está em nossas mãos. Tendo como objetivo a beleza e como meios a justiça e o amor, o Universo não pode mais falir. Desde então, todo temor quimérico, todo pavor do Além se desfazem. Em vez de temer o futuro, o homem desfruta da alegria das certezas eternas. Com a confiança no porvir, suas forças se redobram; seu esforço para o bem será, por isso, centuplicado.

Todavia, ainda se faz uma pergunta: através de que forças secretas a ação da justiça se exerce no encadeamento de nossas existências?

Assinalemos, primeiramente, que o funcionamento da justiça humana nada nos oferece que se compare à Lei Divina dos destinos. Esta se cumpre por si mesma, sem intervenção exterior, tanto para os indivíduos, quanto para as coletividades.

O que nós chamamos de mal, ofensa, traição, assassinato, determina, nos culpados, um estado de alma que os entrega aos golpes do destino, em uma medida proporcional à gravidade de seus atos.

Esta lei imutável é, antes de tudo, uma lei de equilíbrio.

Estabelece a ordem no mundo moral, da mesma forma que as leis da gravitação e da gravidade asseguram a ordem e o equilíbrio, no mundo físico. Seu mecanismo é, ao mesmo tempo, simples e grandioso. Todo mal se repara pela dor.

Aquilo que o homem realiza de acordo com a lei do bem resulta-lhe em serenidade e contribui para sua elevação; qualquer violação provoca o sofrimento. E este prossegue em sua obra interior; vasculha as profundezas do ser; mostra os tesouros de sabedoria e bondade que ele guarda e, simultaneamente, elimina-lhe os germens malsãos. Prolongará sua ação e voltará a atuar durante tanto tempo quanto for necessário, até que o ser floresça no bem e vibre em uníssono com as forças divinas.

Mas, no empreendimento desta obra grandiosa, reservar-se-ão compensações à alma. Alegrias, afetos, períodos de repouso e de felicidade vão se alternar, no rosário de suas vidas, com existências de luta, de resgate e de reparação. Assim, tudo se acha arrumado e organizado, com arte, ciência e bondade infinitas, na obra da Providência.

No começo de sua caminhada, em sua ignorância e fraqueza, o homem desconhece e transgride, com frequência, a Lei. Daí, as provas, as enfermidades, as servidões materiais. Mas, ao esclarecer-se, ao aprender a pautar os atos de sua vida segundo a regra universal, expõe-se, cada vez menos, à adversidade.

Nossos pensamentos e nossos atos traduzem-se em movimentos vibratórios, e seu foco de emissão, pela repetição frequente desses mesmos atos e pensamentos, transforma-se, pouco a pouco, em um potente gerador, para o bem ou para o mal. Assim, o ser classifica-se a si próprio, pela natureza das energias das quais é o centro irradiador. Mas, enquanto as forças do bem se multiplicam por si mesmas e crescem incessantemente, as forças do mal destroem-se por seus próprios efeitos, pois estes efeitos retornam à causa, ao centro de emissão, traduzindo-se sempre por consequências dolorosas. Assim como todos os seres, o mau está submetido ao impulso evolutivo, por isso, forçosamente, vê crescer sua sensibilidade. As vibrações de seus atos, de seus pensamentos maus, após terem efetuado sua trajetória, voltam, mais cedo ou mais tarde, em direção a ele, oprimindo-o, constrangendo-o à necessidade de se reformar.

Este fenômeno poderia ser explicado cientificamente pela correlação das forças, por esta espécie de sincronismo vibratório que reconduz sempre o efeito à sua causa. Temos uma demonstração disto, neste fato bem conhecido: em tempo de epidemia, de contágio, as pessoas atingidas são, principalmente, aquelas cujas forças vitais se harmonizam com as causas mórbidas em ação, enquanto os indivíduos dotados de vontade firme e isentos de temor, geralmente, ficam imunes.

Ocorre o mesmo, do ponto de vista moral. Os pensamentos de ódio e de vingança, os desejos de prejudicar, só nos podem atingir e influenciar, se encontrarem, em nós, elementos que vibrem em uníssono com aqueles pensamentos e desejos. Caso nada tenhamos de similar, aquelas forças más deslizam, sem nos atingir, voltando àquele que as projetou, atingindo-o, por sua vez, no presente ou no futuro, assim que circunstâncias particulares as façam entrar na corrente de seu destino.

A lei de repercussão dos atos tem, portanto, algo de mecânico, de aparentemente automático. Entretanto, uma vez que ela acarreta duras expiações, reparações dolorosas, espíritos elevados intervêm, para pautar-lhe a execução e acelerar a marcha das almas, no processo evolutivo. A influência deles se faz sentir, sobretudo, na hora da reencarnação, a fim de guiar estas almas em suas escolhas, determinando as condições e os meios favoráveis à cura de suas doenças morais e ao resgate das faltas anteriores.

Sabemos que não há educação completa, sem a dor.

Adotando este ponto de vista, devemos evitar ver, nas provas e nos males da Humanidade, a consequência exclusiva dos erros passados. Nem todos os que sofrem são, necessariamente, culpados em processo de expiação. Muitos são simplesmente espíritos ávidos de progresso, que escolheram vidas penosas e laboriosas para colher o benefício moral correspondente a toda pena suportada.

No entanto, em tese geral, é do choque com a lei de harmonia, é do conflito do ser inferior que ainda se ignora, que nasce o mal, o sofrimento. É pelo retorno gradual e voluntário do mesmo ser à harmonia que se restabelece o bem, isto é, o equilíbrio moral. Em todo pensamento, em toda obra, há ação e reação, e esta é sempre proporcional em intensidade à ação realizada. Por isso, podemos dizer: o ser colhe exatamente o que semeou.

E ele o colhe mesmo, já que, com sua ação continuada, modifica sua própria natureza, purifica ou materializa seu envoltório fluídico, o veículo da alma, o instrumento que serve para todas as suas manifestações e no qual se modela o corpo físico, em cada renascimento.

Vimos, precedentemente, que nossa situação no Além resulta das ações repetidas que nossos pensamentos e nossa vontade exercem constantemente sobre o períspirito. Segundo sua natureza e seu objetivo, eles o transformam, pouco a pouco, em um organismo sutil e radiante, aberto às mais altas percepções, às sensações mais delicadas da vida do Espaço, capaz de vibrar harmonicamente com os espíritos elevados e de participar das alegrias e impressões do Infinito. No sentido inverso, eles farão do períspirito uma forma opaca, grosseira, agrilhoada à Terra por sua própria materialidade e condenada a ficar confinada nas baixas regiões.

Esta ação contínua do pensamento e da vontade, exercida, ao longo dos séculos e das existências, sobre o períspirito, faz-nos compreender como se criam e se desenvolvem nossas aptidões físicas, assim como nossas faculdades intelectuais e nossas qualidades morais.

Nossas aptidões para cada gênero de trabalho, nossa habilidade, nossa destreza em todas as coisas, são o resultado de inumeráveis ações mecânicas acumuladas e registradas pelo corpo sutil, do mesmo modo que todas as lembranças e aquisições mentais ficam gravadas na consciência profunda. Na ocasião do renascimento, estas aptidões são transmitidas, por uma nova educação, da consciência externa aos órgãos materiais. Assim se explica a habilidade consumada e quase inata de certos músicos e, em geral, de todos aqueles que mostram, em um domínio qualquer, uma superioridade de execução que surpreende, à primeira vista.

A mesma coisa acontece com faculdades e virtudes, com todas as riquezas da alma adquiridas ao longo dos tempos. O gênio é um extenso e enorme esforço de ordem intelectual e a santidade é conquistada por uma luta secular contra as paixões e as atrações inferiores.

Com um pouco de atenção, poderíamos estudar e acompanhar em nós o processo de nossa evolução moral. Cada vez que praticamos uma boa ação, um ato generoso, uma obra de caridade, de devotamento, a cada sacrifício do eu, não sentimos uma espécie de dilatação interior? Algo parece desabrochar em nós. Uma chama se acende ou se aviva, nas profundezas do ser.

Esta sensação não é ilusória. O espírito se ilumina a cada pensamento altruísta, a cada impulso de solidariedade e de amor puro. Se estes pensamentos e estes atos se repetem, se multiplicam, se acumulam, o homem se acha como que transformado, ao final de sua existência terrestre. A alma e seu envoltório fluídico terão adquirido um poder de irradiação mais intenso.

Em sentido oposto, todo pensamento mau, todo ato culposo, todo hábito prejudicial, provocam um encolhimento, uma contração do ser psíquico, cujos elementos se condensam, se escurecem, acumulando fluidos grosseiros.

Os atos violentos, a crueldade, o assassínio, o suicídio, produzem, no organismo do culpado, uma perturbação, uma comoção prolongada, que repercute, de renascimento em renascimento, no corpo material e se traduz em doenças nervosas, em tiques, em convulsões e até em deformidades, em enfermidades, em casos de loucura, segundo a gravidade das causas e a potência das forças em ação. Toda infração à lei acarreta um incômodo, um encolhimento, uma privação de liberdade.

As vidas impuras, a luxúria, o alcoolismo, a depravação, conduzem-nos a corpos débeis, desprovidos de vigor, de saúde, de beleza. O ser humano que abusa de suas forças vitais condena-se, a si mesmo, a um futuro infeliz, a enfermidades mais ou menos cruéis.

A reparação tanto se efetua em uma longa vida de sofrimentos, necessária para destruir as causas do mal em nós, quanto em uma existência curta e difícil, encerrada com uma morte trágica. Às vezes uma atração misteriosa reúne, em um ponto específico, os culpados, de lugares longínquos, para atingi-los em comum. Citemos, como exemplos, as catástrofes célebres, os grandes sinistros, as mortes coletivas, tais como o incêndio do bazar da Charité, a explosão de Courrières, a de Iena, o naufrágio do Titanic e de tantos outros navios.

Assim se explicam as breves existências. Elas são o complemento de vidas precedentes, concluídas muito cedo, abreviadas prematuramente, seja por excessos, abusos, ou qualquer outra causa moral e que, normalmente, deveriam prolongar-se.

Deve-se evitar incluir entre esses casos as mortes de crianças em tenra idade. A curta vida de uma criança pode ser uma prova para os pais, assim como para o espírito que quer reencarnar. Em geral, é simplesmente uma entrada falha, no teatro da vida, seja por causas físicas, seja por falta de adaptação entre os fluidos. Neste caso, a tentativa de encarnar se renova pouco depois, no mesmo meio; ela se repete, até o sucesso completo, ou, então, se as dificuldades forem insuperáveis, efetua-se em um meio mais favorável.

Todas estas considerações o demonstram: para assegurar a depuração fluídica e o bom estado moral do ser, tem-se que estabelecer uma disciplina do pensamento, promover uma higienização da alma, como é preciso observar uma higiene física para manter a saúde do corpo.

De acordo com esta ação constante do pensamento e da vontade sobre o períspirito, vê-se que a retribuição é absolutamente perfeita. Cada um colhe o fruto imperecível de suas obras passadas e presentes. E o colhe, não pelo efeito de uma causa exterior, mas por um encadeamento que liga, em nós mesmos, a aflição à alegria, o esforço ao sucesso, a falta ao castigo.

É, pois, na intimidade secreta de nossos pensamentos e na flagrante exterioridade de nossos atos, que se deve procurar a causa eficiente de nossa situação presente e futura.

Somos colocados, segundo nossos méritos, no meio de onde nossos antecedentes nos chamam. Se nos encontramos infelizes, é porque não estamos bastante perfeitos, para desfrutar de uma sorte melhor. Mas, nosso destino melhorará, quando soubermos fazer nascer, em nós, mais desinteresse, mais justiça, mais amor. O ser tem de aperfeiçoar, embelezar incessantemente sua natureza íntima, aumentar seu mérito pessoal, construir o edifício de sua consciência: tal é o objetivo de sua evolução.

Cada um de nós possui aquele gênio particular, que os druidas chamavam awen, isto é, a aptidão primordial de todo ser para concretizar uma das formas especiais do pensamento divino. Deus depositou, no fundo da alma, os germens de faculdades poderosas e variadas; todavia, há uma das formas de seu gênio que ela está destinada a desenvolver, acima de todas as outras, através de um trabalho constante, até que tenha atingido seu ponto de excelência. Estas formas são inumeráveis.

São os aspectos múltiplos da inteligência, da sabedoria e da bondade eternas: a música, a poesia, a eloquência, o dom da invenção, a previsão do futuro e das coisas ocultas, a ciência ou a força, a bondade, o dom de educação, o poder de curar, etc.

Projetando a entidade humana, o pensamento divino a impregna mais particularmente com uma dessas forças e, por isso mesmo, assinala-lhe um papel especial, no vasto concerto universal.

As missões do ser, seu destino, sua ação na evolução geral, precisar-se-ão, cada vez mais, no sentido de suas aptidões próprias, aptidões a princípio latentes e confusas, no início de sua caminhada, mas que vão despertar, crescer, acentuar-se, à medida que percorra a espiral imensa. As intuições, as inspirações que vai receber do Alto corresponderão a este aspecto especial de seu caráter. Segundo suas necessidades e seus apelos, é desta forma que ele perceberá, no fundo de si mesmo, a melodia divina.

Assim, da variedade infinita dos contrastes, Deus sabe fazer brotar a harmonia, tanto na Natureza, quanto no seio das humanidades.

E se a alma abusa desses dons, se os aplica às obras do mal, se, por causa deles, nascem-lhe a vaidade e orgulho, ser lhe-á preciso, como expiação, renascer em corpos incapazes de manifestá-los. Viverá, entre os homens, como um gênio ignorado, humilhado, o tempo necessário para que a dor triunfe sobre os excessos da personalidade e lhe permita retomar seu impulso sublime, sua caminhada, momentaneamente interrompida, em direção ao ideal.

Almas humanas que percorreis estas páginas, elevai vossos pensamentos e vossas resoluções à altura das tarefas que vos cabem. As estradas do infinito abrem-se diante de vós, cobertas de maravilhas inexauríveis. Em qualquer ponto a que vosso impulso vos conduza, por toda a parte, assuntos a estudar vos aguardam, com fontes inesgotáveis de alegrias e encantamentos de luz e de beleza. Por toda a parte e sempre, horizontes desconhecidos sucederão aos horizontes percorridos. 

Tudo é beleza na obra divina. Em vossa ascensão, vos está reservado o desfrutar de aspectos inumeráveis, agradáveis ou terríveis, desde a flor delicada, até os astros flamejantes; o assistir às eclosões dos mundos e das humanidades. Ao mesmo tempo, sentireis desenvolver-se vossa compreensão das coisas celestes e crescer vosso desejo ardente de penetrar Deus, de mergulhar nele, em sua luz, em seu amor; em Deus, nossa fonte, nossa essência, nossa vida!

A inteligência humana não poderia descrever os futuros pressentidos, as ascensões entrevistas. Nosso espírito, preso em um corpo de argila, nos elos de um organismo perecível, nele não consegue encontrar os recursos necessários para expressar esses esplendores; a expressão ficará sempre abaixo das realidades.

A alma, em suas intuições profundas, tem a sensação das coisas infinitas das quais participa e às quais aspira. Sua destinação é vivê-las e desfrutar delas, cada vez mais intensamente.

Porém, tentaria, em vão, exprimi-las, através dos balbucios de um frágil idioma humano; em vão, esforçar-se-ia por traduzir as coisas eternas para a pobre linguagem terrena. A palavra é impotente, mas a consciência evoluída percebe as sutis radiações da vida superior.

Dia virá em que a alma engrandecida dominará o tempo e o espaço. Um século não será para ela mais do que um instante e, com um lampejo de pensamento, ela ultrapassará os abismos do céu. Seu organismo sutil, purificado em milhares de vidas, vibrará a todos os sopros, a todas as vozes, a todos os apelos da imensidão. Sua memória mergulhará nos tempos já idos. Poderá reviver, quando quiser, tudo aquilo que tiver vivido; chamar para junto de si ou ir ao encontro das almas queridas que tiverem partilhado de suas alegrias e de suas dores.

Pois todas as afeições do passado se reencontram e se reúnem na vida do Espaço; tecem-se novas amizades e, pouco a pouco, uma comunhão mais poderosa aproxima os seres em uma unidade de vida, de sentimento e de ação.

Crê, ama, espera, homem, meu irmão... Depois, age!

Aplica-te a deixar transparecer em tua obra os reflexos e as esperanças de teu pensamento, as aspirações de teu coração as alegrias e as certezas de tua alma imortal. Explicita tua fé nas inteligências que te rodeiam e compartilham de tua vida, a fim de que elas te secundam em tua tarefa e que, por toda a Terra, um poderoso esforço subtraia o fardo das opressões materiais, triunfe das paixões grosseiras, abra uma vasta clareira para os voos do espírito.

Brevemente, uma ciência jovem e renovada – não mais a ciência dos preconceitos, das rotinas, dos métodos estreitos e envelhecidos, mas uma ciência aberta a todas as pesquisas, a todas as investigações, a ciência do Invisível e do Além – virá fecundar o ensino, esclarecer o destino, fortificar a consciência.

A fé na sobrevivência edificar-se-á sob formas mais belas, apoiadas na rocha da experiência e desafiando qualquer crítica.

Uma arte mais idealista e mais pura, banhada pelas luzes que não se apagam, imagem da vida radiosa, reflexo do céu entrevisto, virá regozijar e vivificar o espírito e os sentidos.

O mesmo ocorrerá com religiões, crenças, sistemas. No impulso do pensamento, para se elevar das verdades de ordem relativa às verdades de ordem superior, acabarão por aproximar-se, unir-se, fundir-se, para fazer das crenças múltiplas do passado, hostis ou mortas, uma fé viva que reunirá a Humanidade em um mesmo ímpeto de adoração e de prece.

Trabalha com todas as potências de teu ser no preparo desta evolução. É preciso que a atividade humana se coloque com maior intensidade na direção das rotas do espírito. Após a humanidade física, é necessário criar a humanidade moral; depois dos corpos, as almas! O que se conquistou em energias materiais, em forças exteriores, perdeu-se em conhecimentos profundos, em revelação do sentido íntimo. O homem triunfou sobre o mundo visível; as aberturas que realizou no universo físico são ilimitadas; resta-lhe conquistar o mundo interior, conhecer sua própria natureza e o segredo de seu esplêndido porvir.

Portanto, não discutas, mas age. A discussão é vã; a crítica, estéril; mas a ação pode ser grandiosa, se consistir em te fazer crescer, a ti mesmo e aos outros, em fazer melhor e mais belo o teu ser, pois não te esqueças de que trabalhas por ti, trabalhando por todos, associando-te à tarefa comum. O Universo, como tua alma, renova-se, perpetua-se e embeleza-se incessantemente pelo trabalho e pelas trocas. E Deus, aperfeiçoando sua obra, regozija-se dela, como tu te regozijas da tua, embelezando-a. Tua mais bela obra és tu mesmo. Com teus esforços constantes, podes fazer de tua inteligência, de tua consciência, uma obra admirável, de que desfrutarás indefinidamente.

Cada uma de tuas vidas é um cadinho fecundo, de onde deves sair apto a tarefas, a missões cada vez mais altas, apropriadas a tuas forças, que serão tua recompensa e tua alegria.

Assim, com tuas mãos, dia a dia, teces teu destino. Renascerás com as formas que teus desejos constroem, que tuas obras geram, até que teus desejos e teus apelos te preparem formas e organismos superiores aos da Terra. Renascerás nos meios que amas, perto dos seres queridos que, anteriormente, se associaram a teus trabalhos, a tuas vidas e reviverão contigo e por ti, assim como reviverás com eles e por eles.

Depois de concluída tua evolução terrestre, quando tiveres exaltado tuas faculdades e tuas forças a um grau de potência suficiente, quando tiveres esvaziado a taça dos sofrimentos, dos amargores e das felicidades que este mundo nos oferece, vasculhado suas ciências e suas crenças, comungado com todos os aspectos do gênio humano, então, subirás com teus amados para outros mundos mais belos, mundos de paz e de harmonia.

E, tendo teu último invólucro humano voltado ao pó da Terra, tendo tua essência depurada chegado às regiões espirituais, tua lembrança e tua obra ainda continuarão sustentando os homens, teus irmãos, em suas lutas e em suas provas, e poderás dizer a ti mesmo, com a alegria de uma consciência serena: Minha passagem pela Terra não foi estéril; meus esforços não foram vãos.


Léon Denis







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