sexta-feira, 23 de outubro de 2020

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. X - 9. Lei de liberdade - Fatalidade - Questão 851 (Miramez)





Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. X - 9. Lei de liberdade


Fatalidade


851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida, conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre-arbítrio?

“A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a conseqüência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre-arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resistir. Ao vê-lo fraquejar, um Espírito bom pode vir-lhe em auxílio, mas não pode influir sobre ele de maneira a dominar-lhe a vontade. Um Espírito mau, isto é, inferior, mostrando-lhe, exagerando aos seus olhos um perigo físico, o poderá abalar e amedrontar. Nem por isso, entretanto, a vontade do Espírito encarnado deixa de se conservar livre de quaisquer peias.”


Allan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 851 comentada


O que chamas fatalidade já é produto do livre arbítrio, pois, antes de reencarnar o Espírito, por vezes, escolheu determinadas fases para passar. Se ele escolheu, o acontecimento é uma fatalidade. Mesmo assim, conforme a sua vida na Terra, poderá modificar seu destino em algum aspecto, dependendo do que vai fazer ou está fazendo em favor da humanidade.

Há casos em que os benfeitores espirituais investem na criatura e encurtam ou alongam a sua vida, desde quando isso sirva para o bem comum. Mas, tudo depende de Deus, que é, como se sabe, o senhor de tudo que existe na criação. Quantas enfermidades escolhidas são removidas dos caminhos de quem as escolheu, porque o mesmo trabalho que, em certa ocasião somente elas poderiam fazer, o amor pode substituí-las com mais eficiência? A fatalidade é, pois, produto da escolha de quem deseja progredir.

As provas morais são mais flexíveis, por deixarem a razão livre, por isso deves exercitá-la na tua defesa, do modo ensinado pelo Cristo. Enfim, nós todos temos a mente como força de Deus, podendo movimentá-la para a defesa e o conserto da personalidade em variados posicionamentos, buscando o crescimento espiritual. Convém que todas as criaturas, principalmente os espíritas, estudem e meditem sobre todas as palavras de Jesus e na obra basilar da Doutrina dos Espíritos, para entenderem melhor as leis de Deus que nos regulam e orientam as nossas vidas, onde estivermos.

O livre arbítrio pleno, do modo que muitos pensam, não existe, mas do modo que a Doutrina dos Espíritos ensina é uma realidade. As provas que o Espírito escolhe para despertar, certamente que, depois de despertado, não têm mais razão de ser, e o Espírito, pela vontade, pode crescer mais do que havia previsto. Eis ai o livre arbítrio. Quantas pessoas reencarnam para cumprir determinada tarefa e fazem duas ou três vezes mais? O que ele merece da parte da Espiritualidade Maior? Um certo alívio das provas e mesmo das tentações costumeiras a todos os seres. No entanto, existem alguns, que não desejam que se lhes tirem os fardos pesados e pedem para continuar com eles, dando exemplo aos que sofrem.

As leis de Deus são justas e sábias em todos os sentidos. No entanto, a fatalidade acontece com quase todas as criaturas que escolheram seus próprios caminhos. Existem, porém, muitos encarnados que sofrem por buscarem sofrimentos, e muitos deles o fazem conscientemente. Os vícios, por exemplo, são portas de infortúnios e dores sem conta, e hoje quase todos são conscientes desta verdade. Se já conheces as leis que regem o corpo físico e as leis morais, procura tratar de ti mesmo, que muitos males serão banidos pelos teus próprios esforços.

O progresso, pelos seus canais, vem nos dizer muita coisa que antes ignorávamos. O próprio Jesus disse, e João anotou, no capítulo dezesseis, versículo doze:

Tenho ainda muito que vos dizer, mas vós não podeis suportar agora.

Entretanto, prometeu enviar o Consolador, para dar continuidade à revelação, de modo a esclarecer a humanidade. E ele chegou à Terra através da Doutrina dos Espíritos, revelando e facilitando com meios lógicos o entendimento das criaturas sobre as leis espirituais, de modo que elas ficassem mais visíveis a todos os povos. Certamente que esse entendimento é trabalho paciente, mas seguro. A verdade nunca para de expressar a presença do Criador, mesmo que seja lenta, porém progressivamente.

A mediunidade cristã é canal em todo o mundo para mostrar a presença do Cristo em nós e em toda parte, nos chamando para a libertação espiritual. Esqueçamos a palavra fatalidade e nos envolvamos constantemente nas realizações do bem, do amor e da caridade, que todas as fatalidades deverão, por força da misericórdia do Pai, ceder lugar à fé e às mudanças, sempre para melhor.


Miramez



Filosofia Espírita – Volume XVII.- João Nunes Maia
Cap. 35 - Fatalidade




Nenhum comentário:

Postar um comentário