domingo, 25 de outubro de 2020

Joanna de Ângelis - Livro Autodescobrimento - Uma Busca Interior - Divaldo P. Franco - Cap. 11- Os Sentimentos : Amigos ou Adversários? - O Amor




Joanna de Ângelis - Livro Autodescobrimento - Uma Busca Interior - Divaldo P. Franco - Cap. 11- Os Sentimentos : Amigos ou Adversários?


O Amor  


Os sentimentos são conquistas do processo da evolução do ser. Desenvolvendo-se dos instintos, libertam-se dos atavismos fisiológicos automatistas para se transformarem em emoções que alcançam a beleza, a estesia, a essência das coisas e da vida, quando superiores, ou as expressões remanescentes do período primário como a cólera, o ciúme, as paixões perturbadoras.

Na fase inicial do desenvolvimento, o ser possui as sensações em predomínio no comportamento, que o vinculam ao primitivismo, exteriorizando-se na forma de dor e prazer, de satisfação e de desgosto... As manifestações psicológicas somente a pouco e pouco se expressam, rompendo a cadeia das necessidades físicas para se apresentarem como emoções.

Nesse processo, o ser é prisioneiro dos desejos imediatos e grosseiros da sobrevivência, com insight de percepção da harmonia, do equilíbrio, das alegrias que não decorrem do estômago ou do sexo. Lentamente, à medida que supera o egocentrismo do seu estágio infantil, desabrocham-lhe os sentimentos de valores morais, de conquistas intelectuais, culturais, artísticas, idealísticas.

O largo trânsito pelos imp0ulsos do instinto deixa condicionamentos que devem ser reprogramados, a fim de que as emoções superem as cargas dos desejos e do utilitarismo ancestrais.

O primeiro, e certamente mais importante, sentimento a romper o presídio dos instintos, é o amor. De começo, mediante a vinculação atávica com os genitores, os familiares, o grupo social que o protege, as pessoas que lhe propiciam o atendimento das necessidades fisiológicas.

Logo depois, embora o desenvolvimento se faça inevitável, apresenta-se egoístico, retributivo, ainda vinculado aos interesses em jogo.

Somente quando canalizado pela mente e pelo conhecimento, agiganta-se, constituindo-se objetivo do mecanismo existencial, capaz de se libertar dos efeitos rigorosos dos instintos.

Face à própria historiografia, externa-se como desejo de posse, na ambição pessoal para a eleição do parceiro sexual, fraternal, amigo.

Em razão disso, confunde-se, ainda hoje, o amor com os jogos do sexo, em tormentosos conúbios, nos quais sobressaem as sensações que os entorpecem e exaurem com facilidade.

O amor é o alicerce mais vigoroso para a construção de uma personalidade sadia, por ser gerador de um comportamento equilibrado, por propiciar a satisfação estética das aspirações e porque emula ao desenvolvimento das faculdades de engrandecimento espiritual que dormem nos tecidos sutis do eu profundo.

Se desperta paixões subalternas como o ciúme, o azedume, a inveja, a ira, a insegurança que fomenta o medo, ainda se encontra no primarismo dos instintos em prevalência.

Somente quando é capaz de embelezar a existência, proporcionando vida psíquica e emocional enriquecedora, é que se faz legítimo, com os recursos que o libertam do ego. Predominando na fase da transição – do instinto para o sentimento – o ego é o ditador que comanda as aspirações, que se convertem em conflitos, por direcionamento inadequado das forças íntimas.

Sendo um dínamo gerador de energia criativa e reparadora, o amor-desejo pode tornar-se, pela potencialidade que possui, instrumento sórdido de escravidão, de transtornos emocionais, de compromissos perturbadores.

A necessidade de controlá-lo, educando as emoções, é o passo decisivo para alcançar-lhe a meta felicitadora.

Toda vez que gera tormento de qualquer natureza, insatisfação e posse, prejudica aquele que o experimenta.

Para libertar-se dessa constrição faz-se imprescindível racionalizá-lo, descondicionando o subconsciente, retirando os estratos nele armazenados e substituindo-os por ideias otimistas, aspirações éticas.

Gerar pensamentos de autoconfiança e gravá-los pela repetição; estabelecer programas de engrandecimento moral e fixá-los; corrigir os hábitos viciosos de utilizar as pessoas como coisas, tendo-as como descartáveis; valorizar a experiência a vivenciar, evitando a autocompaixão, a subestima pessoal, que escondem um mecanismo de inveja em referência às pessoas felizes, constituem técnicas valiosas para chegar ao patamar das emoções gratificantes.

O amor é o grande bem a conquistar, em cujos empenho todos devem aplicar os mais valiosos recursos e esforços. Não obstante, a larga transição no instinto pode transformá-lo em adversário, pelos prejuízos que se originam quando se apresenta em desorganizada manifestação.

Possuidor de uma pluralidade de interesses, expande-se em relação à natureza, ao próximo, a si mesmo e ao Poder Criador, abrangendo o Cosmo.

Quando alcança a plenitude, irradia-se em forma co-criadora, em intercâmbio com as energias divinas que mantêm o equilíbrio universal: o sentimento de amor cresce e sutiliza-se de tal forma que o espírito se identifica plenamente com a vida, fruindo a paz e a integração nela.


Joanna de Ângelis








Nenhum comentário:

Postar um comentário