domingo, 5 de março de 2023

Ermance Dufaux - Livro Laços de Afeto - Wanderlei Oliveira - 2ª Parte - A Pedagogia do Afeto na Educação do Espírito - Cap. 20 - Plenitude na Gratidão



Ermance Dufaux - Livro Laços de Afeto - Wanderlei Oliveira - 2ª Parte - A Pedagogia do Afeto na Educação do Espírito - Cap. 20


Plenitude na Gratidão


“Que importa crer na existência dos Espíritos, se essa crença não faz que aquele que a tem se torne melhor?” O Livro dos Médiuns — Cap. 29 — item 350 


Deus é Amor e compaixão plena. 

A vida é a expansão das benesses Divinas que nos fazem “credores universais” em busca de quitação dos saldos de misericórdia por Ele espargidas. 

O matemático Frei Luca Pacioli estabeleceu em 1494 os princípios fundamentais da contabilidade humana, consignando que aquilo que se recebe é débito, enquanto a quitação é crédito e desobrigação. 

Semelhante princípio nos balanços da economia empresarial reflete a Lei Universal do Amor. 

Quanto mais se dá, mais se tem; quanto mais se exige, mais se priva. 

Dar é crédito, receber é débito. Só temos aquilo que damos, e o Amor tem esse “milagre”: quanto mais se dá, mais se tem. 

De posse dessa perspectiva, listemos algumas de nossas contas, a fim de verificarmos se temos os saldos que costumamos esbanjar ante as exigências de todo dia. 

Renascer no corpo físico, dívida com o recomeço e a esperança. 

Acolhimento dos pais, dívida com a gratidão e a prole. 

Escola para instruir, dívida com o saber. 

Mestras desveladas, dívida com a generosidade. 

Arrimo dos amigos, dívida com a cooperação e o estímulo. 

Benfeitores inesquecíveis, dívida com o amparo. 

Profissão para exercer, dívida com a sociedade. 

Orientação espiritual, dívida com o Espiritismo. 

Natureza exuberante, dívida com o planeta. 

Alimento nutriente, dívida com o agricultor. 

Tecnologia facilitadora, dívida com os inventores. 

Medicação refazente, dívida com os cientistas. 

Diversão e lazer, dívida com o tempo. 

Cultura a disposição, dívida com o livro. 

Empregados dedicados, dívida com a obediência. 

Patrões solidários, dívida com o apoio. 

A roupa que vestimos, o conforto dos lares, os recursos amoedados, a saúde e a prosperidade, conquanto sejam recursos amealhados na faina diuturna do progresso pessoal, só se tornaram possíveis porque, antecedendo às vitórias de cada dia, foram alvo de uma previsão na erraticidade, com endosso de avalistas dispostos a tutelar nossos planos reencarnatórios, contemplando-nos com condições mínimas para lograr o sucesso em várias situações da existência. Dessa forma, os recursos mínimos para empreender vitórias maiores constituem dívidas com os “ativos da vida”, ante a Contabilidade Divina. 

Somente o egoísmo humano, travestido em usura e insensibilidade, pode levar o raciocínio a encharcar-se de materialismo na supervalorização da movimentação pessoal, a ponto de colocarmo-nos como centro exclusivo dos nossos êxitos, sem contabilizar a extensão de amparo da Divina Providência. 

A vida é um processo de permutas contínuas e o que foge de respirar nessa lei padece as injunções da própria lei, decretando que até aquilo que parece termos pode nos ser tirado. (1) 

Essa a razão pela qual apontamos a ingratidão como sendo um dos maiores corrosivos da sensibilidade e do Amor. Ela “apaga” da memória os benefícios do ontem e antecipa obstáculos em relação ao amanhã. 

Ser grato é ser melhor e crescer; é ter na lembrança os benfeitores de ontem, é aprender a fixar-se nas circunstâncias felizes da existência, é devolver à vida os créditos que nos beneficiaram, é aprender a superar queixas e desgostos com a reencarnação dilatando o espírito de desprendimento e aceitação, sem deixar de buscar o progresso. 

Dar é ter. Reter é emissão magnética de atração dos reflexos do medo, da insegurança e da cobiça com os quais insculpimos nossa derrota a longo prazo, projetando a nossa volta os efeitos infelizes que espelham tal estado íntimo. 

Dessa forma, o materialista vê no outro o reflexo da competição e o categoriza como concorrente. O medroso vê no próximo o reflexo de seu temor e nomeia-o como inimigo, O inseguro expande sua emoção e vê-se no outro, classificando-o dilapidador. 

Estejamos atentos a essa lição de afeto de todo instante, a fim de aprendermos a sublime lição da gratidão, mantendo-nos em constante estado de satisfação e alegria com as experiências da vida. 

Pessoas gratas atraem bênçãos, vibram saúde, são dotadas de otimismo, entendem a dor, alimentam-se de altruísmo, são fortes ante as lutas, adoram gente e sentem-se bem ao lado de todos. 

Os gratos ocupam-se em doar-se sem se consumirem em ansiedades e aflições sobre como vão lucrar vantagens. 

Corações agradecidos sentem-se gratificados, embora nem sempre se verifique o inverso. 

Os gratos sabem perdoar com mais facilidade, desculpar instantaneamente e prosseguir sem fixações em fatos desagradáveis. 

Agradeçamos com sentida oração a Jesus e a Kardec as felizes ensanchas de refestelarmo-nos nas ambiências espíritas, mesmo com os agastamentos nos grupamentos, mesmo com as incongruências que observamos. 

O Amor é a mais profunda e gratificante experiência da jornada evolutiva do Espírito. 

Amando, credenciamos à vida os recursos para nossa felicidade. Exigindo o Amor, debitamos o tributo da paz em nossa conta pessoal. 

Procura vivenciar o afeto enobrecedor entre irmãos de ideal, dá de ti mesmo, seja o provedor afetivo de teu grupo. 

Aprende a amar, incondicionalmente, e perceberás como é mais preenchedor que ser amado. 

O habitual é que todos esperem ser amados. Seja você aquele que realiza o gesto incomum e irradie os nobres sentimentos do Cristão, mesmo que deles careça. A vida, evidentemente, te responderá. 

Senhor, receba nossa gratidão pela extensão de tua bondade. 

Mesmo esquecidos de teu amor nas variadas formas de auxílio com que nos abençoas, agradecemos agora com sentida oração a oportunidade da existência. 

Gratos pelo lar e pela Terra que nos acolhe, gratos pela saúde e o corpo que nos ofertaste, gratos pelo luminoso caminho espírita, receba nossos sentimentos de louvor. 

Sabendo, porém, O Pai, do quanto somos distraídos e inconsequentes em esbanjar qualidades e recursos que ainda não nos pertencem, suplicamos o teu acréscimo de Misericórdia em favor de nossa fragilidade nos dias vindouros. 

Ajuda-nos a honrar com atos o reconhecimento dessa hora, mantendo-nos na plenitude da gratidão, irradiando a constante alegria de viver e de “ser” ante os labirintos das provações. 

Obrigada Senhor! 


Ermance Dufaux







(1) Mateus, capítulo 25, versículo 29


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