André Luiz - Livro Sinal Verde - Chico Xavier - Cap. 34
Sugestões no caminho
Lamentar-se por quê?… Aprender sempre, sim.
Cada criatura colherá da vida não só pelo que faz, mas também conforme esteja fazendo aquilo que faz.
Não se engane com falsas apreciações acerca de justiça, porque o tempo é o juiz de todos.
Recorde: tudo recebemos de Deus que nos transforma ou retira isso ou aquilo, segundo as nossas necessidades.
A humildade é um anjo mudo.
Tanto menos você necessite, mais terá.
Amanhã será, sem dúvida, um belo dia, mas para trabalhar e servir, renovar e aprender, hoje é melhor.
Não se iluda com a suposta felicidade daqueles que abandonam os próprios deveres, de vez que transitoriamente buscam fugir de si próprios como quem se embriaga para debalde esquecer.
O tempo é ouro, mas o serviço é luz.
Só existe um mal a temer: aquele que ainda exista em nós.
Não parar na edificação do bem, nem para colher os louros do espetáculo, nem para contar as pedras do caminho.
A tarefa parece fracassar? Siga adiante, trabalhando, que, muita vez é necessário sofrer, a fim de que Deus nos atenda à renovação.
Cairbar Schutel - Livro Parábolas e Ensinos de Jesus - 2ª Parte - Pág. 150
Pobres de espírito e espíritos pobres
“Bem-aventurados os pobres de espírito, Reino dos Céus.” (Mateus, V, 3.)
Deus quer Espíritos ricos de amor e pobres de orgulho. Os “pobres de espírito” são os que não têm orgulho, os espíritos ricos são os que acumulam tesouros nos Céus, onde a traça não os rói e os ladrões não os alcançam.
Os “pobres de espírito” sãos os humildes, que nunca mostram saber o que sabem, e nunca dizem ter o que têm; a modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são os que sabem que não sabem!
É por isso que a humildade se tornou cartão de ingresso no Reino dos Céus.
Sem a humildade, nenhuma virtude se mantém. A humildade é o propulsor de todas as grandes ações e rasgos de generosidade, seja na
Filosofia, na Arte, na Ciência, na Religião.
Bem-aventurados os humildes; deles é o Reino dos Céus!
Os humildes são simples no falar; sinceros e francos no agir; não fazem ostentação de saber nem de santidade; abominam os bajulados e servis e deles se compadecem.
A humildade é a virgem sem mácula que a todos discerne sem poder ser pelos homens discernida.
Tolerante em sua singeleza, compadece-se dos que pretendem afrontá-la com o seu orgulho; cala-se às palavras loucas dos papalvos; suporta a injustiça, mas folga com a verdade!
A humildade respeita o homem, não pelos seus haveres, mas por suas virtudes. A pobreza de paixões, de vícios, de baixas condições que prendem ao mundo, e o desapego de efêmeras glórias, de egoísmo, de orgulho, amparam os viajores terrenos que caminham para a perfeição.
Foi esta a pobreza que Jesus proclamou: pobreza de sentimentos baixos, pobreza de caráter deprimido. Quantos pobres de bens terrenos julgam ser dignos do Reino dos Céus, e, entretanto, são almas obstinadas e endurecidas, são seres degradados que, sem coberta e sem pão, repudiam a Jesus e se fecham nos redutos de uma fé bastarda, que, em vez de esclarecer, obscurece, em vez de salvar, condena!
Não é a ignorância e a baixa condição que nos dão o Reino dos Céus, mas, sim, os atos nobres: a caridade, o amor, a aquisição de conhecimentos que nos permitam alargar o plano da vida em busca de mais vastos horizontes, além dos que avistamos!
Se da imbecilidade viesse a “pobreza de espírito” que dá o Reino dos Céus, os néscios, os cretinos, os loucos não seriam fustigados na outra vida, como nos dizem que são, quando de suas relações conosco.
Pobres de espírito são os simples e retos, e não os orgulhosos e velhacos; pobres de espírito são os bons que sabem amar a Deus e ao próximo, tanto quanto amam a si próprios.
Pobres de espírito são os que estudam com humildade, são os que sabem que não sabem, são os que imploram de Deus o amparo indispensável às suas almas.
Para estes é que Jesus disse: “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.”
Emmanuel - Livro Nosso Livro - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 21
O destino
Destino e livre-arbítrio sempre coexistem nas atividades humanas. O Criador Infalível estabelece a Vida Universal. O homem falível traça os roteiros da vida que lhe é própria.
O Pai organiza as leis eternas. O filho vale-se das experiências. Não há fatalidade para o mal e sim destinação para o bem. É por isso que a todas as criaturas foi concedida a bênção da razão, como luz consciencial no caminho.
Se o Senhor Supremo estatui diretrizes e recomenda aos homens a execução dos princípios formulados, o homem é compelido a cooperar em sua obra divina.
Da desobediência da alma aos supremos desígnios procedem as desarmonias no serviço universal. E quanto maior a expressão de entendimento no espírito rebelde, mais agravo da responsabilidade caracteriza a intervenção indébita do colaborador humano que abusa da magnanimidade das Leis Divinas. Quanto maior a capacidade do discernimento, mais vasto o débito.
Que a alma encarnada, pois, compreenda o transcendentalismo das divinas concessões e desempenhe os deveres que lhe competem no caminho diário.
Ninguém fugirá ao doloroso trabalho individual de recomposição dos elos quebrados na corrente da universal harmonia.
Cada devedor será defrontado pela própria dívida, agora ou mais tarde, atentos à realidade de que nem todas as sementes produzem frutos dentro de alguns dias ou de algumas semanas.
Se os minúsculos grãos de vida dos legumes oferecem resultados em alguns dias, plantas existem que só fornecem a multiplicação de valores no curso de longos anos. Assim, nossos atos e compromissos. Nem todos proporcionam efeito em tempo breve.
Daí a necessidade dos indivíduos e dos agrupamentos quanto à real observação da vigilância no círculo de si mesmos.
O Pai concede a bênção da oportunidade. Mas ao filho encontra-se afeta a cooperação.
Há, portanto, leis que regem a vida e, consequentemente, destinação de homens e coletividades a essa ou àquela tarefa, a esse ou àquele trabalho nas edificações da experiência humana; entretanto, nesse campo, permanece o homem — colaborador de Deus — com a sua capacidade de execução e também de influenciação ou interferência.
Que todos nós, portanto, usando os sagrados dons da liberdade interior, colaboremos com o Pai no maior engrandecimento de sua obra, a fim de que, no esplendoroso amanhã do futuro, venhamos a integrar as fileiras dos servidores fiéis, a caminho da justa e real glorificação na Eternidade.
Agar - Livro Cartas do Coração - Espíritos Diversos / Chico Xavier - 1ª Parte, Cap. 9
No caminho da cruz
No planeta, quase toda a alegria é perigosa. Talvez por isso mesmo, o Pastor Divino preferiu conduzir as ovelhas pela porta da cruz.
O drama da redenção terrena é muitíssimo doloroso, mas o sacrifício é o nosso caminho para a ressurreição eterna.
Sem Calvário vencido não há glória da Vida Imortal.
À força de suportar o madeiro das aflições, veremos chegar o momento em que ele se transformará no luminoso cisne, cujas asas vigorosas nos transportarão para os Céus.
Para os grandes testemunhos, reservou o Senhor os grandes galardões.
A existência humana modifica seus quadros todos os dias. E é necessário intensificar a nossa fé e a nossa confiança no Poder e na Bondade de Deus, para interpretar o sofrimento como estrada bendita de nossa redenção, para a vida imortal.
Nossas dores são nossas luzes.
Quando soa o grande momento, ao cair das muralhas que nos prendem ao campo das sensações fisiológicas, então começa para nós o bendito retorno à vida eterna.
Na Terra tudo passa excessivamente depressa e é um erro perder tempo no cipoal da incompreensão.
Enquanto no mundo, nem sempre sabemos valorizar a riqueza que os obstáculos nos oferecem, que as provas nos facultam, mas devemos arrimar-nos à certeza de que a Providência nos acompanha, de perto, jamais trazendo ao nosso espírito problemas e lutas de que não carecemos.
O tempo desfaz todas as tempestades, e as nuvens não se eternizam no céu.
A existência terrestre é apenas um dia, dentro da eternidade.
Não podemos violentar os princípios que regem a vida, e a sementeira deve anteceder a colheita.
Dilata-se a dor na Terra com o discernimento. Compreender entre os homens é sofrer sempre mais…
Se os acúleos provocam feridas na alma opressa, não nos esqueçamos da fonte cristalina do perdão, da renúncia, do amor com o Cristo. Somente ao contato de suas águas balsamizantes é possível restaurar o coração dilacerado e abatido.
O tempo tudo transforma e o devotamento jamais esperou em vão. Mais vale seguir no trilho espinhoso, de cruz nos ombros extenuados, que marchar sob enganosa coroa de flores, com desconhecimento da realidade que nos aguarda.
Não é a primavera que descobre o diamante oculto na serra empedrada, mas sim o instrumento duro e cortante do lapidário. E nosso lapidário é o sofrimento, aceito com humildade e usado com paciência.
A existência vale somente pela alegria que pudermos estender e pelas bênçãos que conseguirmos semear. Não nos importem os obstáculos e contingências do caminho humano.
Se o salário de Jesus foi o crucifixo aviltante, não temos o direito de esperar a compreensão imediata de nossa boa vontade, que o próprio Mestre não recebeu.
Sigamo-Lo, pois, hoje e sempre, em favor de nossa libertação.
Miramez - Livro Filosofia Espírita Vol. 11 - João Nunes Maia - Cap. 5
Influência de encarnados
515. Que se há de pensar dessas pessoas que se ligam a certos indivíduos para levá-los à perdição, ou para guiá-los pelo bom caminho?
“Efetivamente, certas pessoas exercem sobre outras uma espécie de fascinação que parece irresistível. Quando isso se dá no sentido do mal, são maus Espíritos, de que outros Espíritos também maus se servem para subjugá-las. Deus permite que tal coisa ocorra para vos experimentar.” (O Livro dos Espíritos - Allan Kardec)
Os Espíritos exercem influência constantemente nos encarnados e, certamente, a recíproca também ocorre; no entanto, deves verificar qual o tipo de Espírito que está a te influenciar, e essa verificação se dá pela qualidade de sentimentos que estás recebendo pelas vias dos pensamentos que te chegam nas raias da percepção: se forem pensamentos inferiores, induzindo-te para o mal, deves reconhecer que são Espíritos investidos no mal. As paixões inferiores vêm das sombras, ao passo que as idéias de amor, de caridade, de perdão, trabalho honesto etc., são oriundas das almas enobrecidas, que são Espíritos de luz.
Que se há de pensar quando somos induzidos por encarnados e desencarnados para maus pensamentos? Que são Espíritos malfeitores, e se nos demorarmos recebendo essas idéias maléficas, a notícia corre no mundo dos Espíritos e, em torno de nós, ajuntar-se-ão outros malfeitores com as mesmas idéias, atraindo cada vez mais companhias da mesma estirpe de sentimentos. O homem tem de se modificar. A Doutrina dos Espíritos é a religião de mudanças constantes, mudança de pensamentos, de idéias e mesmo do verbo, sempre para melhor, aprimorando-se cada vez mais. Também os encarnados que se ligam a nós estão obedecendo a uma lei vigorosa que se chama Justiça. Se nos encontrarmos cercados por encarnados de más intenções, cuidemos de mudar alguma coisa dentro de nós. Se, por acaso, acreditarmos que nada temos a mudar, é um teste que estamos a passar para provarmos o nosso amor à vida, na vida de Deus. Muitas coisas que vêm ao teu encontro e que não estás atraindo por sintonia, são para te experimentar, para testar as tuas forças e verificar o que aprendeste nas lutas de cada dia.
Vejamos o que Paulo fala em Coríntios II, capítulo dois, versículo oito:
Pelo que vos rogo que confirmeis para com ele o vosso amor.
Em toda investida que sofremos das sombras, devemos confiar o nosso amor para com o Cristo, sem perder de vista a esperança na vida reta. Quem é seguro em si mesmo da vida reta que leva, não teme as investidas do mal; antes, confirma o bem ante todas as circunstâncias. Se por acaso andares em caminho com o que rouba, não faças o mesmo: ensina-o a respeitar as coisas alheias; se por ventura fores influenciado por ele, é porque estás na mesma dimensão de sentimentos, e se ele aceitar a tua influência do bem, é nota sonante que ele deseja melhorar. Isso será uma glória para quem se encontra ajudando. O mundo está cheio de fascinações para o mal. Não sejas instrumento dele. Procura integrar-te na falange do bem, porque ele sempre vence, por ser força poderosa do amor.
Experimenta ajudar a quem sofre, a falar com mais proveito ao companheiro, a trabalhar honestamente, a distribuir alegria e dar pão a quem tem fome, que verás como o mundo de luz se abre em teu favor, convertendo as trevas em paz, as guerras em serenidade e o ódio em verdadeiro amor.
Não julgues a ninguém pelo que sofres. Deus sabe melhor que todos nós por que isso ocorre. Nada acontece em vão; tudo são lições imortais para a felicidade de todos. Vê que o Senhor está rente a ti; ama-O ardentemente, que esse amor converter-se-á em paz para ti mesmo.
"Saindo, porém, o soí a queimou; e porque não tinha raiz, secou-se". Marcos — Cap. 4, v. 6
A parábola do semeador é de profunda importância no campo doutrinário. Saber semear deve ser qualidade inerente ao discípulo de Jesus nesta nova era, para que o tempo seja bem aproveitado, pela luz dos conceitos que o Cristo de Deus nos ligou na eterna disposição do amor, que é o Seu clima. Todo estudioso da filosofia espiritualista tem o dia, no seu mundo íntimo, de nascer o sol da verdade. E quando isso acontece, o seu maior empenho é abrir prismas na sua própria inteligência, para que possam passar algumas claridades, para outras inteligências ainda na obscuridade. E eis que nessa mescla de ajudar com um pouco de vaidade, muito se perde, dado que o terreno não corresponde à pujança das sementes. A perda, porém, é aparente.
O astro Sol enriquece o solo de uma variedade de elementos indispensáveis à vida, assim como o subsolo em que se esconde. Vitaliza as ondas que brincam com as primeiras camadas de água. Atinge as profundezas do oceano, ilumina as árvores por fora e as beneficia por dentro, purifica a a atmosfera volante, para que essa sustente a vida do homem e dos animais. Se o sol está nascendo em nós, abramos os corações e deixemos toda a claridade inundar o nosso ser, e não nos façamos de egoístas. Ofertemos a quem quer que seja, sem que a prepotência ocupe o lugar da humildade. Interessemo-nos pelo bem, não pelo amor, mas por amor.
É de interesse nosso não nos esquecermos do apóstolo Paulo, quando nos adverte: "Tudo, porém, seja feito com decência e ordem". (I Coríntios, cap. 14, 40). O médium favorável à ostentação cria dificuldades para a sua própria amizade, talvez sem intenção, mas se coloca como mestre, esquecendo-se de que, igualmente, é aluno na escola do Cristo. A arrogância se atrofia quando a humildade é cultivada. Vejamos a advertência evangélica, para que nos coloquemos nos devidos lugares: "Eu plantei, Apoio regou; mas o crescimento veio de Deus" (I Coríntios, cap. 3, v. 6). Poderemos plantar boas ideias nos outros, não resta dúvida. Não obstante, é de lógica comum que não nos arvoremos na posição de verdadeiros doadores. Somente na graça do Senhor plantamos. O tempo rega e o crescimento vem de Deus.
A experiência nos faz lembrar e aconselha que o místico, pelo menos de vez em quando, deve estar presente no despontar do sol físico, banhando-se nos seus múltiplos raios e respirando uma atmosfera aliviada do miasma terreno, pois esse espetáculo criará uma disposição interna, para que se avive nele, com fulgor, o sol da alma. Também os exercícios físicos, pela manhã, renovam as energias, proporcionando, principal mente ao médium, uma disposição maior, de sorte a entrar com mais facilidade em comunicação com o mundo espiritual. Mas que seja tudo com moderação e respeito à organização biológica.
A razão nos demonstra que a meditação é a verdadeira prece do santo. Os caminhos que nos levam ao equilíbrio são vários, esperando eles que trilhemos pelas suas veredas. Durante a noite há trabalhos inumeráveis no astral próximo e Terra. Escola, doutrinação, assistência, limpeza psíquica etc. É por isso que todo amanhecer nos traz grande predisposição para o trabalho, alegria e, de certo modo, a esperança. Enquanto os corpos descansam, os espíritos ligados a eles se refazem no mundo espiritual, em contacto com as grandes almas que os orientam, e então respiramos com eles a atmosfera elevada, É O Evangelho vivo em forma de pão espiritual, é Cristo se fazendo em nós, por intermédio dos benfeitores da luz. Eis que isso tudo é problema de sintonia. Se o nosso ideal na Terra é o bem, é nos educarmos, entramos, quando em sono, no reino de aprendizado de Jesus. Sendo o contrário, ligamo-nos, por lei, com as sombras, e as consequências são desastrosas, até aprendermos a amar o bem
Médiuns! Ao nascer o sol de Cristo em vossos corações, não temais em clarear os outros, pensando em desperdício de luz, mesmo que a aparência diga o contrário, como refere o apóstolo. Ponde esta verdade em vossa mente: "Nada se perde".
"Saindo, porém, o sol a queimou; e porque não tinha raiz, secou-se"
Emmanuel - Livro Caminhos de Volta - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 29
A questão da caridade
Nosso grupo comentava, antes da reunião, os problemas da caridade no mundo contemporâneo. Vários companheiros afirmavam que o progresso da economia afastaria a penúria da Terra. Outros se reportavam a congresso recentemente realizado no Exterior para resolver os problemas da fome. (1)
Em pleno assunto, fomos chamados às tarefas marcadas. O Evangelho Segundo o Espiritismo nos deu a estudo o item 10 do capítulo XV. Após os comentários gerais o nosso caro Emmanuel, analisando o tema, nos trouxe a página “Mais Caridade”.
MAIS CARIDADE
Não digas que a prosperidade material, só por si, afastaria do mundo o ministério da caridade.
Não obstante o progresso tecnológico, que vai descobrindo novos processos de solução aos problemas do Plano Físico, a renovação planetária como que nos exige na Terra, mais caridade, à vista dos novos necessitados que repontam hoje de todas as procedências.
Deixa que o coração se te enterneça e vê-los-ás sem dificuldade:
os que não se ajustaram aos impactos, por vezes cruéis da evolução e choram inibidos nas retaguardas;
os que se viram obrigados à repentina desvinculação dos entes queridos e sofrem aflitivas sensações de abandono;
os que não puderam compreender a transformação dos familiares, frequentemente chamados a experiências difíceis e se marginalizam em desespero;
os que acreditaram em felicidade sem deveres e se encarceraram em sombrios cativeiros de espírito;
os que se amedrontaram perante os encargos da vida e se extraviaram no parque dos medicamentos de misericórdia que a Divina Providência reservou aos doentes graves;
os que se isolaram em trincheiras amoedadas, caindo em tédio e desalento;
os que foram entregues, desde o berço, à falsa liberdade, adormecendo em perigosos enganos e despertaram, sem qualquer defesa íntima, nos pesadelos de passadas reencarnações;
os que agonizam com todos os recursos da assistência remunerada, suspirando por algum apoio espiritual que os auxilie para a Grande Mudança;
os que converteram alegria e lazer em remorso e arrependimento;
e aqueles outros muitos que não encontraram o valor da dificuldade e do sofrimento e armam-se contra si próprios, nos labirintos da autodestruição.
Não digas que o progresso possa realizar a supressão da caridade, porque, em qualquer parte do Universo, onde se destaque essa ou aquela necessidade da vida, a caridade surgirá sempre por presença de Deus.
Emmanuel
(1) Nota da Editora — Chico Xavier refere-se ao Congresso da FAO, realizado em Roma, no ano de 1974.
Joanna de Ângelis - Livro O Homem Integral - Divaldo P. Franco - 6ª Parte - Maturidade Psicológica - Cap. 24
A reconquista da identidade
A imaturidade psicológica do homem leva-o a anular a própria identidade, face aos receios em relação às lutas e ao mundo nas suas características agressivas. A timidez confunde-o, fazendo que os complexos de inferioridade lhe aflorem, afastando-o do grupo social ou propelindo-o à tomada de posições que lhe permitam impor-se aos demais. A violência latente se lhe desvela, disfarçando os medos que lhe são habituais.
Ocultando a identidade, mascara-se com personalidades temporárias que considera ideais — cada uma a seu turno — e que são copiadas dos comportamentos de pessoas que lhe parecem bem, que triunfaram, que são tidas como modelares, na ação positiva ou negativa, aquelas que quebraram a rotina e que, de alguma forma, fizeram-se amadas ou temidas.
Gestos e maneirismos, trajes e ideologias são copiados, assumindo-lhes o comportamento, no qual se exibe e consome, até passar a outros modelos em voga que lhe despertem o interesse.
Na superficialidade da encenação, asfixia-se, mais se conflitando em razão da postura insustentável que se vê obrigado a manter.
Como efeito do desequilíbrio, passa a fingir em outras áreas, evitando a atitude leal e aberta, mas, sempre sinuosa, que lhe constitui o artificialismo com que se reveste.
Vulnerável aos acontecimentos do cotidiano, sem identidade, é pessoa de difícil relacionamento, vez que tem a preocupação de agradar, não sendo coerente com a sua realidade interior e, mutilando-se psicologicamente, abandona, sem escrúpulos, os compromissos, as situações e as amizades que, de momento, lhe pareçam desinteressantes ou perturbadoras...
A falta de identidade cria o indivíduo sem face, dissimulador, com loquacidade que obscurece as suas reais impressões, sustentando condicionamentos cínicos para a sobrevivência da representação.
Cada criatura é a soma das próprias experiências culturais, sociais, intelectuais, morais e religiosas. O seu arquétipo é caracterizado pelas suas vivências, não sendo igual ao de outrem. A sua identidade é, portanto, a individualidade real, modeladora da sua vida, usufrutuária dos seus atos e realizações.
No variado caleidoscópio das individualidades, surge o grupo social das afinidades e interesses, das aspirações e trocas, da convivência compartilhada.
Os destaques são aquelas de temperamento mais vigoroso de que o grupo necessita, na condição de líderes naturais, de expressões mais elevadas, que servem de meta para os que se encontram na retaguarda. Nenhum contrassenso ou prejuízo em tal exceção.
A generalidade é o resultado dos biótipos de nível equivalente, sem que sejam pessoas iguais, que não as existem, porém, com uma boa média de realizações semelhantes.
Em razão do processo reencarnatório, alguns indivíduos recomeçam a existência física sob injunções conflitantes, que devem enfrentar, sem fugir aos objetivos que a Vida a todos destina.
Como cada um é a sua realidade, ninguém melhor ou pior, face à sua tipologia. Existem os mais e os menos dotados, com maior ou menor soma de títulos, de valores, porém, nenhum sem os equipamentos hábeis para o crescimento, para alcançar o ideal desafiador que luz à frente.
É um dever emocional assumir a sua identidade, conhecer-se e deixar-se conhecer.
Certamente, não nos referimos à necessidade de o indivíduo viver as suas deficiências, impondo-as ao grupo social no que se encontra... Porém, não escamotear os próprios limites e anseios ainda não logrados, mantendo falsas posturas de sustentação impossível, é o compromisso existencial que leva a um equilibrado amadurecimento emocional.
Afinal, todos os indivíduos se encontram, na Terra, em processo de evolução. Conseguida uma etapa, outra se lhe apresenta como o próximo passo. A satisfação, a parada no patamar conquistado leva ao tédio, ao cansaço da vida.
Aventurar-se, no bom e profundo sentido da palavra, é a estimulação de valores, revelação dos conteúdos íntimos, proposta de experiência nova. A ansiedade e a incerteza decorrentes do tentame fazem parte dos projetos da futura estabilidade psicológica, do armazenamento dos dados que cooperam para uma vida estável, realizadora e feliz.
Os insucessos e preocupações durante a empresa tornam-se inevitáveis e são eles que dão a verdadeira dimensão do que significa lutar, competir, estar vivo, ter uma identidade a sustentar.
Deste modo, o indivíduo tem o dever de enfrentar-se, de descobrir qual é a sua identidade e, acima de tudo, aceitar-se. A aceitação faz parte do amadurecimento íntimo, no qual os inestimáveis bens da vida assomam à consciência, que passa a utilizá-los com sabedoria, engrandecendo-se na razão direta que os multiplica.
A sociedade é constituída por pessoas de gostos e ideais diferentes, de estruturas psicológicas diversas, que se harmonizam em favor do todo. Das aparentes divergências surge o equilíbrio possível para uma vida saudável em grupo, no qual uns aos outros se ajudam, favorecendo o progresso comunitário.
O descobrir-se que a própria identidade é única, especial, em decorrência de muitos fatores, favorece a manutenção do bem-estar íntimo, impedindo fugas atormentantes e inúteis.
Quem foge da sua realidade, neurotiza-se, padecendo estados oníricos de pesadelos, que passam à área da consciência, em forma de ameaças de desditas por acontecer, com o mundo mental povoado de fantasmas que não consegue diluir.
Aceitando-se como se é, possui-se estímulos para autoaprimorar-se, superando os limites e desajustes por educação, disciplina e lutas empreendidas em favor de conquistas mais expressivas.
Somente através da aceitação da sua identidade, sem disfarces, o homem, por fim, adquire o amadurecimento psicológico que o capacita para uma existência ideal, libertadora.
A própria identidade é a vida manifestada em cada ser.
Meimei - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 93
Deus pode
Não fales “não posso” e nem digas “desesperei”…
Quando tiveres de explicar a palavra “exaustão”, deixa que a esperança te refulja em silêncio na boca e sempre que te suponhas na liquidação de todos os sonhos, contempla as flores que desabrocham sobre as ruínas.
Muitas vezes, quem sabe definir o desânimo apenas desencadeia a tragédia, abrindo portas ao crime.
Estendes pão ao faminto e acolhes quem vai sem teto, entretanto, nem sempre atendes ao coração agoniado no próprio peito, rogando-te paciência. Ouve-lhe as aflições e pede a Deus te envolva no dom inefável de Sua Bênção.
Se não consegues solucionar as dificuldades que te rodeiam, dize contigo: Deus pode.
Se incapaz de empreender a alteração necessária ao próprio caminho, afirma em tua alma: Deus pode.
Se impossibilitado para corrigir a quem amas, asseveras de novo: Deus pode.
Se inabilitado para extirpar a angústia que te alanceia, medita em prece: Deus pode.
E perdoando e ajudando sem descansar, aprenderás com Deus que a luz da verdadeira vitória é feita na paciência de cada dia.
André Luiz - Livro Nosso Lar - Chico Xavier - Cap. 6
Precioso aviso
No dia imediato, após a oração do crepúsculo, Clarêncio me procurou em companhia do atencioso visitador.
Fisionomia a irradiar generosidade, perguntou, abraçando-me:
Como vai? Melhorzinho?
Esbocei o gesto do enfermo que se sente acariciado na Terra, amolecendo as fibras emotivas. No mundo, às vezes, o carinho fraterno é mal interpretado. Obedecendo ao velho vício, comecei a explicar-me, enquanto os dois benfeitores se sentavam comodamente a meu lado:
— Não posso negar que esteja melhor; entretanto, sofro intensamente. Muitas dores na zona intestinal, estranhas sensações de angústia no coração. Nunca supus fosse capaz de tamanha resistência, meu amigo. Ah! Como tem sido pesada a minha cruz!… Agora que posso concatenar ideias, creio que a dor me aniquilou todas as forças disponíveis…
Clarêncio ouvia, atencioso, demonstrando grande interesse pelas minhas lamentações, sem o menor gesto que denunciasse o propósito de intervir no assunto. Encorajado com essa atitude, continuei:
— Além do mais, meus sofrimentos morais são enormes e inexprimíveis. Amainada a tormenta exterior com as socorros recebidos, volto agora às tempestades íntimas. Que terá sido feito de minha esposa, de meus filhos? Teria o meu primogênito conseguido progredir, segundo meu velho ideal? E as filhinhas?
Minha desventurada Zélia muitas vezes afirmou que morreria de saudades, se um dia eu lhe faltasse. Admirável esposa! Ainda lhe sinto as lágrimas dos momentos derradeiros. Não sei desde quando vivo o pesadelo da distância… Continuadas dilacerações roubaram-me a noção do tempo. Onde estará minha pobre companheira? Chorando junto às cinzas do meu corpo, ou nalgum recanto escuro das regiões da morte?
Oh! Minha dor é muito amarga! Que terrível destino o do homem penhorado no devotamento à família! Creio que raras criaturas terão padecido tanto quanto eu!… No planeta, vicissitudes, desenganos, doenças, incompreensões e amarguras, abafando escassas notas de alegria; depois, os sofrimentos da morte do corpo.
Em seguida, martirizações no além-túmulo! Que será, então, a vida? Sucessivo desenrolar de misérias e lágrimas? Não haverá recurso à semeadura da paz? Por mais que deseje firmar-me no otimismo, sinto que a noção de infelicidade me bloqueia o espírito, como terrível cárcere do coração. Que desventurado destino, generoso benfeitor!…
Chegado a essa altura, o vendaval da queixa me conduzira o barco mental ao oceano largo das lágrimas. Clarêncio, contudo, levantou-se sereno e falou sem afetação:
— Meu amigo, deseja você, de fato, a cura espiritual?
Ao meu gesto afirmativo, continuou:
— Aprenda, então, a não falar excessivamente de si mesmo, nem comente a própria dor. Lamentação denota enfermidade mental e enfermidade de curso laborioso e tratamento difícil. É indispensável criar pensamentos novos e disciplinar os lábios. Somente conseguiremos equilíbrio, abrindo o coração ao Sol da Divindade.
Classificar o esforço necessário de imposição esmagadora, enxergar padecimentos onde há luta edificante, sói identificar indesejável cegueira d'alma.
Quanto mais utilize o verbo por dilatar considerações dolorosas, no círculo da personalidade, mais duros se tornarão os laços que o prendem a lembranças mesquinhas.
O mesmo Pai que vela por sua pessoa, oferecendo-lhe teto generoso, nesta casa, atenderá aos seus parentes terrestres. Devemos ter nosso agrupamento familiar como sagrada construção, mas sem esquecer que nossas famílias são seções da Família universal, sob a Direção Divina.
Estaremos a seu lado para resolver dificuldades presentes e estruturar projetos de futuro, mas não dispomos do tempo para voltar a zonas estéreis de lamentação.
Além disso, temos, nesta colônia, o compromisso de aceitar o trabalho mais áspero como bênção de realização, considerando que a Providência desborda amor, enquanto nós vivemos onerados de dívidas. Se deseja permanecer nesta casa de assistência, aprenda a pensar com justiça.
Nesse ínterim, secara-se-me o pranto e, chamado a brios pelo generoso instrutor, assumi diversa atitude, embora envergonhado da minha fraqueza.
— Não disputava você, na carne, — prosseguiu Clarêncio, bondoso, — as vantagens naturais, decorrentes das boas situações? Não estimava a obtenção de recursos lícitos, ansioso de estender benefícios aos entes amados? Não se interessava pelas remunerações justas, pelas expressões de conforto, com possibilidades de atender à família?
Aqui, o programa não é diferente. Apenas divergem os detalhes. Nos Círculos carnais, a convenção e a garantia monetária; aqui, o trabalho e as aquisições definitivas do Espírito imortal.
Dor, para nós, significa possibilidade de enriquecer a alma; a luta constitui caminho para a divina realização. Compreendeu a diferença?
As almas débeis, frente ao serviço, deitam-se para se queixar aos que passam; as fortes, porém, recebem o serviço como patrimônio sagrado, na movimentação do qual se preparam, a caminho da perfeição.
Ninguém lhe condena a saudade justa, nem pretende estancar sua fonte de sentimentos sublimes. Acresce notar, todavia, que o pranto da desesperação não edifica o bem. Se ama, em verdade, a família terrena, é preciso bom ânimo para lhe ser útil.
Fez-se longa pausa. A palavra de Clarêncio levantara-me para elucubrações mais sadias.
Enquanto meditava a sabedoria da valiosa advertência, meu benfeitor, qual o pai que esquece a leviandade dos filhos para recomeçar serenamente a lição, tornou a perguntar com um belo sorriso:
— Então, como passa? Melhor?
Contente por me sentir desculpado, à maneira da criança da que deseja aprender, respondi, confortado:
— Vou bem melhor, para melhor compreender a Vontade Divina.
Miramez - Livro Filosofia Espírita Vol. 5 - João Nunes Maia - Cap. 46
Percepção: Atributos do Espírito
250. Constituindo elas atributos próprios do Espírito, ser-lhe-á possível subtrair-se às percepções?
“O Espírito unicamente vê e ouve o que quer. Dizemos isto de um ponto de vista geral e, em particular, com referência aos Espíritos elevados, porquanto os imperfeitos muitas vezes ouvem e vêem, a seu mau grado, o que lhes possa ser útil ao aperfeiçoamento.” (O Livro dos Espíritos - Allan Kardec)
O Espírito elevado tem seus poderes dilatados no que concerne aos seus dons. Isso no que se refere às entidades que já se libertaram das paixões do mundo, e mesmo nelas há uma escala evolutiva, onde quanto mais se eleva, mais se percebe as belezas imortais da vida.
O Espírito certamente ouve e vê o que deseja, porém em se tratando de Espíritos Superiores, pois, a sua vontade dilata sua percepção ou a retrai, interceptando o que não lhe convém. No entanto, há entidades espirituais que, por vezes, desejam ver coisas que não convêm ao seu adiantamento espiritual, e às vezes têm condições para tal, mas será tirada a sua visão para o seu próprio bem. Isso quando se trata de Espíritos medianos.
É nesse sentido que convém aos espíritas estudarem a Doutrina dos Espíritos com interesse de aprender, para que as leis, com as suas nuances para educar, sejam compreendidas e respeitadas.
Todos os Espíritos têm atributos valiosos, mas nem todos se encontram em atividades, devido à falta de maturidade da alma, que o tempo ainda não conferiu. É bom o Espírito se ajustar ao que já possui de liberdade, estudando as conseqüências que sofrerá se contrariar a lei do uso, assim como procurar se afeiçoar ao bem que todos conhecemos, trabalhando para que esse bem faça parte da nossa vida.
Os benfeitores espirituais, principalmente aqueles que nos acompanham por amor e misericórdia, podem, se for o caso, subtrair certas percepções nossas, se perceberem que vão ser usadas para o mal, e de cujas reações não precisamos mais. Eis aí uma caridade: são como certas enfermidades, que servem para os encarnados, e mesmo quando fora da carne, de brida que regula os impulsos, quando a inferioridade domina as vidas. Esses benfeitores são qual os genitores em relação às crianças, que redobram cuidados para protegê-los, e por vezes usam castigos e palmadas como advertências.
As armas de elevado poder de destruição devem permanecer sob o domínio das forças armadas, por questão de bom senso. Já imaginaram se fossem elas entregues a qualquer pessoa? A massa humana sempre foi inconsciente; por lhe faltar segurança, a influência lhe atinge a vontade e ela faz coisas o que não deveria fazer. A disciplina é necessária em todos os campos de luta, desde a criança de berço ao mais douto do mundo.
No mundo espiritual existem entidades, em regiões inferiores, que perderam suas faculdades quase por completo, pelo mau uso desses dons divinos. Elas regrediram não no esquecimento completo, porém, dando um tempo para a consciência do bem tornar-se em amor, de modo que as futuras reencarnações lhes possam limpar a área interna pelos processos de reparos, por variados infortúnios, nas formas de problemas e dores incontáveis.
Analisemos essas verdades, pois elas têm o poder de nos acordar ajustando nossos valores e clareando nossos caminhos, de sorte que a esperança nos alegre na conquista da felicidade. Ela existe, dependendo agora das nossas mãos atenderem a nossa mente adestrada nos valores do Evangelho de Jesus Cristo. Não deixemos esquecido o amor que já conhecemos; não deixemos que a caridade se esfrie no nosso coração; não deixemos que a lembrança das faltas de outrem para conosco, apaguem nossa alegria de perdoar.
Aproveitemos a oportunidade e avancemos com o Cristo no coração, porque, dessa forma, a luz resplandecerá em nossa consciência e nada nos será tirado.
Amemos a consolação, usando-a, porém, à maneira do óleo que lubrifica a máquina, sem exonerá-la da atividade precisa.
O Criador estabelece auxílio incessante para todas as necessidades da Criação, mas determina que a lei do trabalho seja cumprida em todas as direções.
A árvore encontra adubo no solo e alimento na atmosfera; no entanto, deve produzir o fruto, conforme a espécie a que pertence. A ostra, conquanto usufrua o agasalho da concha e se rejubile na água nutriente do mar, fabrica a pérola, no âmago de si mesma.
Não fujas, assim, à responsabilidade de pensar e realizar.
Rogas o amparo da Eterna Sabedoria.
Solicitas a inspiração dos Mensageiros da Luz.
Requisitas esse ou aquele obséquio de amigos desencarnados.
Pedes concurso incessante às forças da natureza.
Não te falta o apoio do Céu e da Terra; todavia, ninguém te consegue isentar das próprias obrigações.
Raciocina e perceberás que o auxílio e o esforço próprio funcionam conjugados em todos os lances da experiência.
O costureiro faz a roupa; contudo, se pretende vestir-te, não há de envergá-la.
O médico prescreve a medicação; mas, para curar-te, não deve ingeri-la.
O professor explica regras; no entanto, não te substitui a cabeça na assimilação dos ensinamentos.
O fotógrafo tira-te expressivo retrato; entretanto, se procura fixar-te a imagem, não te toma o lugar diante da objetiva.
Agradeçamos as contribuições que a Bondade Divina e a Fraternidade Humana nos estendem a cada passo, mas não nos esqueçamos do dever de servir, voluntariamente, no bem de todos, a favor de nós mesmos, porquanto as leis do Universo corrigem o mal, onde o mal apareça; contudo, em matéria de aperfeiçoamento moral, jamais constrangem a consciência. Ou trabalhamos espontaneamente e progredimos, conquistando a própria elevação, ou preferimos parar e estacamos em ponto morto.