Léon Denis - Livro O Porquê da Vida - Giovana (Novela Espírita)
Item VI
(trecho)
Esses olhos, esse olhar límpido, esses cabelos louros como espigas maduras, essa boca sorridente, esse talhe esbelto, alto, é a imagem de Giovana. Oh! magia! então o túmulo restitui os seus hóspedes! Uma voz vem acariciar-lhe os ouvidos: “Amigo, nada receies, sou eu mesma, não tentes tocar-me, não sou mais que um Espírito. Não te aproximes mais, escuta-me."
Maurício ajoelha-se, chora: "ó meu anjo, ó minha noiva, és tu, então?"
- “Sim, sou tua noiva, tua muito antes desta vida. Escuta, um laço eterno nos une. Nós nos conhecemos há séculos, temos vivido lado a lado sobre muitas plagas, temos percorrido muitas existências. A primeira vez que te encontrei na Terra, era eu bem fraca, bem tímida e a vida então era dura. Tu me tomaste pela mão, me serviste de apoio; desde esse momento, não nos deixamos mais. Sempre seguíamos um ao outro em nossas vidas materiais, andando no mesmo caminho, amando-nos, sustentando-nos um ao outro. Metido em combates, em empresas guerreiras, tu não podias realizar os progressos necessários para que teu Espírito livre, purificado, pudesse deixar este mundo grosseiro. Deus quis experimentar-te; separou nos. Eu podia elevar-me para outras esferas mais felizes, enquanto que tu devias prosseguir sozinho a tua prova aqui embaixo. Preferi, porém, esperar-te no espaço. Efetuaste duas existências desde então e, durante seu curso, testemunha invisível de teus pensamentos, não cessei de velar por ti”. Cada vez que a morte arrancava tua alma à matéria, tu me reencontravas e o desejo de te elevares fazia-te retomar com mais ardor o fardo da encarnação. Desta vez eu também pedi, tanto supliquei ao Senhor, que ele me permitiu voltar a Terra, tomar aí um corpo e ser uma voz para ensinar-te o bem, a verdade. Nossos amigos no espaço nos aproximaram, nos reuniram, mas por um tempo limitado. Eu não podia ficar mais tempo neste planeta: meu papel estava preenchido. Não devia ser tua aqui na Terra.
“Chegou à hora em que os Espíritos podem, segundo a permissão divina, comunicar-se com os humanos. Assim, eu torno a vir para guiar-te, encorajar-te, consolar-te. Se queres que esta existência terrestre seja a última para ti, se queres que ao sair dela sejamos reunidos para nunca mais nos separarmos, consagra tua vida a teus irmãos, ensina-lhes a verdade. Dize-lhes que o fim da existência não é adquirir bens efêmeros, mas esclarecer a inteligência, purificar o coração, elevar-se para Deus. Revela-lhes as grandes leis do Universo, a ascensão dos Espíritos para a perfeição. Ensina-lhes as vidas múltiplas e solidárias, os mundos inumeráveis, as humanidades irmãs. Mostra-lhes a harmonia moral que rege o infinito”.
“Deixa após ti as sombras da matéria, as más paixões; dá a todos o exemplo do sacrifício, do trabalho, da virtude. Tem confiança na divina justiça. Fita a todo o momento a luz longínqua que ilumina o alvo, o alvo supremo, que deve reunir-nos no amor, na felicidade.”
"Põe mãos à obra sem tardança; nós te sustentaremos, nós te inspiraremos. Estarei junto de ti durante a luta, envolver-te-ei com um fluido benéfico. Assim como nesta tarde, tornar-me-ei novamente visível a teus olhos, revelar-te-ei o que ignoras ainda. E um dia, quando tudo que há em ti de material e ínfimo se tiver dissipado, unidos, confundidos, nos elevaremos juntos para o Eterno, juntando nossas vozes ao hino universal que sobe de esfera em esfera até Ele."
Léon Denis
Fonte: O Porquê da Vida-pdf
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