Fidelidade e testemunhos
Quando os seres humanos atingem a maturidade psicológica, os seus atos caracterizam-se pelo equilíbrio, honradez e dignidade, confirmando o seu estado de evolução, que o diferencia do biótipo comum ainda transitando na infância do conhecimento de si mesmo.
Em razão disso, as tarefas a que se entregam são executadas de maneira consciente e responsável, merecendo a melhor atenção e esforço que lhe estejam ao alcance.
Tornam-se, desse modo, exemplos para os outros que seguem na retaguarda e que necessitam de modelos morais, a fim de encontrarem resistência para lutar contra as próprias e as dificuldades externas que lhes assinalam a marcha.
Todas as suas atitudes passam pelo crivo da razão e estão sempre vigilantes para se não enganarem, tampouco iludirem os demais.
São sinceros e amigos, não regateando esforços para manter os vínculos da afetividade onde se encontram, trabalhando e mantendo a lealdade aos princípios filosóficos, morais, religiosos, culturais que abraçam...
Sabem que uma existência reta impõe muitos sacrifícios, especialmente os de natureza moral e emocional, devendo sempre realizar o que devem e não apenas aquilo que lhes apraz, mantendo-se irretocáveis em todas as injunções.
Podem equivocar-se, e isso ocorre com alguma frequência, não se mantendo, porém, no erro e, ao se dar conta, procuram corrigir ou se recuperar da ocorrência infeliz.
Enquanto se está na Terra, todos se encontram sob as injunções da psicosfera ambiental, dos fatores do próprio passado, em atividade de crescimento interior. É natural, portanto, que se enganem e que estabeleçam ligações perigosas, que realizem atos não recomendáveis, mas logo que se apercebam dos mesmos, retomem as rédeas do comportamento saudável e recomecem do ponto em que se detiveram, refazendo a conduta e restaurando a paz interior que deve permanecer em qualquer situação.
Esses indivíduos têm facilidade em confessar os seus enganos, não os escamoteando como fazem os imaturos que mais se preocupam com a imagem que projetam — a Persona do que com a realidade que são - o Self.
É sempre de bom alvitre que se tomem como modelos aqueles que se entregam aos deveres com equidade e belo proceder, ao invés de exumar os cadáveres morais daqueles que se aproveitam da existência, que se preocupam apenas com o acumular de haveres para si próprios e para os que se lhes vinculam biologicamente, cujas existências evocam os pântanos exalando miasmas e decomposição...
Esses não merecem, sequer, a consideração dos comentários, deixando-os nos seus sepulcros que pintam por fora em alvinitente branco e internamente são todo podridão, conforme a imagem forte apresentada por Jesus e dirigida aos sacerdotes hipócritas, sempre preocupados com a aparência, com a forma e jamais com a essência.
Para que se possa viver com a coragem estoica de demonstrar nos atos o que se acredita interiormente, não faltam pedrouços e ameaças externas, conspirando contra os objetivos elevados que são defendidos pelas mulheres e pelos homens denominados de bem.
Quando se encontram essas criaturas a serviço do amor, amontoam-se-lhes pelos caminhos por onde seguem os obstáculos e as perseguições gratuitas dos cômodos e dos insensatos, que gostariam que tudo girasse em torno das suas pequenezes morais e existenciais.
Os bons fazem muito mal aos maus, porque os desmascaram, demonstrando, pelos atos, que é possível bem viver-se, ao invés da preocupação de somente viver-se bem, acumulando coisas nenhumas e dando largas aos vícios e às paixões dissolutas.
Todo servidor do Bem tem conhecido esses tenazes inimigos do progresso, que mal disfarçam as suas intenções.
Atrevem-se a enfrentar as pessoas corretas, atirando-lhes na face injúrias e impropérios, a fim de desequilibrá-las, como se possível fora impedir a claridade da luz usando-se uma peneira...
Os idealistas de toda procedência, os apóstolos e missionários da verdade, os cientistas e os pensadores nobres conheceram de perto a insânia dos inimigos naturais do progresso, dos adversários da honradez e do trabalho nobre.
Difamados, injuriados e agredidos, gastaram muita energia com a adversidade imposta por esses invejosos e pigmeus que, porém, não conseguiram demovê-los dos propósitos elevados que cultivavam e conseguiram realizar.
O Espiritismo hoje oferece as luzes do conhecimento libertador e as bênçãos do consolo a todos aqueles que sofrem, ensejando-lhes a recuperação da paz mediante a identificação das causas das suas aflições, que são sempre justas, porque efeito das ações ignóbeis que ficaram pelas vias de crescimento durante as experiências passadas...
Renascendo para se recuperar, o espírita sabe que deve investir todos os esforços saudáveis na autossuperação, no desenvolvimento dos valores espirituais adormecidos, na sublimação das tendências para o erro, nos impositivos defluentes das inclinações más que o acompanham desde priscas eras...
Sendo sincero, deseja manter a fidelidade aos postulados espíritas, àqueles que se encontram firmados na Codificação, vivendo, quanto possível, os ensinamentos exarados no Evangelho de Jesus, em espírito e verdade, de forma que consiga apaziguar-se, harmonizando-se com o pensamento do Mestre incomparável, que lhe serve de modelo incomum.
Quando assim procede, de imediato surgem os acusadores que se travestem de mil formas de comportamento, gerando complicações e discussões infrutíferas em torno de sua existência e dos seus feitos, enquanto se acomodam os acusadores na presunção de vigias da conduta alheia.
Sofrem o azedume e a zombaria dos parvos, e a deselegância comportamental dos competidores é malsinada pelos que lhes invejam as qualidades morais e, por isso, não podendo possuí-las, tentam diminuir-lhes o brilho...
É necessário ser fiel e pagar o preço pelo testemunho inevitável, quando, abraçando um ideal sublime, qual o comportamento espírita, for atacado pelos costumeiros fiscais da sociedade, que nada fazem em seu benefício, sempre criando embaraços para aqueles que se dedicam às realizações edificantes.
Além das críticas sórdidas, acusações injustas e inoportunas recheadas de calúnias bem-elaboradas são atiradas contra o bom trabalhador de Jesus, como se ele tivesse o dever de prestar satisfações a esses ociosos e inoperantes, ao invés de Àquele que o convidou.
Nunca te detenhas ante a necessidade de testificar a qualidade dos teus sentimentos e a profunda afeição ao teu ideal espírita.
Perseguido, porém, jamais perseguidor ou autodefensor, prossegue sem perda de tempo, não valorizando as agressões, porque elas fazem parte da tua agenda de atividades.
Nunca olhes para trás, porque te apontam erros, mantendo a tua consciência de dever sem relutância nem justificações a amigos, a desconhecidos e a adversários da tua paz, porque o campo pertence ao Mestre, que te retirará dele quando Lhe aprouver. Enquanto isso não ocorrer, trabalha e trabalha, suando e chorando talvez, mas sorrindo com a incomparável alegria de Lhe ser fiel até o fim, como o foi o Apóstolo dos gentios e muitos outros que lhe seguiram o exemplo.
Um dia chegará que, aureolado de paz e alegria, despertarás além do corpo, encontrando o Senhor da Vinha de braços abertos aguardando por ti.
Joanna de Ângelis
Fonte: Liberta-te do Mal-pdf
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