Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Vida - Divaldo P. Franco - Cap. 4
Compaixão e vida
A compaixão é sentimento de nobreza que deve permanecer na criatura humana, em face da imensa necessidade existente em relação à compreensão dos problemas e dificuldades das demais pessoas, atormentadas e infelizes, transitando entre revoltas e desaires.
Irmã da benevolência, predispõe o espírito à ternura e á piedade fraternal, induzindo-o à ação nobilitante da caridade.
Sem compaixão, o ser humano estiola-se, por falta de vigor emocional para solidarizar-se com o seu próximo.
Os seus sentimentos enrijecem-se e a indiferença domina-lhe o íntimo, desumanizando-o.
Muitas vezes, essa rigidez moral tem início quando se alimenta uma frustração afetiva ou uma traição, estabelecendo-se um vinculo entre o ocorrido e as probabilidades de novamente repetir se, o que impulsiona o indivíduo a adotar um mecanismo psicológico de armadura para defender-se de novas ocorrências sentimentais...
O raciocínio é equivocado e egoísta, porque a exceção não pode constituir-se generalidade, tornando-se fenômeno comum.
Sem dúvida, é muito melhor sofrer-se quando no ministério da ação do bem, do que poupar-se à dor, reservando-se as atitudes precavidas, indiferente aos padecimentos alheios.
A dor do nosso próximo, que lhe estruge violenta, é convite à nossa reflexão e solidariedade, porque ninguém conseguirá prosseguir no rumo do destino sem a experimentar oportunamente, caso ainda não lhe haja sofrido o aguilhão.
Porque alguém se comportou indevidamente em relação àquele que lhe ofereceu as belas flores da afeição, isso não pode constituir modelo de conduta, dissolvendo as expressões de ternura que devem mais ser fortalecidas.
A compaixão é a virtude ou qualidade moral que melhor expressa o sentimento de benevolência e que prepara o ser para as propostas de elevação moral com renúncia e abnegação.
Trata-se de uma oportuna conscientização da responsabilidade solidária, do sentido de humanidade que une as criaturas, umas às outras, formando um todo harmônico e dignificante.
Pode-se identificar a espiritualidade de uma pessoa pela grandeza do seu sentimento de compaixão em favor da vida. Não se restringe apenas ao seu próximo, mas também envolve todas as formas vivas da Natureza e até mesmo aquelas inanimadas que fazem parte da maternidade terrestre.
A tendência à compaixão é inata em todos os seres humanos, havendo-se iniciado nos períodos recuados do processo evolutivo, quando a psique começou a despertar para a finalidade que lhe é reservada, tornando-se instrumento de auxílio, de conservação da vida, de trabalho em favor do progresso, de solidariedade.
Estua, no entanto, quando a autoconsciência se faz lúcida e profunda, enriquecida pelo discernimento das finalidades existenciais e dos compromissos existentes entre todos.
A compaixão é sentimento natural, espontâneo, que caracteriza o espírito maduro e elevado.
Filha do amor, tem a sensibilidade desenvolvida, o que lhe permite entender e mais contribuir em favor de melhores resultados nos processos de construção da felicidade humana.
No desenvolvimento emocional, ao lado das conquistas intelectuais, a compaixão exerce um papel preponderante em favor daquele que a cultiva, por facultar-lhe mais amplo entendimento dos mecanismos da vida, ao tempo em que lhe desenvolve as emoções superiores, gerando uma ponte emocional com a Divindade.
Quando se está enriquecido de paz e generosidade, logo se apresenta a compaixão contribuindo para a faria distribuição de misericórdia.
É um sentimento de dignificação, que não se prende às teias dos interesses pessoais, mas que renuncia ao próprio prazer desde que disso resultem benefícios para outrem. Sem compaixão, os seus sentimentos enrijecem-se e a indiferença domina lhe o íntimo, desumanizando-o.
Muitas vezes, essa rigidez moral tem início quando se alimenta uma frustração afetiva ou uma traição, estabelecendo-se um vinculo entre o ocorrido e as probabilidades em geral no Universo. Todos os organismos vivos solidarizam-se, a fim de sobreviverem, apresentando comportamentos que situam acima dos seus interesses imediatos às necessidades gerais do grupo.
Morrem as células gastas e envelhecidas, dando surgimento às novas que irão facultar o prosseguimento da vida biológica.
Cada parte do organismo está disposta a morrer individualmente a benefício da coletividade.
Nenhuma parte funciona apenas para atender às suas necessidades, senão para o equilíbrio do conjunto. Em razão disso, quando surge uma disfunção, uma alteração qualquer em uma delas, logo se assinalam distúrbios que se generalizam e podem levar à morte do todo.
No processo de regularização da saúde, de sua recuperação ou de sua manutenção, o sentimento de compaixão desempenha um papel preponderante, em face dos estímulos que se expressam, quando é dirigida a benefício próprio, sem revolta nem recriminação.
Quando alguém autocompadece-se de maneira edificante, sem o pieguismo narcisista, como atividade positiva de renovação interior, produz neuropeptídeos que são canalizados para o equilíbrio e o bem-estar.
Esse sentimento de autoamor é pródromo do amor ao próximo, como parte integrante do conjunto humano e, por consequência, do amor a Deus, na generalização cósmica.
A emoção, em decorrência da conduta adotada, espraia-se, e a mente disciplinada, generosa e compreensiva, dirige-a no rumo dos objetivos a alcançar.
Eis por que a conexão mente-corpo é fundamental para uma existência feliz, quando se faz mediante as contínuas emissões de ondas de harmonia, de amor e de compaixão para o próprio ser, e, por extensão, para os demais.
Ninguém pode viver em plenitude a sós, ignorando as dores e as aflições das demais pessoas, isolando-se para preservar a paz. Essa seria a paz do pântano, em que se percebe tranquilidade na superfície, mas decomposição e morte na intimidade que permanece oculta.
A compaixão é sempre dinâmica, não se detendo em apenas sentir o problema de outrem, porém atuando de forma salutar para que a dificuldade seja solucionada mediante a sua contribuição lúcida e misericordiosa.
A mecânica do desenvolvimento espiritual e moral do espírito é a do amor, que se esclarece iluminando-se pelo conhecimento e pelas experiências durante a esteira das reencarnações.
Quando a inteligência conduz o amor, há lógica e razão. Mas quando o amor dirige a inteligência, a compaixão expressa-se e a caridade toma conta dos comportamentos humanos.
Tomado de compaixão pela sociedade injusta, infantil e perversa dos Seus dias, muitas vezes, Jesus deixou-se conduzir pela compaixão, graças à qual amou-a sem reservas, entregando-se em regime de doação plena, a fim de que a vida moral predominasse em todos os comportamentos sociais e humanos.
Toma-O como exemplo e tem compaixão, quando não possas aplicar outro sentimento, porque compaixão é vida.
Joanna de Ângelis
Fonte: Jesus e Vida-pdf
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