Cairbar Schutel - Livro Parábolas e Ensinos de Jesus - 2ª Parte - Pág. 150
Pobres de espírito e espíritos pobres
“Bem-aventurados os pobres de espírito, Reino dos Céus.” (Mateus, V, 3.)
Deus quer Espíritos ricos de amor e pobres de orgulho. Os “pobres de espírito” são os que não têm orgulho, os espíritos ricos são os que acumulam tesouros nos Céus, onde a traça não os rói e os ladrões não os alcançam.
Os “pobres de espírito” sãos os humildes, que nunca mostram saber o que sabem, e nunca dizem ter o que têm; a modéstia é o seu distintivo, porque os verdadeiros sábios são os que sabem que não sabem!
É por isso que a humildade se tornou cartão de ingresso no Reino dos Céus.
Sem a humildade, nenhuma virtude se mantém. A humildade é o propulsor de todas as grandes ações e rasgos de generosidade, seja na
Filosofia, na Arte, na Ciência, na Religião.
Bem-aventurados os humildes; deles é o Reino dos Céus!
Os humildes são simples no falar; sinceros e francos no agir; não fazem ostentação de saber nem de santidade; abominam os bajulados e servis e deles se compadecem.
A humildade é a virgem sem mácula que a todos discerne sem poder ser pelos homens discernida.
Tolerante em sua singeleza, compadece-se dos que pretendem afrontá-la com o seu orgulho; cala-se às palavras loucas dos papalvos; suporta a injustiça, mas folga com a verdade!
A humildade respeita o homem, não pelos seus haveres, mas por suas virtudes. A pobreza de paixões, de vícios, de baixas condições que prendem ao mundo, e o desapego de efêmeras glórias, de egoísmo, de orgulho, amparam os viajores terrenos que caminham para a perfeição.
Foi esta a pobreza que Jesus proclamou: pobreza de sentimentos baixos, pobreza de caráter deprimido. Quantos pobres de bens terrenos julgam ser dignos do Reino dos Céus, e, entretanto, são almas obstinadas e endurecidas, são seres degradados que, sem coberta e sem pão, repudiam a Jesus e se fecham nos redutos de uma fé bastarda, que, em vez de esclarecer, obscurece, em vez de salvar, condena!
Não é a ignorância e a baixa condição que nos dão o Reino dos Céus, mas, sim, os atos nobres: a caridade, o amor, a aquisição de conhecimentos que nos permitam alargar o plano da vida em busca de mais vastos horizontes, além dos que avistamos!
Se da imbecilidade viesse a “pobreza de espírito” que dá o Reino dos Céus, os néscios, os cretinos, os loucos não seriam fustigados na outra vida, como nos dizem que são, quando de suas relações conosco.
Pobres de espírito são os simples e retos, e não os orgulhosos e velhacos; pobres de espírito são os bons que sabem amar a Deus e ao próximo, tanto quanto amam a si próprios.
Pobres de espírito são os que estudam com humildade, são os que sabem que não sabem, são os que imploram de Deus o amparo indispensável às suas almas.
Para estes é que Jesus disse: “Bem aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.”
Cairbar Schutel
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