sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Irmão Saulo - Livro Chico Xavier pede licença - Espíritos Diversos - Chico Xavier / J. Herculano Pires - Cap. 9 - Dar ensejo a Deus



Irmão Saulo - Livro Chico Xavier pede licença - Espíritos Diversos - Chico Xavier / J. Herculano Pires - Cap. 9


Dar ensejo a Deus


Se o náufrago não se desesperar, suportando a violência das ondas para dar ensejo ao barco salvador, poderá ser salvo. Mas, se logo entregar-se ao desespero e cair do bote ou perder o salva-vidas, é claro que será tragado pelas águas. Nas dificuldades da vida quase sempre nos desesperamos e não damos ensejo à, Providência Divina para que nos socorra. Falta-nos o apoio essencial, a força íntima da fé que nos dá serenidade para termos a confiança necessária nos poderes superiores.

Em outras palavras: nos dias difíceis precisamos dar ensejo a Deus. Claro que é Ele o supremo poder, a inteligência que nos criou e a força que nos sustém. Mas Ele é também liberdade e não só nos deu a liberdade de ser e de agir, como respeita a liberdade concedida para que possamos desenvolvê-la, adquirindo mais força e poder nas bases da responsabilidade. O amor de Deus vela por nós em todas as circunstâncias, mas não é o amor tirano 4ue cria complexos e traumas, e sim o amor libertação que nos deixa o direito de aprender — o que só conseguimos na experiência.

O mundo é, para o homem, um campo de experiências livres. O homem, única brecha de liberdade na espessura do mundo, como assinalou Sartre, pode pôr e dispor no campo das suas decisões. Porque ele — o homem — é o momento em que a Criação toma consciência de si mesma, começa a refletir em si a inteligência e o poder criador de Deus. Por isso é preciso que a sua liberdade seja respeitada, e podemos dizer que Deus se respeita a si próprio ao respeitar a liberdade humana. O essencial na experiência do homem é a aquisição da fé, mas a fé só pode ser adquirida a partir da confiança em si mesmo. Essa a razão por que a intervenção de Deus depende de nós mesmos.

Assim como Kant foi o crítico da Razão, Kardec foi o crítico da Fé. Não fez uma obra filosófica sistemática sobre a fé, mas examinou-a em termos compreensíveis, mostrando que só podemos ter fé naquilo que conhecemos. Existe, ensinou ele, a fé humana e a fé divina. Para termos fé em Deus precisamos saber o que é Ele, conhecê-Lo e n’Ele confiar. Mas para chegar até esse ponto precisamos desenvolver a fé humana em nós mesmos, descobrir a nossa natureza divina, os poderes ocultos que trazemos em nossa aparente fragilidade. E basta lembrar, então, que o simples fato de existirmos é uma prova do poder de Deus, para n’Ele confiar.


Irmão Saulo















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