Ermance Dufaux - Livro Jesus, a inspiração das relações luminosas - Wanderley Oliveira - Cap. 20
O amor pode mudar seu carma
“Mas , sobretudo , tende ardente amor uns para com os outros ;porque o amor cobrirá a multidão de pecados“ 1 Pedro 4:8
Uma noção pesada e sacrificial do significado da palavra carma tomou conta dos costumes ocidentais . Entre outros fatores , a influência na construção de uma visão sustentada pela cultura religiosa predominante adicionou o conceito de dor e pecado a esse princípio integrante dos hábitos mais antigos do Oriente . O conceito de carma passou a ter o sentido de sofrimento como moeda para pagar dívidas de outras vidas.
Essa cultura trouxe como efeito um comportamento passivo , um entendimento distorcido de uma preciosa virtude : A resignação.
Nessa ótica , resignação é sinônimo de passividade diante dos nossos problemas e dificuldades como se eles tivessem sido previamente planejados e de nada adiantasse tentar mudar esse projeto feito antes do renascimento carnal.
Talvez, por uma questão de medo e acomodação, você prefira dizer que suas dores são carmas do passado pelas quais tem de passar, do que se dar ao trabalho de acionar a coragem e o ânimo para encontrar soluções e sair de suas dificuldades. Transformar o sofrimento em algo útil e educativo, realmente é bem mais trabalhoso!
A conduta mais adotada é a de suportar as dores, aguentando situações e relacionamentos e se prendendo a sentimentos e atitudes no campo da convivência que o perturbam e dilaceram.
Devido a essa postura, o ciclo cármico que poderia ter sido concluído é prolongado, impedindo a abertura de novas etapas de aprendizado. A proposta de cumprir o carma não é a de abaixar a cabeça e aguentar, mas reagir e encontrar as saídas sadias e criativas dos problemas e das más experiências.
Passar uma vida inteira simplesmente aguentando relacionamentos em favor da família, do casamento ou de outro tipo de convivência, pode acarretar sérios problemas espirituais para você. A proposta do carma não é a de suportar, sofrer, pagar, mas a de educar.
Carma é aprendizado que retorna em forma de dificuldade e prova para habilitar e ampliar a bagagem espiritual e emocional. Acomodar-se e apenas sofrer sem obter capacitação, é sentir dor sem aprender e se educar com ela. Essas experiências de passividade, a pretexto de resignação diante das lutas, têm levado muitos seres queridos ao desencarne em condições íntimas de doença e infelicidade, mágoa e insatisfação, causando muita perturbação no mundo espiritual. E quando reencarnam novamente, levam consigo os mesmos problemas para resolver, pois o carma ainda não está superado, o ciclo não foi fechado.
Carma não se fecha com dor, e sim com aprendizado, com atitude renovada.
As etapas cármicas são concluídas quando você aprende o que a dor e os desafios da vida têm para ensinar-lhe. Isso significa girar a roda da vida, avançar em percepção sobre algo que aflige e atormenta.
A interpretação da palavra carma, associada á ideia de se estar condenado a uma dor sem saída, tem causado confusão e angústia. Carma é você estar “condenado“ a agir para vencer a roda da vida. O conceito de condenação atribuído no Ocidente é incoerente com a lei de amor que propõe a expansão do bem.
Pedro, em sua primeira carta, recomenda que tenhamos profundo amor uns para com os outros, porque só o amor pode reparar nossas faltas. O amor é a única moeda de reparação perante nossa própria consciência, é a única força capaz de fazer se cumprir o seu carma, porque nem sempre sofrer é o caminho da libertação. Mas se você ama, ilumina-se e se solta das velhas amarras do ego e da ilusão, aproximando-se de sua divindade.
Estamos, sim, condenados a passar por algumas experiências nem sempre agradáveis. O nome disso, à luz dos princípios espíritas, é planejamento reencarnatório, cujo objetivo é delinear vivências que vão promover o avanço e a desilusão de seu espírito por meio de provas e expiações. A vida, porém, não quer castigá-lo, mas educá-lo. E educar pode ser compreendido como lapidar o coração para que seu diamante do amor posso reluzir e expressar a claridade do bem em sintonia com o Pai. O objetivo não é você passar uma existência inteira nesse planejamento repleto de testes e aferições. O objetivo é que você alce voos morais e espirituais cada vez mais altos.
Se você pensa que tem de passar por algo ruim e acredita que isso não pode ser mudado, provavelmente está em uma zona de conforto enganosa. As etapas cármicas, para serem vencidas realmente, exigem de você inteligência, disposição sincera de aprender, boa vontade, coragem, determinação, trabalho e muita renúncia.
Quando você pensa em carma como algo que precisa acontecer, mas do qual pode se libertar, o tema ganha um bom-senso incomparável. Essa, aliás, é a única determinação aceitável diante do raciocínio lógico que se leva a construir uma visão misericordiosa de Deus e de Suas sábias leis. Em outras palavras, as dores e os problemas de existência só acontecem para que se aprenda como sair deles. E, saindo deles, você será transportado a um novo mundo de vivências e sentimentos na aquisição da sabedoria.
Ninguém, em são juízo, deve buscar a dor intencionalmente, todavia, quando ela chegar, é muito bom saber que traz junto um recado de Deus, que pode ser traduzido:
“Filho, eu lhe entrego essa dor apenas para que olhe no espelho da vida e perceba o quanto é preciso aprender acerca daquilo que ela veio ensinar-lhe, diante de suas próprias escolhas e necessidades. Aprenda o quanto antes como superar essa dor e concluir seu carma. Busque sempre o amor, que cobre uma multidão de pecados“.
Reflexão: “Carma não tem nada a ver com pagar por algo ruim, e sim com construir algo bom dentro de você. Carma não significa sofrimento, significa aprendizado.”
Ermance Dufaux
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