Ermance Dufaux - Livro Mereça Ser Feliz - Wanderley S. de Oliveira - Cap. 4
Informar e Conscientizar
"A todos os homens facultou Deus os meios de conhecerem sua lei ? ”
“Todos podem conhecê-la, mas nem todos a compreendem. Os homens de bem e os que se decidem a investigá-la são os que melhor a compreendem. "Todos, entretanto, a compreenderão um dia, porquanto forçoso é que o progresso se efetue.” (O Livro dos Espíritos – Questão 619)
Jesus estabeleceu o ensinamento: conhecereis a Verdade e ela vos libertará (1). Vários corações carregados de nobres intenções ventilam, a partir desse ensino, uma interpretação um tanto discriminatória ao asseverarem que a Verdade, nesse caso, seria o Espiritismo. Se bastasse conhecer a Verdade Espírita estaríamos então, todos os que travaram contato com ela, em plenitude e paz experimentando a liberdade. Porém, parece que não é bem assim...
A Verdade que conheceremos e nos libertará será sempre a Verdade sobre nós mesmos, e a Doutrina será uma senda segura para a aquisição dessa conquista na alma: a consciência de si que nos ensejará elementos para transitar na evolução com felicidade.
O Espiritismo é meio, a educação Divina é o fim.
Conscientizar é tomar contato com os conteúdos velados da mente estabelecendo conexão com o ser divino que há em nós. Tomemos como exemplo o orgulho: sabemos que somos orgulhosos, estamos informados disso, mas não temos consciência plena de suas manifestações, dos detalhes de sua ação. Essa a diferença entre conhecer e saber.
A conscientização surge quando aprendemos a utilizar a informação para a transformação.
A informação é atividade cognitiva que só abrirá portas para a conscientização quando houver o aporte dos processos renovadores da sensibilidade humana.
O conhecimento é capaz de acionar desejos novos, excitar planos e mudanças, mas somente o sentimento é capaz de movimentar a vontade firme para manter e concretizar caminhos novos.
Como candidatos à melhora espiritual, torna-se imperioso habituarmo-nos à constante lealdade consciencial, a fim de exercer avaliações sobre qual é nossa verdadeira condição espiritual. Estamos apenas informados ou já temos escalado o íngreme monte da conscientização? Apenas repetimos textos e princípios ou já nos esforçamos por absorvê-los nas particularidades da vivência? Apenas estudamos ou já nos habilitamos ao serviço desafiante de descobrir na existência como usar o tesouro da cultura para o crescimento?
Uma criatura informada poderá realizar amplos vôos nas realizações do bem, entretanto, somente os conscientizados saberão como usar essas realizações para sua libertação pessoal.
O Espiritismo é precioso tesouro de paz. Sua mensagem é um horizonte de esperança que se abre para os aflitos e espoliados da humanidade. Compete ao esforço individual o mérito das conquistas que surgirão quando o homem deixar os domínios da crença contemplativa e das convenções religiosistas, passando a operar, decisivamente, na formação de novos hábitos através da auto-educação persistente e valorosa.
A Terra soçobra em informações sobre a existência de Deus. Resta agora sentir Deus, compreendê-lo. Nas esferas abençoadas do Espiritismo, igualmente, cuidemos para não empanturrar o cérebro e esquecer de digerir com o coração.
Conhecer não basta, é necessário transformar-se para melhor.
Conhecer é ter opções, mas só a conscientização oferece respostas.
Conhecer auxilia, conscientizar é caminho para ser feliz.
A dicotomia íntima entre conhecimento espiritual e realidade pode provocar severas lutas no aprimoramento pessoal. A esse respeito chamamos para uma reflexão sobre a urgência de investigarmos cuidadosamente os estudos doutrinários, adequando-os sempre ao mundo dos sentidos individuais, instaurando o “construtivismo moral”, usando a flexibilização nos conteúdos, aprendendo a problematizar ao invés de “colecionar” respostas prontas, acostumando-se mais a reciclar que repetir padrões, desafiando o mundo das descobertas.
Esse “construtivismo moral” se viabilizará pela instauração de grupos pequenos que aprendam a se amar e respeitar, nos quais se possa falar das singularidades, dos sentimentos, da formação pessoal de vida, suas lutas, seus conflitos, buscando todos juntos, pelas vias da solidariedade e da fraternidade, os caminhos morais nobres, fazendo descobertas sobre os valores humanos, aliviando as dores íntimas, encontrando respostas para as angústias humanas.
Para isso, é imperativa a renovação pedagógica dos métodos que exigirão muita humildade e acendrada disposição de aprender, principalmente da parte de quem guarda maior lastro na experiência da espiritualização.
Em suma, constata-se claramente que a informação espírita é luz que se acende, contudo, manter-se na luz é uma questão de consciência e sentimento renovado.
Informados já estamos, falta-nos agora sentir o que já sabemos, porque sem sentir jamais adquiriremos a base evolutiva da conscientização, a compreensão, conforme assinalam os Bons Espíritos na referência de apoio acima.
(1) Jo 8:32
Fonte: Mereça ser Feliz-pdf
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