Viver com naturalidade
“... Vivei com os homens de vossa época, como devem viver os homens...”
“... Fostes chamados a entrar em contato com espíritos de natureza diferente, de caracteres opostos; não choqueis nenhum daqueles com os quais vos encontrardes. Sede alegres, sede felizes, mas da alegria que dá uma boa consciência...” (ESE - Cap. 17, item 10.)
Viver “felizes segundo as necessidades da Humanidade”(1) é viver com naturalidade, ou seja, participar efetivamente na sociedade usando nosso jeito natural de ser.
Todos nós fomos abençoados com determinadas vocações, e o mundo em que vivemos precisa de nossa cooperação individual, para que possamos, ao mesmo tempo, desenvolver nossas faculdades inatas na prática social e aumentar nossa parcela de contribuição junto à comunidade em que vivemos, no aperfeiçoamento da humanidade.
Possuímos talentos que pre-cisam ser exercitados para que possam florescer, mas poucos de nós damos o real valor a essa tarefa. Esses mesmos talentos estão esperando nosso empenho de “se dar força”, a fim de colocá-los em plena ação no intercâmbio das relações com as pessoas e com as coisas.
Não podemos então olvidar que viver no mundo é “entrar em contato com espíritos de natureza diferente, de caracteres opostos”(2), reconhecendo que cada um dá o que tem, vive do jeito que pode, percebe da maneira que vê, admitindo que, por se tratar de tendências, talentos e vocações, todos nós temos a peculiar necessidade de “ser como somos” e “estar onde quisermos” na vida social.
Talentos são impulsos naturais da alma adquiridos pela repetição de fatos semelhantes, através das vidas sucessivas. Vocação é a “voz que chama”, palavra oriunda do latim vocatus, que quer dizer chamado ou convocação.
Pelo fato de a Natureza ser uma verdadeira “vitrina” de biodiversidade ou multiplicidade de seres, é que cada indivíduo tem suas próprias ferramentas, úteis para laborar na lida social.
Todas as árvores são árvores, mas o pessegueiro não tem as mesmas peculiaridades do limoeiro, nem o abacateiro as da mangueira. Por isso, cada pessoa também se exprime em níveis diversos segundo as múltiplas formas com que a Sabedoria Divina nos plasmou na criação universal.
Assim, todos somos convoca-dos a “agir no social”(3), não com “um aspecto severo e lúgubre, repelindo os prazeres que as condições humanas permitem”, mas sim felizes, fazendo uso de nossos potenciais e faculdades prazerosamente.
Jesus de Nazaré vivia, à sua época, uma vida mística e distante da sociedade?
O Cristo de Deus se integrava intensamente no social, “participando das festas de casamento”(4), do relacionamento fraterno, amando in-tensamente os amigos (5). “Sem preconceito algum fazia visitas e tomava refeições em companhia de variadas criaturas”(6), percorrendo cidades, campos e estradas sempre acompanhado dos amigos queridos e das multidões que O cercavam.
Consequentemente, devemos entender que as leis do Criador deram às criaturas inclinações e aptidões íntimas e originais, para que elas pudessem conviver entre si, oferecendo a cada uma, participação também original na vida comunitária de maneira “sui generis”.
Devemos, sim, viver no mundo com a consciência de que somos espíritos eternos em crescimento e progresso, e de que o nosso “ânimo de viver” em sociedade depende de colocarmos em prática as nossas verdadeiras capacidades e vocações da alma.
Lembremo-nos, contudo, de que a palavra “ânimo” quer dizer “alma”, do latim animus, e de que devemos cada um de nós “viver com alma” no círculo social do mundo.
Hammed
(1), (2) e (3) O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 17º, item 10.
(4) João 2:1 e 2.
(5) João 15:13.
(6) Mateus 9:10.
Fonte: Renovando Atitudes-pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário