segunda-feira, 27 de julho de 2020

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3.ª Parte - Das leis morais - Cap. XI - 10. Lei de justiça, de amor e de caridade - Caridade e amor do próximo - Questão 887 (Miramez)



Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3.ª Parte - Das leis morais - Cap. XI - 10. Lei de justiça, de amor e de caridade - Caridade e amor do próximo


Questão  887


Jesus também disse: Amai até mesmo os vossos inimigos. Ora, o amor aos inimigos não será contrário às nossas tendências naturais, e a inimizade não provirá de uma falta de simpatia entre os Espíritos?

“É certo que ninguém pode votar aos seus inimigos um amor terno e apaixonado. Não foi isso o que Jesus pretendeu dizer. Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem. Aquele que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca quem procura tomar vingança.”


Allan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 887 comentada


Amar os inimigos constitui fator de paz. Quem revida ofensas, se coloca abaixo dos ofensores, e o Mestre, vendo a posição dos judeus, que eram na sua maioria violentos nos resguardos da lei mosaica, ensinou aos Seus discípulos que deveriam amar aos ofensores, para isolarem o ambiente de inimizade entre eles.

Certamente que não se consegue facilmente ter o mesmo sentimento para com os ofensores, como o que se tem pelas pessoas que nos dedicam carinho e confiança. No entanto, o amor aos que nos perseguem e caluniam pode receber do seu viver o esquecimento das ofensas e, quando preciso, ajudá-los, sem nos encontrarmos atrás destas criaturas, procurando-as para perdoá-las frente a frente.

Amor é vibração de serenidade e de entendimento. Podemos amar no silêncio, que esse amor interpenetra tudo e fala em sua linguagem de harmonia. O revide fortalece as ofensas, ao passo que o perdão abre caminho para a reconciliação, no amanho do amor.

O mundo ainda se encontra cultivando ódios em raízes milenárias, capazes de destruir trabalhos realizados por civilizações inteiras, somente para satisfazer o orgulho e a vaidade, o egoísmo e a prepotência. Não se deve acompanhar os homens que desconhecem os ensinamentos de Jesus. O Mestre se entregou ao sacrifício para estabelecer a paz entre a humanidade, mas a Sua seqüência de amor ainda deve gastar tempo para dominar os corações. Essa força de Deus tem marcha lenta, porém, é duradoura e marca sua posição na eternidade.

Se o Cristo em nós é motivo de glória, no dizer de Paulo, vamos despertar essa luz no coração, para que ela clareie a consciência. Se continuarmos a negar o Divino Mestre, nos acontecerá como Ele mesmo disse, anotado por João no capítulo sete, versículo trinta e quatro:

Haveis de procurar-me, e não me achareis; também onde estou, vós não podeis ir.

Significa que, tampando os ouvidos à Sua voz e fechando o entendimento para os preceitos de luz que safam dos Seus lábios, é perda de tempo procurar o Senhor, somente para saber onde Ele está. E onde Ele estiver, quem poderá ir, envolvido nas paixões inferiores?

Somente quem perdoar aos que os ofendem e caluniam, somente quem amar no sentido exato da palavra, somente quem usar seus valores espirituais para ajudar, servindo de modelo para os que vêm na retaguarda, os caridosos, os justos, poderão procurar o Mestre e encontrá-Lo na Sua plenitude, por saberem, desta forma, onde Ele se encontra. Os que assim procedem se encontram acima dos seus inimigos, ainda mais, ajudando-os a despertar na, intimidade dos sentimentos, o amor.

A Doutrina dos Espíritos nos mostra com profundidade o que pode ser uma vingança; ela destrói as possibilidades humanas e inverte os valores do coração. Os grandes Espíritos de todos os tempos foram homens que esqueceram completamente as ofensas, tomando os ofensores como filhos do coração. Eis porque alcançaram a serenidade imperturbável da consciência.

Mesmo que alguém nos prejudique, não lhe façamos o mesmo, pois ele não sabe o que faz. Confiemos em Deus e não nos esqueçamos dos exemplos de Jesus, que a nossa vida entrará em estado de luz, ganhando o ritmo da vida em estado de graça.


Miramez




Filosofia Espírita Volume XVIII - João Nunes Maia
Cap. 20 - Amar os inimigos




Fonte: O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito MiramezIpeak - Instituto de Pesquisas Espíritas Allan Kardec

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