quarta-feira, 2 de outubro de 2024

Hammed - Livro Um modo de entender: uma nova forma de viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 25 - Segundo a aparência



Hammed - Livro Um modo de entender: uma nova forma de viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 25


Segundo a aparência


“Não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça”. (João, 7:24.)

Personalidade é a roupa que o Espírito veste temporariamente. Corpos são passageiros, o importante é a essência divina que habita em todos nós.

No âmago reside a alma imortal, que atravessa vidas sucessivas, vivendo, ora acentuadamente masculina, ora acentuadamente feminina, em corpos físicos adaptados para cumprir seu aprendizado terreno.

Na romagem multimilenária do tempo, o Espírito em evolução se demorou no hermafroditismo das plantas.

Segundo a Botânica, as plantas são andróginas, isto é, possuem “androceu” ou estame (órgão masculino composto pelo filete que sustenta a antera, na qual se encontram os grãos de pólen) e “gineceu” (órgão feminino constituído por um ou mais pistilos, que compreende o ovário, o estilete e o estigma).

Em virtude disso, as diversas experiências físicas através dos milênios sedimentaram no organismo humano determinada porcentagem de genes masculinos e femininos. Da mesma forma, essas mesmas experiências contribuíram para que as individualidades em trânsito adquirissem traços psicológicos bissexuais.

“O homem, tendo tudo o que há nas plantas e nos animais, domina todas as outras classes por uma inteligência especial, indefinida, que lhe dá a consciência do seu futuro (…)” (1)

Transcorreu longo tempo a evolução da alma humana para que o instinto sexual se aperfeiçoasse e aparecesse diferenciado sob a ação das leis da genética. Lembramo-nos, porém, que apenas as características morfológicas dos órgãos sexuais são determinadas pelos gens, e não as disposições psíquicas da individualidade milenar, que possui características peculiares.

O Dr. Carl Gustav Jung denomina “anima” ao conteúdo feminino inconsciente no psiquismo do homem, e “animus” à masculinidade inconsciente no psiquismo da mulher.

Muito antes de ser aceita pela ciência acadêmica, a noção de bissexualidade do ser humano foi inspirada aos escritores grecolatinos através dos mitos dos andróginos, que eram seres ágeis e possantes, temidos pelos deuses do Olimpo. Conforme a mitologia, Zeus, para enfraquecê-los, os separou em metades. Desde então cada alma repartida procura ansiosamente sua outra metade, sua alma gêmea.

A separação de Adão em elemento masculino e feminino é um processo de alienação do homem de seu estado original. O mito do jardim do Éden – descrito no Velho Testamento – igualmente nos dá a noção de bissexualidade. Na criação de Eva, desmembrada de Adão, está subentendido que o homem original era, em princípio, hermafrodita, pois de outra forma não seria possível criar uma mulher a partir dele.

Pode ser que esse mito, através dos tempos, tenha sido descaracterizado pelas normas e costumes patriarcais dos hebreus, que desconsideravam o componente feminino na psique humana, relegando-o a uma simples costela de homem.

Disse o apostolo João: “não julgueis pela aparência, mas julgai conforme a justiça”. A aparência é a roupagem carnal e a justiça é a visão nítida de quem vê a alma com olhos transcendentais.

Jesus Cristo é o protótipo do homem do futuro; por saber que todos somos “semente em germinação”, Ele a utilizou como metáfora em muitos de seus ensinamentos.

Assim como a semente contém todos os elementos vitais para a formação de uma árvore, também nós possuímos em germe todos os componentes de que necessitamos para crescer e nos desenvolver espiritualmente.

Ao longo do tempo, a “semente imanente” que existe em nós se transmuta, desenvolvendo potencialidades inatas, e, futuramente, transforma-nos num ser em plenitude.

Se porventura pudéssemos perguntar ao botão de rosa se ele tem consciência de que nele existe em potencial o perfume da roseira, provavelmente ele não acreditaria. Assim, analogamente pensam as criaturas que vivem na dualidade, distantes do estado de unidade consciencial.

Talvez não acreditemos que possuímos os dons masculinos e femininos. Isso é compreensível devido ao nosso grau evolutivo. Num futuro breve, no entanto, descobriremos os valores potencializados que existem dentro de nós. Os atributos do anjo também nos pertencem. 


Hammed




(1) “O Livro dos Espíritos”, questão 585.












Hammed - Livro - Um Modo de Entender - uma nova forma de viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 19 - O aspecto mutante dos julgamentos



Hammed - Livro - Um Modo de Entender - uma nova forma de viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 19


O aspecto mutante dos julgamentos


“Por isso, és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Porque, julgando a outrem, condenas a ti mesmo”.
(Romanos, 2:1)

Em todo comportamento humano existe uma lógica, uma maneira particular de vivenciar e entender a verdade; portanto, julgar, medir e sentenciar os outros, não se levando em conta sua realidade existencial, é não ter bom senso crítico, flexibilidade e imparcialidade.

O que julgamos ser evidente e incontestável, na maioria das vezes não expressa a realidade.

O que julgamos ser verdade, na maioria das vezes é imaginação ou devaneio.

O que julgamos ser eterno e imutável, na maioria das vezes não passa de hoje.

O que julgamos ser errado agora, na maioria das vezes será integralmente reavaliado amanhã.

O que julgamos ser breve e superficial, na maioria das vezes possui longa duração.

Quando julgamos ou avaliamos, quase sempre o fazemos com nossos sentidos estreitos e visão diminuta, sem conhecer toda a extensão dos fatos, uma vez que nos faltam elementos satisfatórios para discernir tudo aquilo que é real e eterno nas coisas impermanentes – o que desabrocha e fenece num período curto de tempo. Portanto, quase sempre erramos quando julgamos ou sentenciamos algo ou alguém.

“ Por isso és inescusável, ó homem, quem quer que sejas, que te arvoras em juiz. Porque, julgando a outrem, condenas a ti mesmo”.

É preciso avaliar os aspectos mutantes de nossos julgamentos.


Hammed