domingo, 31 de outubro de 2021

Alan Kardec - O Livro dos Espíritos - 4ª Parte - Das esperanças e consolações - Cap. 2 - Das penas e gozos futuros - O nada. Vida futura - Questão 959 (Miramez)




Alan Kardec - O Livro dos Espíritos - 4ª Parte - Das esperanças e consolações - Cap. 2 - Das penas e gozos futuros - O nada.


Vida futura 


959. Donde nasce, para o homem, o sentimento instintivo da vida futura?

“Já dissemos: antes de encarnar, o Espírito conhecia todas essas coisas, e a alma conserva vaga lembrança do que sabe e do que viu no estado espiritual.” (393)

Em todos os tempos o homem se preocupou com o seu futuro para lá do túmulo, e isso é muito natural. Qualquer que seja a importância que ligue à vida presente, não pode ele furtar-se a considerar quanto essa vida é curta e, sobretudo, precária, pois que a cada instante está sujeita a interromper-se, nenhuma certeza lhe sendo permitida acerca do dia seguinte. Que será dele, após o instante fatal? Questão grave esta, porquanto não se trata de alguns anos apenas, mas da eternidade. Aquele que tem de passar longo tempo em país estrangeiro se preocupa com a situação em que lá se achará. Como, então, não nos havia de preocupar a em que nos veremos, deixando este mundo, uma vez que é para sempre?

A ideia do nada tem qualquer coisa que repugna à razão. O homem que mais despreocupado seja durante a vida, em chegando o momento supremo pergunta a si mesmo o que vai ser dele, e involuntariamente nutre esperança.

Crer em Deus sem admitir a vida futura seria um contrassenso. O sentimento de uma existência melhor reside no foro íntimo de todos os homens e não é possível que Deus aí o tenha colocado em vão.

A vida futura implica a conservação da nossa individualidade após a morte. Com efeito, que nos importaria sobreviver ao corpo, se a nossa essência moral houvesse de perder-se no oceano do infinito? As consequências, para nós, seriam as mesmas que se tivéssemos de nos sumir no nada.


Allan Kardec




O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 959 comentada



O instinto do homem, reconhecendo a vida futura, lhe vem do seu conhecimento, antes de vestir-se de carne no mundo terreno. Ele é, pois, instruído no mundo espiritual sobre todas as leis que comandam e regem as vidas e as coisas na Terra, aí existindo e entrando no processo de reencarnação, quantas vezes forem necessárias. O ser humano guarda na consciência todos os transes de vida e morte e, principalmente, de que viverá depois do túmulo. Todos têm intuição disso, desde o índio, até o mais civilizado e, ainda mais, todas as religiões e filosofias espirituais estudam esse assunto, mostrando aos seus seguidores que ninguém morre.

A consciência fala todos os dias; isso é tema comum na acústica da mente. A Doutrina dos Espíritos traz para a humanidade a certeza da continuação da vida depois da morte do corpo, e, para tanto, os que já se foram para a espiritualidade estão voltando, como o fez Jesus, deixando Sua mensagem de vida e meio mais fácil de viver, alcançando a tranqüilidade e aumentando, desse modo, a esperança.

Todo homem conserva vaga lembrança do que viu e sentiu antes de tomar um corpo de carne. Deus não deixa alma alguma sem essa esperança. Todas as nações preocupam-se com o seu futuro e as religiões revestem essa crença com fórmulas que hoje não têm mais razão de ser. Se tudo se aperfeiçoa, quanto mais as coisas espirituais!

Jesus foi luz que eliminou as trevas, mostrando, com a Sua ressurreição, que realmente ninguém morre, aparecendo diversas vezes e se mostrando como era para ser conhecido a todos os Seus seguidores.

Se o Espiritismo é a continuação do Cristianismo, ele faz o mesmo. Pela mediunidade, é mostrada aos que ficaram na Terra, a presença do Espírito por variados meios, de modo que ninguém pode negar a evidência. Pode-se dizer que não existe uma família na face da Terra que já não teve um testemunho de que seus parentes e amigos continuam vivos. Os meios são muitos e eles os usam para dizer que estão mais vivos que antes.

Com o passar dos tempos, a multidão, diante de todos esses fenômenos e outros que deverão surgir, irá perguntar o que fazer para alcançar a felicidade:

Então as multidões o interrogavam, dizendo: Que haveremos, pois, de fazer? (Lucas, 3:10)

Diante desta interrogação, falaremos a todos que sigam a Jesus, que observem o Seu Evangelho e semeiem sementes de alto valor moral; que amem e sejam caridosos em todos os aspectos das necessidades humanas. Se tiveres de fazer uma viagem, deves preparar as malas, levando o suficiente para a tua tranqüilidade. É o que deves fazer: preparar-te moralmente, despertando tuas qualidades valiosas no coração, para a grande viagem que todos devem empreender além do túmulo. Quem não tiver essa segurança, sofrerá duras conseqüências.

A Doutrina dos Espíritos pede às criaturas para estudarem, trabalharem e compreenderem, por todos os meios, a vida, sendo honestas e boas, perdoando as ofensas, esquecendo-as, e amar a Deus em todas as coisas, cultivando a fé e construindo a paz no coração, pela transformação interna, não se esquecendo de Jesus, acompanhando Seus passos.


Miramez






Livro Filosofia Espírita - Volume XIX - João Nunes Maia
Cap. 41 - Vida futura




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