Joanna de Ângelis - Livro Autodescobrimento: Uma Busca Interior - Divaldo P. Franco - Cap. 2 - Equipamentos existenciais
Conflitos e doenças
As reencarnações comuns, sem destaques missionários, invariavelmente são programadas pelos automatismos das leis, que levam em conta diversos fatores que respondem pelas afinidades ou desajustes entre os seres, assim como pelas realizações ético-morais, unindo-os ou não, de forma a darem cumprimento aos imperativos, responsáveis pela evolução individual ou dos grupos humanos. Em outras circunstâncias, são planejadas por técnicos no mister, que aproximam as criaturas, formando os clãs, nem sempre, porém, levando em consideração a afetividade existente entre eles, mas, também, situando-os próximos, na mesma consanguinidade, a fim de serem limadas as arestas, corrigidas as imperfeições morais, desenvolvidos os processos de resgates, próprios dos estágios em que permanecem.
Encontros para primeiras experiências são organizados com o fito de facilitar a fraternidade, ampliando o círculo de afeições; reencontros são estabelecidos para realizações dignificadoras e também retificações impostergáveis.
Por isso, são comuns os choques domésticos, os conflitos de ideias e de interesses, as preferências e os repúdios, os entendimentos e as reações familiares.
Um Espírito que, na infância corporal, não recebe afeto no ninho doméstico, em face da sua historiografia perturbadora, e desenvolve futuros quadros de enfermidades psicológicas ou orgânicas, expia suavemente os delitos que não resgatou e agora são cobrados pela Vida, reestruturando a consciência do dever, ou despertando para ela. Quando se trata, porém, de gravame severo, são impressos pelo perispírito no ser em formação física os limites e anomalias de natureza genética, propiciadores da expiação compulsória, que funciona como recurso enérgico para a reabilitação do calceta.
Nada ocorre na vida por acaso ou descuido da Consciência Cósmica impressa na individual. Assim sendo, adquirir consciência, no seu sentido profundo, é despertar para o equacionamento das próprias incógnitas, com o consequente compreender das responsabilidades que a si mesmo dizem respeito.
O ser consciente é um indivíduo livre e realizador do bem operante, que tem por meta a própria plenitude através da plenificação da Humanidade.
Alcançar esse nível de entendimento é todo um processo de crescimento interior, mediante constante vigilância e desdobramento das potencialidades adormecidas, que aguardam os estímulos que fomentam o seu despertar e a sua realização.
Não conscientes das respostas da vida, obedecendo aos automatismos, muitas criaturas permanecem adormecidas em relação aos seus deveres, tornando-se instrumento de sofrimento para si mesmas, como para outros, que lhes experimentam a presença ou delas dependem.
Uma das finalidades primaciais da reencarnação é a aquisição do amor (afetividade plena), para o crescimento espiritual e o autoaprimoramento (encontro com o Deus interno).
Vitimado pelos atavismos do desamor, pelos caprichos do egoísmo, o ser fecha-se na rebeldia e passa a sentir dificuldades em espalhar a luz do sentimento do bem, permanecendo indiferente ao seu próximo, mesmo quando ele faz parte do grupo familial. O problema se apresenta mais complexo quando esse mesmo sentimento egoísta registra antipatia ou surda animosidade por alguém do grupo doméstico. Tal reação ocorre em forma de desamor dos pais pelos filhos, desses por aqueles, entre irmãos ou outros membros do ninho doméstico.
A atitude injustificada faz-se responsável por inúmeros conflitos psicológicos - fobias, insegurança, instabilidade emocional, complexos de inferioridade ou superioridade, soberba, etc. -, e enfermidades orgânicas que aí se instalam.
A criança tem necessidade de ser amada, protegida, nutrida, orientada, a fim de desenvolver os sentimentos da afetividade, da harmonia, da saúde, do discernimento. Esquecida, momentaneamente, desses valores, que o véu da carne abafa, deve receber de fora - dos pais, da família, da sociedade - os estímulos que lhe propiciem o despertamento desses tesouros para multiplicá-los através dos investimentos da evolução.
Quando se sente atendida nessas necessidades, logra com facilidade alcançar os objetivos da reencarnação, devolvendo aos grupos familial e social todas as conquistas ampliadas e felicitadoras.
Ao experimentar carência, desenvolve quadros patológicos que assumem gravidade a partir da juventude, quando não se tornam pesadas cruzes da fase infantil, exigindo terapias psicossomáticas, espirituais, de natureza moral, a fim de libertar-se da opressão e do desespero que a estiolam.
Desamada, a criança, o seu inconsciente chama a atenção através de distúrbios do sono — pesadelos, inquietação noturna, choro, insónia -, agressividade e rebeldia, medos e mau desenvolvimento psicofísico.
O amor é alimento para a vida, que atua nos fulcros do ser e harmoniza os equipamentos eletrônicos do perispírito, responsáveis pela interação Espírito-matéria. A sua vibração acalma e dá segurança, ao mesmo tempo reabastece de forças e vitalidade insubstituíveis.
Quando o indivíduo se identifica desamado - hoje ou no passado - faz, inconscientemente, um quadro regressivo e descobre que não foi necessariamente nutrido (alimentado pelo amor), passando a experimentar um sentimento de reação através da anorexia nervosa ou inapetência, que pode tornar-se um perigo para a sua saúde. O seu curso pode ser acidental, passageiro ou de largo tempo, gerando graves danos orgânicos.
De outra forma, pode apresentar reação totalmente contrária e faz uma patologia de voracidade alimentar, a bulimia, em que a insatisfação leva a comer até a exaustão, propiciando perturbações digestivas e nervosas muito complexas.
Ainda ocorrem, nesse capítulo, os casos de vômitos nervosos, em que o alimento é expelido por automáticas contrações do estômago e pelos distúrbios gástricos, levando o paciente ao enfraquecimento, à desnutrição...
Indigestão, dispepsia nervosa, diarreia, prisão de ventre fazem parte dessa patogênese decorrente da ausência do amor, no capítulo da reencarnação do Espírito.
A necessidade de cada um digerir os próprios problemas é indiscutível e inadiável, devendo fazer parte da agenda diária de todo aquele que desperta para a consciência de si, não se permitindo agasalhar conflitos, mesmo que sob hábeis camuflagens do inconsciente.
Mediante uma autoanálise honesta, na qual se dispensem o elogio, a condenação e a justificação, o indivíduo deve permitir-se a identificação do erro, do problema, e sem consciência de culpa digerir o acontecimento, buscando os meios para reparação e a libertação do sentimento perturbador.
Não são poucos os males orgânicos que defluem das emoções e sentimentos nas áreas da afetividade e do comportamento, que podem ser evitados e solucionados graças a uma atitude de boa vontade para consigo mesmo e para com os outros, permitindo-lhes o direito de serem como são e não conforme gostaria que fossem.
A cuidadosa autoanálise, sem caráter exigente nem condenatório, abrirá possibilidades inúmeras para o equilíbrio e ajudará a desenvolver a tolerância em relação aos outros, produzindo harmonia interior.
Surgem, então, os desejos de recuperação pelo trabalho e bem orientada canalização das energias, que se transformam em dínamos geradores de força, que propiciam saúde, bem-estar e harmonia.
Joanna de Ângelis
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