sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Hammed - Livro A Imensidão Dos Sentidos - Francisco do Espírito Santos Neto - Pág. 171 - Interpretação visual




Hammed - Livro A Imensidão Dos Sentidos - Francisco do Espírito Santos Neto - Pág. 171


Interpretação visual


"A faculdade dever os Espíritos, sem dúvida, pode-se desenvolver,  mas é uma daquelas que convém esperar seu desenvolvimento  natural, sem provocá-lo, se não se quer se expor a ser joguete da  própria imaginação. Quando o germe de uma faculdade existe,  ela se manifesta por si mesma (...)".  (O Livro dos Médiuns - 2ª Parte - Cap. 14, Item 171)  


Toda forma de vida animal, desde a ameba unicelular ao olho mais complexo dos vertebrados, é sensível  de alguma forma à luz. Os animais mais simples - tais como  certos moluscos marinhos - somente reagem a mudanças  de claro e escuro. A minhoca não tem olhos, mas toda a sua  camada superficial é coberta de células sensíveis à luz; qualquer facho luminoso faz com que ela se proteja ou se esconda no chão.  

Animais mais evoluídos, como as aves e os mamíferos, desenvolveram cristalinos ajustáveis ou estruturas oculares complexas para o registro de imagens nítidas e detalhadas do mundo que os cerca.  

Somente depois de muitos anos de estudos, é que  médicos, biólogos e psicólogos concluíram que a visão do  homem ocorre não nos olhos, mas no cérebro. Os olhos podem estar perfeitamente saudáveis, mas, se houver um ferimento grave na área do córtex cerebral, a criatura poderá ficar  cega por toda a vida. O olho capta e focaliza imagens por  meio de uma membrana posterior, formada de células nervosas relacionadas com as fibras do nervo óptico e sensíveis à luz - a retina. Quando o feixe luminoso aí incide,  começa uma nova etapa no processo da visão. As células  sensíveis da retina convergem energia radiante em forma  de sinais transmitidos ao cérebro, que de fato é quem vê.  

A visão não se processa diretamente. Todas as sensações no campo fisiológico pertencem ao Espírito, que as  consolida no corpo carnal, segundo a genética da evolução  humana.  

Milhões de informações dos mundos interior e exterior chegam aos nossos sentidos, mas nunca terão condições de ser assimiladas na íntegra.  

Nossa mente, na fase evolutiva em que se encontra,  capta apenas diminuta parcela das incontáveis formas de  energia do Universo. Nosso sistema visual registra, de forma lúcida, somente as coisas em que estamos concentrados  num dado momento.  

Os olhos e a mente, juntos, constituem um sistema  organizador que analisa e processa as grandes quantidades  de dados que provêm do mundo físico e do espiritual. No  entanto, cada um de nós está capacitado a interpretá-los  conforme o que retém em valores éticos ou intelectuais.  

Apenas percebemos as informações que nos cativam ou atraem. Modela a mente o nosso interesse seletivo,  e esta seletividade é tanto física, psíquica, mental quanto  transcendental.  

Em verdade, nosso campo sensório só focaliza de  modo claro aquilo que pode. O mecanismo de defesa psicológico denominado "desatenção seletiva" faz com que retiremos de nossas experiências todos os elementos que podem, momentaneamente, nos desestruturar emocionalmente. Essa "autodistração" não nos permite tomar contato com a realidade; em muitas ocasiões, ela nos protege dos golpes da vida, até que possamos reunir recursos para enfrentá-los e resolvê-los. Só retemos o que conseguimos compreender ou assimilar. 

Mediunidade é sintonia e seleção. Olhemos para uma enorme estante de livros; um deles sobressai distinta e claramente diante de nossa visão, enquanto que os outros ficam vagos ou incertos. Cada pessoa fixará na prateleira a obra literária de sua preferência, sem desviar o olho de seu objetivo principal. Como parte do processo de assimilação, o olho elimina, física e espiritualmente, só o que pode digerir daquela visão, informação ou ensinamento recebido. Muitas vezes, opera na pessoa de consciência empedernida um bloqueio mental; sua receptividade é quase nula. 

Por isso, o fenômeno vidência exige filtragem no crivo do bom senso para que interpretações apressadas não envolvam a informação mediúnica nos domínios do absurdo e do irracional. 

A ilusão e/ou imaginação dos indivíduos têm sido consideradas como as criadoras de um problema específico no discernimento da visão mediúnica. A vidência "é uma daquelas (faculdades mediúnicas) que convém esperar seu desenvolvimento natural, sem provocá-lo, se não se quer se expor a ser joguete da própria imaginação (...)". 

Todo ensinamento mediúnico é digno de atenção e avaliação, mas, igualmente, é preciso ser analisado com carinho, para que não entre no rol das "visões ridículas" ou das "interpretações incoerentes".

Os fenômenos medianímicos podem ser semelhantes em diversas pessoas, mas cada alma tem um modo peculiar de registrá-los. A mediunidade de vidência é empregada segundo as concepções que caracterizam o modo de ser dos indivíduos. 

O sensitivo está sujeito às interpretações das idéias e inspirações que povoam o ambiente espiritual em que vive, mas só é capaz de reproduzi-las ou captá-las de conformidade com seu horizonte existencial. 

Os denominados "quadros fluídicos", tanto os criados pela mente do próprio sensitivo como aqueles oriundos de outro encarnado, ou mesmo de algum desencarnado, são processados no "chakra" frontal, onde se localiza o intitulado "terceiro olho". Esse "chakra" é o responsável pela maioria dos fenômenos da visão astral. 

Todos os fenômenos psíquicos solicitam filtragem no crivo da razão. Saber intelectualmente não basta. A miopia espiritual causa um enorme dano na clareza das faculdades psíquicas. 

Se assistíssemos apenas quinze minutos de uma peça teatral, não entenderíamos de maneira clara a mensagem da apresentação artística. Se olhássemos um pintor esboçando a obra idealizada, veríamos só algumas linhas ou traços aparentemente desconexos. 

A visão mediúnica requer amadurecimento psíquico e espiritual; deve ser exercitada para tornar-se cada vez mais lúcida. Quando estamos aprendendo a lidar com as forças espirituais, o entendimento ou a elucidação não aparecem, até que tenhamos compreendido a lição por completo. 

Experiências repetidas nos fazem sentir, refletir e questionar. Ninguém neste mundo consegue crescer ou evoluir sem errar, e nossos desacertos acabam nos ensinando a interpretar melhor todas as coisas. 

Toda vidência contém em si uma ampla mensagem. A compreensão de uma visão astral apenas surge em virtude de sua interpretação; é esta que consente que tenhamos o entendimento total do seu significado.


Hammed









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