Hammed - Livro Lucidez - A Luz que Acende na Alma - Francisco do Espirito Santo Neto - Cap. 31
Na presença da espiritualidade
Senhor Jesus, aprendemos contigo que religiosidade é algo mais amplo do que o simples fato de cumprir minuciosamente ritos religiosos ou de pertencer a determinadas tradições espirituais.
Amigo Devotado, certa vez, durante seu encontro com a mulher samaritana, tu nos ensinaste: “Mas vem a hora, e já chegou, em que os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espirito e verdade, e são esses adoradores que o Pai deseja.” (1) Logo, temos ciência de que “ter religião” é bem diferente de “ter religiosidade”, que é, em verdade, um sentimento inato existente na profundeza da alma humana, onde podemos adorar a Divindade “em espírito e verdade”.
Mestre Querido, hoje entendemos que ter um sentido voltado para as coisas sagradas e um senso de união com todas as manifestações vivas do Universo é a verdadeira espiritualidade que tu querias nos ensinar. Não são os livros sagrados, nem as cerimônias ritualísticas que nos unem a Deus; tanto estas como aqueles podem despertar ou estimular nossos potenciais transcendentais, mas apenas a religiosidade nos liga ao Pai.
Algumas igrejas e movimentos religiosos, assim como certos cultos ou credos devocionais, são em essência instituições egoicas coletivas, uma vez que se identificam com as estruturas governamentais, políticas, financeiras e outras tantas atividades ligadas aos bens temporais.
Da mesma forma, Senhor, compreendemos que o indivíduo que tem uma nova consciência já entendeu o significado da religação ou da união com a Divindade.
Condutor de Almas, amplia nossa consciência.
Clareia nossa visão a fim de percebermos que, tanto na atualidade como nos séculos passados, a ambição, o medo e a ânsia de poder foram a etiologia dos combates armados e das violências desencadeadas não somente pelos povos, nações e tribos, mas igualmente pelas religiões e ideologias.
Sabemos que a religião (do latim religare) é o processo de interligação da criatura com o Criador. Mas, afinal de contas, poderíamos nos perguntar: Será que o ser humano está separado de Deus? Então, qual a finalidade do religare ou da religião?
Relembramos, Mestre Jesus, a afirmativa de Paulo aos atenienses: “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, o Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos humanas. Nem servido por mãos de homens, como se necessitasse de alguma coisa, porque é ele quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas.” (2)
Com base nessas palavras conseguimos discernir que não estamos afastados de Deus, e sim nos relacionamos com Ele de modo constante, mas inconsciente. Por isso, nossa tarefa primordial é nos conscientizarmos da necessidade de resgatar, de trazer à luz essa ligação esquecida ou ignorada, esse religare.
O legítimo significado da religiosidade nada mais é do que o descobrimento na alma de uma capacidade que transcende a natureza física de tudo o que existe.
É o que toma possível ao homem, independentemente de sua convicção religiosa, a percepção do seu vínculo Divino com Deus, onde e com quem estiver.
Hammed
(1) João 4:23.
(2) Atos 17:24 e 25.32
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