Miramez - Livro Filosofia Espírita Vol. IV - João Nunes Maia - Cap. 45
Qualidades do Espírito
198. Não tendo podido praticar o mal, o Espírito de uma criança que morreu em tenra idade pertence a alguma das categorias superiores?
“Se não fez o mal, igualmente não fez o bem e Deus não o isenta das provas que tenha de padecer. Se for um Espírito puro, não o é pelo fato de ter animado apenas uma criança, mas porque já progredira até a pureza.” (O Livro dos Espíritos)
Não é o fato de uma criança ter falecido em tenra idade que a faz pertencer ao reino dos anjos, como de costume se fala em outras religiões. Ela se agrupa, depois da morte do corpo físico, em esferas condizentes com o seu tamanho evolutivo, por suas qualidades espirituais. Ninguém faz anjos; o que transforma o Espírito das trevas para a luz é a maturidade espiritual, é o tempo, sob as bênçãos do Criador.
Pode acontecer que o corpo de uma criancinha esteja sendo animado por um Espírito angélico, assim como, em muitos casos anima uma criancinha um Espírito de condições inferiores. Quando cresce, ele se denuncia, exteriorizando o que realmente é. É pela vivência que reconhecemos quem se encontra animando esse ou aquele corpo, seja da idade que for. Conhecemos a alma por suas qualidades, e essas qualidades as reconhecemos na vivência do dia a dia..
Passamos por diversas provas no cadinho da vida, e a vida nos educa como sendo filhos do seu coração. Ela não se esquece de nos ministrar aulas a todos os momentos, pelos fios do amor, conquanto esse amor pode nos vir por meios diferentes daqueles que esperamos.
As leis de Deus são verdadeiras e iguais para todos os Seus filhos, porém, cada qual recebe sua influência de acordo com a sua evolução. Certamente que um animal não pode receber o mesmo tratamento que um ser humano, nem esse o de anjos. Contam nesse transe de merecimento, as condições espirituais, os valores adquiridos. Eis a beleza da vida, pagando o salário correspondente ao trabalhador.
Muitos, em muitas religiões, acham que pela simplicidade das crianças, por não existirem erros nos seus caminhos, por lhes faltar o tempo para errar, quando desencarnam em tenra idade têm seguro seu lugar no céu. O céu é lugar de quem merece; ela, a criança, não errou, mas também não acertou. Ainda mais, temos o fato da reencarnação. A criança pode pertencer, na escala da vida, a uma posição elevada. Se assim for, certamente que irá para o lugar a que fez jus, no entanto, se ela ainda não adquiriu a tranquilidade de consciência, tornará a voltar à Terra ou a outro mundo para continuar sua jornada e viver experiências que lhe trarão a felicidade.
A alma deve despertar o que traz por dentro, e esse fato só ocorre no decorrer dos milênios sem conta. Não poderia ser de outra forma, pois todos passam por esses processos, obedecendo à justiça do Criador. Se alguns Espíritos saíssem das mãos do Pai já com todas as condições de permanecerem nos céus, e outros passassem por provas e tropeços, onde estaria o Amor? A razão nos diz o contrário: todos têm os mesmos direitos e deveres, e os que estão à frente, saíram pelos caminhos da vida primeiro. Quem saiu depois, também chegará ao porto seguro desfrutando do amor que semeou na imensa lavoura do tempo.
Cuidemos das crianças sem nos esquecermos dos idosos, porque já participamos destes estágios e voltaremos a ele no momento em que o Senhor achar conveniente. Se plantamos educação nas diretrizes do amor, colheremos paz na plenitude da verdade.
Miramez
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