quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Espírito Vianna de Carvalho - Livro À luz do Espiritismo - Divaldo P. Franco - Cap. 1 - Na glória da vida




Espírito Vianna de Carvalho - Livro À luz do Espiritismo - Divaldo P. Franco - Cap. 1


Na glória da vida


Nesta hora em que a aflição campeia no mundo açoitado pelas calamidades morais e sociais do século, o homem bate às portas da fé, sedento de paz e esperança nas promessas de Jesus.

A religião tradicional, porém, encontra-se muito preocupada com os negócios políticos, na disputa dos poderes terrenos para manter a supremacia de seus enunciados, adornada de ouro e joias de alto preço. Não se preocupa com o homem em si mesmo.

A igreja de Martinho Lutero e suas facções dissidentes demoram-se no desespero proselitista, arregimentando números para estatísticas retumbantes e combatendo-se reciprocamente, ou fazendo alianças improcedentes para vencer nos grandes jogos do mundo. Não se pôde deter no auxílio do indivíduo.

Os diversos pastores, sobrecarregados de responsabilidades sociais, em nome das igrejas a que pertencem, não dispõem de tempo. Deslizam apressados junto aos fiéis atônitos que lhes seguem os passos, desencantados, mantendo postura de fé, no templo, e vivendo profanamente no lar, na rua e na oficina de trabalho.

A ciência materialista do século XX alargou os horizontes do mundo e prolongou a vida física sobre o orbe.

Antibióticos poderosos combatem nos recessos das células, focos de vidas microscópicas organizadas em tarefas de destruição da existência física. As sulfas aniquilam perigosos adversários da saúde. Produtos farmacêuticos surgem diariamente, perseguindo enfermidades orgânicas. Tuberculoses, lepra, sífilis e tantas outras doenças que dizimavam multidões, pertencerão, em breve, aos horrores do passado. No entanto, com os mesmos valiosos recursos continuam funcionando as máquinas do aborto delituoso, a criminosa eutanásia, o desrespeito à maternidade pela limitação de filhos, através de processos pouco dignos, a câmara de gás...

Os índices de criminalidade, decorrentes do uso da maconha, cocaína e morfina, são alarmantes nos países cristãos com foros de civilidade.

A eletricidade aliada à técnica, em nome do conforto e da comodidade, criou veículos velozes, climas artificiais no reduto doméstico, aparelhos fabulosos de várias utilidades, instrumentos de precisão e outros, encurtando as distâncias com o telefone, a televisão, o avião nas suas várias modalidades; radares e sonares, que penetram os abismos do ar e das águas, anotando objetos estranhos, localizando-os e medindo-lhes o peso, a velocidade e seguindo-os implacáveis. Todavia, nos recintos superconfortados campeiam perversões de toda ordem, em que o pudor é motivo de desprezo e vergonha; originam-se hediondos crimes passionais e propaga-se a aberração moral, em flagrante desprestígio da inteligência e da cultura.

As manchetes de jornais apresentam, diariamente, suicídios nefandos, fatos policiais lamentáveis, levando ao seio das famílias os espetáculos das tragédias que, de cedo, predispõem as mentes infantis ao cinismo e à amoralidade.

Os teleguiados que sondam os céus e as distâncias, oferecendo dados fabulosos aos geofísicos, são constantemente alçados à condição de arma inconsciente de destruição pelos governos apaixonados e dominadores.

...E o homem apenas sonha, transformando a antevisão em terríveis pesadelos.

As grandes lunetas, que a inteligência aponta para os altos cimos, mostram a glória de Deus, apresentam as Leis de equilíbrio e falam da Grandeza da ordem, apelando para a razão e o sentimento humanos.

Se olham em torno do Sol, deslumbram-se com o seu poder de rei, adornado de áulicos obedientes a circularem à sua volta em movimentos harmônicos e gráceis. Entretanto, o próprio Sol é vassalo de Alcyone, em torno da qual preenche, em duzentos e vinte cinco mil séculos, uma das suas graciosas revoluções. E Alcyone é apenas umas das estrelas do grupo das Plêiades, que se compõe de aproximadamente mil astros, dos quais apenas sete podem ser vistos a olho nu. Tão longe se encontra do homem, a grandiosa Alcyone, que a sua luz demora 715 anos para chegar à vista insignificante da mais poderosa luneta terrestre.

Alfa Centauri, a mais próxima estrela do homem, dista 4,3 anos-luz.

Sirius, de luz alvinitente, viaja nove anos-luz pelos espaços para oscular a terra com os seus raios diamantinos.

Aprofundando as observações, fulgura na constelação Argo Navis, serena e majestosa, a soberba Canopus, com uma luz correspondente a 8.760 sóis brilhando simultaneamente reunidos, a girar soberana no Infinito.

Apesar da distância incomensurável, Arcturus, estrela dupla de primeira grandeza, na constelação do Boeiro, situada no prolongamento da cauda da Ursa Maior, apresenta singulares e múltiplas variações, brilhando como a mais bela do céu boreal.

Betelguese, na constelação de Orion, vale muitos milhares de sóis iguais ao nosso.

A Via-Láctea, que nos serve de berço, ornamenta-se de cem bilhões de estrelas e, perto dela, num arquipélago de bilhões de astros distantes setecentos mil anos-luz, encontra-se Andrômeda, a galáxia deslumbrante...

E muito além das nossas concepções, fulguram ilhas interplanetárias, quais a Nébula M-87, distante oito milhões de anos-luz.. 

Os microscópios eletrônicos, pesquisando o infinitamente pequeno, revelam, na máquina grandiosa que é o corpo humano, dados impressionantes. Num centímetro quadrado de pele humana viva há cerca de quatro metros de filetes nervosos, com mil canais sudoríparos, cinco mil pontos sensíveis, seis milhões de células, vinte e cinco pontos de apalpação, duzentos pontos de percepção da dor, doze pontos sensitivos do frio e um metro de vasos expressando a sabedoria do Criador na vida organizada.

Além da sua Esfera, o homem descobre a Majestade Divina em toda parte, e se demora esmagado.

No arcabouço que lhe serve de indumentária para a ascensão da alma nos continuados avatares, encontra a Sabedoria infinita, tecendo a própria glória da vida, e permanece angustiado.

A eletrônica empurra-os para a frente nas pesquisas incessantes.

A cibernética, como ciência do porvir, abre-lhe as portas para novas conquistas.

Mas no casulo carnal onde dorme, incessante inquietação interior o aflige e estiola.

Pulsa o coração divino em todo o universo. Todavia, o homem não tem ouvidos para auscultar a vibração sublime.

Constata que a ciência moderna redescobriu o mundo e o embelezou. No entanto, observa-se escravo da paixão, sendo, por isso mesmo, perturbado e desditoso.

Olha o firmamento com o cérebro incendido de anseios de liberdade, mas permanece na Terra, torturado pelos mais comezinhos fenômenos da existência...

É nesse homem, todavia, que os acordes de uma fé racional e pura, consoladora e científica, tangidos pela bondade de Deus, encontram ressonância. Escutando essa harmonia que a Doutrina Espírita lhe dirige, encontra a alegria que lhe falta e a chave que desvenda todos os mistérios do ser.

Através de processos metafísicos positivos, no Espiritismo, defronta um contingente novo de inquirições e soluções, descerrando a cortina da ficção religiosa para a realidade divina, cujo caminho ainda é Nosso Senhor Jesus Cristo, o Sublime Governador do orbe terrestre.

Cantam, então, nessa alma renovada, as emoções superiores do espírito em libertação, buscando integrar-se na obra grandiosa do Celeste Pai, glorificando a vida imortal.

 
Espírito Vianna de Carvalho





Manuel Vianna de Carvalho (1874 – 1926), nascido em Icó, no Ceará, foi engenheiro militar, bacharel em matemática, ciências físicas, destacando-se como um dos maiores tribunos do Espiritismo de seu tempo, inspirando a fundação de vários núcleos espíritas em diversos estados do Brasil. Tendo abraçado o ideal espírita desde os 17 anos, foi também um grande incentivador da evangelização infanto-juvenil, além de ter igualmente trabalhado precocemente pela causa da unificação dos espíritas brasileiros.


Miramez - Livro Horizontes da Vida - João Nunes Maia - Cap. 5 - Carregamos o que pensamos




Miramez - Livro Horizontes da Vida - João Nunes Maia - Cap. 5


Carregamos o que pensamos


Jesus nos afirma, através do Evangelho, que Seu fardo é leve e Seu jugo suave. Não podemos falar o mesmo, dado o fardo ser pesado e o jugo incômodo, pois não aprendemos a pensar nas mesmas linhas do Mestre. A consciência da alma comum está carregada pelos seus pensamentos; as vibrações inferiores pesam e incomodam o Espírito na sua jornada de vida.

A ignorância enche o celeiro do coração com o que pensa, criando distúrbios variados que fazem sofrer; são cargas magnéticas inferiores, nascidas das paixões que não correspondem aos ensinamentos do Mestre dos mestres.

Se a humanidade tivesse a consciência dos valores mentais, de como eles podem fazer a felicidade e destruir os mais elevados ideais, procuraria educar as idéias, usando os processos ensinados por Jesus no Seu Evangelho de vida. Pelo que sabemos, e disso temos experiências, nós bebemos o que pensamos e alimentamos as nossas próprias idéias, respiramos os nossos sentimentos e carregamos tudo isso como sendo os nossos fardos e jugos...

Se desejamos melhorar, ou pelo menos aliviar esse peso, abracemos as mudanças na intimidade, porque se a paz nasce por dentro, a felicidade não existe noutro lugar. O Cristo é como que o sol das nossas vidas; A sua mente poderosa irradia para todo o Seu rebanho forças compatíveis com o Seu amor, sem exigências, tanto que não aparece a mostrar o que faz por nós.

A nossa salvação depende de nós e a inteligência com Jesus nos pede o acontecimento de nós mesmos. Cada um deve conhecer a si próprio e é nesta frequência que notamos o que deve ser feito, sem que o egoísmo nos comande. Quem trabalha em favor de si mesmo, dentro dos moldes do amor, encontra-se beneficiando os outros. Para ajudar alguém a despertar os valores internos é preciso conhecer e avançar amando, que o exemplo e o silêncio, nestes casos, são vias de melhor acesso às lições imortais do próprio amor. Quase sempre gostamos de nos iludir, por apreciarmos a quem nos bajula e que por vezes falam de coisas que ainda não conseguimos conquistar; se já estamos de posse de tais ou quais virtudes, não precisamos de que alguém as anuncie, pois a virtude por si mesma irradia seus valores.

Carregamos o que pensamos e o que somos, irradiamos em alta frequência para todos os lados; tudo fala de nós, nos diz a psicologia espiritual: o nosso olhar escreve o que somos, a nossa palavra anuncia o nosso porte espiritual, as nossas ações mostram o que somos por dentro. Não é preciso que falemos, porque a nossa própria fala se exagera na apresentação. E para que falar de nós mesmos, se fazemos somente o bem, e vivemos no amor? Somente o que sentimos com isso basta, porque essa harmonia nos leva a sentir a felicidade na intimidade da vida.

Analisemos o modo pelo qual vivemos, para que o fardo não nos pese, e o jugo não fique incômodo. Jesus nos ensinou como descarregar o nosso peso das cargas magnéticas inferiores, pela prática do bem e da luz da fraternidade pura. Basta começarmos esse exercício, para que o mundo espiritual nos ajude. Isso Ele faz com frequência em todos os mundos onde haja almas se movendo em corpos materiais.

Modela a tua vida na vida do Mestre e se ainda não encontras forças para tal operação, começa, que mãos invisíveis ajudar-te-ão. Diz o Evangelho que cada trabalhador é digno do seu salário. E o salário do Espírito que se esforça para iluminar é a luz de Deus no coração, onde Jesus é o transformador divino para o ambiente humano.


Miramez









quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Emmanuel - Livro Deus Sempre - Chico Xavier - Cap. 10 - Defesa




Emmanuel - Livro Deus Sempre - Chico Xavier - Cap. 10


Defesa


Se a provação te busca,
Não desanimes. Segue…

O dever a cumprir
É refúgio a guardar-te.

No calor do serviço
A sombra se desfaz.

O buril contra a pedra
É a força que a promove.

A dor aproveitada
É sempre amparo oculto.

Sofre com paciência,
Deus te oferta o melhor.


Emmanuel









Espírito Gabriel - Livro Gabriel - Mensagens familiares - Chico Xavier / Elias Barbosa - Cap. 1 - Chorar, sim, mas de alegria




Espírito Gabriel - Livro Gabriel - Mensagens familiares - Chico Xavier / Elias Barbosa - Cap. 1


Chorar, sim, mas de alegria


Meu querido pai, minha querida mãe, renovo minhas preces a Deus, rogando para que a bênção da paz esteja conosco.

Estou aqui tentando manifestar-me. Não é fácil. Pelo menos por agora, não tenho recursos para exprimir-me com o desenvolvimento que desejava.

Muitas vezes, li mensagens de amigos desencarnados que se declaravam auxiliados na grafia das notícias enviadas para os entes queridos e hoje estou na mesma situação. 

Não sei se posso exteriorizar o que sinto. As palavras são feitas para imagens já positivamente conhecidas e aceitas pelo senso geral.

E agora o mundo em que me vejo, a dentro de mim, está renovado na base de emoções e sensações que os conceitos terrestres não conseguem definir.

Perdoem-me se escrevo de maneira insatisfatória. Não há outra saída. E preciso rogar-lhes serenidade no íntimo da alma, tanto quanto já conseguimos aparentar calma por fora.

Compreendo, pais queridos, somos como somos, caminhando para o que nos cabe ser. (1) Venho pedir-lhes me auxiliem com os pensamentos de real aceitação.

As lágrimas que ocultam de um para o outro, as indagações que formulam a sós, com o receio de se ferirem na fé que nos alimenta chegam a mim, de modo claro e indescritível.

Existe um fio mental entre os que se amam profundamente, ligando os assuntos da vida, tanto quanto a se estenderem para o Além, sobre as barreiras da morte.

Sei quanto interpelam os poderes que nos governam sobre a nossa inesperada separação e ouço-lhes as perguntas e as observações, quando se isolam um do outro para buscar-me a lembrança, seja numa foto ou numa página escrita, nesse ou naquele contato, nessa ou naquela recordação.

Agradeço o apoio que me oferecem, porque sem meus pais queridos ignoro o que teria sido de mim, entretanto, rogo-lhes paciência e coragem.

Não admitiam pudesse alguém evitar aquele assalto violento das forças enfermiças que me separaram do corpo. Aquela indisposição que parecia ligeira tomou vulto de repente.

Quando papai se esforçou para que me expressasse ou dialogasse com mais ânimo, notei que esmorecia. Minhas sensações por dentro de mim estavam intactas. Ouvia tudo o que se falava em derredor de meu leito.

Reconheci que me transportavam para socorro no rumo do amparo hospitalar, no entanto, a pouco e pouco, entrei num sono profundo de que não podia me desvencilhar. Quanto tempo estive assim, não sei ainda.

Minha memória abrange apenas a metade das horas claras do dia, naquela quinta-feira de luta… O resto ainda não sei, a não ser que acordei numa sala de tratamento com a cabeça enfaixada.

Chamei por meu pai, por minha mãe, pedi o apoio de alguém que me esclarecesse sobre as ocorrências de que não tinha consciência, mas um enfermeiro me advertiu que fora cirurgiado por um médico, o doutor Mário Gatti. (2) Lembrei-me de que esse benfeitor já não era da Terra e asserenei-me quanto pude.

Um pouco mais tarde, tomei contato com o amigo da medicina que me amparava, além do outro benfeitor que se identificou como sendo outro médico, o doutor Guilherme da Silva. (3)

Aconselharam-me. Esclareceram-me que a meningite fora patente em meu caso, com todo o seu impacto fulminativo, entretanto, além disso, trazia em meu cérebro estruturas complexas que haviam exigido trabalho operatório.

Melhorei, gradativamente, no entanto, à medida que me normalizava passei a escutar mamãe a chorar e chamar-me…

Com os dias, ouvi mais e escutei meu querido pai articulando ideias e frases tristes. Peço-lhes. Quanto possível, lembrem-me trabalhando e estudando a vida.

Não há morte. A existência na Terra é uma internação em estabelecimento de ensino. Somos aí professores e alunos uns dos outros. O horário da escola é igual para todos no mesmo universo de minutos para cada um, e o corpo, obedecendo às mesmas leis de formação nos vários climas do mundo, é uma espécie de uniforme identificando a condição temporária de todas as criaturas.

Papai, alegre-se e recorde-me aprendendo ao seu lado.

Mamãe, regozije-se e memorize a nossa união e a nossa felicidade no lar.

Quanto puderem, ajudem-me com pensamentos de fé e segurança, otimismo e elevação. Chorar, sim, mas de alegria, para agradecer a Deus o que temos recebido.

Estou apenas em outro educandário, onde vou retomando o meu curso de conhecimento superior, no qual progrido dificilmente, porque as emoções me prendem às aflições em casa.

Amigos daqui, como sejam Marcondes, Servílio, Souza (4) e tantos outros me abrem portas abençoadas às novas lições em que vou tomando maiores contatos com a vida e comigo mesmo.

Digam à Therezinha, ao João Batista, ao Doutor Wilson, ao Nicolau, ao Alcides, ao Tamassía (5) e aos nossos companheiros de estudo que eles todos estão no caminho certo. É preciso estudar mais para servir melhor. Aqui, a luta construtiva é sempre mais bela. E com essa luta desejo preparar-me a fim de ser útil.

Dos familiares queridos, duas irmãs me visitam e me auxiliam sempre que podem, nossa irmã Josefa e nossa irmã Isabel. (6) 

Espero melhorar faculdades e recuperar sentidos obliterados pelas recordações mais intensas do corpo, a fim de elevar o meu singelo campo de ação.

Peco-lhes. Não creiam fossem meus queridos pais talvez exigentes comigo nos processos de educação. Sou feliz, buscando a felicidade que me doaram pelos exemplos, pelo carinho, pelo apoio e pela dedicação.

A saudade é um espinho a ferir-me, mas com a bênção de nossa união e paz em família, melhorarei cada vez mais, a fim de sermos cada vez mais felizes.

Papai querido e querida mamãe, a força termina no lápis, assim como se apaga um engenho não mais sustentado pelo mesmo padrão de energia.

Não estou cansado, mas o tempo e os recursos do intercâmbio estão para mim esgotados.

Continuem orando por mim. (7) A prece por nós, que estamos deste outro lado é uma luz que nos clareia e um calor abençoado que nos reaquece. Por ela sabemos com mais certeza que o nosso amor nunca morre.

Beijo-lhes as mãos queridas e despeço-me no papel de modo a continuar em nosso diálogo, de coração a coração.

Pais queridos, recebam o abraço iluminado de carinho e saudade, de devotamento e gratidão, com todo o amor do filho reconhecido, sempre é cada vez mais reconhecido, 


Gabrielzinho
Gabriel Casemiro Espejo








(1) “Compreendo, pais queridos, somos como somos, caminhando para o que nos cabe ser.” Poderosa síntese do que se encontra na resposta à questão 540 de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec.

(2) “…um enfermeiro me advertiu que fora cirurgiado por um médico, o doutor Mário Gatti.” Trata-se do médico cirurgião, benfeitor sem precedentes, com larga folha de serviços profissionais em prol das classes economicamente menos favorecidas. Nasceu na Itália, a 1º fevereiro de 1879, e desencarnou em Campinas (SP), a 3 de março de 1964.

(3) “…outro benfeitor que se identificou como sendo outro médico, o doutor Guilherme da Silva.” Eminente médico sanitarista, verdadeiro luminar da ciência médica pelos serviços que prestou durante as epidemias de febre amarela que assaltaram Campinas, pelos idos de 1889. Em sua homenagem, há uma rua em Campinas (SP), com o seu nome. Nasceu no Rio de Janeiro, a 2 de dezembro de 1855, e desencarnou em Campinas, aos 14 de julho de 1912.

(4) “Amigos daqui, como sejam Marcondes, Servílio, Souza e tantos outros me abrem portas abençoadas às novas lições em que vou tomando maiores contatos com a vida e comigo mesmo.”

a) Marcondes: Gustavo Zanardine Marcondes nasceu em Palmeiras, Estado do Paraná, a 7 de dezembro de 1900 e desencarnou em Campinas (SP), a 26 de agosto de 1968. Batalhador, idealizador e orientador incansável da Causa Espírita. Desenvolveu durante toda a sua vida, um trabalho de renúncia e amor, deixando à posteridade um lastro de obras assistenciais. Gabrielzinho não o conheceu, pessoalmente.

b) Servílio: Servílio Marrone nasceu em Campinas, a 26 de abril de 1912, aí desencarnando a 4 de janeiro de 1955. Espírita dedicadíssimo, ministrava aulas de Evangelho aos jovens da Mocidade Espírita Allan Kardec e se entregava com devotamento e abnegação ao trabalho de passes nas casas das pessoas enfermas. Foi, juntamente com Gustavo Marcondes, um dos fundadores do Centro Espírita Allan Kardec, no qual ocupava o cargo de Secretário, até o dia de sua desencarnação. Colaborou, também, na construção do prédio próprio do Centro. Mais adiante, no Capítulo 5, o leitor encontrará mais informes sobre esses dois seareiros do Espiritismo Cristão.

c) Souza: Doutor Joaquim de Souza Ribeiro nasceu em Caetetê, Estado da Bahia, a 9 de janeiro de 1884, desencarnando em Campinas, a 18 de janeiro de 1956. Poeta, Médico homeopata e Dentista. Espírita combativo, de convicções profundas. Sua vida foi inteiramente dedicada à difusão da Doutrina Espírita.

(5) “Digam à Therezinha, ao João Batista, ao Doutor Wilson, ao Nicolau, ao Alcides, ao Tamassía e aos nossos companheiros de estudo que eles todos estão no caminho certo.”

a) Therezinha: Therezinha de Oliveira. Oradora e Conferencista espírita. Diretora do Centro Espírita Allan Kardec de Campinas, com sede na Rua Irmã Serafina, nº 674, e membro da Comissão Diretora do jornal Alavanca, de propriedade da U.M.E. de Campinas. Reside na Rua Marechal Deodoro, nº 865 — Campinas — SP.

b) João Batista: João Batista de Sá. Radialista, Jornalista e Historiador, utilizando-se do pseudônimo de Jolumá Brito. É o redator responsável do jornal Alavanca. Residente em Campinas, na Rua Maria Monteiro, nº 596. Gabrielzinho não o conheceu, pessoalmente.

c) Doutor Wilson: Doutor Wilson Ferreira de Mello. Médico Clínico e Psiquiatra. Orador e Conferencista espírita de renome nacional. Residente em Campinas, na Rua Antônio Lapa, nº 27. Gabrielzinho gostava de assistir às suas palestras evangélicas.

d) Nicolau: Nicolau Consôli. Assíduo colaborador e membro da Comissão Diretora do jornal Alavanca. Residente na cidade de Amparo (SP), na Rua General Câmara, nº 92.

e) Alcides: Alcides Hortêncio. Colaborador e membro da Comissão Diretora do jornal Alavanca. Residente em Mogi Mirim (SP), na Rua 13 de Maio, nº 89.

f) Tamassía: Doutor Mário Boari Tamassía. Jornalista e Escritor. Profundo conhecedor da literatura espírita e autor de diversos livros. Colaborador do jornal Correio Popular, com artigos de índole filosófica. Residente em Campinas, na Avenida José S. Campos, nº 116.

g) Nossos companheiros de estudo: Na residência do casal José Roberto Checchia/Julieta — Rua Assis, nº 40 — Campinas (SP), além de outros casais amigos, constituíram um grupo de estudos espíritas, onde quinzenalmente, aos sábados, se reuniam.

(6) “Dos familiares queridos, duas irmãs me visitam e me auxiliam sempre que podem, nossa irmã Josefa e nossa irmã Isabel.”

a) Josefa: Josefa Balançoela Espejo. Parentesco distante, tia por parte do pai. Desencarnou em Estrela D’Oeste (SP), em 1968. Gabrielzinho não a conheceu, pessoalmente.

b) Isabel: Isabel Gualda Mancilla. Parente distante, tia por parte da genitora. Desencarnou em Neves Paulista (SP), em 1971. Gabrielzinho chegou, pessoalmente, a conhece-la.

(7) “Continuem orando por mim. / A prece por nós, que estamos deste outro lado é uma luz que nos clareia e um calor abençoado que nos reaquece.” Trecho absolutamente concorde com toda a obra de Allan Kardec e as duas centenas de livros recebidos pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Depois de tantas evidências da Imortalidade da Alma, resta-nos, por agora, elevarmos o pensamento a Deus e agradecer-Lhe por nos ter permitido descesse, um dia, Jesus à Terra, e ao Divino Mestre, por nos enviar, depois, através de Allan Kardec, o Espiritismo, doutrina abençoada que conosco ficará para sempre, junto de todos nós, os filhos de Deus, co-criadores a colaborar com o Pai de Misericórdia e Justiça, na Grande Obra da Criação Infinita.




Emmanuel - Livro Através do Tempo - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 41 - Desafetos




Emmanuel - Livro Através do Tempo - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 41


Desafetos


Amar aos nossos adversários, desde o presente, ofertando-lhes o coração, em forma de tolerância e trabalho, devotamento e ternura, é a fórmula exata para a solução dos grandes problemas que tantas vezes, por invigilância e leviandade, endereçamos, lamentavelmente ao futuro.

Lembremo-nos de que ainda ontem, acalentávamos antipatias e desafetos, cultivando o ódio à feição de serpe no seio.

Recordemos que semelhantes laços de treva algemavam-nos o espírito às largas sendas inferiores, impondo-nos reencarnações difíceis e angustiosas, nos campos de purgação da experiência terrestre.

Enleiados a eles, renascemos no mundo e porque se nos retarde o amor, nos testemunhos de paciência e compreensão, somos constrangidos pela Justiça Perfeita, a recebe-los compulsoriamente nas teias da consanguinidade, convertendo-se-nos o templo familiar em triste reduto de sofrimento.

É assim que, reinternados, na Terra, quase sempre, acolhemos na forma de entes amados velhos inimigos, que se origem, no santuário doméstico, em nossos credores intransigentes.

Surgem por filhos tiranizantes e ingratos, ou por entes invulneráveis ao nosso melhor carinho, obrigando-nos a mais doloroso acerto, porque estruturado em suor e pranto, quando o nosso perdão puro e simples conseguiria fundir a bruma aviltante da crueldade em brisa de esquecimento.

Para que não estejamos amanhã em lares metamorfoseados em pelourinhos, por força dos corações queridos que o resgate transforma em verdugos e inquisidores de nossos dias, saibamos amar, desde hoje, os que nos apedrejam ou firam, atormentem e caluniem, porque, em verdade, o mal é apenas mal para aqueles que o fazem, transmutando-se em bem naqueles que o recolhem entre a paz do silêncio e a prece da humildade, por saberem que a vida é sempre luz de Deus.


Emmanuel


(Psicografada em 31/10/1958 no Centro Espírita Vicente de Paulo, na cidade de Uberaba, M. G.)





VÍDEO:

O mal só é mal para quem o pratica (Desafetos)
FEBtv

Expositor: Saulo Silva





terça-feira, 28 de setembro de 2021

Hammed - Livro Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 119 - Ponte para a sanidade




Hammed - Livro Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 119


Ponte para a sanidade


A faculdade mediúnica é indicio de um estudo patológico qualquer, ou simplesmente anormal? Algumas vezes anormal mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas." (Livro dos Médiuns - Allan Kardec, 2ª parte – Cap. 18, item 221 - lº. ).


Na antiguidade a cura das doenças era assunto dos sacerdotes e, portanto, da religião. Os médicos de clero tratavam os doentes por meio de rituais e cantos mágicos em santuários enormes. A enfermidade era considerada como a cólera de Deus, e os religiosos atuavam como intermediários ou “pontes” entre a Divindade e os homens. Operavam como “pontífices”, ou seja, “construtores de pontes” (do latim “pontifex”, palavra para designar sacerdote). Há muito tempo a tradição católica presta homenagem ao Papa, conferindo-lhe o título de Sumo Pontífice.

No passado, as enfermidades eram vinculadas à culpa, isto é, aos pecados. O arrependimento dos erros estava intimamente ligado à cura do doente; a penitência reconciliava a criatura novamente com Deus.

Como os médiuns, na atualidade, são denominados “intermediários” ou “pontes” entre o mundo físico e o espiritual, e a mediunidade é vista, muitas vezes e de forma confusa, como “dádiva sagrada” ou “corretivo divino”, isso pode levar as criaturas a tirar conclusões equivocadas.

Todos nós somos herdeiros de inúmeras experiências do pretérito. Encontram-se impressos em nossos painéis do inconsciente profundo, ideias e conceitos incorretos, remanescentes do passado distante, depositados desde os tempos imemoriais em nosso arcabouço psicológico. É preciso renovarmos essas concepções inadequadas sobre a Espiritualidade, para melhor entendermos os mecanismos da Vida Providencial. Em muitas circunstâncias, interpretamos novos conhecimentos sem dissociar nossos velhos conceitos.

A capacidade mediúnica é considerada uma percepção inerente à estrutura psíquica das criaturas; por isso é que a encontramos nos mais diferentes níveis de consciência da humanidade. Ela não é moral, mas sim amoral. É simplesmente uma das funções psicofisiológicas do ser humano.

Em virtude disso, podemos enquadrá-la como um dos sentidos de que a alma se utiliza a fim de manifestar-se e desenvolver-se, gradativamente, para a plenitude da vida.

A faculdade medianímica não gera doenças. Ela não pode ser responsabilizada pelo estado patológico das criaturas; é, antes de tudo, uma excelente ferramenta para ajudá-las a despertar espiritualidade e a compreender a si mesmas, os outros seres e o Universo. 

Quando exercitada, porém, de modo impróprio pode trazer riscos às pessoas psicologicamente frágeis ou vulneráveis.

O fenômeno psíquico em si não produz a insanidade. No entanto, em toda e qualquer faculdade, quando exercida de forma exaustiva e prolongada, pode conduzir à fadiga ou à enfermidade.

Uma pessoa tem alto grau o dom de cantar e o utiliza, ou para glorificar as belezas da terra, ou para exaltar canções obscenas. Mas, neste caso não pode ser julgada imoral.

Os olhos, além de transmitir nossos sentimentos e intenções, também colhem as impressões puras e sadias, que nascem do coração, como também inveja e revolta, que exalam um brilho estranho de hipocrisia. Contudo, a visão não pode ser acusada de agente de falsidade ou desequilíbrio.

As mãos quando empregadas na canalização da energia nuclear, podem iluminar e aquecer os lares; assim como podem explodi-los se utilizadas indevidamente.

O sexo é um dos departamentos mais sublimes da natureza humana. Cria, através das emoções sexuais, as energias necessárias para a manutenção dos afetos e a materialização das formas. Há porém, quem o utilize para a satisfação das sensações mais grosseiras e torpes. Isso, contudo, não lhe tira o mérito sublime para o qual foi criado.

É sempre a criatura que, servindo-se de seus sentidos, dá à sua existência um destino construtivo ou destrutivo. Nós é quem decidimos que fim vamos dar aos nossos recursos e possibilidades. Todavia, não podemos nos esquecer de que somos livres para colher atos e atitudes, mas prisioneiros de suas consequências.

Precisamos aprender a usar a mediunidade, assim como usamos normalmente as nossas capacidades humanas – a percepção, a atenção, o bom senso, a memória, o critério lógico, a linguagem, enfim todas as atividades do nosso reino interior.

Por sua vez, não é recomendável utilizar as faculdades psíquicas para explorar “outros mundos”, até que tenhamos o pleno controle do mundo em que estamos vivendo aqui e agora. Desenvolver nosso “sexto sentido”  não é um meio de resolver problemas comportamentais cuja solução está em nosso alcance; de buscar auxílios imediatistas, de tirar proveitos pessoais, de conseguir respostas paliativas para problemas reais. Quando começamos a vivenciar experiências extra-sensoriais, é a hora urgente de intensificarmos a análise distintiva da realidade e da ilusão. Em muitas ocasiões, habilidade  transcendentais quando mal elaboradas podem nos levar ser “servos apaixonados”, mas “discípulos distraídos”.

A compreensão da faculdade mediúnica torna-se confusa e difícil para nós a medida em que também vemos os traços característicos de certas doenças mentais. Pois os sinais precursores da mediunidade podem eclodir e ser confundidos com os sintomas das deficiências fisiopsíquicas. Em razão disso, nem sempre se pode compreender com facilidade, ou ver com clareza, a distinção entre as manifestações mediúnicas, em seu início, e os estados doentios.

Mediunidade é um produto do processo de desenvolvimento da natureza humana. Médiuns não são “agraciados” nem “enfermos”. São uma verdadeira “ponte para a sanidade”. Podem, sim, tornar-se verdadeiros pontífices (“construtores de pontes”) em busca da saúde integral – estado de consciência em harmonia plena com as leis naturais do Universo. Religando a si mesmos com a Fonte Divina, eles são capazes de preparar caminhos para que se estabeleça a cura real para a humanidade.

Diante dessas nossas considerações, finalizamos com a resposta dos Espíritos Superiores quando afirmam a Allan Kardec que o fenômeno mediúnico pode ser considerado “algumas vezes normal, mas não patológico; há médiuns de uma saúde vigorosa; os que são doentes, o são por outras causas.”


André Luiz - Livro Estude e Viva - Emmanuel / André Luiz - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 66 - Resignação e resistência




André Luiz - Livro Estude e Viva - Emmanuel / André Luiz - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 66


Resignação e resistência


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO — Cap. IX — Item 5

O LIVRO DOS ESPÍRITOS — Questão 887


De fato, há que se estudar a resignação para que a paciência não venha a trazer resultados contraproducentes.

Um lavrador suportará corajosamente aguaceiro e granizo na plantação, mas não se acomodará com gafanhoto e tiririca.

Habitualmente, falamos em tolerância como quem procura esconderijo à própria ociosidade.

Se nos refestelamos em conforto e vantagens imediatas, no império da materialidade passageira, que nos importam desconforto e desvantagens para os outros?

Esquecemo-nos de que o incêndio vizinho é ameaça de fogo em nossa casa e, de imprevisto, irrompem chamas junto de nós, comprometendo-nos a segurança e fulminando-nos a ilusória tranquilidade.

Todos necessitamos ajustar a resignação no lugar certo. Se a Lei nos apresenta um desastre inevitável, não é justo nos desmantelemos em gritaria e inconformação. É preciso decisão para tomar os remanescentes e reentretece-los para o bem, no tear da vida.

Se as circunstâncias revelam a incursão do tifo, não é compreensível cruzar os braços e deixar campo livre aos bacilos.

Sempre aconselhável a revisão de nossas atitudes no setor da conformidade.

Como reagimos diante do sofrimento e diante do mal?

Se aceitamos penúria, detestando trabalho, nossa pobreza resulta de compulsório merecimento.

Civilização significa trabalho contínuo contra a barbárie.

Higiene expressa atividade infinitamente repetida contra a imundície.

Nos domínios da alma, todas as conquistas do ser, no rumo da sublimação, pedem harmonia com ação persistente para que se preservem.

Paz pronta ao alarme. Construção do bem com dispositivo de segurança.

Serenidade é constância operosa; esperança é ideal com serviço.

Ninguém cultive resignação diante do mal declarado e removível, sob pena de agravá-lo e sofrer-lhe a clava mortífera.

Estudemos resignação em Jesus-Cristo. A cruz do Mestre não é um símbolo de apassivamento à frente da astúcia e da crueldade e sim mensagem de resistência contra a mentira e a criminalidade mascaradas de religião, num protesto firme que perdura até hoje.


André Luiz








(Psicografia de Waldo Vieira)

Chico Xavier - Livro O Evangelho de Chico Xavier - Carlos A. Baccelli - Cap. 153 - Por que fazer o bem?




Chico Xavier - Livro O Evangelho de Chico Xavier - Carlos A. Baccelli - Cap. 153


Por que fazer o bem?


O esforço máximo e desinteressado no bem aos outros, segundo nos parece, é sempre o maior apoio a nós mesmos.


Chico Xavier








Emmanuel - Livro Roteiro - Chico Xavier - Cap. 25 - Ante a vida mental




Emmanuel - Livro Roteiro - Chico Xavier - Cap. 25


Ante a vida mental


Quando a criatura passa a interrogar o porquê do destino e da dor e encontra a luz dos princípios espiritistas a clarear-lhe os vastos corredores do santuário interno, deve consagrar-se à apreciação do pensamento, quanto lhe seja possível, a fim de iniciar-se na decifração dos segredos que, para nós todos, ainda velam o fulcro mental.

Se as incógnitas do corpo fazem no mundo a paixão da ciência, que designa exércitos numerosos de hábeis servidores para a solução dos problemas de saúde e genética, reconforto e eugenia, além-túmulo a grandeza da mente desafia-nos todos os potenciais de inteligência, no trato metódico dos assuntos que lhe dizem respeito.

A psicologia e a psiquiatria, entre os homens da atualidade, conhecem tanto do espírito, quanto um botânico, restrito ao movimento em acanhado círculo de observação do solo, que tentasse julgar um continente vasto e inexplorado, por alguns talos de erva, crescidos ao alcance de suas mãos.

Libertos do veículo de carne, quando temos a felicidade de sobrepairar além das atrações de natureza inferior, que, por vezes, nos imantam à crosta da Terra, indefinidamente, compreendemos que o poder mental reside na base de todos os fenômenos e circunstâncias de nossas experiências isoladas ou coletivas.

A mente é manancial vivo de energias criadoras.

O pensamento é substância, coisa mensurável.

Encarnados e desencarnados povoam o Planeta, na condição de habitantes dum imenso palácio de vários andares, em posições diversas, produzindo pensamentos múltiplos que se combinam, que se repelem ou que se neutralizam.

Correspondem-se as ideias, segundo o tipo em que se expressam, projetando raios de força que alimentam ou deprimem, sublimam ou arruínam, integram ou desintegram, arrojados sutilmente do campo das causas para a região dos efeitos.

A imaginação não é um país de névoa, de criações vagas e incertas. É fonte de vitalidade, energia, movimento…

O idealismo operante, a fé construtiva, o sonho que age, são os pilares de todas as realizações.

Quem mais pensa, dando corpo ao que idealiza, mais apto se faz à recepção das correntes mentais invisíveis, nas obras do bem ou do mal.

E, em razão dessa lei que preside à vida cósmica, quantos se adaptarem, ao reto pensamento e à ação enobrecedora, se fazem preciosos canais da energia divina, que, em efusão constante, banha a Humanidade em todos os ângulos do Globo, buscando as almas evoluídas e dedicadas ao serviço de santificação, convertendo-as em médiuns ou instrumentos vivos de sua exteriorização, para benefício das criaturas e erguimento da Terra ao concerto dos mundos de alegria celestial.


Emmanuel








Bezerra de Menezes - Livro Doutrina e Vida - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 5 - Caridade entre nós




Bezerra de Menezes - Livro Doutrina e Vida - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 5


Caridade entre nós


A Doutrina Espírita no amparo do Cristo de Deus é o campo de serviço, a que somos chamados para agir em Seu Nome.

Compreendemos que todos comparemos ao engajamento, tais quais somos e como estamos: — em dívida ou em luta, carregando o fardo de nossas imperfeições e conflitos.

E, unicamente trabalhando, encontraremos o desgaste das forças que nos compete alijar de modo a servir com segurança.

Por isto mesmo, não nos esqueçamos:

se a dificuldade aparece, sejamos o ponto que favoreça a supressão dos obstáculos, sem agravá-los;

se a discórdia nos impele a tumulto, recorramos à paz sem menosprezo da verdade, colocando a verdade em amor, a fim de que o amor nos reúna, acima de quaisquer circunstâncias, procurando os objetivos que nos cabe atingir;

se a sombra nos envolve, acendamos a luz da oração, por dentro de nós, com a certeza de que se a prece nem sempre modifica o ambiente externo de nossas realizações, sempre nos rearmonizará no íntimo da alma, induzindo-nos a ver com clareza e entendimento as questões do caminho;

se a provação nos visita, usemos a paciência que o conhecimento da realidade nos infunde, reconhecendo que não bastará medir o sofrimento para extingui-lo e sim trabalhar incessantemente no auxílio aos outros, porque através dos outros, o Senhor nos estenderá o socorro necessário;

se incompreensões nos examinam a capacidade de amar, convertamo-nos em companheiros mais dedicados ao bem daqueles irmãos que, porventura, se nos façam instrumentos de melhoria espiritual;

se a crítica surge à frente, busquemos anatomizá-la, a fim de assimilar-lhe as lições justas, desfazendo enganos ou refazendo tarefas, sinceramente dispostos a contribuir no sustento da harmonia geral;

se recursos escasseiam na hora em nossas mãos, doemos um tanto mais de nós mesmos, em serviço e compreensão, no socorro às necessidades alheias, convencidos de que pelo idioma inarticulado do dever cumprido, Deus suscitará novos cooperadores e companheiros que nos reforçarão as possibilidades nas tarefas que nos reclamam presença e atividade, no dia a dia;

se óbices, reparações, desuniões, fracassos, sofrimentos, desistências, desafios, lágrimas, deserções, conflitos e tribulações, sejam quais sejam, aparecerem junto de nós, que a luz de nossa fé se transforme em nós no recurso preciso a fim de que os esquemas do Cristo se façam realizados por nós, com o esquecimento de nós mesmos…

Nesse caminho da caridade, devemos seguir todos, porque se fora dela não há recuperação para ninguém, fora do serviço que a expressa nenhum de nossos problemas encontrará solução.


Bezerra de Menezes









Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos - Cap. 4 - Da pluralidade das existências - Encarnação nos diferentes mundos - Questão 173 (Miramez)




Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 2ª Parte - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos - Cap. 4 - Da pluralidade das existências


Encarnação nos diferentes mundos


173. A cada nova existência corporal a alma passa de um mundo para o outro, ou pode ter muitas no mesmo globo?

“Pode viver muitas vezes no mesmo globo, se não se adiantou bastante para passar a um mundo superior.”

a) – Podemos então reaparecer muitas vezes na Terra?

“Certamente.”

b) – Podemos voltar a este, depois de termos vivido em outros mundos?

“Sem dúvida. É possível que já tenhais vivido algures e na Terra.”


Allan Kardec



O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez

Questão 173 comentada


Certamente que podes viver em mundos diferentes do que estás vivendo, quando Deus achar conveniente; no entanto, o mais certo é que terás muitas reencarnações no mundo em que estás, até que as experiências acumuladas sejam o suficiente para te ascender a outro mundo. Mesmo assim, podes voltar ao mundo que deixaste, como missão para ajudar aos que ficaram. Essa é a lei de fraternidade, onde a luz clareará as trevas.

A lei das vidas sucessivas nos dá muita esperança; ela é capaz de nos levar à crença mais forte na justiça de Deus, mostrando aos Espíritos que somente recebemos o que merecemos, para o despertamento espiritual. Se tivéssemos uma só existência na Terra, como muitos afirmam, dada a falta da estudos, de meditações e de uma razão apurada sobre a vida, onde estaria a justiça da divindade, ante a nossa posição como filhos de Deus? As mudanças de corpos, em posições variadas no mundo, é que podem trazer a alegria de viver e nos mostrar um Deus todo amor e todo justiça. A imensidão dos mundos que circulam nos espaços nos dá uma idéia de que o Todo-Poderoso não iria fazer tudo isso, somente como demonstração de poder, sem outra utilidade. Os mundos são casas de Deus, e muitos deles carregam a tarefa de serem escolas para outras humanidades, educando e instruindo as criaturas, rebanhos variáveis, que podem buscar outros mundos, desde quando as necessidades os obriguem a tais ou quais experiências.

O século vinte, podemos dizer, é o século da luz, onde o raciocínio voa em todas as direções, buscando muitos entendimentos, e é nessa busca que o homem se voltará mais para Deus. Queiram ou não, não existe outro caminho. O progresso é irreversível em todos os rumos; compete a cada um lutar e aceitar a verdade que pode suportar.

Se ainda não acreditas na reencarnação, não combatas tal idéia; deixa que o tempo se encarregue de demonstrar-te a verdade através da sua própria força. Somente a verdade fica de pé, em todos os caminhos do progresso espiritual. A crença na reencarnação é tão velha quanto a humanidade. Todos os grandes escritores espiritualistas sempre falaram nela, mesmo veladamente. A própria criatura já traz lembranças dessa lei, porque já reencarnou muitas vezes, e, passando por esse processo, gravou em seu íntimo, a verdade que não desaparece com as noites dos tempos, nem mesmo com os dias dos milênios.

Confere, meu irmão, os teus conhecimentos e lê sobre as vidas múltiplas. Se possível, ora, pedindo a Deus que te esclareça sobre o assunto. Algum dia, a verdade vem à tua mente, por ser ela a verdade percebida por sentidos que vibram dentro de ti, e não voz que ressoa por fora da criatura. Em noite estrelada, olha para o céu que brilha, visual que encanta a todos, e pergunta a ti mesmo: o que estão fazendo esses mundos no infinito, se Deus é a maior inteligência? Se o homem tudo faz com um objetivo, uma finalidade, o Senhor Todo-Poderoso iria fazer mundos e sóis para brincar, sem maior importância? A razão nos diz o contrário.

Os mundos são casas de Deus e têm muitas finalidades, inclusive a do processamento evolutivo da humanidade.


Miramez


Filosofia Espírita – Volume IV - João Nunes Maia 
Cap. 20 - Reencarnação em mundos diferentes





Allan Kardec - O Livro dos Médiuns - 1ª Parte - Noções preliminares - Cap. 4 - Dos sistemas - Item 49 - Multispírita ou polispírita




Allan Kardec - O Livro dos Médiuns - 1ª Parte - Noções preliminares - Cap. 4 - Dos sistemas


Multispírita ou polispírita


49. Sistema multispírita ou polispírita. — Todos os sistemas a que temos passado revista, sem excetuar os que se orientam no sentido de negar, fundam-se em algumas observações, porém, incompletas ou mal interpretadas. Se uma casa for vermelha de um lado e branca do outro, aquele que a houver visto apenas por um lado afirmará que ela é branca, outro declarará que é vermelha. Ambos estarão em erro e terão razão. No entanto, aquele que a tenha visto dos dois lados dirá que a casa é branca e vermelha e só ele estará com a verdade. O mesmo sucede com a opinião que se forme do Espiritismo: pode ser verdadeira, a certos respeitos, e falsa, se se generalizar o que é parcial, se se tomar como regra o que constitui exceção, como o todo o que é apenas a parte. Por isso dizemos que quem deseje estudar esta ciência deve observar muito e durante muito tempo. Só o tempo lhe permitirá apreender os pormenores, notar os matizes delicados, observar uma imensidade de fatos característicos, que lhe serão outros tantos raios de luz. Se, porém, se detiver na superfície, expõe-se a formular juízo prematuro e, conseguintemente, errôneo.

Eis aqui as consequências gerais deduzidas de uma observação completa e que agora formam a crença, pode-se dizer, da universalidade dos espíritas, visto que os sistemas restritivos não passam de opiniões insuladas:

1º Os fenômenos espíritas são produzidos por inteligências extracorpóreas, às quais também se dá o nome de Espíritos;

2º Os Espíritos constituem o mundo invisível; estão em toda parte; povoam infinitamente os espaços; temos muitos, de contínuo, em torno de nós, com os quais nos achamos em contato;

3º Os Espíritos reagem incessantemente sobre o mundo físico e sobre o mundo moral e são uma das potências da natureza;

4º Os Espíritos não são seres à parte, dentro da criação, mas as almas dos que hão vivido na Terra, ou em outros mundos, e que despiram o invólucro corpóreo; donde se segue que as almas dos homens são Espíritos encarnados e que nós, morrendo, nos tornamos Espíritos;

5º Há Espíritos de todos os graus de bondade e de malícia, de saber e de ignorância;

6º Todos estão submetidos à lei do progresso e podem todos chegar à perfeição; mas, como têm livre-arbítrio, lá chegam em tempo mais ou menos longo, conforme seus esforços e vontade;

7º São felizes ou infelizes, de acordo com o bem ou o mal que praticaram durante a vida e com o grau de adiantamento que alcançaram. A felicidade perfeita e sem mescla é partilha unicamente dos Espíritos que atingiram o grau supremo da perfeição;

8º Todos os Espíritos, em dadas circunstâncias, podem manifestar-se aos homens; indefinido é o número dos que podem comunicar-se;

9º Os Espíritos se comunicam por médiuns, que lhes servem de instrumentos e intérpretes;

10º Reconhecem-se a superioridade ou a inferioridade dos Espíritos pela linguagem de que usam; os bons só aconselham o bem e só dizem coisas proveitosas; tudo neles lhes atesta a elevação; os maus enganam e todas as suas palavras trazem o cunho da imperfeição e da ignorância.

Os diferentes graus por que passam os Espíritos se acham indicados na Escala Espírita (O Livro dos Espíritos, parte II, capítulo I, no 100). O estudo dessa classificação é indispensável para se apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam, assim como suas boas e más qualidades.


Allan Kardec