quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

Bezerra de Menezes - Livro Antena Celeste - Azamor Serrão - Cap. 12 - Deus é Pai



Bezerra de Menezes - Livro Antena Celeste - Azamor Serrão - Cap. 12


Deus é Pai


Paz e amor em Jesus Cristo.

Filhos, todos exaltam as perfeições do Criador, menos aqueles que, por não conhecerem a Verdade, se julgam com capacidade suficiente, pela autoridade de que se revestem como “Donos de Deus” e, cegos pelas comodidades aparentes que a vida profana lhes oferece, afirmam a vida única, com as penas eternas que a rebaixam.

E a prova vos dou, tomando fatos humanos, que podem aclarar em vosso entendimento toda a verdade, substituindo tais princípios que ofendem a Suma Perfeição de Deus.

É de simples intuição que, não sendo única a vida corpórea do Espírito, não pode haver penas eternas, nem inferno. Portanto, limitar-me-ei a tratar mais acentuadamente da primeira.

Explique, quem for capaz, o fato tão comum de apresentarem os homens, no desabrochar da vida, disposições opostas em relação ao bem e ao mal, assim como em relação ao saber.

Se somos criados por Deus no momento em que temos de entrar na vida, é incontroverso que a inclinação que manifestamos antes de exercermos a liberdade consciente, não pode ser senão obra de quem nos tirou do nada.

Se é do Criador que recebemos as inclinações com que nascemos, o Criador não é justo, porque dá a uns inclinações acentuadamente boas e dá a outros inclinações acentuadamente más. E tanto menos é justo quando, criando as almas com disposições opostas, lhes toma, no fim da vida, contas iguais, dizendo que tiveram igual liberdade. Não há dúvida de que todos têm liberdade, mas se a de um é auxiliada pela boa inclinação nativa; a de outro é contrariada pela má inclinação nativa? Pode-se exigir igual viagem de dois navios construídos com a mais perfeita igualdade. Mas e se um deles tem mares e ventos a favor e o outro contra?

É o nosso caso, e ele protesta contra a Eterna Justiça na criação e no julgamento das almas.

Na criação, porque repartiu desigualmente as condições de salvação.

No julgamento, porque condena à morte eterna tanto o que tem boa disposição nativa e fez mau uso da liberdade, como o que fez mau uso da liberdade, tendo ruim disposição nativa.

O dogma espírita das vidas múltiplas é que vem defender o Criador da feia acusação que lhe faz o da vida única.

Assim, o progresso depende do maior ou menor esforço que cada um faz, como criatura dotada de liberdade: uns Espíritos têm subido admiravelmente, enquanto outros, no mesmo espaço de tempo, muito têm-se atrasado; e outros ainda ocupam os variadíssimos graus que se notam entre os dois extremos.

Em cada reencarnação o Espírito apresenta inclinações para o bem ou para o mal a que já é afeiçoado, e essa inclinação é conquista sua e não obra do Criador.

Hoje, por permissão do Pai, enobreço-me, por humilde, relatando-vos uma vida em que fui judeu em Jericó.(*)

Vivia como plebeu, cobrador de dízimos, conseguindo, com grandes haveres, fazer fortuna, e para meu desespero de consciência, fui chefe dos publicanos. Passando Jesus por essas terras primícias, arrebanhou muitos pecadores, tendo sido eu um deles. Achava-me sobre um sicômoro, por ser de baixa estatura, para melhor avistá-lo; qual não foi a minha surpresa, de vê-lo chamar-me dizendo: “Hoje me compete entrar em tua casa para levar-te a salvação do teu opróbrio”.

Desci incontinente, desfazendo-me em desculpas pelos meus erros; emocionada a minha consciência, disse que daria aos pobres parte da minha fortuna, pagando em quádruplo aos que fraudei.

Em seguida, indo Jesus à casa de Simão, encheu-se a sala, a casa toda, e do lado de fora aglomerava-se o povo. Ao entrar na sala o Mestre, uma linda mulher, com os cabelos em desalinho, inesperadamente, ajoelhou-se aos pés de Jesus e com suas lágrimas regou-os, enxugou-os com seus cabelos, cingiu-lhe a cabeça com bálsamos finíssimos trazidos em um vaso de alabastro.

Nesse momento, Jesus, apercebendo-se de todas as consciências presentes, com admiração pela maneira como recebia a manifestação de uma mulher pública e como se hospedava em casa de um pecador, falou a Simão da seguinte maneira:

“Aqui entrei e não me deste o ósculo da paz; esta mulher desde que aqui chegou não se cansa de me orvalhar com lágrimas de recesso remorso por sua vida desregrada. Assim, proponho-te a seguinte parábola:

“Eram dois criadores; um devia quinhentos denários, e outro cinquenta. Foram perdoados de suas dívidas, porém, qual deles deve mais agradecer esta dádiva de amor?

Respondeu-lhe prontamente Simão: Por certo, Mestre, o que mais devia.

Julgaste bem, disse Jesus, e voltando-se para a mulher, falou: Muito pecaste e muito amaste; teus pecados são perdoados. Vai e não peques mais, Madalena”.

E Jesus, como médico, e médium de Deus, disse: “Desci à Terra para os enfermos da alma e do corpo”.

Pelo exposto, estas linhas, desde o início, são um resgate da minha vida terrena, uma síntese dessa análise de penitência.

E assim todos de boa vontade que quiserem, façam penitência de suas fraquezas, para melhor trabalharem no espaço, na Seara do Senhor.

Que sirva de consolo e exemplo esta passsagem do Evangelho que a muitos agrada, e a outros não: “A cada um segundo suas obras”, e como filhos do Senhor serão todos recebidos, prometidos em seus tempos, e também: “A quem muito se deu, muito será pedido, e a quem, parecendo nada ter, este pouco lhe será tirado”.

“Mutatis mutandis”, aceitai a vida como se apresenta; parecendo errada, está certa, é o retrocesso a um passado, o aforismo bem diz: “Deus escreve certo por linhas tortas”.

“Dos filhos de Meu Pai nenhum se perderá, por isso não há perdidos nem perdidas; todos serão achados para uma penitência, em expiação, na preparação para o segundo advento, de dois mil não passarás”, disse Jesus. “Voltarei não com esta geração, este céu e esta natureza”.

Os tempos aproximam-se para essa transformação e deslocamento do planeta. E quando houver este fenômeno não fujais; a postos com vossas consciências alertadas e não adormecidas, preparai o voo acertado para o Alto, atendendo ao chamado do clarim; os anjos todos com trombeta fazendo coro à chegada de Jesus em toda a Sua majestade. Serão apartadas as ovelhas dos cabritos, como o dia do juízo final de cada Espírito, para reparação de um débito, e por esse julgamento serão distribuídos para vários planetas. Os esforçados seguirão com o planeta Terra, que ascenderá, vindo para este lugar outro, porque Deus está criando sempre.

É a separação do joio e do trigo. À luz dessa doutrina do Mestre, como caminho certo, sintam todos que o Evangelho é a vida puríssima de Jesus, ampliando em nossos corações novos horizontes. Abençoando a todos com paz, amor e caridade, e em nome de Deus, pedimos: “Estudai o Evangelho”.


Bezerra de Menezes 





(*) Esse testemunho de nosso Patrono, de sua encarnação como Zaqueu, por escrito, é único na literatura espírita, segundo temos conhecimento. O relato anterior, até aqui disponível, era todo oral, feita pelo Espírito Tolstói à abençoada médium Yvone Pereira, quando da recepção do capítulo relativo à palestra desse personagem bíblico, no volume “Ressurreição e Vida,” publicado originalmente em 1964. Vide mais a respeito em “O 13o Apóstolo - As Reencarnações de Bezerra de Menezes”, já citado, no item 2 da Introdução. Vale destacar, ainda, que essa mensagem foi recebida entre 1962 e 1963, antes, portanto, de vir a público a obra de D. Yvone.




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