domingo, 19 de julho de 2020

Hammed - Livro Um Modo de Entender - Uma Nova Forma de Viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 18 - Mágoas



Hammed - Livro Um Modo de Entender - Uma Nova Forma de Viver - Francisco do Espírito Santo Neto - Cap. 18


Mágoas


A mágoa pode surgir por muitos motivos, entre os quais:

Rompimento afetivo

Maledicência sobre a vida sexual de alguém

Preconceito determinado por idade e trabalho

Ingratidão dos filhos

Abandono de amizades queridas

Traição amorosa

Discriminação social

Exclusão motivada por raça, cor e credo religioso.

Aliás, ninguém consegue viver sem nunca se magoar com alguém ou com certas ocorrências.

Na realidade, a mágoa é uma das muitas emoções humanas. Só não se emocionam os corpos inanimados, visto que as emoções nas criaturas vivas revelam a importância que elas dão a si mesmas, aos outros e aos acontecimentos. Se nada nos importasse, nunca teríamos mágoa, mas isso é impossível – a importância que damos a tudo que existe mede o grau de sentimento que possuímos por algo ou por alguém.

Aconselhar uma pessoa ofendida a imediatamente esquecer, não se magoando com a ofensa, seria o mesmo que pedir-lhe que agisse como se a agressão nunca tivesse acontecido.

Pode ser uma idéia equivocada a de nunca se magoar e sempre esquecer, pois a não aceitação de uma emoção real resulta no seu deslocamento para coisas fora do mundo interior – o fato desagradável fica focalizado no exterior, e a verdadeira causa da emoção permanece no escuro. Essa postura comportamental recebe o nome de ocultação dos sentimentos ou repressão.

Conseguiremos trabalhar melhor nossas mágoas não as reprimindo nem as intensificando, e sim desprendendo-nos, desligando-nos, ou melhor, colocando-nos a certa distância mental/emocional dos fatos ocorridos e das pessoas que neles se envolveram.

No entanto, isso não significa que devemos nos afastar hostil e friamente, viver alienados e impermeáveis aos problemas ou nos deixar de importar com tudo o que aconteceu, mas que podemos viver mais tranquilos e menos transtornados para analisar e, por conseqüência, concluir que as situações e os acontecimentos que nos cercam são reflexos ou criações materializadas dos nossos pensamentos e convicções.

Acreditamos que, ao fazer o proposto distanciamento psicológico, teremos sempre mais possibilidades para perceber o processo interno que há por trás de toda mágoa.

Admita a mágoa, não viva com emoções recalcadas, porque quem assim vive transita cotidianamente em constante irritabilidade, sem saber de onde veio, para onde vai e quanto tempo vai ficar.

Não intensifique, não reviva fatos doloridos, não transporte-os do passado para o presente.

Não se magoar é impossível, mas perpetuar ou ignorar o fato desagradável pode ser comparado ao comportamento do escorpião que, quando enraivecido, inocula veneno em si mesmo com o próprio ferrão.

Perdoar não significa apenas esquecer as mágoas ou mesmo fechar os olhos para as ofensas alheias. Perdoar é desenvolver um sentimento profundo de compreensão e aceitação dos sentimentos humanos, por saber que nós e os outros ainda estamos distantes do agir corretamente.


Hammed    









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