terça-feira, 8 de junho de 2021

Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Vida - Divaldo P. Franco - Pág. 27 - Silêncio




Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Vida - Divaldo P. Franco - Pág. 27


Silêncio


Aumenta volumosamente a balbúrdia no mundo.

Não há respeito pelo silêncio.

A barulheira aturde a criatura humana, cuja constituição física e emocional apresenta limites para a zoada, em face dos decibéis suportáveis.

Como conseqüência, as pessoas perderam o tom de equilíbrio nas conversações, nos momentos de júbilo, nas comunicações fraternais. 

Grita-se, quando se deveria falar, produzindo uma competição de ruídos e de vozes que perturbam o discernimento e retiram a harmonia interior.

As pessoas engalfinham-se em competir na emissão do volume de voz, tornando as conversações desagradáveis e agressivas.

Quando se fala em tonalidade normal, já não se ouve, em face do hábito enfermiço do vozerio.

Esteja-se no lar, no restaurante, na oficina de trabalho, no clube, em qualquer lugar público, e torna-se quase impossível uma conversação agradável e produtiva.

As músicas deixam, a pouco e pouco, de ser harmônicas para se apresentarem ruidosas, sem nenhum sentido estético, expressando os conflitos e as desordens emocionais dos seus autores, numa tormentosa conspiração para o desaparecimento do sentido de equilíbrio da vida humana.

Os diálogos mais parecem discussões calorosas em que se debate com ardor, em competição injustificável e tormentosa, do que propriamente uma conversa prazerosa.

A arte da conversação cede lugar aos temas vazios de significado e de edificação, permanecendo adstrita a vulgaridades e queixas com que mais se entorpecem ou se irritam os indivíduos.

O alto volume dos ruídos externos retira o sentido do prazer de ouvir-se, em decorrência da agressão ao aparelho auditivo.

Cada qual, por isso mesmo, impõe o volume da sua voz, dos ruídos do lar, das comunicações e divertimentos através dos rádios e das televisões.

Tem-se a impressão de que se perdeu o direito de experienciar o silêncio ou, pelo menos, de escutar-se em níveis suportáveis e agradáveis, mediante os quais as ondas sonoras produzam empatia e bem-estar.

O desrespeito grassa por todo lado, em razão da falta de educação generalizada. Os pais, indiferentes ao programa de dignificação dos filhos, deixam-nos praticamente aos próprios cuidados, ou concedem-lhes o excesso de liberdade em detrimento daquela que pertence aos outros. Tornam os filhos ruidosos, voluntariosos, desobedientes, agressivos, quando contrariados ou não. Desaparece a disciplina que deve existir em toda parte, favorecendo o bom entendimento entre todos.

As vozes são estridentes e os atos, rebeldes, desrespeitosos às demais pessoas, tornando-se provocantes. 

Há um predomínio da violência em tudo, nos sentimentos, nas conversações, nas atividades do dia a dia.

A animosidade gratuita paira no ar, revelando a insensatez social e o desequilíbrio individual.

O egoísmo, com todos os famanazes que lhe constituem o séquito, impõe-se, retirando os direitos que pertencem às demais pessoas. 

Há demasiado ruído no mundo, atormentando as criaturas.

Reserva-te o prazer do silêncio, diariamente, por alguns momentos.

O silêncio interior conceder-te-á harmonia, ensejando-te reflexões saudáveis e renovadoras. Mediante o seu contributo, disporás de um arsenal precioso de conceitos para apresentares, quando conversando, mantendo elevado o nível das propostas verbais, porque possuis discernimento e conseguiste armazenar idéias valiosas. 

Abordando temas edificantes, gerarás hábitos de equilíbrio e de bem-estar, que te propiciarão paz interior e convivência agradável com os outros, agindo com sabedoria e não te permitindo engalfinhar nos debates da frivolidade, das reclamações e da revolta muito do agrado dos insensatos, daqueles que não pensam e somente falam sem dizer nada educativo.

A voz é instrumento delicado e de alta importância na existência humana. a. Sendo o único animal que consegue articular palavras, modulando o som e produzindo harmonia, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso e de cujo uso dará contas à Consciência Cósmica que lhe concedeu o admirável tesouro.

Sendo o único animal que consegue articular palavras, o ser humano deve utilizar-se do aparelho fônico na condição de instrumento precioso, e de cujo uso dará contas à consciência cósmica que lhe concedeu admirável tesouro.

Por falta de silêncio interior, escasseia o externo, produzindo consequências danosas.

Mediante a disciplina consegue-se reverter a situação vigente, não se permitindo cair na competição verbal.

Essa disciplina estende-se ao comportamento que deve apresentar-se produtivo, ensejando convivência equilibrada em que o respeito à conduta do outro faça- se primacial.

Nem impor-se aos demais, tampouco permitir-se conduzir pelos outros, somente porque se vivem momentos de desajustes.

Assim procedendo, os hábitos saudáveis ocuparão todos os espaços existenciais, propondo meios de construir-se uma sociedade equilibrada.

Mediante a disciplina adquire-se consciência da vida, amadurecimento psicológico, compreensão dos valores que devem ser adquiridos a benefício de si mesmo, resultando em bem-estar do próximo.

Certamente que não se torna necessário abandonar o mundo, a fim de refugiar-se numa caverna, no deserto ou no alto de um penhasco, para fazer silêncio interior. Basta que sejam cultivadas idéias propiciadoras de alegria e de renovação íntima.

Aquele que adquire o hábito de pensar bem, nunca experimenta solidão, estando acompanhado pelos pensamentos que lhe preenchem os espaços mentais e, por efeito, os físicos, irradiando satisfação pessoal e agradecimento à vida pelas suas inigualáveis concessões.

Retira-te, portanto, para as paisagens ricas de vibração do teu mundo interior e observa-lhes os conteúdos de beleza, de paz, de bênçãos.

Nesses momentos, poucos que sejam, mas constantes, aprenderás a descobrir as páginas ocultas de que se constitui a vida, que irás desdobrando-as, uma a uma, de forma que te felicitarás com a beleza nelas guardada.

Jesus, o Sublime Comunicador, cuja dúlcida voz inebriava de harmonia as multidões, viveu cercado sempre pelas massas, sofreu-as, compadeceu-se delas, mas não se deixou aturdir pela sua insânia e necessidade.

Logo depois de as atender, recolhia-se ao silêncio, fugindo do bulício, a fim de penetrar-se mais pelo amor do Pai, renovando os sentimentos de misericórdia e de compreensão, a fim de que o cansaço que surge na balbúrdia não Lhe retirasse a ternura das palavras e das ações.

Necessitas, sim, de silêncio interior, para melhores reflexões e programações dignificantes em qualquer área do comportamento em que te encontres.

Aprende a calar e a meditar, a harmonizar-te e a não perder a seriedade na multidão desarvorada e falante.


Joanna de Ângelis 








Nenhum comentário:

Postar um comentário