sexta-feira, 25 de junho de 2021

Allan Kardec - Livro O Céu e o Inferno - 1ª Parte, Cap. 1 - O futuro e o nada - Item 1




Allan Kardec - Livro O Céu e o Inferno - 1ª Parte, Cap. 1


O futuro e o nada


1. Nós vivemos, pensamos, agimos, o que é positivo; morremos, não é menos certo. Mas ao deixar a terra, para onde vamos? O que nos tornamos? Ficaremos melhor ou pior? Seremos nós ou não seremos nós? Ser ou não ser, tal é a alternativa; é para sempre ou nunca; é tudo ou nada: ou viveremos eternamente, ou tudo estará acabado sem retorno. Vale a pena pensar nisso.

Todo homem sente a necessidade de viver, gozar, amar, ser feliz. Dizei àquele que sabe que vai morrer que viverá ainda, que sua hora foi adiada; dizei-lhe acima de tudo que será mais feliz do que foi, e seu coração vai palpitar de alegria. Mas de que serviriam estas aspirações de felicidade se um sopro pode fazê-las desvanecer?

Haverá alguma coisa mais desesperadora do que este pensamento da destruição absoluta? Afeições santas, inteligência, progresso, saber laboriosamente adquirido, tudo seria interrompido, tudo seria perdido! Qual a necessidade de se esforçar para se tornar melhor, de se dominar para reprimir as paixões, de se cansar para ocupar o espírito, se não se deve daí colher nenhum fruto, acima de tudo com o pensamento de que amanhã talvez isso já não nos sirva de nada? Se fosse assim, o destino do homem seria cem vezes pior do que o da besta, pois a besta vive inteiramente no presente, na satisfação de seus apetites materiais, sem aspiração quanto ao futuro. Uma intuição secreta diz que isso não é possível.


Allan Kardec








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