Miramez - Livro Segurança Mediúnica - João Nunes Maia - Cap. 10
Adestramento Mediúnico
A mediunidade é uma flor, na árvore humana, configurando-se um dom depositado por Deus nos segredos da vida. A flor, na árvore, é também um dom, avisando e mostrando as belezas que o Senhor guarda nos reinos da Natureza. A flor é portadora de perfume, que é uma essência da vida em movimento.
Entretanto, podemos usar as fragrâncias mais próprias para o desequilíbrio, dentro de uma perturbação a que os instintos possam chegar.
A faculdade mediúnica desabrocha como a flor da esperança, a nos alegrar, porque, em si, ela nos mostra que ninguém morre. A mediunidade, no entanto, quando não é orientada para os caminhos do bom senso, pode turvar a vida e ser instrumento de perturbação geral. Eis porque devemos falar do adestramento mediúnico, necessário para o proveito das qualidades espirituais, que todos temos, vibrando no coração da alma. Se podemos dizer que a mediunidade é a flor do Espírito, podemos também afirmar que o Brasil é um jardim florido capaz de perfumar o mundo inteiro.
A responsabilidade de cada um e de todos, em conjunto, é muito grande, para que se restabeleça, na Terra, a maior glória de todos os tempos: a glória da caridade e do amor. Estão encarnados, e continuam a reencarnar, centenas de Espíritos com a missão da mediunidade de maior evidência, para reviver as mesmas lições do Cristo, noticiadas pelo Evangelho.
Assim como todo trabalho digno tem obstrução no começo, a mediunidade, com o nosso Divino Mestre, já teve e continua a ter muitos obstáculos, para que venha a se firmar, mais tarde, em valorosas experiências, com a vitória já idealizada e firmada no tempo e no espaço, pelo Cristo cósmico.
Os dons mediúnicos estão ainda sendo experimentados, com o ajustamento de sentimentos e qualidades, para que a luz venha a abastecer de puro amor a Terra e os homens, de forma que a caridade mais elevada seja um dever de cada criatura e, mais que um dever, um prazer manifestado no coração de quem ama.
Os companheiros que se reúnem nos serões evangélicos, procurando firmar as qualidades nobres, para, em seguida, atraírem a nobreza espiritual, não podem esquecer a vigilância constante, em todos os momentos da vida, nem o "orar e vigiar", lembrado por Jesus a todos os Seus discípulos.
A mente dos que seguem as qualificações da Boa Nova deve se ocupar com pensamentos elevados, para que a boca sirva de instrumento de paz aos tribulados e de orientação luminosa aos que permanecem nas trevas.
Ela deve falar, com proveito, onde quer que seja, sem esquecer da esperança, do incentivo do Bem e do exercício da caridade, como um sol de vida.
O médium não pode exercer suas faculdades sem o clima da harmonia que a disciplina imprime no seu carácter, No entanto, a ordem, com exagero, endurece os sentimentos; o policiamento, em demasia, tira toda a liberdade do vigiado. É comum observarmos médiuns em completo desleixo das suas faculdades, com as portas todas abertas e a casa em abandono, como também medianeiros fortes, fechando sistematicamente as portas, negando a própria luz que os orienta. Os extremos são perigosos, em quaisquer circunstâncias.
A exemplo do Cristo, e como Seus verdadeiros seguidores, devemos buscar o povo, se entendermos o "Sermão da Montanha". Jesus abriu as portas das escolas de iniciação, que existiam em todo o mundo, com o equilíbrio correspondente às necessidades humanas. Não deixou de limitar o que se deveria dizer às massas, pedindo aos Seus discípulos para não jogarem pérolas aos porcos. As virtudes celestiais brilham no meio dos extremos, conjugando o verbo divino e estendendo a misericórdia através do amor, presente até no ar que respiramos, beneficiando tanto o corpo, como a alma.
A mediunidade é, pois, uma candeia que deve ser posta em cima da mesa, no momento em que a claridade for útil, para que não sejam desperdiçadas as bênçãos de Deus.
Se a natureza nos ensina lições de moderação, o Espírito, já brindado pela inteligência, como primor de sua conquista, haverá de fazer o mesmo. Ensinamentos e que não faltam em todas as manifestações da vida. A mediunidade, nos homens e nos Espíritos desencarnados, está se aprimorando cada vez mais. O progresso é uma lei, pois outras leis estimulam o progresso, e quem não deseja aceitar o próprio melhoramento, fica às margens do caminho, até acordar para novas oportunidades.
As organizações espiritistas que não se ajustarem, nas linhas educativas da doutrina dos Espíritos, irão perder o sentido de ser e deixarão escapar, do seu organismo doutrinário, a própria vida. O médium é como um galho que pode dar muitas flores e propiciar, a muitos, o perfume da esperança e da saúde. No entanto, se ele se apartar do tronco, que é o Evangelho educador, morre, sem saber que já está morto. Toda escola, por bem aparelhada que seja, quando se esquece do amor, passa a nada significar para a vida do estudante, porque o amor é a essência da vida. Se tratas bem a quem te admira, estás apenas trocando cortesias. Mas se amas a quem te odeia, proporcionas ao ofensor meios para fazer o mesmo, e sais do dever para alcançar o plano da caridade.
Estamos escrevendo este livro sem imposição alguma. Porém, se te interessarem os conceitos nele expostos, observa, igualmente, as outras lições, porque em cada uma delas há uma conversa diferente, que regista caminhos idênticos, para o adestramento da mediunidade. A faculdade mediúnica, em harmonia com o universo, pode fazer grandes coisas e revelar tantas outras, para a felicidade dos que anseiam a paz. Todos, juntos, constituímos uma força maior e, quando nos reunimos com Jesus, nunca somos vencidos, porque vencemos a nós mesmos.
A educação da mediunidade pode começar no simples modo de falar aos outros, transmitindo brandura e alegria, amor e caridade, em todos os atos da vida.
Que Deus e Cristo Se façam mais presentes nesses momentos, por intermédio dos Espíritos nobres.
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