Joanna de Ângelis - Livro Autodescobrimento: Uma Busca Interior - Divaldo P. Franco - Cap 12 - Triunfo sobre o ego
Conquista do Si
Todo o empenho humano para um correto amadurecimento psicológico objetiva a conquista do Si, a harmonia do Eu profundo em relação à sua realidade, à compreensão do divino e do humano nele existentes, descobrindo a sua causalidade e entregando-se à fatalidade (de forma consciente) do processo de evolução, que não cessa.
Trata-se de um imenso programa de conquistas plenificadoras, que foram iniciadas no período de consciência de sono, passando pelos diversos níveis de progresso e autodescobrimento de forma gratificante e pacífica, sem qualquer tipo de violência.
À medida que vão sendo fixados os patamares a alcançar, mais amplas perspectivas de triunfo se dilatam no ser, que se identifica com a vida e alça-se aos valores mais expressivos que passa a descobrir e a ter necessidade de vivenciar. O ego é produção do estado de consciência, portanto, transitório, impermanente.
Abandonando as regiões sombrias dos conflitos degenerativos, nos quais o ser se demora por largo tempo, eis que começa a fruir o bem-estar sem receio, e a alegria, sem inseguranças, libertado dos conturbadores prêmios e castigos referentes aos atos praticados, a que estava condicionado pelas imposições sociais e religiosas.
O ego, nesse comenos, cede lugar a outras conquistas, que repartem júbilos enquanto compartem identificações realizadoras, e a ausência de angústias como de incertezas favorece a visão lúcida do sentido existencial da vida.
Nesse processo de crescimento, de descobertas valiosas, podem ocorrer vários desvios e insucessos psicológicos, como mecanismos de saudosismo dos dias de inquietação e incertezas sobre os recentes avanços, como fenômenos naturais para a fixação das novas e relevantes conquistas,
A larga adaptação no vale produz choques desagradáveis quando o ser se instala na montanha, até que logre aclimatar-se. Essa é uma ocorrência comum a todas as formas de vida, a todos os seres vivos.
A ânsia de crescimento não tem limite.
O desconhecimento dos potenciais que podem ser movimentados para o tentame e para a realização, é que constitui impedimento para os indivíduos inábeis e imaturos psicologicamente.
Essa luta que o ego trava, no campo das paixões onde se movimenta, alimenta-o e vicia o ser, que se compraz nas imposições que se permite graças às sensações fortes, recheadas de compensações imediatas, características do período primário da evolução.
Dessa forma, não se dá conta, imediatamente, das emoções luarizadoras, desacostumado às suas manifestações, adaptando-se ao psiquismo da mudança das planícies constritivas para os planaltos refazentes.
Empreendimento de alto significado para o ser inteligente, propõe esforço e decisão para eleger entre o que se tem e aquilo que se aspira, que pode ser alcançado, eliminando os condicionamentos inquietadores mediante a assimilação de novos, que os substituem, libertadores.
O ser humano é herdeiro da sua história antropológica, fixado nos atavismos das experiências vivenciadas durante as fases primevas do seu desenvolvimento. Por ser, igualmente, psicológico, desdobra todos os potenciais que possui em latência e arrebenta as amarras ancestrais, a fim de libertar o Eu adormecido, escravizado aos instintos.
Impõe-se, para o cometimento, todo um curso largo de realizações pessoais, íntimas, de análise e avaliação de conteúdos, para a eleição daqueles que são imprescindíveis à vitória, em detrimento dos demais, que se apresentam afligentes.
Disciplinando-se a mente e a vontade, compreendendo-se que a proposta da Vida é a marcha para a Unidade — sem perda de quaisquer valores conquistados -, o Si desenvolve-se, enquanto o ego desagrega-se.
Nas fases primeiras, esse ego desempenha papéis relevantes, tais: o da preservação da vida, dos direitos ao prazer (transitórios), do atendimento das necessidades (fisiológicas), dos valores pessoais. Infelizmente, fixa-se, constritor, e passa à condição de algoz, dominando as paisagens do ser e sombreando-as para permanecer em predomínio. Elastecendo-lhe a visão e apontando-lhe o Si, reage com violência e estertora-se à medida que perde espaço psicológico, até ser ultrapassado em vitória culminante.
É semelhante ao heroico triunfo das pândavas sobre os kauravas, cuja história mística narra o Mababarata, o incomparável poema da índia, constituído por duzentos mil versos, dos quais apenas a metade é conhecida. Trata-se da luta entre primos e parentes outros no campo de batalha da consciência: as virtudes (poucas) e os vícios (muitos), em sucessivas pelejas até o momento da vitória dos primeiros.
O ser humano sempre buscou as cumeadas da sensibilidade altruística, conquistando o Espírito, nele real, mediante a superação dos implementos materiais que lhe servem de fator preponderante para o desenvolvimento dos valores preciosos que nele dormem - herança transcendente da sua origem divina, espiritual.
A libertação do Eu profundo ocorre à medida que se desenfeixa dos desejos - raga (as paixões) do conceito budista —, a fim de alcançar a realização interior.
Preocupado com a etapa terminal do processo da evolução e com profunda visão psicológica, Allan Kardec interrogou os mensageiros nobres que o assistiam na elaboração da Doutrina Espírita:
- O que fica sendo o Espírito depois de sua última reencarnação?
E eles responderam: - Espírito bem-aventurado; puro Espírito.
O Si profundo, pleno, é semelhante à transparência que o diamante alcança após toda a depuração transformadora que sofre no silêncio da sua sutilização molecular, libertando-se de toda imperfeição interna por que passa e de toda a ganga que o reveste.
Essa conquista é o imenso desafio da evolução dos seres.
Joanna de Ângelis
VÍDEO:
Triunfo sobre o ego: Conquista de si, Auto Descobrimento de Joanna de Ângelis, cap. 12
Fraternidade Espirita Amor e Luz
Cap 12 do Livro de Divaldo P. Franco, palestra com Fatima de Sousa.
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