Miramez - Livro Segurança Mediúnica - João Nunes Maia - Cap. 9
Costumes do Médium
É comum, em todas as instituições espíritas, a observação da conduta do médium. Às vezes, não se vê alarde; no entanto, todos observam o que se passa na vida do medianeiro dos Espíritos.
Os frequentadores buscam nele um modelo de desprendimento, de honestidade, onde vibra a moralidade em todas as suas nuanças. Mesmo que o exemplo não seja seguido pelos observadores, existe a necessidade de o médium estruturar caminhos e delinear roteiros de uma conduta reta. Aquele que se entregou à mediunidade, nas linhas de Nosso Senhor Jesus Cristo e nas diretrizes traçadas pelo codificador da doutrina dos Espíritos, haverá de mudar os seus costumes antigos, herdados, às vezes, no lar e, certamente, na sociedade, incompatíveis com o ambiente do amor verdadeiro.
Existem muitos livros de boas maneiras, cujos ensinamentos são estudados e praticados pelos homens de negócios, que têm grande interesse de serem estimados nos meios sociais. Não resta dúvida que pode ser um começo de educação. Porém, a educação do médium deve estribar-se em outros ângulos, onde se levanta afigura do Cristo como o Mestre de todos os outros. O espírita deve trabalhar na sua auto-educação, por amor, visando ao seu aprimoramento e servindo de instrumento na educação dos outros, no silêncio que a dignidade espiritual inspira às criaturas.
A vaidade, nos círculos mediúnicos, é fato comum. Os melindres ainda não deixaram de existir entre os companheiros que nos servem de instrumentos. Essas inferioridades são sutis, difíceis de serem registradas por seus possuidores, mas a reforma nunca é impossível, desde que a educação e a disciplina sejam constantes. Tudo o que passa por nós leva a nossa marca, na mais profunda sensibilidade. Em se falando do médium de cura, é de capital importância que tenha saúde física e mental, porque a sua presença irradia sempre aquilo que ele é. Se estás tratando de enfermos, estes recebem o que pensas, falas e vives. A própria medicina oficial terrena não fica isenta dessas leis. São leis que vigoram e sustentam a vida em toda parte. Tanto o médium quanto o médico respondem pelo que dão, na razão direta dos seus sentimentos. Compete a cada criatura, na posição em que se encontra dentro da sociedade, como médium ou como médico, que já compreendeu seus deveres ante o próximo, trabalhar na sua iluminação interior, corrigindo velhos hábitos e esquecendo-se de inúmeros vícios, arraigados como conduta, que empanam os valores do Espírito.
O médium ainda é mais responsável frente à sociedade, por já compreender, pela luz do Evangelho, como deve proceder, fazendo da sua vida, uma vida exemplar, porque, dessa forma, ele estará ensinando, com o silêncio, ao próprio médico como se conduzir melhor, pois a medicina reconhecerá, nas suas atuações mediúnicas, algo a mais que os medicamentos e a plenitude do saber dos diagnósticos.
O homem de conduta reta é sempre abastecido de energias superiores, desde que o orgulho e a vaidade não tomem seu coração. O verdadeiro saber cobre-se com a simplicidade e a discrição. O verdadeiro médium é aquele que trabalha todos os dias dentro de si, para melhorar seus sentimentos e corrigir seus impulsos inferiores. Se houver muitas organizações espiritualistas que não cogitam do aprimoramento moral dos instrumentos dos Espíritos, também elas não se incomodarão de observar a qualidade das entidades que se comunicam. E mediunidade, sem educação e disciplina, sem ordem e sem trabalho na caridade, é oficina de Espíritos inferiores, onde podem surgir, constantemente, todos os tipos de desequilíbrios, psíquicos e orgânicos, nos próprios instrumentos e nas criaturas de boa fé, levadas, por eles, aos festejos das sombras.
A Doutrina Espírita, com Jesus, é, pois, uma universidade em favor das almas, onde os valores são mais facilmente observados. As dificuldades, porém, são as mesmas, a serem vividas por todos os companheiros que desejam acertar. Quem encontrar dificuldades de remover costumes inadequados aos ensinos do Cristo, de afastar vícios que atrofiam as qualidades do homem de bem e precisa viver no meio espiritualista, não defenda tais inferioridades, incompatíveis com as boas maneiras, traçadas e sustentadas pelos luminares da espiritualidade maior. É bom que medite e viva em silêncio, para que, no futuro, os sentimentos cedam à inspiração do divino e à voz da consciência em Cristo.
A porta para a reforma interior é a caridade. E não há caridade sem trabalho. Portanto, entrega as tuas mãos a esse exercício e empenha teu coração no amor, que os teus caminhos ficarão mais claros e teus pés poderão andar sem tropeços inconvenientes. A literatura mediúnica, qualificada nos anseios do bem da coletividade, é enorme. Basta que tenhas boa vontade de ler e estudar, para compreender e fazê-la visível, na própria vida.
O médium é um instrumento de cura e um ponto de apoio para as criaturas em desequilíbrio. No entanto, é necessário que ele se prepare, antes de ajudar aos outros, para saber como convém ajudar. Se consideramos todos médiuns, ainda melhor: que todos se deem as mãos na mesma escola de luz, corrigindo defeitos e aprimorando qualidades, para merecermos, no amanhã, o paraíso tão falado e decantado por aqueles que já conheceram a verdade. O Espírito que se esforça por sua iluminação interna, encarnado ou desencarnado, a ninguém faz favor. Ele está conquistando a sua própria paz. E somente ele vai desfrutar da tranquilidade imperturbável da sua consciência.
O interesse pela mediunidade, vista por esse prisma, talvez decresça, pela presença de espinhos no caminho. É uma posição incômoda, comparada à vida comum da humanidade. Os grandes países civilizados esqueceram, por conveniência, determinados tipos de conduta, a não ser quando elas trazem algum interesse particular. Tudo, nessas sociedades, se vende e se compra. Quando se dá, espera-se a resposta da dádiva. Quando amam, exigem amor de volta; quando sorriem, não dispensam sorrisos.
A linha de Jesus é outra. E a da doutrina dos Espíritos, que revive o Mestre, apresenta outras modalidades educacionais superiores: nada receber nem exigir, em troca daquilo que se oferta. Por isso, a mudança dos costumes contrários ao bem é um preparo para que o amor se faça, do modo que Jesus nos ensinou a amar.
Miramez
Fonte: Segurança Mediúnica-pdf
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