terça-feira, 29 de junho de 2021

Hilário Silva - Livro A Vida Escreve - Hilário Silva / Chico Xavier - Cap. 27 - Visão de Eurípedes




Hilário Silva - Livro A Vida Escreve - Hilário Silva / Chico Xavier - Cap. 27


Visão de Eurípedes


Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo da mediunidade, em Sacramento, no Estado de Minas Gerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirável desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu a si próprio em prodigiosa volitação. 

Embora inquieto, como que arrastado pela vontade de alguém num torvelinho de amor, subia, subia…

Subia sempre.

Queria parar, e descer, reavendo o veículo carnal, mas não conseguia. Braços intangíveis tutelavam-lhe a sublime excursão. 

Respirava outro ambiente. Envergava forma leve, respirando num oceano de ar mais leve ainda… 

Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguiado, até que se reconheceu em campina verdejante. 

Reparava na formosa paisagem, quando, não longe, avistou um homem que meditava, envolvido por doce luz.

Como que magnetizado pelo desconhecido, aproximou-se…

Houve, porém, um momento, em que estacou, trêmulo.

Algo lhe dizia no íntimo para que não avançasse mais..

E num deslumbramento de júbilo, reconheceu-se na presença do Cristo.

Baixou a cabeça, esmagado pela honra imprevista, e ficou em silêncio, sentindo-se como intruso, incapaz de voltar ou seguir adiante.

Recordou as lições do Cristianismo, os templos do mundo, as homenagens prestadas ao Senhor, na literatura e nas artes, e a mensagem d’Ele a ecoar entre os homens, no curso de quase vinte séculos…

Ofuscado pela grandeza do momento, começou a chorar…

Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quando adquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde.

Viu, porém, que Jesus também chorava…

Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar o Amigo Sublime… Afagar-lhe as mãos ou estirar-se à maneira de um cão leal aos seus pés…

Mas estava como que chumbado ao solo estranho…

Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, a se perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra, lhe atiram incompreensão e sarcasmo…

Nessa linha de pensamento, não se conteve. Abriu a boca e falou, suplicante:

— Senhor, por que choras?

O interpelado não respondeu.

Mas desejando certificar-se de que era ouvido, Eurípedes reiterou:

— Choras pelos descrentes do mundo?

Enlevado, o missionário de Sacramento notou que o Cristo lhe correspondia agora ao olhar. E, após um instante de atenção, respondeu em voz dulcíssima:

— Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aos quais devemos amor. 

Choro por todos os que conhecem o Evangelho, mas não o praticam…

Eurípedes não saberia descrever o que se passou então.

Como se caísse em profunda sombra, ante a dor que a resposta lhe trouxera, desceu, desceu…

E acordou no corpo de carne.

Era madrugada.

Levantou-se e não mais dormiu.

E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a divina revelação que lhe vibrava na consciência, entregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repouso sequer de um dia, servindo até à morte.


Hilário Silva


(Psicografia de Francisco C. Xavier)


VÍDEO:


A visão de Eurípedes Barsanulfo
FEBtv





O encontro de Eurípedes Barsanulfo com o Cristo nos traz mensagens de reflexão e sensibilidade. Venha conferir conosco no vídeo a seguir a representação dessa história vivida por um dos pioneiros do Espiritismo no País, em trecho de passagem extraída do livro “A vida escreve”, de Hilário Silva (FEB Editora).



segunda-feira, 28 de junho de 2021

Hammed - Livro As Dores da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 73 - Perda



Hammed - Livro As Dores da Alma - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 73


Perda


Não admitimos que podem coexistir entre amigos sentimentos ambivalentes como: admiração e inveja, estima e competição, afeição e orgulho.

O ilustre romano Cícero, em seus célebres ensaios literários sobre a amizade, registrou a seguinte pergunta: “Haverá alguma coisa mais doce do que teres alguém com quem possas falar de todas as tuas coisas, como se falasses contigo mesmo?”

Realmente, não há pior solidão do que a do homem sem amigos. A falta de amizade faz com que seu mundo de afetividade se transforme em um enorme “deserto interior”.

Entre amigos não existe nenhum limite às confidências, pois a virtude principal que os une é a sinceridade. Para que tenhamos maior compreensão sobre a amizade, é necessário analisarmos as profundezas da intimidade humana.

“A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhe são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem...” - (1)

Portanto, a criatura não deve “endurecer o coração e fechá-lo à sensibilidade”, se receber ingratidão de seus amigos. Isso seria um erro, “... porquanto o homem de coração (...) se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra...”  

De certo modo, temos por crença que amigos leais são somente os que compartilham os mesmos gostos, tendências, entusiasmos e ideais; que devem estar sempre à nossa disposição, concordar com tudo o que pensamos e de que precisamos e que jamais devem ter sentimentos contraditórios.

Se realmente alimentarmos essa crença de que os amigos verdadeiros são aqueles que se modelam ao nosso perfeito “idealismo mítico”, isto é, relacionamentos estruturados em “castelos no ar”, poderemos estar vivendo, fundamentalmente, sob uma consistência irreal a respeito de amizade.

O crescimento de nossas relações com os semelhantes depende da nossa habilidade em não ultrapassar as possibilidades limitativas de cada um e de obtermos uma compreensão das restrições da liberdade e disponibilidade dos amigos, ficando quase sempre atentos às conexões que fazemos com nossos devaneios emocionais.

De modo geral, não admitimos que podem coexistir entre amigos sentimentos ambivalentes como: admiração e inveja, estima e competição, afeição e orgulho. As emoções radicalmente diferentes, ou mesmo opostas, são inatas nas criaturas humanas no estágio evolutivo em que se encontram.

Muitos tiveram uma educação fantasiosa do tipo “e viveram felizes para sempre” e, quando se deparam com a realidade humana, ficam profundamente chocados por constatar que possuem ambivalência de sentimentos, identificando-os também, analogamente, nas figuras mais importantes de sua vida.

Todo ser na Terra está aprendendo a usar coerentemente seus sentimentos e emoções. Não podemos fugir dessa verdade. Nossa visão interior precisa mover-se como um pêndulo, a fim de evitarmos unilateralidades que nos impedem de ver o todo. Sabedoria traduz-se na capacidade de reconhecer, ou na habilidade de ver a totalidade da vida em seu completo equilíbrio. Viver na polaridade não nos deixa entender as diversidades de sentimentos e emoções que vivenciamos. Precisamos adquirir uma percepção intuitiva, para não analisarmos tudo como sendo absoluto. Toda avaliação correta usa de critérios com certa relatividade e prende-se às circunstâncias do momento e não, exclusivamente, aos fatos em si.

Essa dualidade de opostos irreconciliáveis entre certo-errado nos embrenha cada vez mais na polaridade, impedindo-nos de compreender que cada parte contém o todo. Somos unos com a Vida. Estamos ligados de forma integrante às pessoas e a todas as outras formas de vida do Universo. Exemplificando isso, Jesus Cristo realçou: “Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (2)

O que deve ter feito mais tarde com que Paulo de Tarso escrevesse aos Coríntios: “Ora, pecando assim contra os irmãos e ferindo a sua fraca consciência, pecais contra Cristo.” (3)
.
“O homem de coração, que se sente sempre feliz com o bem que faz”, sabe que todas as experiências que vivenciamos uns com os outros são peças importantes no processo de crescimento espiritual. Sabe que não basta simplesmente ignorar as ingratidões alheias, ou não guardar eternos ressentimentos; deve também avaliar e aprender com seu próprio sentimento de perda ou de abandono.

“O homem de coração” entende perfeitamente que, com as experiências que mantém com os amigos atuais ou que manteve com os amigos que se foram, pode oferecer importantes conexões para ampliar os horizontes do autoconhecimento. A partir daí, tem condições de discernir a variedade de categorias de amigos.

Há amigos de “atividades habituais”: possuem uma convivência restrita, reúnem-se somente para cultos religiosos, em dias de lazer e de esportes, nas horas de trabalho, ou em cursos ou eventos diversos. Outros existem, qualificados como amigos, por “vantagens recíprocas”. São unidos pelas profissões que exercem, promovem sociedades de interesse comum e com metas especiais, desempenhando papéis e ofícios especializados juntos; mas não juntos interiormente.

Os denominados amigos de “décadas diferentes” são todos aqueles ligados por enormes afinidades das vidas passadas, que nem mesmo a grande diferença de idade consegue separá-los da convivência diária. Adquirem uma intimidade carinhosa e verdadeira, que enseja a permuta de experiências, de vigor e de ânimo. Outra categoria a ser considerada é a dos chamados amigos “itinerantes” ou “transitórios”. Cruzam nossas vidas durante determinada etapa. Compartilham nossa amizade em épocas cruciais; outras vezes, em busca de aprendizagem, passam por nós nas encruzilhadas do caminho terreno, para depois se desligarem, porque se desvaneceram os elos comuns que os mantinham conosco. No decorrer do tempo, cada um deles segue o caminho que traçou rumo ao próprio destino.

Os reconhecidos, porém, como amigos “íntimos” ou “permanentes” são aqueles que possuem afeto mútuo e o conservam indefinidamente. A intimidade entre eles faz com que tenham um crescente amadurecimento espiritual. Alargam seu mundo interior à medida que aumentam a capacidade de compreender as similaridades e as diferenças entre si mesmos.

Em verdade, para se possuir real intimidade e adquirir plena confiança entre amigos é necessário nunca esconder o que há de desagradável em nós; em outras palavras, é preciso revelar nossa falibilidade. Querer demonstrar caráter impecável e isenção de dúvidas é característica de indivíduos incapazes de perdoar e inábeis para manter relações duradouras e afetividade verdadeira.

Em síntese, a perda de amigos representa momentos difíceis e dolorosos. As dores da alma em relação às amizades não são propriamente dificuldades desta época; já eram no passado distante motivo de admoestações e de conselhos. No Livro do Eclesiástico, encontramos registrada a seguinte orientação: “Não abandones um velho amigo, visto que o novo não é igual a ele. Vinho novo, amigo novo; deixa-o envelhecer, e o beberás com prazer.” (4)

"Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar: Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos."(5)

Nascer e morrer fazem parte de um fenômeno comum e necessário. Tudo nasce, tudo se desenvolve, mas tudo se definha. Sempre há um tempo de partir.

A morte na Terra é o término de uma existência física, é a passagem do ser infinito para uma nova forma existencial. Ela é um interlúdio, ou seja, um intervalo entre as diversas transformações da vida, a fim de que a renovação e a aprendizagem se estabeleçam nas almas, ao longo da eternidade.

Morrer não é uma perda fatal, não é um mal, é um essencial processo de harmonização da Natureza. Durante quanto tempo lamentaremos o passamento de um ser amado? Dependerá de como estamos preparados para isso, de que modo ocorreu a morte, de como era a nossa história pessoal com ele. No entanto, a perda de um ente querido é universalmente causa de tristezas e de lágrimas, em qualquer rincão do Planeta, mas a forma como demonstramos esses nossos sentimentos e emoções está intimamente moldada ao nosso grau evolutivo. O conjunto de conhecimentos adquiridos, ou seja, o acervo cultural, espiritual e intelectual que possuímos é de fundamental importância em nossa maneira de expressar essa perda.

Por isso, devemos entender e respeitar as múltiplas reações emocionais manifestadas no luto, pois acontecem de conformidade com as estruturas psicossociais que caracterizam cada indivíduo, levando sempre em conta suas diferentes nacionalidades, crenças e costumes peculiares.

A dor da perda, contudo, está radicada na incompreensão a seu respeito ou na apreensão que a precede e a acompanha. Eliminando-se esses fatores, os indivíduos verão a morte como um momento de renovação inerente à Natureza. Inquestionavelmente, é um período que antecede ao reencontro dos atuais e dos antigos amores.

São compreensíveis as lamentações e os pesares, o pranto e os suspiros, pois o ser humano passa por processo psicológicos de adaptação e de reajuste às perdas da vida. Os pesares e os murmúrios fazem parte da sequência de fatos interiores, que são provimentos mentais gradativos e difíceis, através dos quais as criaturas passam a aceitar lentamente a ausência - mesmo convictas de sua temporalidade - das pessoas que partiram.

Uma das mais importantes funções da tristeza é a de propiciar um ajustamento íntimo, para que a pessoa replaneje ou recomece uma nova etapa vivencial. É importante identificarmos nossa tristeza e sua função de momento; jamais devemos, no entanto, identificar-nos com ela em si.

'Não, não é verdade! Não pode estar acontecendo!", "Isso deve ser um horrível pesadelo que vai acabar! "São expressões comumente usadas como negação. São reações costumeiras diante de perdas desesperadoras. A recusa em admitir os fatos e as circunstâncias que os determinaram é uma forma de defesa habitual nas situações devastadoras com nossos entes queridos. É necessária a bênção do tempo, para que a alma elabore novamente um ajustamento mental e reúna forças para compreender a privação e a real extensão promovida pela dor.

Alguns choram em voz alta; outros, porém, ficam sentados em silêncio. O isolamento transitório pode ser considerado também como uma outra forma psicológica de defesa para suportar esses transes dolorosos. A atenção destes se fixa unicamente no falecimento da pessoa querida, não se permitindo fazer contato com outras pessoas, a fim de que o sentimento de tristeza não aperte ainda mais seu coração, ou para evitar sejam evocadas com maior intensidade as lembranças queridas. Dessa forma, a pessoa abranda o impacto da perda, fazendo um retraimento introspectivo.

"O Senhor deu, o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor". (6) Com toda a certeza, essa mensagem do Antigo Testamento incita-nos a uma aceitação incondicional dos desígnios da Providência Divina.

O Poder da Vida fez com que a Natureza se mantivesse num eterno reciclar de experiências e energias, numa constante mudança de formas e ritmos, em nossa viagem maravilhosa de conhecimentos através da eternidade.

Quando nossa visão se liga em nossa pura essência, vamos além de todas as coisas diminutas e insignificantes, fazendo com que nosso discernimento se amplie numa imensa lucidez diante de nossa jornada evolutiva.

Não existe perda, não existe morte, assim garantiram os Espíritos Amigos a Kardec: " ... o que chamais destruição não passa de uma transformação ..."

"Quase nada sabemos em matéria de velhice e, por isso, inconscientemente, ajudamos os anciãos a se precipitarem, de forma prematura, no abismo da doença e da morte."

"Estudando as atitudes comportamentais dos idosos na Terra, observamos que, apesar de o corpo físico estar passando pelos fenômenos responsáveis pelo envelhecimento, o centro da personalidade permanece inalterado. Continuam presentes as características particulares e as tendências naturais dos indivíduos durante a velhice orgânica. Concluímos que a pessoa continua conduzindo-se com o mesmo jeito de ser e atuando com sua própria coletânea de gostos e habilidades inatas. Observamos que, mesmo acumulando diversas experiências e aprendizagem na caminhada terrena e efetuando expressivas mudanças de comportamento, os idosos continuam procedendo de acordo com tudo aquilo que sempre foram.

Dessa forma, entendemos que, apesar do crescimento espiritual que desenvolvem durante toda uma existência na matéria densa, renovando suas atitudes e defrontando com um extenso campo de transformações biológicas e sociais na idade avançada, guardam sua própria individualidade. O Criador não dá cópias. Cada um de nós é um projeto da Natureza, nascido de Deus, com expressões singulares e especiais. Todos temos em comum o fato de pertencermos à mesma espécie, quer dizer, somos da mesma natureza, somos semelhantes, mas não iguais.

Há os que dizem que a velhice é somente perda, isolando os velhos de sua convivência, sem se darem conta de que obedecem, obrigatoriamente, ao comando de um impulso de medo, pois os idosos representam para eles um espelho em que enxergam, hoje, a realidade que os espera no futuro.

“...Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento natural. Foi para que, por essa afeição recíproca, os membros de uma família se sentissem impelidos a ajudarem-se mutuamente, o que, aliás, com muita frequência se esquece na vossa sociedade atual.” (7)

O esquecimento e o desprezo a que relegamos os velhos, a atitude nociva de considerá-los  vivendo “a segunda infância”, de condená-los à monotonia denominando-os de “desatualizados”, é porque não sabemos lidar com a questão do homem idoso. Em verdade, quase nada sabemos em matéria de velhice e, por isso, inconscientemente, ajudamos os anciãos a se precipitarem, de forma prematura, no abismo da doença e da morte.

Não olvidemos, porém, que, a cada dia que passa, todos nós estamos envelhecendo. Os processos orgânicos degenerativos são paulatinos e gradativamente notados. Isso levou a inesquecível escritora francesa do século XVII Marie de Rabutin-Chantal, marquesa de Sévigné, a escrever a um parente que se encontrava preocupado por ter-se tomado avô: “A rampa, de tão suave, é quase imperceptível. É como o ponteiro do relógio, que quase não se vê mover”. O poder da Natureza não está em nossas mãos, e a velhice é uma vereda obrigatória para todos.

Uma outra problemática a ser considerada na velhice é o apego às tradições ou o preconceito contra as novidades, que, em verdade, não são atuais. Sempre se repudiaram as novas ideias e os novos hábitos, pois, quase sempre, as mudanças levam a uma certa insegurança psicológica, havendo pessoas que sentem verdadeiro horror diante de novos costumes e conceitos.

Não só na terceira idade, mas em todas as etapas da vida, deve-se fugir dos hábitos, opiniões e ideias conservadoras, porquanto não se pode adotar nada em caráter definitivo. Em se tratando de regras socialmente estabelecidas, vale lembrar esta excelente afirmação: “O mais eficaz dos hábitos é o hábito de saber quando se deve mudar de hábito.”

A história de vida de cada criatura é importante para determinar sua capacidade de mudar e de crescer durante a idade avançada. No entanto, na arte de bem envelhecer, podemos dar origem a novas forças e novas aptidões que não puderam ser desenvolvidas anteriormente nas outras fases da vida.

Para o ser humano que vive o entardecer da jornada na Terra, pode surgir a tão almejada estabilidade emocional, decorrente de maior liberdade interior, novas perspectivas e uma visão translúcida da vida. Será ainda possível que ele atinja maior autocompreensão, maior respeito às decisões alheias e maior honestidade consigo mesmo. Podemos nomear tudo isso como sendo a colheita benéfica dos “frutos do outono”.

Sabe-se que o ser existencial nunca é um produto acabado; ele se apura, esmera-se e reassume, modificando-se continuamente. O desenvolvimento evolucional é permanente, mas não instantâneo.

No curso da vida de cada indivíduo, surgem novas e inesperadas tarefas, fazendo com que se desembaracem as antigas fibras e se possa acompanhar o fluxo de uma nova textura de experiências inéditas.

O envelhecimento não é uma perda para aqueles que mantêm uma vida extremamente ativa, para os que continuam combatendo o confinamento de seu mundo íntimo. Não confundamos, no entanto, idosos que se confinam interiormente — por abstração e alheamento dos acontecimentos habituais — com aqueles que fazem o exercício da introspecção e da contemplação, técnicas altamente positivas.

Está provado que atividade e longevidade guardam uma íntima relação com ação e reação. Deixar inertes as forças físicas e mentais faz com que elas se degenerem, visto que a ação laboriosa protege-nos de grandes males, como o tédio e a solidão.

Na Natureza nunca há perda. Quando finda uma etapa de nossa existência, outra vem ocupar a lacuna deixada, porque nossas vidas sucessivas estão entregues ao Poder Perfeito do Universo, que tudo cuida e desenvolve. O calendário na Terra pode estar passando; entretanto, temos agora o momento perfeito e a idade precisa que nos possibilitam discernir que devemos dar à vida seu alto e justo valor, seja qual for a faixa etária que estivermos atravessando."


Hammed 






(1) Questão 938 – As decepções oriundas da ingratidão não serão de molde a endurecer o coração e a fechá-lo à sensibilidade?
“Fora um erro, porquanto o homem de coração, como dizes, se sente sempre feliz pelo bem que faz. Sabe que, se esse bem for esquecido nesta vida, será lembrado em outra e que o ingrato se envergonhará e terá remorsos da sua ingratidão.”

Nota da 938-a – A Natureza deu ao homem a necessidade de amar e de ser amado. Um dos maiores gozos que lhes são concedidos na Terra é o de encontrar corações que com o seu simpatizem. Dá-lhe ela, assim, as primícias da felicidade que o aguarda no mundo dos Espíritos perfeitos, onde tudo é amor e benignidade. Desse gozo está excluído o egoísta.

(2) Mateus 25:40.

(3) Coríntios 8:12.

(4) Eclesiástico 9:1.

(5) Questão 728 – É lei da Natureza a destruição?
“Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. Porque, o que chamais destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos.”

(6) Jó 1:21

(7) Questão 681 – A lei da Natureza impõe aos filhos a obrigação de trabalharem para seus pais?
“Certamente, do mesmo modo que os pais têm que trabalhar para seus filhos. Foi por isso que Deus fez do amor filial e do amor paterno um sentimento natural. Foi para que, por essa afeição recíproca, os membros de uma família se sentissem impelidos a ajudarem-se mutuamente, o que, aliás, com muita frequência se esquece na vossa sociedade atual.”



André Luiz - Livro O Espírito da Verdade - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 62 - Indulgência




André Luiz - Livro O Espírito da Verdade - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 62


Indulgência


O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO - Cap. X - Item 8


A luz da alegria deve ser o facho continuamente aceso na atmosfera das nossas experiências.

Circunstâncias diversas e principalmente as de indisciplina podem alterar o clima de paz, em redor de nós, e dentre elas se destaca a palavra impensada como forja de incompreensão, a instalar entrechoques.

Daí o nosso dever básico de vigiar a nós mesmos na conversação, ampliando os recursos de entendimento nos ouvidos alheios.

Sejamos indulgentes. Se erramos, roguemos perdão. Se outros erraram, perdoemos.

O mal que desejarmos para alguém, hoje, suscitará o mal para nós, amanhã.

A mágoa não tem razão justa e o perdão anula os problemas, diminuindo complicações e perdas de tempo.

É assim que a espontaneidade no bem estabelece a caridade real.

Quem não reconhece as próprias imperfeições demonstra incoerência.

Quem perdoa desconhece o remorso.

Ódio é fogo invisível na consciência. O erro, por isso, não pede aversão, mas, entendimento.

O erro, nosso, requer a bondade alheia; erro de outrem, reclama a clemência nossa.

A Humanidade dispensa quem a censure, mas necessita de quem a estime.

E ante o erro, debalde se multiplicam justificações e razões. Antes de tudo, é preciso refazer, porque o retorno à tarefa é a consequência inevitável de toda fuga ao dever.

Quanto mais conhecemos a nós mesmos, mais amplo em nós o imperativo de perdoar.

Aprendamos com o Evangelho, a fonte inexaurível da Verdade.

Você, amostra da Grande Prole de Deus, carece do amparo de todos e todos solicitam-lhe amparo.

Saiba, pois, refletir o mundo em torno, recordando que se o espelho, inerte e frio, retrata todos os aspectos dignos e indignos à sua volta, o pintor, consciente, buscando criar atividade superior, somente exterioriza na pureza da tela os ângulos nobres e construtivos da vida.


André Luiz






(Psicografia de Waldo Vieira)

Emmanuel - Livro Brilhe Vossa Luz - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Carlos A. Baccelli - Cap. 1 - Sempre acima




Emmanuel - Livro Brilhe Vossa Luz - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Carlos A. Baccelli - Cap. 1


Sempre acima


A pirâmide da elevação tão somente se alteia, com a necessária segurança quando erguida em quatro ângulos distintos:

compreender;

aceitar;

amar;

servir.

Quem compreende — perdoa sempre.

Quem aceita — vê mais longe.

Quem ama — ilumina.

Quem serve — conquista.


Emmanuel




(Psicografia de Francisco C. Xavier)

Emmanuel - Livro Religião dos Espíritos - Chico Xavier - Cap. 79 - Abnegação




Emmanuel - Livro Religião dos Espíritos - Chico Xavier - Cap. 79


Abnegação


Reunião pública de 9 de Novembro de 1959

Questão n.° 912 de “O Livro dos Espíritos”


No estudo da abnegação, fitemos em Cristo o exemplo máximo.

Emissário de Deus entre os homens, podia exigir um palácio para nascer, mas preferiu asilar-se no abrigo dos animais.

Podia frequentar, na meninice, os mais altos grêmios filosóficos e religiosos da nação que o contava entre os seus; todavia, preferiu as rudes experiências da carpintaria de Nazaré.

Podia aderir aos programas de dominação dos maiorais em Jerusalém, impondo-lhes a sua própria condição de missionário excepcional; entretanto, preferiu incorporar-se ao trabalho de pescadores humildes, revelando-se a eles sem violência.

Podia escolher as damas ilustres para entreter-se, com elas, acerca do Reino de Deus, através de tertúlias afetivas no terraço de casas nobres; contudo, preferiu entender-se com as mulheres simples do povo, sem esquecer a filha de Magdala, submetida aos flagelos da humilhação.

Podia insinuar-se no ambiente mais íntimo de Caifás ou Pilatos e agradar-lhes a parentela para ganhar influência; no entanto, preferiu aproximar-se dos enfermos esquecidos na via pública.

Podia acumular ouro e prata, mobilizando os poderes de que dispunha, mas preferiu viver entre os desfavorecidos do mundo, sem reter uma pedra onde repousar a cabeça.

Podia afastar Iscariotes do círculo doméstico, depois de perceber-lhe os primeiros sinais da deserção; todavia, preferiu conservá-lo entre os aprendizes, para não lhe frustrar as oportunidades de reajuste.

Podia agitar a multidão contra os detratores de sua causa; entretanto, preferiu que os detratores a comandassem.

Podia recorrer à justiça de modo a defender-se contra a perseguição sem motivo; no entanto, preferiu morrer perdoando aos algozes, alinhando-se entre os condenados à morte sem culpa.

Não te despreocupes, assim, da abnegação dentro da própria vida, a fim de que possas auxiliar as vidas que te rodeiam.

Supérfluo que nos enfeita é carência que aflige os outros.

O grande egoísmo da Humanidade é a soma dos pequenos egoísmos de cada um de nós.

Sofrer por obrigação é resgate humano, mas sofrer para que outros não sofram é renúncia divina.

Ninguém sabe se existe virtude nos prisioneiros da expiação; entretanto, a virtude mostra-se viva em todo aquele que, podendo acolher-se ao bem próprio, procura, acima de tudo, o bem para todos.

Se podes exigir e não exiges, se podes pedir e não pedes, se podes complicar e não complicas, se podes parar de servir e prossegues servindo, estarás conquistando o justo merecimento.

Não vale, pois, reclamar a abnegação dos outros para a melhoria do mundo, porque o próprio Cristo nos ensinou, à força de exemplos, que a melhoria do mundo começa de nós.


Emmanuel







Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano

domingo, 27 de junho de 2021

Ermance Dufaux - Livro Escutando Sentimentos: a Atitude de Amar-nos Como Merecemos - Wanderley S. de Oliveira - Cap. 17 - Pedagogia da felicidade




Ermance Dufaux - Livro Escutando Sentimentos: a Atitude de Amar-nos Como Merecemos - Wanderley S. de Oliveira - Cap. 17


Pedagogia da felicidade


"O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena." (O Evangelho Segundo o Espiritismo - Cap. 5 - Item 13)

Nunca a humanidade mendigou tanta atenção e afeto. Uma crise de autodesvalor, sem precedentes, assola multidões. O sentimento de indignidade é o piso emocional das feridas seculares que causam a sensação de inferioridade, abandono e falência. Não se sentindo amadas, almas sem conta não conseguem superar os dramas da rejeição e os tormentos da solidão. Optam pela falência não assumida. Uma existência sem sentido, vazia de significados, sem metas; a caminho da derrocada moral e espiritual.

Somente o tratamento lento e perseverante de tecer o manto protetor da segurança íntima, utilizando o fio do autoamor, poderá renovar essa condição interior do ser humano.

Agrilhoado pela ilusão do menor esforço, o homem busca a ilusão como sinônimo de paz. Anseia-se pela felicidade como se tal estado de alma pudesse ser fruto da aquisição de facilidades e privilégios.

Contudo, a felicidade é uma conquista que se faz através da educação de si mesmo. Buscá-la no exterior é dar prosseguimento a uma procura recheada de decepções e dor.

Educar para ser feliz é dar sentido à existência. O homem contemporâneo padece a doença do sentido. O vazio existencial é o corrosivo de seu mundo íntimo.

Reflitamos! Como a doutrina pode nos ajudar a construir sentido para a existência? Que passos dar para estabelecer significado educativo ao nosso sofrimento?

O Doutor Viktor E. Frankl foi um homem extraordinário. Viveu a dor dos campos de concentração nazistas e sobreviveu, graças à sua habilidade em gestar um sentido para sua dor em plena provação. Criador da logoterapia, Viktor Frankl auxiliou multidões a ter uma vida mais digna e promissora. Em sua obra prima ele afirmou:

"Quando um homem descobre que seu destino lhe reservou um sofrimento, tem que ver neste sofrimento também uma tarefa sua, única e original. Mesmo diante do sofrimento, a pessoa precisa conquistar a consciência de que ela é única e exclusiva em todo o cosmo dentro desse destino sofrido. Ninguém pode assumir dela o destino, e ninguém pode substituir a pessoa no sofrimento. Mas na maneira como ela própria suporta este sofrimento está também a possibilidade de uma realização única e singular." (1)

A primeira condição para se estabelecer um sentido à vida é o exercício da singularidade. Descobrir seus próprios caminhos, lutar por seus sonhos, celebrar sua diversidade aceitando suas particularidades, participar da vida como se é, sentir o gosto de se desligar de uma vida centrada no ideal e realizar-se no real.

A vida em si mesma não tem um sentido, algo que se possa definir através de padrões ou princípios filosóficos. Esse sentido é construído pelas percepções individuais sob as lentes da singularidade humana que, a partir de diretrizes gerais, capacita-se a seguir sua "rota intuitiva" na direção da perfeição.

"O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, conforme o modo por que encare a vida terrena." O modo de encarar ou perceber a vida terrena é a leitura pessoal de ser no mundo.

A felicidade resulta da habilidade de consolidar esse sentido a partir do "olhar de impermanência". O enfoque de transitoriedade e do desprendimento.

Quase sempre sentimo-nos mais seguros adotando o parecer da maioria, um sentimento natural até certa etapa da jornada de crescimento. Chegará, porém, o instante em que a vida convidar-nos-á ao processo inevitável das descobertas singulares. Isso não significa estar alheio à convivência, ao processo de interação grupal. É apenas ter mais consciência do que convém ou não ao desenvolvimento individual na interação social.

Nas nossas frentes de serviços doutrinários somos convocados a urgente auto-avaliação nesse tema para erguimento da felicidade pessoal. Com um movimento acentuadamente dirigido para a "coletivização", a uniformidade de conceitos e práticas escasseia o estímulo ou a aceitação para a diversidade. Nesse contexto, frequentemente, idéias criativas e condutas diferentes são acolhidas com desdém, esfriam relações e ensejam a indiferença. São tachadas de personalismo e vaidade. Mais uma razão para tecer o auto-amor e investigar a forma pessoal de caminhar.

Personalismo ou singularidade? Individualismo ou individuação? Em quais experiências nos enquadramos?

Sem medo do individualismo, que é muito diferente da individuação, é imperioso aprendermos a investigar o coração em busca do "mapa singular" do Pai à nossa jornada de aprimoramento. Quem se ama vive a maravilhosa experiência de sentir brotar em sua alma, espontaneamente,uma cumplicidade poderosa com a vida, o próximo e a Obra Divina. Quanto mais amor a quem somos, mais amamos a vida. O sentido da existência está no ato de percebermos o que significamos na Obra Paternal.

O segundo ponto essencial na construção do sentido é desenvolver a habilidade de superar o sofrimento. O prazer de viver surge quando, efetivamente, entendemos as razões de nossas dores e como superá-las. Sofrer e não saber o que fazer para sair dessa "roda de dores": nisso consiste o carma, a "roda da vida". Possuir valores e não saber como utilizá-los para o bem: nisso reside o carma sutil da nobreza das intenções em conflito com a conduta que adotamos.

Quando desenvolvemos a arte de abrir o cadeado de nossas mazelas, soltamo-nos para novas vivências. Desprendemos das velhas amarras mentais, dos complexos afetivos, dos condicionamentos. Quando aprendemos a lidar com nossos valores, a vida se plenifica.

A dor existe para incitar a inteligência na descoberta de soluções em nós mesmos. A grande lição nesse passo é descobrir as causas das aflições. O sentido da existência não está fora, mas dentro de nós. Podemos compartilhá-lo com o outro, entretanto, ele não depende do outro.

Como temos dificuldade em assumir a nossa fragilidade! Quanta dificuldade demonstramos para admitir nossa falibilidade! Sentimo-nos pequenos, incompetentes ao nos deparar com as batalhas não vencidas ou com as imperfeições não superadas, agravando ainda mais as provações. "O homem pode suavizar ou aumentar o amargor de suas provas, (...)"

Fénelon assinala: "Que de tormentos, ao contrário, se poupa aquele que sabe contentar-se com o que tem, que nota sem inveja o que não possui, que não procura parecer mais do que é." (2)

Ser feliz é contentar-se com o que se é, sem que isso signifique estacionar. É o amor a si. A frase de Fénelon é uma autêntica proposta de paz interior. Contente, sem inveja e feliz com o que se é. Quem pode querer mais?

Portanto, nisto resume-se a consolidação do sentido da vida:

1) Saber quem somos, o que a vida espera de nós, a missão particular, única e intransferível. É o exercício da singularidade.

2) Zelar pela manutenção desse processo de individuação através da superação das mensagens inconscientes de desvalor e incapacidade, diante de nossos sofrimentos, integrando-as ao self translúcido, que se encontra o nosso inteiro dispor.

Uma pedagogia de felicidade deve assentar-se no auto-amor em busca do self reluzente. Desenvolver as habilidades da "inteligência espiritual", tais como autoconsciência, resiliência, visão holística, alteridade, autoconfiança, curiosidade, criatividade, disciplina no adiamento das gratificações, sensibilidade, compaixão, naturalidade.

Eis alguns caminhos da pedagogia para a sanidade humana que poderão ser experimentados pelas nossas agremiações de amor em seus programas de consolo e esclarecimento:

- Exercer dinâmicas de autoconhecimento.

- Compreender os mecanismos punitivos da culpa e como superá-los.

- Desenvolver técnicas de sensibilidade do afeto.

- Fazer o uso dos recursos psicoterapêuticos bem orientados pelos mentores espirituais.

- Meditar.

- Orar.

- Implantação de pequenos círculos de diálogo sobre valores humanos.

- Participar de atividades de cooperação social, criando espaço para estudar os sentimentos decorrentes dessa prática.

- Cultivar a crença de que todos somos dignos da Bondade Celeste em quaisquer circunstâncias.

- Desenvolver a autonomia.

Quem ama a si mesmo sente-se rico. É excelente companhia para si mesmo. Descobriu seu valor pessoal na Obra da Criação e tem consciência plena da Bondade do Pai em favor de sua caminhada individual. Todas essas sensações, é bom destacar, operam-se no reinado do coração, são sentimentos e não formas de pensar. Nisso reside o sentimento de merecimento ou, como costumamos nomear, a maior conquista espiritual para ser feliz. Não foi fruto de instrução, mas serviço de renovação efetiva nas matrizes da vida mental profunda, nas "células afetivas".

Quem se ama dispensa a imponência das máscaras. É feliz por ser quem é. Aprendeu que "Dele, porém, depende a suavização de seus males e o ser tão feliz quanto possível na Terra." (3)


Ermance Dufaux 



(1) Em Busca de Sentido - página 76 - Perguntar pelo Sentido da Vida - editora Vozes
(2) O Evangelho Segundo o Espiritismo - capítulo 5 - item 23
(3) O Livro dos Espíritos - Questão 920




Meimei - Livro Palavras do Coração - Chico Xavier - Cap. 3 - Calma e auxílio




Meimei - Livro Palavras do Coração - Chico Xavier - Cap. 3


Calma e auxílio


Trabalha sempre, mas não desprezes a calma em que te retomes a fim de pensar com acerto.

Isso é da própria Natureza.

O rio para mover a usina do progresso exige a represa em que as águas estacionam, antes de se projetarem no impacto de forças tecnicamente organizadas.

Conserva a entrada do coração acessível a todos os companheiros que te cerquem, tantos deles agoniados, a te rogarem concurso e consolação. Que o teu sorriso seja o porteiro dos teus sentimentos, encorajando-lhes as energias.

Em torno de ti, enxameiam os tristes, os torturados, os infelizes, os desorientados e todos aqueles que, por falta de fé, se transviaram no torvelinho do desespero. Repontam de tua própria casa, do teu grupo de serviço, do bairro em que resides e da cidade em que te situas. Sê para eles um refúgio de paz e de esperança.

Aprende a ouvir com paciência para que possas esclarecer com discernimento e serenidade.

Se te afliges com o problema que te trazem, entrega a questão a Deus e mantém-te disponível, para que não te prives da oportunidade de auxiliar.

Guarda a diligência sem pressa e oferece a todos os que te busquem o reconforto de que necessitem, a fim de seguirem adiante.

Assim compreenderás, com a bênção da calma em ti mesmo, que prosseguirás com o ensejo de construir incessantemente no bem dos semelhantes, reconhecendo que o tempo, na vida de cada um de nós, é uma doação preciosa de Deus.


Meimei








Emmanuel - Livro Ceifa de Luz - Chico Xavier - Cap. 42 - No trato comum




Emmanuel - Livro Ceifa de Luz - Chico Xavier - Cap. 42


No trato comum


“… Nem haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e, por meio dela, muitos sejam contaminados.” — PAULO (Hebreus, 12:15)


É razoável estejamos sempre cautelosos a fim de não estendermos o mal ao caminho alheio.

Os outros colhem os frutos de nossas ações e oferecem-nos, de volta, as reações consequentes. 

Daí, o cuidado instintivo em não ferirmos a própria consciência, seja policiando atitudes ou selecionando palavras, para que vivamos em paz à frente dos semelhantes, assegurando tranquilidade a nós mesmos.

Em muitas circunstâncias, contudo, não nos imunizamos contra os agentes tóxicos da queixa. 

Superestimamos nossos problemas, supomos nossas dores maiores e mais complexas que as dos vizinhos e, amimalhando o próprio egoísmo, cultivamos indesejável raiz de amargura no solo do coração. 

Daí brotam espinheiros mentais, suscetíveis de golpear quantos renteiam conosco, na atividade cotidiana, envenenando-lhes a vida.

Quantas sugestões infelizes teremos coagulado no cérebro dos entes amados, predispondo-os à enfermidade ou à delinquência com as nossas frases irrefletidas! Quantos gestos lamentáveis terão vindo à luz, arrancados da sombra por nossas observações vinagrosas!

Precatemo-nos contra semelhantes calamidades que se nos instalam nas tarefas do dia a dia, quase sempre sem que venhamos a perceber. 

Esqueçamos ofensas, discórdias, angústias e trevas, para que a raiz da amargura não encontre clima propício no campo em que atuamos.

Todos necessitamos de felicidade e paz; entretanto, felicidade e paz solicitam amor e renovação, tanto quanto o progresso e a vida pedem trabalho harmonioso e bênção de sol.


Emmanuel









Chico Xavier - Livro O Evangelho de Chico Xavier - Carlos A. Baccelli - Cap. 344 - O “Vinde a mim”




Chico Xavier - Livro O Evangelho de Chico Xavier - Carlos A. Baccelli - Cap. 344


O “Vinde a mim”


É apenas uma frase a que o nosso Emmanuel, presente, nos recomenda a atenção, quando Jesus disse: Vinde a mim todos vós que estais fatigados, eu vos aliviarei… 

É uma promessa que não envolve nenhum sentido de prodígio ou de suposto milagre — “Vinde a mim”. 

Ele não cogitou da procedência dos viajores: se eram bons, se eram maus querendo ficar bons, se eram meio bons… 

A marcha não ia parar… “Vinde a mim” — nada de colocar um ponto final em sua marcha própria… 

Não prometeu também retirar a carga de ninguém, não prometeu nada, apenas alívio para continuarmos a marcha. 

Aliviar para quê? Para continuar o serviço, para continuar a tarefa…


Chico Xavier







sábado, 26 de junho de 2021

Eurípedes Barsanulfo - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 4 - Cem por um




Eurípedes Barsanulfo - Livro Ideal Espírita - Espíritos Diversos - Chico Xavier / Waldo Vieira - Cap. 4


Cem por um


Ócio, em qualquer parte, constitui esbanjamento.

Tudo vibra em perpétua movimentação, sem vácuo ou inércia na substância das coisas.

O corpo humano e o corpo espiritual são construções divinas a se estruturarem sobre forças que se combinam e trabalham constantemente em dinamismo santificante. 

Sejamos, por nossa vez, peças atuantes do Evangelho Vivo, demonstrando que o serviço é condição de saúde eterna.

Insculpe por onde passes o rasto luminoso do entendimento. 

Edifica o bem, seja escutando o riso dos felizes ou assinalando o soluço dos companheiros desditosos, criando rendimento nos tesouros imperecíveis da alma.

Ampara e ajuda a todos, desde a criança desvalida, necessitada de arrimo e luz para o coração, até o peregrino sem teto, hóspede errante das árvores do caminho.

Conserva por medalhas de mérito os calos nas mãos que abençoam servindo, a fadiga nos músculos que auxiliam com entusiasmo, o suor na fronte que colabora pela felicidade de todos e os rasgões que te recordam as feridas encontradas no cumprimento de austeras obrigações.

Oremos na atividade construtiva que não descansa.

Cantemos ao ritmo da perseverança feliz.

Respiremos no hausto da solidariedade sem mescla.

A caridade converte o sacrifício em deleite, o cansaço em repouso, o sofrimento em euforia.

Ar puro desfaz as emanações malsãs; água límpida dissolve os detritos da sombra; sol matinal dissipa as trevas…

Mãos vazias ou cabeça desocupada denunciam coração ocioso.

Sê companheiro da aurora, despertando junto com o dia nas obras de paciência e bondade, sustento e elevação.

A seara do Senhor no solo infatigável do tempo guarda riquezas inexploradas e filões opulentos. 

Aquele que grafa uma página edificante, semeia um bom exemplo, educa uma criança, fornece um apontamento confortador, entretece uma palestra nobre ou estende uma dádiva, recolherá, cem por um, todos os grãos de amor que lançou na sementeira do Eterno Bem, laborando com a Vida para a Alegria Sem Fim.


Eurípedes Barsanulfo







(Psicografia de Waldo Vieira)
Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano