Em visita à fazenda do pai
Em 1946, adoece de novo, gravemente.
Gastara demais o corpo.
Achava-se esgotadíssimo, fraco, febril.
Os médicos, consultados, dão-no como tuberculoso.
E em certa manhã ensolarada, vendo-o sentado, muito triste, à porta da casa, Emmanuel, seu dedicado guia, põe-lhe a mão no ombro e lhe diz:
— Chico, procure reagir, senão você falirá. Sua enfermidade é tanto do corpo como do espírito. Mas não desanime. Vai ficar bom, se Deus quiser.
E, depois de lhe dar uma bela aula sobre os males do desânimo, da tristeza e das mágoas recolhidas, ampliadas pelo nosso pessimismo, diz-lhe:
— Logo, ao dormir, lembre-se de mim. Vou levar seu espírito a um lugar muito lindo e onde será medicado.
De fato, ao dormir, Chico lembra-se do convite de Emmanuel, e, depois de orar, dorme antegozando o auspicioso passeio.
Em espírito, viu-se junto ao seu guia. E, com ele, caminha por um vergel esmeraldado de trevos viçosos, floridos, como jamais vira na Terra.
Ao fim, sentado num banco envolto em luz alaranjada, está um menino delicado, belo.
Emmanuel apresenta-o ao Chico. E sob a surpresa do médium, o menino, com rara facilidade, como quem pega outra criança, segura-o e o põe ao colo.
Segurou-o amorosamente, estreitando-o ao peito, e disse-lhe sorrindo:
— Pronto, está medicado.
Chico despede-se do lindo irmãozinho.
E já quase a chegar em casa e enclausurar-se, de novo, no corpo e acordar para a realidade da terra, Emmanuel, abraçando-o, afirma satisfeito:
— Chico, você recebeu hoje um remédio de que necessitava: uma transfusão de fluidos. Vai acordar, amanhã, melhorado, sem cansaço, sem febre e mais forte, graças a Deus!
No dia seguinte, Chico acordou diferente.
Ressoava-lhe aos ouvidos o que ouvira.
O coração, agradecido ao Senhor guardava a grande graça.
E sentia que tudo desaparecera: cansaço, tristeza, mágoa, medo, febre, tudo.
Sim, tudo, porque bem traduzia o que ganhara.
Agora teria de dar também tudo, como está dando, a bem da grande causa, que a todos nos irmana e iguala na fazenda do Pai, que é Deus!
Ramiro Gama
Fonte: Julio Miyamoto
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