O Veterinário de Deus
O nosso caro Chico Xavier, além de sofrer moralmente, também sofre fisicamente.
Olhamos para sua fisionomia serena e irradiando bom humor e nem de leve sentimos o que lhe vai por dentro da alma cândida e sempre experimentada.
Além dos sofrimentos espirituais, possui um corpo carnal como o que possuímos, sempre em reparos...
A visão lhe é deficientíssima.
E, uma das vistas, além disso, lhe dói constantemente, e vez por outra sangra e lacrimeja, trazendo-lhe dores pungentes.
Ao final de uma das sessões de sexta feira do Centro Espírita Luiz Gonzaga, em que atendeu, durante cinco horas seguidas, a mais de duas mil receitas, sua vista mais lesada sangrava e doía insuportavelmente.
O Dr. Bezerra, o abnegado espírito receitista, já havia se ausentado, depois de haver, pelo Chico, respondido a todas as perguntas e solucionado infinidades de problemas íntimos...
“Que fazer?” pensava o querido médium, em meio a uma assistência numerosa de irmãos, que, nem de leve, lhe sentia a prova e que ainda se mostrava desejosa de receber, pelos seus abraços de despedida, mais algum benefício?
Nesta fase crucial, em que sofria material e moralmente, vê a seu lado o espírito amoroso de Antônio Flores e lhe suplica humildemente:
- Irmão Flores, você que é um dos abnegados e sinceros pupilos do Dr. Bezerra, peça-lhe um remédio para meus olhos, pois sofro muito...
O irmão Flores parte incontinenti e aflito.
Daí a instantes chega com o Dr. Bezerra que, olhando Chico, se surpreende e lhe diz:
- Mas, Chico, por que você não me disse que estava passando mal da vista? Eu lhe teria medicado.
E o humilde médium, emocionado por ver à sua frente o espírito querido do Médico dos Pobres, todo iluminado e refletindo bondade, lhe pede:
- Dr. Bezerra, eu não lhe peço como gente, mas como uma besta cheia de pisaduras, que precisa curar-se para continuar seu trabalho e ganhar seu pão de cada dia. Cure, pois, por caridade, os meus olhos doentes...
- Se você, caro Chico, é uma besta e eu quem sou, então? – retrucou-lhe o querido Apóstolo.
- O senhor, Dr. Bezerra – exclama Chico – é o Veterinário de Deus!...
Diante do estimado médium classificar o Dr. Bezerra de O Veterinário de Jesus, esse, emocionado e surpreso pela resposta do Chico, volta-se para o lado e sorri... E o médium conclui:
- Pela primeira vez, desde que trabalho com o espírito querido do Kardec brasileiro, vi-o, sorrir e fiquei satisfeito.
Depois disso, colocou-me as mãos luminosas sobre a vista doente e senti-me, de imediato, melhorado. Tudo se deu em minutos. Ninguém soube do sucedido. Os abraços de despedida vieram. E o Chico conseguiu partir para seu lar e dormir uma noite sem dores e sem lágrimas...
Ramiro Gama
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