Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. VII - 6. Lei de sociedade
Laços de família
774. Há pessoas que, do fato de os animais ao cabo de certo tempo abandonarem suas crias, deduzem não serem os laços de família, entre os homens, mais do que resultado dos costumes sociais e não efeito de uma lei da Natureza. Que devemos pensar a esse respeito?
“Diverso do dos animais é o destino do homem. Por que, então, quererem identificá-lo com estes? Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis por que os segundos constituem uma lei da Natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a amar-se como irmãos.” (205)
Allan Kardec
O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez
Questão 774 comentada
O destino do homem é bem diferente do destino dos animais, por ter o homem alcançado um degrau a mais na sua dianteira, por maturidade espiritual. Algum dia, os animais irão a esse estágio.
Os animais abandonam suas crias logo que essas se tornam adultas, porque no meio deles a sua missão é somente até aquele ponto; daí para frente, é processo de aprendizado de cada um. A própria natureza os fez assim. Entre os homens é diferente; eles têm necessidade de permanecer mais tempo juntos, em família, porque os seus deveres, a sua preparação, é mais engenhosa, dada a sua capacidade de assimilação ante a vida.
Observemos o reino anterior ao do animal, para que tenhamos uma idéia sobre esse assunto: a árvore frutífera, quando não encontra quem a separe de seus frutos, seus filhos, eles amadurecem e a natureza faz a separação natural, para depois a árvore entrar em preparo, no caso de muitas delas, para gerarem novos filhos. Esse fato é uma lei natural. Na verdade, até os minerais geram minerais. Tudo na vida se multiplica, pelas bênçãos de Deus e necessidade da vida.
Anotemos na escala da alma, ou, se quisermos, na escada evolutiva que se processa pela vontade de Deus: cada degrau que se sobe, é nova expressão que se vê, trazendo cada um o traço do progresso da mônada divina, envolvida em roupagens materiais.
No homem há alguma coisa a mais, além das necessidades físicas, pois começa nele a se incorporar os direitos e os deveres da vida espiritual, pelo fato da sua elevação, em se comparando com a dos animais, comportando dons desenvolvidos que escapam aos da sua retaguarda. Como poderemos entender, os anjos, na sua estrutura, diferem, e muito, dos homens encarnados. Cada posição tem o que merece e precisa, para a sua vida manter-se em equilíbrio.
O ser humano é dotado de razão por maturidade, e não por bênção especial, e essa razão, apresentando-se como inteligência, requer outras necessidades que não as dos animais, que ainda se encontram movidos pelos instintos. O homem tem deveres, que não ficam somente em alimentar-se, como os seus irmãos da retaguarda. Surgem em seus caminhos a higiene, a necessidade do vestuário, a escola, a sociedade e demais outros aspectos que a vida lhes impõe para o seu desenvolvimento espiritual. Ainda mais, ele enfrenta as controvérsias a que chamamos de erros, para fazê-los compreender o alcance dos Espíritos puros, e cada geração vai mostrando mais necessidade de ampliar seus conhecimentos pela força do progresso.
Jesus veio à Terra para inovar conceitos e fazer entender qualidades espirituais até então ignoradas pelos povos. Era por isso que a multidão O buscava, para ouvir Sua palavra iluminada e santa.
Vejamos a anotação de Lucas, no capítulo quinze, versículo um:
Aproximaram-se de Jesus todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
Os publicanos tinham necessidade de ouvir o que não conheciam. Jesus Cristo era uma escola volante para todas as criaturas que pudessem escutá-Lo. A necessidade de progredir está vinculada à lei de Deus. Mesmo que queiramos ficar estacionados, não o poderemos, porque o progresso é uma lei divina que atinge todas as latitudes humanas.
Os animais não têm vida religiosa, política e social; as necessidades que emanam deste posicionamento evolutivo são somente para os homens. O dever natural dos animais é criar seus filhos até o ponto que eles bem sabem qual, sem organizar famílias como acontece com os seres humanos.
As famílias na Terra são temporárias, algumas das quais, continuam no mundo dos Espíritos como grupos familiares, até se libertarem definitivamente, por alcançarem o amor universal e sentirem na humanidade a sua família permanente, porque o amor verdadeiro não tem fronteiras.
Miramez
Livro Filosofia Espírita Vol. 16 - João Nunes Maia
Cap. 9 - O destino do homem
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