Joanna de Ângelis - Livro Vidas Vazias - Divaldo P. Franco - Cap. 3
Triunfo da imortalidade
O trânsito carnal festivo e quente que envolve o ser, pela sua própria estrutura, resulta das sucessivas transformações que se operam no curso existencial.
Obedecendo às leis do movimento, átomos e suas partículas alteram a constituição em que se apresentam conforme a natureza do conjunto.
No caso da organização humana, reúnem-se em perfeita integração perispiritual que lhe faculta apresentar-se na forma conhecida, alterando-se conforme as energias emitidas pelo Espírito no seu processo evolutivo.
Por essa razão, o corpo físico sofre contínuas modificações decorrentes dos campos vibratórios programados para a jornada orgânica. Em consequência, tudo, na relatividade do tempo e do espaço, impõe alterações estruturais que culminam no fenômeno biológico da morte.
Enigma filosófico desafiador, a morte tem sido a grande incógnita de cada vida.
Enquanto algumas escolas de pensamento confirmam o prosseguimento da vida, outras aí assinalam o seu encerramento.
Pensadores dignos através da História têm procurado confirmar a sobrevivência do ser, da sua energia pensante à disjunção molecular, enquanto a presunção de inumeráveis outros, em razão do sofrimento e dos desencantos que experimentaram, colocam-lhe o ponto final.
Entre ambas as correntes comportamentais, os fenômenos mediúnicos, sob variada denominação, demonstram a continuidade da transcendência e, por efeito, da indestrutibilidade da vida.
Em toda a cadeia da existência não são raras as demonstrações da continuidade dos acontecimentos, apresentando alterações naturais que testemunham o prosseguimento existencial.
Lamentando, porém, a sua interrupção, quando os prazeres se multiplicam, esses aficionados em amargura determinam a destruição do ser na disjunção da forma.
Assim pensando, comportam-se em incessante busca de compensações prazerosas enquanto no corpo, exaurindo-o na luxúria e mediante os tóxicos da alucinação.
Glórias e desgraças na Terra são fenômenos do existir para facultar a aprendizagem das Leis Soberanas no processo iluminativo das reencarnações.
Causam espanto, sim, as alterações do corpo nos períodos que sucedem à infância e à juventude.
As carnes frescas e lisas de repente são convertidas em máscaras de horror mediante as rugas profundas e as degenerações inevitáveis, provocando pranto e dor.
Vezes outras, enfermidades deformadoras instalam-se no vaso carnal e formas estranhas, algumas aberrantes e assustadoras, convertem os indivíduos em espectros que aparvalham e geram piedade...
Não raro, apresentam-se essas deformações da aparência no monte das exposições degeneradas dentro das quais respira a vida, com ânsia ou não de morrer.
A vida, que promana de Deus, no entanto, aí se homizia, nesses rescaldos de horror, agarrando-se ao corpo desgastado e disforme.
Nada obstante, um organismo, mesmo sob os camartelos do sofrimento, constitui bênção de alto significado para a experiência iluminativa.
Razões ponderáveis de existências passadas contribuíram para a ocorrência necessária.
Desse modo, seja qual for a manifestação orgânica em que o Espírito se apresente revestido, constitui bênção de Deus, que se deve valorizar, a fim de purificar-se interiormente.
Bendize toda e qualquer circunstância em que te encontres, porque te constitui instrumento de elevação moral.
A beleza de um dia cobra imposto em favor do futuro e, quando utilizada de forma enganosa, plasma alterações correspondentes às necessidades da harmonia.
Utiliza-te de cada instante para aprimorar-te, insculpindo no pensamento e na emoção o amor para modelares o futuro radioso, sempre organizado em experiência anterior.
A filosofia da imortalidade é a mais compatível para proporcionar felicidade ao ser humano, pelo ato de o transformar no grande escultor da própria alma.
Mediante o pensamento em contínua edificação, elabora um programa de compreensão ética e moral para a existência transitória.
Insiste sem desânimo no aprimoramento dos teus sentimentos, oferecendo chances a todos de ascenderem às cumeadas do progresso, em cujo curso se encontram todas as criaturas, muitas vezes, sem dar-se conta.
Se te equivocas e ages mal, recua para refazer o caminho. Não deixes marcas aberrantes por onde transitas.
Urge que imprimas no íntimo o anseio de plenitude, trabalhando sem cessar pelo bem.
Quando não possas ajudar, não contribuas para aumentar a ruína, a desdita de outrem.
Renasceste para crescer e desenvolver o "deus interno" que jaz nos refolhos do ser profundo que és.
Adquire o hábito salutar de ser aquele que compreende e ajuda mesmo desconhecido. Não é importante que se saiba quem o bem faz, mas que ele seja feito, porquanto os seus efeitos edificam o mundo melhor.
A vida, por isso mesmo, é um curso incessante que jamais se interrompe, semelhante a um córrego de nascente perpétua a fluir com intensidade, enfrentando o leito desafiador.
As dúvidas pairavam mesmo entre os Seus discípulos a respeito da ressurreição que Ele prometera.
Estavam desapontados e aturdidos.
Tudo era sombrio, e as expectativas eram ainda piores.
Foi quando Ele ressurgiu em imortalidade triunfante, conforme era antes, e mais belo do que nas ocasiões passadas.
Assim também acontecerá contigo, e, de forma idêntica, os teus amores que retornaram antes ressurgirão em gloriosa madrugada para sustentar-te na saudade e na dor.
Aguardam-te em contentamento, e não te abandonam jamais.
Vive, no mundo físico, de maneira que amealhes um tesouro de harmonia íntima por todo o bem que possas realizar.
Nunca permitas que o mal dos perversos te aturda na caminhada de libertação, recordando Jesus, que, a cada passo, enfrentou o cinismo e o cepticismo daqueles que viviam apenas para as rápidas ilusões da matéria.
Joanna de Ângelis
APARVALHAR: Tornar(-se) parvo; embasbacar(-se), apalermar(-se).
PROMANAR: Ter como agente, autor ou criador.
CAMARTELO: (Fig.) Qualquer instrumento ou objeto usado para quebrar, demolir, bater repetidamente.
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