terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

Meimei - Livro Amizade - Chico Xavier - Cap. 11 - Colabora



Meimei - Livro Amizade - Chico Xavier - Cap. 11


Colabora


Se a compreensão já se te fez luz nos recessos da alma, reflete nos problemas da fome espiritual.

Não existiria a delinquência na Terra, em tamanha extensão, não fosse a carência de recursos na sustentação da alma.

Indaguemos dos companheiros internados em sanatórios e instituições outras de trabalho reeducativo, para tratamento das alterações psicológicas de que são portadores, se teriam entrado em qualquer processo culposo, caso soubessem quanto lhes custaria a recuperação.

Conheces as estatísticas, referentes às áreas do planeta, ameaçadas pela falta de pão.

Medita nas multidões, em todos os setores da experiência terrestre que clamam por esclarecimento e consolo, segurança e tranquilidade.

Fotografas a presença de certas enfermidades no corpo, através da radiografia.

A biopsia fornece exata notícia do câncer.

Quem fará a identificação do desânimo no caráter juvenil ou da tempestade de lágrimas que arrasa um coração materno?

Sai de ti mesmo e ampara aos que esmorecem de inanição na vida íntima.

A fome do estômago grita e agride.

A fome do coração, no entanto, é anestesiada pelas sombras da ignorância, quando as sombras da ignorância acerca de Deus e da Imortalidade alcançam as forças do sentimento.

Tolera, serve, eleva e abençoa. Para auxiliar na extinção das trevas de espírito, ninguém te pede espetáculos de grandeza. Basta te disponhas a estender essa ou aquela migalha de amor num raio de luz.


Meimei











Amélia Rodrigues - Livro Trigo de Deus - Divaldo P. Franco - Cap. 17 - Da oração dominical



Amélia Rodrigues - Livro Trigo de Deus - Divaldo P. Franco - Cap. 17


Da oração dominical (1)


Demoravam-se na paisagem tranquila os revérberos do entardecer, matizando com tons rosas, rubros e amarelos as nuvens passantes.

A brisa balouçava o leque verde das tamareiras exuberantes, carregadas de frutos.

Pairavam no ar, impregnando os corações, as ânsias e emoções dos acontecimentos que há pouco presenciaram.

O Mestre agigantava-se aos olhos da multidão.

O Seu estoicismo, revelado na conduta austera, exteriorizava-se na palavra ora dúlcida, ora enérgica, e nas ações enobrecidas com que favorecia aqueles que O buscavam.

Jamais alguém conseguira realizar tão admiráveis fenômenos de que somente Ele se fazia agente sublime.

A inveja rastreava-Lhe os passos, e as disputas vulgares entreteciam duelos emocionais entre os frívolos que Lhe buscavam a afeição.

O certo é que Ele viera para libertar as consciências e insculpir vidas nos painéis do amor.

Desse modo, as multidões sucediam-se-Lhe à volta, sedentas, emocionadas, confiantes.

Ele era portador das bênçãos de que todos necessitavam.

Na sua simplicidade afável, Ele penetrava os recônditos do ser, sem exibir-lhes as exulcerações.

Os Seus silêncios eram tão eloquentes quanto as Suas palavras, deixando impressas nas almas as marcas de luz da libertação.

A Sua voz, há pouco, terminara de envolver os homens nas esperanças e consolações do soberano código das Bem-aventuranças. (2) 

O odor de santidade e o vigor da sabedoria decorrentes da Carta Magna ainda inebriavam os ouvintes, quando os Seus discípulos d'Ele se acercaram, e um deles, comovido, interessado em compreendê-lO, interrogou:

— Senhor, por que orais tanto? Sempre quando terminadas as tarefas, por que buscais o silêncio e penetrais na oração?

Havia sadia curiosidade no questionamento do discípulo devotado.

Relanceando o olhar em torno e aplaudido pela musicalidade da Natureza em festa, Ele respondeu:

— A alma tem necessidade da oração, em maior dosagem do que o corpo de pão. 

"Orar é buscar Deus, penetrando-Lhe nas mercês e haurindo resistência nos Seus recursos divinos. 

"O silêncio propicia a busca; a solidão renova as energias e a comunhão com a Fonte Geradora de Vida faculta o prosseguimento dos compromissos abraçados."

— Mesmo vós — reinquiriu o amigo — que sois o Caminho para o Pai e o Seu Messias para a Humanidade, tendes necessidade de orar?

— A chama que ilumina — elucidou, paciente — gasta o combustível que a sustenta, e a chuva que irriga o solo retorna à nuvem de onde provém. "O intercâmbio de forças com o Pai Criador restaura-as na criatura, e eu próprio n'Ele encontro o reforço de sustentação para o messianato de amor em Seu nome. " Absorvido pelos ensinamentos elevados, João, que mais O amava, enternecido, inquiriu:

— E todos temos necessidade e dever de orar?

O Mestre benevolente envolveu o jovem em um luminoso olhar de bondade e elucidou:

— O homem. que ora eleva-se no rumo da Grande Luz e nimba-se de claridade radiosa.

Desejando que o ensinamento jamais fosse esquecido, o Mestre expôs:

— O Pai Celeste pode ser comparado a um rei poderoso que administra os seus domínios, mediante a cooperação de abnegados Ministros, que a seu turno se equipam de secretários, auxiliares e inumeráveis cooperadores abnegados. 

"Cada um deles rege um departamento específico, a fim de coordenar atividades e atender-lhes o impositivo. 

"À semelhança de todo reino, a variedade de deveres exige responsáveis para a sua execução. 

"O Ministério da oração é um dos mais delicados setores, exigindo hábeis servidores que se encarregam de registrar as solicitações em preces, selecioná-las e cuidar do seu atendimento conforme a procedência de cada emissão de onda mental. 

"Em razão disso, a oração deve ser uma vibração sincera, carregada de emoção, ao invés de expressivo palavreado sem a participação dos sentimentos honestos de elevação. 

"A oração é um apelo que, no entanto, deve alcançar mais ampla expressão, tornando-se, num momento, um hino de louvor; vezes outras, constituindo-se uma rogativa de auxílio e, por fim, um cântico de gratidão. 

"Examinados o mérito e as necessidades daquele que ora, são-lhe encaminhadas as respostas compatíveis com a sua realidade, tendo-se em vista sempre o seu progresso e crescimento diante da Vida. 

"Esse intercâmbio mental carreia vitalidade e restabelece os centros de energia da criatura que ora. "Claro está que este é um compromisso de cada indivíduo quite com os deveres sociais e comunitários, a fim de merecer usufruir os benefícios que a cidadania lhe confere. " 

Silenciando e permitindo que todos auscultassem as vozes inarticuladas da Natureza, aguardou que os companheiros assimilassem o ensinamento profundo, embora a linguagem simples de que se revestia.

Foi nesse comenos que um deles, profundamente sensibilizado, rogou:

— Senhor, ensina-nos, então, a orar.

E Ele abrindo a Sua boca e desatando as melodias latentes no coração, propôs-lhes a oração dominical, dizendo:

— Pai Nosso que estás nos céus...

A dúlcida palavra vestindo de sons o pensamento sublime, no qual estão exaradas todas as necessidades humanas, ofereceu-nos o legado precioso da prece, mediante a qual a criatura se comunica com o Seu Criador e este lhe responde pelos mecanismos santificantes da inspiração, equipando-a com os recursos próprios para enfrentar todos os dissabores, infortúnios, amarguras, desafios, ou as alegrias e benesses que fazem parte do seu dia a dia no formoso processo da sua evolução.


Amélia Rodrigues








(1) Mateus — 6 : 9 a 15 (Nota da Autora espiritual). 

(2) Os Evangelistas não precisam o local do acontecimento. Mateus situa-o após o “Sermão da Montanha”, de que nos utilizamos para os presentes comentários. Vide o livro Luz do Mundo — Cap. V de nossa autoria — Livraria Espírita Alvorada - Editora. (Nota da Autora espiritual)



Antônio Azevedo - Livro Poetas Redivivos - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 51 - Do Céu à Terra



Antônio Azevedo - Livro Poetas Redivivos - Espíritos Diversos / Chico Xavier - Cap. 51


Do Céu à Terra


(Contemplando a vastidão cósmica, antes do retorno à reencarnação.)

Via-vos, áureos sóis, por lágrimas nas trevas
Que Deus chorasse em torno à Terra de onde vim!…
Liberto agora à luz das plagas do sem-fim,
Fito-vos a amplidão das grandezas primevas…

Ah! Pobre coração, a que porto te elevas,
No etéreo mar varrido a fogo carmesim?
Reconsidera, pensa e detém-te, — ai de mim! —
Perquirindo o montão das dívidas longevas!…

Precedendo incursões miríficas na Altura,
Impõe-te a Lei voltar ao lodo que te apura,
A sofrer, vendo ao longe o Sonho, a Pátria, o Lar!…

Retorna à cruz do corpo, ama, chora e confia;
Amando e padecendo, alcançarás, um dia,
A força de ascender e a glória de chegar.


Antônio Azevedo











Miramez - Livro Cura-te a Ti Mesmo - João Nunes Maia - Pág. 58 - Indulgência - O amor é o fundamento



Miramez - Livro Cura-te a Ti Mesmo - João Nunes Maia - Pág. 58


Indulgência - O amor é o fundamento


O fundamento da vida é o amor. Para se chegar até ele é indispensável que conheças, na sua profundidade, todas as outras virtudes e passes a vivê-las, para que a tua vida mostre Deus, em todos os teus afazeres, sem te esqueceres de Jesus, nas tuas caminhadas.

A indulgência pode ser como uma rota para alcançar a paz interna. Ser indulgente é manifestar grandeza de sentimentos, por trabalhar todos os dias no aprimoramento das suas capacidades espirituais.

Devemos fazer sempre correção no modo de ser, mas não intentar na correção dos outros, sustentando essa competência ante a vida dos nossos irmãos em caminho. Clemência para todos é nosso dever, criando, assim, em tomo de nós, uma tranquilidade imperturbável, como terapia para o nosso equilíbrio. Compete a nós esse trabalho, que deve ser em nós mesmos.

Tem tolerância para com todos, mas dá o exemplo de uma vida reta, sem alarde; comunga com o Evangelho de Jesus; mesmo assim, não revides os ataques, pois quem ofende esta envolvido no drama da consciência culpada; ora por ele. Além disso, todo aquele que se defende diante das agressões que recebe e revida busca mostrar algo que ainda não conquistou.

Para quem procura defesa, o Evangelho pede amar o ofensor e perdoar a quem o calunia. Quem se encontra diante do perdão acaba entendendo o valor do mesmo e a razão o induz a ele. Quem cultiva a vida do Cristo recebe as bênçãos de Deus, onde estiver trabalhando para o seu aperfeiçoamento.

Se Deus é amor, o fundamento da grandeza universal é o hálito do Senhor a distribuir vida em todas as direções da Criação.

Sejamos brandos com os que nos perseguem, mostrando ao ignorante que a vida no Bem é luz que distribuímos na nossa casa, no trabalho e no lazer. Cabe-nos ensinar com a existência, copiando os grandes homens que deram a vida como segurança para todos, e muitos dos quais são lembrados com respeito, fazendo crescer a esperança; como exemplo, vejamos o Cristo.

Sejamos condescendentes com os nossos companheiros, que assim estaremos ajudando na transformação do mundo e das criaturas. Deixa crescer no teu mundo íntimo o amor, que a maior vantagem será toda tua, aprimorando ou acordando os valores que foram depositados por Deus no teu coração.

O Senhor, além de te dar os dons de luz, ainda oferta o tempo, que os faz crescer e iluminar.
Seja o que for que vejas de mal nos outros, não assanhes o imprestável; comenta o bem que observas no teu irmão e confia neste procedimento. A indulgência é segurança para o teu caminho e o amor é vida para a tua vida.

Se alguém te menospreza, tolera e serve; se alguém te persegue, tolera e ajuda; se alguém te calunia, tolera e abençoa; porque a tolerância que não se limita à passividade alcança o objetivo do amor.

Podemos crer que a caridade é o mesmo amor em função divina, por ser o fundamento de toda a vida.


Miramez









quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Joanna de Ângelis - Livro Vida Feliz - Divaldo P. Franco - Cap. 45



Joanna de Ângelis - Livro Vida Feliz - Divaldo P. Franco - Cap. 45 


O corpo merece cuidados para ser preservado, sadio.

Desprezá-lo, sob qual for o pretexto, é ato de rebeldia contra Deus, que no-lo concede com a finalidade de crescimento íntimo e elevação moral.

Sem o ataviar com exageros ou viver para ele conforme fazem muitas pessoas, resguarda-o e protege-o, amando-o de forma a prolongar-lhe a existência útil.

O corpo é o jumentinho que carrega a alma na Terra, conforme ensinava São Francisco de Assis, credor de ternura e afeto.


Joanna de Ângelis















Neio Lúcio - Livro Jesus no Lar - Chico Xavier - Cap. 47 - O educador conturbado



Neio Lúcio - Livro Jesus no Lar - Chico Xavier - Cap. 47


O educador conturbado


Comentava André, o apóstolo prestativo, as dificuldades para afeiçoar-se às verdades novas, quando Jesus narrou para a edificação de todos:

— Um homem, singularmente forte, que se especializara em variados serviços de reparação e reajustamento, foi convidado por um anjo a consertar um aleijado que aspirava ao ingresso no paraíso e aceitou a tarefa.

Avizinhou-se do enfermo, de martelo em punho, e, não obstante os gritos e lágrimas que a sua obra arrancava do infeliz, aprimorando-o, dia a dia, cumpriu o prometido.

O mensageiro divino, satisfeito, rogou-lhe a contribuição no aperfeiçoamento de uma velha coxa que desejava ardentemente a entrada na Corte Celeste.

O trabalhador robusto, indiferente aos gemidos da anciã, impôs-lhe a disciplina curativa e, gradativamente, colocou-a em condições de subir às Esferas sublimes.

O ministro do Alto, jubiloso, solicitou-lhe o concurso no refazimento de um homem chagado e aflito que anelava a beatitude edênica.

O consertador não hesitou.

Absolutamente inacessível aos petitórios do infortunado, queimou-lhe as úlceras com atenção e rigor, pondo-o em posição de elevar-se.

Terminada a tarefa, o anjo retornou e requisitou-lhe a cooperação em benefício de um jovem perdido em maus costumes.

O restaurador tomou o rapaz à sua conta e deu-lhe trabalho e contenção, com tamanho tirocínio, que, em tempo breve, a tarefa se fazia completa.

E, assim, o emissário de Cima pediu-lhe colaboração em diversos casos complexos de reestruturação física e moral, até que, um dia, o emérito educador, entediado da existência imperfeita na Terra, implorou ao administrador angélico a necessária permissão para seguir em companhia dele, na direção do Céu.

O embaixador sublime revistou-o, minuciosamente, e informou que também ele devia preparar-se com vistas ao grande cometimento; mostrou-lhe os pés irregulares, os braços deficientes e os olhos defeituosos e rogou, dessa vez, reajustasse ele a si mesmo, a fim de elevar-se.

O disciplinador começou a obra de autoaprimoramento, esperançoso e otimista; entretanto, o seu antigo martelo lhe feria agora tão rudemente a própria carne que ele, ao invés de consertar os pés, os braços e os olhos, caiu a contorcer-se no chão, desditoso e revoltado, proferindo blasfêmias e vomitando injúrias contra Deus e o mundo, quase paralítico e quase cego.

Ele mesmo não suportara o regime de salvação que aplicara aos outros e o próprio anjo amigo, ao reencontrá-lo, com extrema dificuldade o identificou, tão diferente se achava.

Findo o longo exame a que submeteu o infortunado, o mensageiro do Eterno não teve outro recurso senão confiá-lo a outros educadores para que o reajustamento necessário se fizesse, com o mesmo rigor salutar com que funcionara para os outros, a fim de que o notável consertador se aperfeiçoasse, convenientemente, para, então, ingressar no Paraíso.

Diante da estranheza que senhoreara o ânimo dos presentes, o Senhor concluiu:

— Usemos de paciência e amor em todas as obras de corrigenda e aprendamos a suportar as medidas com que buscamos melhorar a posição daqueles que nos cercam, porque para cada Espírito chega sempre um momento em que deve ser burilado, com eficiência e segurança, para a Luz Divina.


Neio Lúcio












Clélia Duplantier - Livro Obras Póstumas - Allan Kardec - 1ª parte - Cap. 18 - Questões e problemas - As expiações coletivas



Clélia Duplantier - Livro Obras Póstumas - Allan Kardec - 1ª parte - Cap. 18 - Questões e problemas


As expiações coletivas


1. Questão. — O Espiritismo explica perfeitamente a causa dos sofrimentos individuais, como consequências imediatas das faltas cometidas na existência precedente, ou como expiação do passado; mas, uma vez que cada um só é responsável pelas suas próprias faltas, não se explicam satisfatoriamente as desgraças coletivas que atingem as aglomerações de indivíduos, às vezes, uma família inteira, toda uma cidade, toda uma nação, toda uma raça, e que se abatem tanto sobre os bons, como sobre os maus, assim sobre os inocentes, como sobre os culpados.

Resposta — Todas as leis que regem o Universo, sejam físicas ou morais, materiais ou intelectuais, foram descobertas, estudadas, compreendidas, partindo-se do estudo da individualidade e do da família para o de todo o conjunto, generalizando-as gradualmente e comprovando-se-lhes a universalidade dos resultados.

Outro tanto se verifica hoje com relação às leis que o estudo do Espiritismo dá a conhecer. Podem aplicar-se, sem medo de errar, as leis que regem o indivíduo à família, à nação, às raças, ao conjunto dos habitantes dos mundos, os quais formam individualidades coletivas. Há as faltas do indivíduo, as da família, as da nação; e cada uma, qualquer que seja o seu caráter, se expia em virtude da mesma lei. O algoz, relativamente à sua vítima, quer indo a encontrar-se em sua presença no espaço, quer vivendo em contato com ela numa ou em muitas existências sucessivas, até à reparação do mal praticado. O mesmo sucede quando se trata de crimes cometidos solidariamente por um certo número de pessoas. As expiações também são solidárias, o que não suprime a expiação simultânea das faltas individuais.

Três caracteres há em todo homem: o do indivíduo, do ser em si mesmo; o de membro da família e, finalmente, o de cidadão. Sob cada uma dessas três faces pode ele ser criminoso e virtuoso, isto é, pode ser virtuoso como pai de família, ao mesmo tempo que criminoso como cidadão e reciprocamente. Daí as situações especiais que para si cria nas suas sucessivas existências.

Salvo alguma exceção, pode-se admitir como regra geral que todos aqueles que numa existência vêm a estar reunidos por uma tarefa comum já viveram juntos para trabalhar com o mesmo objetivo e ainda reunidos se acharão no futuro, até que hajam atingido a meta, isto é, expiado o passado, ou desempenhado a missão que aceitaram.

Graças ao Espiritismo, compreendeis agora a justiça das provações que não decorrem dos atos da vida presente, porque reconheceis que elas são o resgate das dívidas do passado. Por que não haveria de ser assim com relação às provas coletivas? Dizeis que os infortúnios de ordem geral alcançam assim o inocente, como o culpado; mas, não sabeis que o inocente de hoje pode ser o culpado de ontem? Quer ele seja atingido individualmente, quer coletivamente, é que o mereceu. Depois, como já o dissemos, há as faltas do indivíduo e as do cidadão; a expiação de umas não isenta da expiação das outras, pois que toda dívida tem que ser paga até à última moeda. As virtudes da vida privada diferem das da vida pública. Um, que é excelente cidadão, pode ser péssimo pai de família; outro, que é bom pai de família, probo e honesto em seus negócios, pode ser mau cidadão, ter soprado o fogo da discórdia, oprimido o fraco, manchado as mãos em crimes de lesa-sociedade. Essas faltas coletivas é que são expiadas coletivamente pelos indivíduos que para elas concorreram, os quais se encontram de novo reunidos, para sofrerem juntos a pena de talião, ou para terem ensejo de reparar o mal que praticaram, demonstrando devotamento à causa pública, socorrendo e assistindo aqueles a quem outrora maltrataram. Assim, o que é incompreensível, inconciliável com a justiça de Deus, se torna claro e lógico mediante o conhecimento dessa lei.

A solidariedade, portanto, que é o verdadeiro laço social, não o é apenas para o presente; estende-se ao passado e ao futuro, pois que as mesmas individualidades se reuniram, reúnem e reunirão, para subir juntas a escala do progresso, auxiliando-se mutuamente. Eis aí o que o Espiritismo faz compreensível, por meio da equitativa lei da reencarnação e da continuidade das relações entre os mesmos seres.


Clélia Duplantier










Léon Denis - Livro Giovana - O Porquê da Vida - Cap. VI, Pág. 126 - Justiça e progresso



Léon Denis - Livro O Porquê da Vida - Cap. VI, Pág. 126


Justiça e progresso


(...) Horas sucedem-se às horas. Maurício lá está, meio inclinado sobre esse fogo que crepita e cuja fumaça se espalha na atmosfera úmida. Sonha a felicidade que fugiu, as esperanças perdidas. O desânimo de novo se apodera dele; o desgosto da vida, esse desgosto amargo de outrora, o invade novamente; idéias de suicídio germinam no íntimo do seu pensamento. Anoitece e o fogo vai-se extinguir; Maurício, porém, compraz-se nessa obscuridade cada vez mais completa. Um farfalhar faz-se ouvir atrás de si. Volta-se e nada vê. Foi sem dúvida o barulho do vento ou os passos da criada no quarto próximo. Perto da chaminé há um piano, cujas teclas estão mudas desde muito tempo. De repente, escapam-se sons desse móvel hermeticamente fechado. Confuso, de surpresa, Maurício presta atenção. Essa música é muito sua conhecida, é uma ária de Mignon, a predileta de Giovana e que ela gostava de tocar à tarde, depois do jantar.

O coração de Maurício confrange-se; seus olhos se umedecem de lágrimas. Levanta-se e rodeia o piano ninguém! o banco está vazio. Volta para o seu lugar. Será uma ilusão dos sentidos? Uma sombra branca ocupa a poltrona que ele havia deixado. Tremendo, aproxima-se.

Esses olhos, esse olhar límpido, esses cabelos louros como espigas maduras, essa boca sorridente, esse talhe esbelto, alto, é a imagem de Giovana. Oh! magia! então o túmulo restitui os seus hóspedes! Uma voz vem acariciar-lhe os ouvidos: "Amigo, nada receies, sou eu mesma, não tentes tocar-me, não sou mais que um Espírito. Não te aproximes mais, escuta-me."

Maurício ajoelha-se, chora: "ó meu anjo, ó minha noiva, és tu, então?"

- “Sim, sou tua noiva, tua muito antes desta vida. Escuta, um laço eterno nos une. Nós nos conhecemos há séculos, temos vivido lado a lado sobre muitas plagas, temos percorrido muitas existências. A primeira vez que te encontrei na Terra, era eu bem fraca, bem tímida e a vida então era dura. Tu me tomaste pela mão, me serviste de apoio; desde esse momento, não nos deixamos mais. Sempre seguíamos um ao outro em nossas vidas materiais, andando no mesmo caminho, amando-nos, sustentando-nos um ao outro. Metido em combates, em empresas guerreiras, tu não podias realizar os progressos necessários para que teu Espírito livre, purificado, pudesse deixar este mundo grosseiro. Deus quis experimentar-te; separou-nos. Eu podia elevar-me para outras esferas mais felizes, enquanto que tu devias prosseguir sozinho a tua prova aqui embaixo. Preferi, porém, esperar-te no espaço. Efetuaste duas existências desde então e, durante seu curso, testemunha invisível de teus pensamentos, não cessei de velar”. por ti. Cada vez que a morte arrancava tua alma à matéria, tu me reencontravas e o desejo de te elevares fazia-te retomar com mais ardor o fardo da encarnação. Desta vez eu também pedi, tanto supliquei ao Senhor, que ele me permitiu voltar a Terra, tomar aí um corpo e ser uma voz para ensinar-te o bem, a verdade. Nossos amigos no espaço nos aproximaram, nos reuniram, mas por um tempo limitado. Eu não podia ficar mais tempo neste planeta: meu papel estava preenchido. Não devia ser tua aqui na Terra.

“Chegou à hora em que os Espíritos podem, segundo a permissão divina, comunicar-se com os humanos. Assim, eu torno a vir para guiar-te, encorajar-te, consolar-te. Se queres que esta existência terrestre seja a última para ti, se queres que ao sair dela sejamos reunidos para nunca mais nos separarmos, consagra tua vida a teus irmãos, ensina-lhes a verdade. Dize-lhes que o fim da existência não é adquirir bens efêmeros, mas esclarecer a inteligência, purificar o coração, elevar-se para Deus. Revela-lhes as grandes leis do Universo, a ascensão dos Espíritos para a perfeição. Ensina-lhes as vidas múltiplas e solidárias, os mundos inumeráveis, as humanidades irmãs. Mostra-lhes a harmonia moral que rege o infinito”.

“Deixa após ti as sombras da matéria, as mas paixões; dá a todos o exemplo do sacrifício, do trabalho, da virtude. Tem confiança na divina justiça. Fita a todo o momento a luz longínqua que ilumina o alvo, o alvo supremo, que deve reunir-nos no amor, na felicidade”.

"Põe mãos à obra sem tardança; nós te sustentaremos, nós te inspiraremos. Estarei junto de ti durante a luta,
envolver-te-ei com um fluido benéfico. Assim como nesta tarde, tornar-me-ei novamente visível a teus olhos, revelar-te-ei o que ignoras ainda. E um dia, quando tudo que há em ti de material e ínfimo se tiver dissipado, unidos, confundidos, nos elevaremos juntos para o Eterno, juntando nossas vozes ao hino universal que sobe de esfera em esfera até Ele." 

Encontrei Maurício Ferrand, faz alguns anos, em uma grande cidade, além dos Alpes. Havia começado a sua obra. Pela pena, pela palavra, trabalhava para derramar esta doutrina conhecida pelo nome de Espiritismo. Os sarcasmos e zombarias choviam sobre ele de todas as partes. Cépticos, devotos, indiferentes uniam-se todos para o abaterem. Ele, porém, calmo, resignado, não perseverava menos em sua tarefa. "Que me importa - dizia - o desdém destes homens? Dia virá em que as provas os obrigarão a compreender que esta vida não é tudo, e pensarão em Deus, em seu futuro esplendoroso. Pode ser que então se recordem do que lhes digo. A semente neles lançada poderá germinar. E, além disso, acrescentou, fitando o Espaço - e uma lágrima brilhou em seus olhos -, o que eu faço é para obedecer àqueles que me amam para aproximar-me deles."


Léon Denis









Giovanna (Nouvelle) Paris (1880) - Novela Espírita Escrita por Léon Denis


Joanna de Ângelis - Livro Seja Feliz Hoje - Divaldo P. Franco - Cap. 15 - Libertação



Joanna de Ângelis - Livro Seja Feliz Hoje - Divaldo P. Franco - Cap. 15


Libertação


Há uma escravidão muito mais grave do que aquela de natureza política e social, que impede a faculdade de ir e vir, de comunicar-se com as demais pessoas e fruir os direitos humanos em plena liberdade.

Silenciosa e perversa, castiga de maneira inclemente as suas vítimas e dilacera-lhes os sentimentos enquanto rouba-lhes a paz.

Tanto fustiga o ser poderoso quanto aquele que se vê atirado a situações de dependência do alheio socorro. Não raro, apresenta-se na criatura gentil e amável para com os estranhos, que se transforma em tirano doméstico, responsável por graves e molestas condutas.

Esse escravagista é o apego às coisas e pessoas, paixão detestável que se deriva do egoísmo infeliz.

Equivocadamente, o indivíduo que lhe sofre a constrição  acredita que a posse proporciona-lhe situação de privilégio e passa a lutar para amealhar avidamente tudo quanto se lhe encontra ao alcance.

Faz-se avaro e olvida-se dos comezinhos sentimentos da solidariedade que se encarrega de multiplicar os bens, porque, através da sua ação, quanto mais reparte, mais possui.

Sempre temendo o futuro, supõe que o acúmulo de moedas e de quaisquer outros objetos, incluindo os de valor contábil, faculta-lhe segurança, com total esquecimento de que se encontra em um mundo transitório, em que a relatividade e a incerteza predominam e alteram as mais meticulosas programações.

A situação invejável de hoje se modifica sem aviso prévio, e o destaque de agora se converte em padecimento logo mais. De igual maneira, a desdita e o desespero de certo momento transformam-se em júbilo e tranquilidade logo mais.

Sê cuidadoso na aquisição de recursos para uma existência saudável e uma velhice menos preocupada, no entanto, não te permitas perturbar pelo desenfreado anseio da posse, que termina por possuir aquele que se lhe entrega.

Considera que todos esses valores a que atribuis poder têm-no porque assim o consideras.

Disfarçado, o egoísmo impõe-se-te, irrefreado, e apaixonaste por conquistas de recursos, de animais e de pessoas que seguem no rumo das experiências evolutivas.

Cuida de ser livre dos grilhões do que tens momentaneamente e usas sem cessar, não sendo usado pelo constrangimento desses torpes componentes da vida física.

Liberta-te da avareza, e faze ao teu próximo o que gostarias que ele te fizesse, e sê generoso.

Com incomum sabedoria, Jesus propôs: Busca primeiro o Reino de Deus, e sua justiça e tudo mais te será acrescentado.

Quando se elege o importante e legítimo, aquilo que tem sabor de imortalidade, tudo mais se torna de significado secundário.

É inevitável deixares tudo, inclusive o invólucro carnal através do fenômeno biológico da morte.

Dedicando-te ao Reino de Deus, a tua existência adorna-se de beleza e de significado psicológico. Não será necessário que fujas do mundo, mas que saibas viver na sociedade, respeitando-lhe os padrões de comportamento, com a preservação do sentido moral e ético estabelecido pelo Evangelho.

O que deténs fica, o que és segue contigo.

Valoriza os recursos pela sua utilidade e as posses econômicas na condição da sua indispensabilidade para fomentar o progresso humano e diminuir as aflições que assolam os irmãos sob os camartelos de duras provas e expiações redentoras.

Não submetas ninguém aos teus caprichos em consequência do enganoso poder temporal que logo mais perderás.

Ama e liberta o ser que te fascina, a fim de que ele seja feliz conforme as próprias necessidades e não as tuas vãs aspirações.

Aprende a ser feliz com o de que dispões, libera qualquer tipo de excesso em benefício dos que sofrem carência e se encontram em necessidade.

Alegra-te com a honra de repartir, de poderes servir e, quando haja dúvida na forma de agir, pensa na possibilidade de que poderias ser aquele que ora te solicita. Faze, então, o que anelarias receber.

Acende a luz do bem onde estejas, com quem te encontres, em todo lugar.

Liberta-te do apego, a fim de transitares em paz e poderes alçar voos de plenitude.

Começa exercitando o verbo servir nas tuas experiências diárias, mediante gestos simples de simpatia, até conseguires a doação de tudo que retém na retaguarda.

Verdadeiramente livre é aquele que, em qualquer condição, encontra-se feliz e pleno, sem medo do futuro nem angústias do presente.

Essa conquista, verdadeiro tesouro, somente se consegue através da renovação interior para melhor e do hábito e exercício da solidariedade humana.

A liberdade externa tem sido meta relevante da sociedade na superação dos preconceitos e privilégios infelizes, impostos pela estupidez ancestral de superioridade de classes sociais, de credos, de posses em luta pela igualdade de todas as criaturas humanas.

Não te satisfaças, porém, somente com esta conquista.

Vai além. Sê livre do egoísmo e de suas mazelas perturbadoras.

Viverás além da morte e te utilizarás dos tesouros de amor que consigas acumular na transitória jornada carnal.


Joanna de Ângelis














domingo, 12 de fevereiro de 2023

Joanna de Ângelis - Livro Leis Morais da Vida - Divaldo P. Franco - Cap. 54 - Exigência da fé



Joanna de Ângelis - Livro Leis Morais da Vida - Divaldo P. Franco - Cap. 54


Exigência da fé


Permitir-se a fé — um ato de coragem.

Abandonar vícios e imperfeições — atitude estoica perante a vida.

Superar impedimentos da própria leviandade — esforço hercúleo de elevação.

Facultar-se consciência de dever — maioridade espiritual.

O ato de crer implica, inevitavelmente, no dever de transformar-se, abdicando dos velhos hábitos para impor-se disposições impostergáveis na tarefa da edificação interior.

A comodidade da negação, a permanência da indiferença, a prosaica atitude de observador contumaz, encontram, na fé religiosa, o seu mais temível adversário, porquanto, esta impele o homem a modificações radicais, arrancando-o da inércia em que se compraz para a dinâmica relevante que conduz à felicidade real.

Luta-se contra a crença quanto às realidades da vida indestrutível pela morte e, todavia, ei-la inata no espírito humano. Essa reação, porém, muitos a justificam no utilitarismo, de que se servem, no parasitismo emocional em que se acomodaram e preferem, inconsequentes...

No entanto, mais do que pela falta de "razões" e de "fatos" sobre a supervivência, que os negadores, alegam, não dispõem, isto sim, da coragem para recomeçar em bases novas, "abandonar tudo", renunciar-se e seguir adiante, cobrindo as pegadas deixadas por Jesus.

Impõe-te valentia para desfazer-te do "homem velho" e referta-te com os estímulos da fé, ressarcindo dívidas, remotas e próximas, contribuindo, assim, para o mundo melhor do futuro, mediante a tua própria melhora.

Refletindo nas lições do Evangelho, compreenderás o imperioso convite da fé, e, experimentando as atitudes espíritas, mediante o intercâmbio dos habitantes dos "dois mundos", o espiritual e o material, perceberás o porquê da urgência de incorporar-te à falange dos que creem e lutam, dos que amam e servem, dos que, morrendo, nascem para a vida verdadeira e ditosa...

Além de libertar-te das fúteis querelas e exibições que ocorrem no picadeiro do corpo físico, a fé te concederá visão reconfortante e plenitude em todos os teus dias.

Valoroso, mantém-te confiante nos postulados evangélicos e permite-te, sem titubeios, a fé, com a resolução de quem está disposto a pelejar infatigável até a vitória final com Jesus.


Joanna de Ângelis













Joanna de Ângelis - Livro Seja Feliz Hoje - Divaldo P. Franco - Cap. 1 - Acontecimentos Imprevistos



Joanna de Ângelis - Livro Seja Feliz Hoje - Divaldo P. Franco - Cap. 1


Acontecimentos Imprevistos


Enquanto a barca da reencarnação navegava nas águas tranquilas do prazer, todos os acontecimentos eram enriquecidos pelos sorrisos, pela imensa alegria de viver. Tinhas a impressão de que te encontravas no verdadeiro paraíso, sem maiores preocupações com o processo da evolução.

Inesperadamente, porém, foste surpreendido por ocorrências imprevistas e te encontras tomado de surpresa e desencanto, acreditando-te desamparado e sem o socorro da Divina Providência.

Sucede que a Terra é escola abençoada que faculta o progresso intelecto-moral dos Espíritos que nela se reencarnam. Invariavelmente são devedores das Leis Soberanas da Vida que desfrutam da oportunidade feliz de reparação dos desvios que se permitiram em existências anteriores.

Tais sucessos imprevistos objetivam convocá-los para a reflexão e libertação dos encantos do prazer, ensinando-os a encarar a transitoriedade do corpo ante a realidade de seres imortais que são.

Nesse sentido, o sofrimento se apresenta como benfeitor, por despertar a consciência adormecida a propor-lhes a visão correta para o comportamento durante a existência.

Não poucas vezes, tudo parece transcorrer normalmente, estão programadas pelos cuidados pessoais as metas para o futuro, e desencarna um ser querido, deixando soledade e amargura.

Noutras ocasiões, os negócios que funcionavam em ordem sofrem alteração e a empresa muito bem estruturada decompõe-se e cerra as suas portas.

Certos dias apresentam-se assinalados por desencantos, e a afetividade que parecia preencher os espaços emocionais, experimenta choques variados, com resultados de desalento e de dor.

Em momentos outros, enfermidades degenerativas ou simplesmente vigorosas apresentam-se com volúpia e produzem debilitação das forças numa conspiração aparente contra o bem-estar e a harmonia do organismo.

Repentinamente surgem conflitos que se ignorava e transtornos emocionais sacodem o indivíduo, ferem a alegria e perturbam a emoção.

Sempre surgem em todas as vidas esses fenômenos inesperados, porque fazem parte do programa de iluminação da humanidade.

Ninguém que se encontre indene à sua ocorrência.

Eles se apresentam e esperam ser bem recebidos, mesmo marchetando a alma e retirando a aparente tranquilidade.

O físico é mundo das ilusões e das fantasias.

O espiritual é aquele de onde se procede e para onde se retorna.

A vida na Terra expressa-se conforme o nível de consciência e de evolução de cada criatura.

Resultado das ações anteriores, as ocorrências têm lugar conforme a origem, sempre proporcionando recursos de transformação moral.

Dessa forma, exercita o desapego de tudo quanto te retém na retaguarda.

Começa a libertar-te das coisas e questões que não podes conduzir para sempre.

Treina a simplicidade de coração e a fraternidade legítima, repartindo com o teu próximo tudo quanto representa excesso e que o egoísmo retém, em mecanismo de precaução para o futuro.

A sede de prazeres e a ânsia de poder constituem grandes adversários do processo auto iluminativo, mantendo o indivíduo nas paixões imediatistas o que o impede de viver as saudáveis experiências da renúncia e da abnegação.

Qualquer forma de apego é prejudicial ao Espírito, que se deve descondicionar das falsas necessidades que a modernidade impõe.

O essencial é sempre menos volumoso e significativo do que o secundário, que se apresenta como de grande importância. O seu valor, porém, é atribuído por aquele que se lhe agarrar, destituído, no entanto, das qualidades que lhe são concedidas.

Espera da existência todos os tipos de acontecimentos, especialmente esses que moritificam pelo despreparo para o seu enfrentamento.

Quando se pensa na própria fragilidade, no fenômeno da morte, que exige apenas uma condição, que é estar no corpo físico, robustece-se a coragem e a fé amplia-se na direção do futuro, tornando-se uma couraça protetora que nada consegue penetrar de forma prejudicial.

Comportamento de tal natureza pode ser considerado como a busca da Verdade, a que se referiu Jesus, quando informou: - Busca primeiro o Reino de Deus e sua justiça e tudo mais vos será acrescentado.

Pilatos Lhe havia interrogado o que era a Verdade. Teria, porém, condições para a atender, atropelado pelos interesses doentios do poder temporal, das paixões de raça e dos caprichos da governança? Jamais lhe ocorreu que estava sobre areia movediça que o tragou depois da morte do imperador Tibério, quando então foi mandado para o exílio, no qual se suicidou.

Assim sucede com os enganos que o ego engendra e o ser se aferra, preservando ilusões por falta de coragem e estrutura moral para enfrentar a realidade na qual se encontra e procura não se dar conta.

Assim sendo, não consideres como infortúnios os acontecimentos imprevistos que te convoquem a mudanças radicais de conduta para melhor.

O Reino dos Céus está entre vós, enunciou Jesus.

É necessário ter-se olhos de ver e ouvidos de ouvir para deixar-se penetrar pela sua realidade e incorporá-la ao cotidiano.

Supera as fantasias da mente, disciplinando o pensamento, de modo que o conduzas de forma edificante e prazenteira para toda a existência, assim como para depois da desencarnação, quando despertarás conforme és e não com o que reuniste e fixaste como de tua posse.


Joanna de Ângelis







(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na tarde do dia 5 de junho de 2014, na residência de Dominique e Armandine Chéron, em Vitry-sur-Seine, França).


sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

André Luiz - Livro No Mundo Maior - Chico Xavier - Cap. 1 - Entre dois Planos



André Luiz - Livro No Mundo Maior - Chico Xavier - Cap. 1


Entre dois Planos


Esplendia o luar, revestindo os ângulos da paisagem de intensa luz. Maravilhosos cúmulos a Oeste, espraiados no horizonte, semelhavam-se a castelos de espuma láctea, perdidos no imenso azul; confinando com a amplidão, o quadro terrestre contrastava com o doce encantamento do alto, deixando entrever a vasta planície, recamada de arvoredo em pesado verde-escuro. Ao Sul, caprichosos cirros reclinavam-se do Céu sobre a Terra, simbolizando adornos de gaze esvoaçante; evoquei, nesse momento, a juventude da Humanidade encarnada, perguntando a mim mesmo se aquelas bandas alvas do firmamento não seriam faixas celestiais a protegerem o repouso do educandário terrestre.

A solidão imponente do plenilúnio infundia-me quase terror pela melancolia de sua majestosa e indizível beleza.

A ideia de Deus envolvia-me o pensamento, arrancando-me notas de respeito e gratidão, que eu, entretanto, não chegava a emitir. Em plena casa da noite, rendia culto de amor ao Eterno, que lhe criara os fundamentos sublimes de silêncio e de paz, em refrigério das almas encarnadas na Crosta da Terra.

O luminoso disco lunar irradiava, destarte, maravilhosas sugestões. Aos seus reflexos, iniciara-se a evolução terrena, e numerosas civilizações haviam modificado o curso das experiências humanas. Aquela mesma lâmpada suspensa clareara o caminho dos seres primitivos, conduzira os passos dos conquistadores, norteara a jornada dos santos. Testemunha impassível, observara a fundação de cidades suntuosas, acompanhando-lhes a prosperidade e a decadência; contemplara as incessantes renovações da geografia política do mundo; brilhara sobre a testa coroada dos príncipes e sobre o cajado de misérrimos pastores; presenciava, todos os dias, há longos milênios, o nascimento e a morte de milhões de seres. Sua augusta serenidade refletia a paz divina. Cá em baixo, desencarnados e encarnados, possuidores de relativa inteligência, podíamos proceder a experimentos, reparar estradas, contrair compromissos ou edificar virtudes, entre a esperança e a inquietação, aprendendo e recapitulando sempre; mas a Lua, solitária e alvinitente, trazia-nos a ideia da tranquilidade inexpugnável da Divina Lei.

— A região do encontro está próxima.

A palavra do Assistente Calderaro interrompeu-me a meditação.

O aviso fazia-me sentir o trabalho, a responsabilidade; lembrava, sobretudo, que não me encontrava só.

Não viajávamos, ambos, sem objetivo.

Em breves minutos, partilharíamos os trabalhos do Instrutor Eusébio, abnegado paladino do amor cristão, em serviço de auxílio a companheiros necessitados.

Eusébio dedicara-se, de há muito, ao ministério do socorro espiritual, com vastíssimos créditos em nosso Plano. Renunciara a posições de realce e adiara sublimes realizações, consagrando-se inteiramente aos famintos de luz. Superintendia prestigiosa organização de assistência em zona intermediária, atendendo a estudantes relativamente espiritualizados, pois ainda jungidos ao Círculo carnal, e a discípulos recém-libertos do campo físico.

A enorme instituição, a que dedicava direção fulgurante, regurgitava de almas situadas entre as Esferas inferiores e as superiores, gente com imensidão de problemas e de indagações de toda a espécie, a requerer-lhe paciência e sabedoria; entretanto, o indefesso missionário, mau grado ao constante acúmulo de serviços complexos, encontrava tempo para descer semanalmente à Crosta Planetária, satisfazendo interesses imediatos de aprendizes que se candidatavam ao discipulado, sem recursos de elevação para vir ao encontro de seu verbo iluminado, na sede superior.

Não o conhecia pessoalmente. Calderaro, porém, recebia-lhe a orientação, de conformidade com o quadro hierárquico, e a ele se referira com o entusiasmo do subordinado que se liga ao chefe, guardando o amor acima da obediência.

O Assistente, a seu turno, prestava serviço ativo na própria Crosta da Terra, a atender, de modo direto, aos irmãos encarnados. Especializara-se na ciência do socorro espiritual, naquela que, entre os estudiosos do mundo, poderíamos chamar “psiquiatria iluminada”, setor de realizações que há muito tempo me seduzia.

Dispondo de uma semana sem obrigações definidas, dentre os encargos que me diziam respeito, solicitei ingresso na turma de adestramento, da qual se fizera Calderaro eminente orientador, tendo-me ele aceito com a gentileza característica dos legítimos missionários do bem e propondo-se conduzir-me carinhosamente. Encontrava-se em oportunidade favorável aos meus propósitos de aprender, pois a equipe de preparação, que lhe recebia ensinamentos, excursionava em outra região, a labutar em atividades edificantes; à vista disso, poderia dispensar-me toda a atenção, auxiliando-me os desejos.

Os casos que lhe eram atinentes, explicou-me solícito, não apresentavam continuidade substancial: desdobravam-se; constituíam obra de improviso, obedeciam ao inopinado das ordens de serviço ou das situações. Noutros campos de ação, fazia-se imprescindível o roteiro, previstas as condições e as circunstâncias. No quadro de responsabilidades, porém, que lhe estavam afetas, diferiam as normas; importava acompanhar os problemas, quais imprevistas manifestações da própria vida. Em virtude de tais flutuações, não traçava, a rigor, programas quanto a particularidades. Executava os deveres que lhe competiam, onde, como e quando determinassem os desígnios superiores. O escopo fundamental da tarefa circunscrevia-se ao socorro imediato aos infelizes, evitando-se, quanto possível, a loucura, o suicídio e os extremos desastres morais. Para isto, o missionário atuante era compelido a conhecer profundamente o jogo das forças psíquicas, com acendrado devotamento ao bem do próximo. Calderaro, neste particular, não deixava perceber qualquer dúvida. A bondade espontânea lhe era indício da virtude, e a inquebrantável serenidade revelava-lhe a sabedoria.

Não lhe gozava o convívio desde muitos dias. Abraçara-o na véspera pela primeira vez; bastou, no entanto, um minuto de sintonia, para que se estabelecesse entre nós sadia intimidade. Embora lhe reconhecesse a sobriedade verbal, desde o momento do nosso encontro permutávamos impressões como velhos amigos.

Seguindo-lhe, pois, os passos, afetuosamente, de alma edificada na fraternidade e na confiança, vi-me a reduzida distância de extenso parque, em plena natureza terrestre.

Em torno, árvores robustas, de copas farfalhantes, alinhavam-se, à maneira de sentinelas adrede postadas para velar-nos pelos serviços.

O vento passava cantando, em surdina; no recinto iluminado de claridades inacessíveis à faculdade receptiva do olhar humano, aglomeravam-se algumas centenas de companheiros, temporariamente afastados do corpo físico pela força liberativa do sono.

Amigos de nossa Esfera atendiam-nos com desvelo, mostrando interesse afetivo, prazer de servir e santa paciência. Reparei que muitos se mantinham de pé; outros, contudo, se acomodavam nas protuberâncias do solo alcatifado de relva macia, em palestra grave e respeitosa.

Ambientando-me para aquela hora de extrema beleza espiritual, Calderaro avisou-me:

— Na reunião de hoje o Instrutor Eusébio receberá estudantes do espiritualismo, em suas correntes diversas, que se candidatam aos serviços de vanguarda.

— Oh! — exclamei, curioso — Não se trata, pois, de assembleia, que agrupe indivíduos filiados indiscriminadamente às escolas da fé?

O Assistente esclareceu, de pronto:

— A medida não seria aconselhável no círculo de nossa especialidade. O Instrutor afeiçoou-se ao apostolado de assistência a criaturas encarnadas e a recém-libertas da zona física, em particular, precisando aproveitar o tempo com as horas de preleção, para o máximo de aproveitamento. A heterogeneidade de princípios em centenas de indivíduos, cada qual com sua opinião, obrigaria a digressões difusas, acarretando condenáveis desperdícios de oportunidades. [No cap. 15 André Luiz descreve outra reunião como esta direcionada a católicos e evangélicos]

Fixou a multidão demoradamente, e acrescentou:

— Temos aqui, em cálculo aproximado, mil e duzentas pessoas. Deste número oitenta per cento se constituem de aprendizes dos templos espiritualistas, em seus ramos diversos, ainda inaptos aos grandes voos do conhecimento, conquanto nutram fervorosas aspirações de colaboração no Plano Divino. São companheiros de elevado potencial de virtudes. Exemplificam a boa vontade, exercitam-se na iluminação interior através de esforço louvável; contudo, ainda não criaram o cerne da confiança para uso próprio. Tremem ante as tempestades naturais do caminho e hesitam no círculo das provas necessárias ao enriquecimento da alma, exigindo de nós particular cuidado, pois que, pelos seus testemunhos de diligência na obra espiritualizante, são os futuros instrumentos para os serviços da frente. Apesar da claridade que lhes assinala as diretrizes, ainda padecem desarmonias e angústias, que lhes ameaçam o equilíbrio incipiente. Não lhes falece, porém, a assistência precisa. Instituições de restauração de forças abrem-lhes as portas acolhedoras em nossas Esferas de ação. A libertação pelo sono é o recurso imediato de nossas manifestações de amparo fraterno. A princípio, recebem-nos a influência inconscientemente; em seguida, porém, fortalecem a mente, devagarinho, gravando-nos o concurso na memória, apresentando ideias, alvitres, sugestões, pareceres e inspirações beneficentes e salvadoras, através de recordações imprecisas.

Fez breve pausa e concluiu:

— Os demais são colaboradores de nosso Plano em tarefa de auxílio.

A organização dos trabalhos era digna de sincera admiração. Estávamos num campo substancialmente terrestre. A atmosfera, impregnada de aromas que o vento espargia em torno, recordava-me o lar na Terra, contornado de seu jardim, em noite cálida.

Que teria eu realizado no mundo físico se recebesse, em outro tempo, aquela bendita oportunidade de iluminação? Aquele punhado de mortais, sob os raios da Lua, afigurou-se-me assembleia de privilegiados, favorecidos por celestes numes. Milhões de homens e mulheres a dormir em cidades próximas, algemados aos interesses imediatos e ansiando a permuta das mais vis sensações, nem de longe suspeitariam a existência daquela original aglomeração de candidatos à luz íntima, convocados à preparação intensiva para incursões mais longas e eficientes na espiritualidade superior. Teriam a noção do sublime ensejo que lhes aprazia? aproveitariam a dádiva com suficiente compreensão dos valores eternos? marchariam desassombrados para a frente, ou estacionariam ao contato dos primeiros óbices, no esforço iluminativo?

Calderaro percebeu-me as silenciosas perquirições e acrescentou:

— Nossa comunidade de trabalho se dedica, essencialmente, à manutenção do equilíbrio. Não ignoras que a modificação do plano mental das criaturas ninguém jamais a impõe: é fruto de tempo, de esforço, de evolução; e o edifício da sociedade humana, em o atual momento do mundo, vem sendo abalado nos próprios alicerces, compelindo imenso número de pessoas a imprevistas renovações. Certo, não te surpreenderás se eu disser que, em face do surto da inteligência moderna, que embate na paralisia do sentimento, periclita a razão. O progresso material atordoa a alma do homem desatento. Grandes massas, há séculos, permanecem distanciadas da luz espiritual. A civilização puramente científica é um Saturno devorador, e a humanidade de agora se defronta com implacáveis exigências de acelerado crescer mental. Daí o agravo de nossas obrigações no setor da assistência. As necessidades de preparação do espírito intensificam-se em ritmo assustador.

Nesse instante, alcançamos a multidão pacífica.

Meu interlocutor sorriu, frisando:

— O acaso não opera prodígios. Qualquer realização há que planejar, atacar, pôr a termo. Para que o homem físico se converta em homem espiritual, o milagre exige muita colaboração de nossa parte.

Lançou-me olhar significativo e concluiu:

— As asas sublimes da alma eterna não se expandem nos acanhados escaninhos de uma chocadeira. Há que trabalhar, brunir, sofrer.

Nesse momento, aproximou-se alguém dirigindo-nos a palavra: era um solícito companheiro, informando-nos que Eusébio penetrara o recinto. Efetivamente, em saliência próxima, comparecia o missionário, ladeado por seis assessores, todos envoltos em halos de intensa luz.

O abnegado orientador não exibia os traços de venerável senectude com que em geral imaginamos os apóstolos das revelações divinas; mostrava-se-nos com a figura dos homens robustos, em plena madureza espiritual; os olhos escuros e tranquilos pareciam fontes de imenso poder magnético. Contemplava-nos sorridente, qual simples colega.

A presença dele impusera, porém, respeitoso silêncio. Cessaram todas as conversações que aqui e ali se entretinham, e ante os fios de luz que os trabalhadores de nosso Plano teciam em derredor, isolando-nos de qualquer assédio eventual das forças inferiores, apenas o vento calmo erguia a voz, sussurrando algo de belo e misterioso à folhagem.

Sentamo-nos todos, à escuta, enquanto o Instrutor se mantinha de pé; observando-o, quase frente a frente, eu podia agora apreciar-lhe a figura majestosa, respirando segurança e beleza. Do rosto imperturbável, a bondade e a compreensão, a tolerância e a doçura irradiavam simpatia inexcedível. A túnica ampla, de tom verde-claro, emitia esmeraldinas cintilações. Aquela vigorosa personalidade infundia veneração e carinho, confiança e paz.

Consolidada a quietude no ambiente, elevou a destra para o Alto e orou com inflexão comovedora:


Senhor da vida,

Abençoa-nos o propósito

De penetrar o caminho da Luz!…


Somos Teus filhos,

Ainda escravos de círculos restritos,

Mas a sede do Infinito

Dilacera-nos os véus do ser.


Herdeiros da imortalidade,

Buscamos-Te as fontes eternas,

Esperando, confiantes, em Tua misericórdia.


De nós mesmos, Senhor, nada podemos.

Sem Ti, somos frondes decepadas

Que o fogo da experiência

Tortura ou transforma…


Unidos, no entanto, ao Teu Amor,

Somos continuadores gloriosos

De Tua Criação Interminável.


Somos alguns milhares

Neste campo terrestre;

E, antes de tudo,

Louvamos-Te a grandeza

Que não nos oprime a pequenez…


Dilata-nos a percepção diante da vida,

Abre-nos os olhos

Enevoados pelo sono da ilusão,

Para que divisemos Tua glória sem fim!…

Desperta-nos docemente o ouvido,

A fim de percebermos o cântico

De tua sublime eternidade.

Abençoa as sementes de sabedoria

Que os teus mensageiros esparziram

No campo de nossas almas;

Fecunda-nos o solo interior,

Para que os divinos germens não pereçam.


Sabemos, Pai,

Que o suor do trabalho

E a lágrima da redenção

Constituem adubo generoso

À floração de nossas sementeiras;

Todavia,

Sem Tua bênção,

O suor enlanguesce

E a lágrima desespera…

Sem Tua mão compassiva,

Os vermes das paixões

E as tempestades de nossos vícios

Podem arruinar-nos a lavoura incipiente…


Acorda-nos, Senhor da Vida,

Para a luz das oportunidades presentes;

Para que os atritos da luta não as inutilizem,

Guia-nos os pés para o supremo bem;

Reveste-nos o coração

Com a Tua serenidade paternal,

Robustecendo-nos a resistência!

Poderoso Senhor,

Ampara-nos a fragilidade,

Corrige-nos os erros,

Esclarece-nos a ignorância,

Acolhe-nos em Teu amoroso regaço.


Cumpram-se, Pai Amado,

Os Teus desígnios soberanos,

Agora e sempre.

Assim seja.


Finda a comovente rogativa, o orientador baixou os olhos nevoados de pranto, e então vi, dominado de júbilo, que da incognoscível altura uma claridade diferente caía sobre nós, em jorros cristalinos.

Partículas semelhantes a prata eterizada choviam no recinto, infiltrando-se nas raízes das árvores mais próximas, lá fora.

Ignoto encantamento fizera-se em minhalma. Ao contato dos eflúvios divinos, reparei que minhas forças gradualmente serenavam, em receptividade maravilhosa. Em torno, pairavam as mesmas notas de alegria e de beleza, pois a calma e a ventura transpareciam de todos os rostos voltados, extáticos, para o Instrutor, em redor do qual se mostravam mais intensas as ondas de luz celeste.

Sublime felicidade inundava-me todo o ser, mergulhara-me em indefinível banho de energias renovadoras.

Meus olhos foram impotentes para conter as lágrimas felizes que as formosas cintilações me destilavam das fontes ocultas do espírito. E, antes que o nobre mentor retomasse a palavra, agradeci em silêncio a resposta do Céu, reconhecendo na prece, mais uma vez, não só a manifestação da reverência religiosa, senão também o recurso de acesso aos inesgotáveis mananciais do Divino Poder.


André Luiz



Fonte: Bíblia do Caminho † Testamento Xavieriano



VÍDEO: 

No Mundo Maior - Cap. 01 - Entre dois planos
O Espírito da Letra

Apresentação: André Luiz Ruiz





O Espírito da Letra - No Mundo Maior - Analisando a obra de André Luiz psicografia de Chico Xavier. 

"Esplendia o luar, revestindo os ângulos da paisagem de intensa luz. Maravilhosos cúmulos a Oeste, espraiados no horizonte, semelhavam-se a castelos de espuma láctea, perdidos no imenso azul; confinando com a amplidão, o quadro terrestre contrastava com o doce encantamento do alto, deixando entrever a vasta planície, recamada de arvoredo em pesado verde-escuro..." - André Luiz. 

Produção - TV Alvorada Espírita - http://www.tvalvoradaespirita.com.br 

Realização - TV Mundo Maior - http://www.tvmundomaior.com.br


Haroldo Dutra Dias "Prece de Eusébio"





Orações Diárias são leituras de orações enviadas por Espíritos diversos do livro "À Luz da Oração" que foi psicografada por Francisco Cândido Xavier.