Allan Kardec - O Livro dos Espíritos - 3ª Parte - Das leis morais - Cap. I - Lei de adoração
Sacrifícios
672. A oferenda de frutos da terra, feita a Deus, tinha a Seus olhos mais mérito do que o sacrifício dos animais?
“Já vos respondi, declarando que Deus julga segundo a intenção, e que para Ele pouca importância tinha o fato em si. Mais agradável evidentemente era a Deus que Lhe oferecessem frutos da terra, em vez do sangue das vítimas. Como temos dito e sempre repetiremos, a prece proferida do fundo da alma é cem vezes mais agradável a Deus do que todas as oferendas que Lhe possais fazer. Repito que a intenção é tudo, que o fato nada vale.”
Allan Kardec
O Livro dos Espíritos comentado pelo Espírito Miramez
Questão 672 comentada
A oferenda de frutos já é mais um passo que os seres humanos deram na escala do seu progresso. De animais para frutos, sendo que hoje alguns já passaram para as fumaças e preces decoradas, os seres humanos, e mesmos alguns Espíritos, querem agradar a Deus com alguma coisa, por ainda não serem capazes de oferecer a Ele o esforço próprio para melhorarem a sua vida.
A melhor oração que se deve fazer, se já se encontra na condição de senti-la, é o esforço no aprimoramento consciente da alma. Exercitar todos os dias é um trabalho valioso, que faz sorrir os Espíritos elevados.
O homem consciente da verdade reconhece que a Deus não interessa a oferenda de sangue de animais, de homens, ou mesmo de frutos. São Espíritos inferiores que requerem coisas materiais, por estarem ainda ligados à Terra, por processos de paixões inferiores que ainda alimentam.
Infelizmente, ainda se vêem no mundo oferendas grosseiras nos terreiros, onde a cultura espiritualista não existe, sacrificando animais, e os que se dizem instrumentos de Espíritos ignorantes tomando o sangue quente dos irmãos inferiores e ofertando aos mesmos deuses do passado o mesmo líquido rubro dos pobres seres que vêm à nossa retaguarda.
A Doutrina dos Espíritos chegou na hora certa para falar a verdade, e devemos raciocinar sobre a mensagem recebida do mundo espiritual e provar se ela "provém de Deus", no dizer do apóstolo João. Para o homem educado no Evangelho, esse ato que não condiz com o amor deve ficar esquecido. Estamos no carro da evolução que o progresso aciona sempre. Não devemos olhar para trás, para não nos tornarmos pedras. O espírita esclarecido não deve perder tempo com coisas vãs; o dinheiro que se gasta com velas, bebidas fortes, farofas e alguma coisa mais, em oferenda aos Espíritos inferiores, deve-se gastar para alimentar os próprios homens, seus irmãos que passam fome, que se encontram nus e sem teto e que, talvez, sejam até parentes daqueles a quem se está fazendo essas ofertas, que são incompatíveis com os tempos atuais.
Quase sempre notamos que os ofertantes são pessoas que não possuem aquilo que doam; esquecem-se deles, para ofertar e alimentar vícios espirituais. O tempo chegou para nos dizer "basta". Os homens já não são mais crianças; a maturidade é o sinal para se amar a Deus sobre todas as coisas, em Espírito e verdade. Tornamos a repetir que a melhor oferenda a Deus, e mesmos aos guias espirituais que nos circundam, é o amor, é o esforço em adquirir e alimentar as virtudes evangélicas, agradecendo ao Senhor por tudo que recebemos pelos canais de Jesus, em se usando a natureza.
Estamos sendo chamados e escolhidos para a grande guerra, no eterno da intimidade de cada um, luta essa que somente nós mesmos somos capazes de vencer, e as armas para tal desempenho são o amor e a caridade. Somente essa dupla salva, sob as bênçãos de Deus e de Cristo. Acordemos e vamos nas pegadas do Mestre dos mestres, porque Ele é o representante direto de Deus na Terra.
Miramez
Filosofia Espírita - Vol. XIV - João Nunes Maia
Cap. 9 - Oferenda de frutos
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