Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto
Formas-pensamentos
"Mas onde a influência moral do médium se faz realmente sentir é quando este substitui suas idéias pessoais às que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir; é então quando haure na sua imaginação as teorias fantásticas que ele próprio crê, de boa-fé, resultar de uma comunicação intuitiva". (O Livro dos Médiuns - 2a Parte - cap. XX, item 230.)
Herdeiro de milênios, nosso sistema de crenças foi constituído por diferentes formas de pensar e agir, retiradas e acumuladas nas diversas experiências na embarcação das vidas sucessivas.
Assim considerando, a reencarnação nos induz a uma recapitulação dos velhos modelos e conceitos, a fim de que nos desvencilhemos das crenças negativas rumo aos ciclos mais evoluídos da existência.
Não podemos realizar qualquer estudo dos processos medianímicos sem o estudo da personalidade.
A faculdade humana da imaginação traz a capacidade de criar imagens no plano astral. Essas “formas mentais” não são passivas; ao contrário, agem ativamente em torno de seu criador. Em outras palavras, todas as concepções ou crenças que valorizamos ou damos importância tendem a fixar-se em nossa intimidade e se concretizam, ao longo do tempo, em nossa realidade externa.
Nosso Espírito vive onde se lhe situe o pensamento.
Indiscutivelmente, caminhamos ao influxo de nossas próprias criações, tanto no campo mental quanto na esfera da experiência física.
Pensamentos, ideais, conceitos e autoavaliações, positivos ou negativos, são elementos dinâmicos de indução e influenciam nosso halo mental, formando “realidades energéticas” ou “forma-pensamentos”, que, na realidade, não ficam sepultadas no inconsciente, mas se encontram na borda de nossa aura espiritual.
Somos naturalmente subjugados ou beneficiados pelas nossas próprias criações, segundo as correntes mentais que projetamos.
A durabilidade das "imagens" criadas ficam apenas algumas horas ou durante anos na atmosfera das criaturas ou no ambiente em que foram geradas. Em condições especiais, subsistem ainda mesmo quando a pessoa que as engendrou tenha falecido, pois elas a acompanham na vida além-túmulo.
As "formas-pensamentos positivas" são aquelas que edificamos e alimentamos com informações e ensinamentos úteis e saudáveis para nossa evolução espiritual. São estruturas luminosas, de "configurações etéreas" - estrelas, emblemas ou símbolos veneráveis, multiplicidade de pontos luminosos com as mais cintilantes policromias -, com natureza diferenciada e características próprias. Além de sutilizarem a aura com pesos específicos tênues e qualidades magnéticas aprimoradas, acham-se presentes nas mãos dos curadores, emanam do semblante dos que olham com amor, exalam do sorriso dos indivíduos sinceros e do peito das criaturas carismáticas. Ainda, encontramos essas "estruturas luminosas" nos aposentos ou lugares onde as pessoas oram e meditam, os quais ficam impregnados de um clima de tranquilidade, paz e harmonia.
Um músico, pintor ou escultor imagina uma futura obra de arte. Seu pensamento cria, com a própria matéria mental, uma imagem real dessa produção artística no plano astral. Basta arquitetar e persistir durante algum tempo e logo se iniciam os primeiros passos para o fenômeno da "ideação" ou da "ideoplastia". O vocábulo ideoplastia quer dizer "matéria mental exteriorizada e plasmada por idéias
repetitivas e intensas"
.
Os indivíduos de sentimentos e pensamentos doentios podem plasmar "estruturas de disformes feições", que os acompanham aos lugares aonde vão.
O orgulho, a submissão, a mágoa, o medo, a culpa, a rigidez e outros tantos desajustes íntimos produzem "estruturas ameboides", animadas de intensa atividade, que ganham energia por intermédio de nossas emoções, pensamentos e convicções costumeiras. Giram em redor do seu criador, estando sempre prontas para o "fecundar" ou influenciar, de forma convincente e determinante, toda vez que ele estiver em condições receptivas ou passivas. Assemelham-se a verdadeiros discursos mentais persuasivos.
Por exemplo, se nós tivermos velhas mensagens de orgulho gravadas há muito em nossa mente e se pertencermos "a uma família importante, com parentes elegantes e de fino bom gosto", poderemos desenvolver um "sistema de crenças" que redundará em padrões neuróticos de ver a nós mesmos e, a partir disso, viver constantes relacionamentos problemáticos. Se recebermos uma educação perfeccionista, de pais superexigentes e críticos que desejam para nós, desesperadamente, aquilo que não tiveram ou não puderam realizar, desenvolveremos, não raro, uma "autovalorização ilusória". Importante lembrar-nos: o sentimento de superioridade é uma forma de supercompensação do complexo de inferioridade. Em psicologia, "complexo" quer dizer "um conjunto de idéias com forte carga emotiva, as quais se encontram no inconsciente e agem, de maneira imperceptível, sobre a conduta das pessoas".
A criatura que se julga superior - "a melhor" - cria "estruturas mentais" em sua aura, que se nutrem desse seu complexo de superioridade. Reciprocamente, essa mesma pessoa irá gerar uma outra "forma-pensamento", que corresponda ao inverso da primeira, ou seja, uma estrutura mental oposta - um complexo de inferioridade. As "formas-pensamentos" vivem em pares opostos. Elas interagem umas com as outras. Quem tem um lado superior também possui um lado inferior.
Ora o indivíduo está na crise de ser superior, ora na de ser inferior. Ele foge da superioridade para cair na inferioridade e vice-versa. Viverá entre altos e baixos. Entre ataques de esnobismo e arrogância e conflitos de ser um "erro" ou um "nada".
Essas antigas gravações podem formar as "estruturas mentais" que há pouco descrevemos, que se utilizarão da matéria sutil que existe no mundo astral, moldando-a tanto na forma de rostos como também na de imagens irregulares e distorcidas, estranhamente simbólicas.
Em verdade, não somos melhores nem piores que os outros. Todos fomos gerados iguais, filhos de Deus. Ninguém foi criado superior. Porém, é incontestável que, se possuímos qualidades e capacidades mais desenvolvidas que as dos outros, não é por sermos superiores, mas porque as desenvolvemos com esforço e dedicação.
Aceitar ser como somos é respeitar nosso grau evolutivo. Essa afirmação nos tira da "neurose das comparações".
Sabemos o tanto quanto experimentamos e temos o bastante que fizemos por merecer. Se não sabemos é porque talvez ainda não nos tenhamos esforçado o suficiente, mas quem sabe no amanhã teremos vontade ou esforço necessário para ter, aprender ou fazer mais.
Se nós criamos e convivemos internamente com essas estruturas psíquicas, podemos reforçá-las ou eliminá-las, simplesmente mudando nosso jeito de pensar e agir.
Essas estruturas são consideradas fragmentos de nossa personalidade; são como satélites que gravitam em torno de nós. Induzem-nos a uma reimpressão mental, através das idéias e crenças autodestrutivas que nós mesmos geramos e que, por sua vez, nos forçam a recordar o que nós gostaríamos de esquecer. Muitos as descrevem como "diálogos mentais exaustivos e constantes", que lhes consomem a energia íntima. Afirmam: ficamos "prisioneiros de nós mesmos".
A hiperatividade mental é intensa, e os pensamentos indesejados continuam girando sem parar. Podem levar as criaturas a ações quase inconscientes, por meio de "monoidéias" que geram argumentos e contra-argumentos, que agem, explicam, reagem, como se fossem espécimes vivos de que essas pessoas não conseguem se desvencilhar, nem deixar de escutá-los.
O indivíduo "substitui suas idéias pessoais às que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir; é então quando
haure na sua imaginação as teorias fantásticas que ele próprio crê, de boa-fé, resultar de uma comunicação intuitiva".
Mediunicamente falando, quando substituímos as idéias dos Espíritos pelas pessoais, vemos um processo autêntico de manifestação anímica.
Animismo é quando, sem intencionalidade ou mesmo sem nenhuma ideia preconcebida de mistificação, supomos incorporar ou escutar uma personalidade desencarnada, e, na verdade, é apenas nosso mundo interior que se exterioriza.
O fenômeno anímico pode ocorrer quando o indivíduo utiliza, inconscientemente, emoções e sentimentos da vida atual e das passadas, ou, igualmente, a influência das "formas-pensamentos", de onde recolhe as impressões ou sensações de que está possuído.
Nós podemos "incorporar" essas "formas ameboides"; em outras palavras, ser influenciados pelos agentes energéticos que elas produzem. Podemos nos expressar como se ali estivesse, realmente, um Espírito se comunicando. Entramos em supostos transes mediúnicos, tornando-nos médiuns dessas "estruturas parasitárias", que não possuem vida própria, mas vivem à custa da carga de nossas crenças negativas, ou mesmo da nossa energia mental e/ou emocional de que elas são constituídas.
No entanto, seria de bom termo não nos esquecermos de que somos nós mesmos quem as alimentamos com nossos atos e atitudes interiores.
Se perpetuarmos nossas crenças ou pensamentos negativos, poderemos acabar sufocados na névoa de nossa própria negatividade; porém, se abrirmos as comportas de nossa mente para a renovação de idéias e conceitos iluminados, navegaremos harmoniosamente na imensidão dos sentidos superiores.
Hammed
Fonte: A Imensidão dos Sentidos-pdf
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