quinta-feira, 16 de fevereiro de 2023

Joanna de Ângelis - Livro Seja Feliz Hoje - Divaldo P. Franco - Cap. 15 - Libertação



Joanna de Ângelis - Livro Seja Feliz Hoje - Divaldo P. Franco - Cap. 15


Libertação


Há uma escravidão muito mais grave do que aquela de natureza política e social, que impede a faculdade de ir e vir, de comunicar-se com as demais pessoas e fruir os direitos humanos em plena liberdade.

Silenciosa e perversa, castiga de maneira inclemente as suas vítimas e dilacera-lhes os sentimentos enquanto rouba-lhes a paz.

Tanto fustiga o ser poderoso quanto aquele que se vê atirado a situações de dependência do alheio socorro. Não raro, apresenta-se na criatura gentil e amável para com os estranhos, que se transforma em tirano doméstico, responsável por graves e molestas condutas.

Esse escravagista é o apego às coisas e pessoas, paixão detestável que se deriva do egoísmo infeliz.

Equivocadamente, o indivíduo que lhe sofre a constrição  acredita que a posse proporciona-lhe situação de privilégio e passa a lutar para amealhar avidamente tudo quanto se lhe encontra ao alcance.

Faz-se avaro e olvida-se dos comezinhos sentimentos da solidariedade que se encarrega de multiplicar os bens, porque, através da sua ação, quanto mais reparte, mais possui.

Sempre temendo o futuro, supõe que o acúmulo de moedas e de quaisquer outros objetos, incluindo os de valor contábil, faculta-lhe segurança, com total esquecimento de que se encontra em um mundo transitório, em que a relatividade e a incerteza predominam e alteram as mais meticulosas programações.

A situação invejável de hoje se modifica sem aviso prévio, e o destaque de agora se converte em padecimento logo mais. De igual maneira, a desdita e o desespero de certo momento transformam-se em júbilo e tranquilidade logo mais.

Sê cuidadoso na aquisição de recursos para uma existência saudável e uma velhice menos preocupada, no entanto, não te permitas perturbar pelo desenfreado anseio da posse, que termina por possuir aquele que se lhe entrega.

Considera que todos esses valores a que atribuis poder têm-no porque assim o consideras.

Disfarçado, o egoísmo impõe-se-te, irrefreado, e apaixonaste por conquistas de recursos, de animais e de pessoas que seguem no rumo das experiências evolutivas.

Cuida de ser livre dos grilhões do que tens momentaneamente e usas sem cessar, não sendo usado pelo constrangimento desses torpes componentes da vida física.

Liberta-te da avareza, e faze ao teu próximo o que gostarias que ele te fizesse, e sê generoso.

Com incomum sabedoria, Jesus propôs: Busca primeiro o Reino de Deus, e sua justiça e tudo mais te será acrescentado.

Quando se elege o importante e legítimo, aquilo que tem sabor de imortalidade, tudo mais se torna de significado secundário.

É inevitável deixares tudo, inclusive o invólucro carnal através do fenômeno biológico da morte.

Dedicando-te ao Reino de Deus, a tua existência adorna-se de beleza e de significado psicológico. Não será necessário que fujas do mundo, mas que saibas viver na sociedade, respeitando-lhe os padrões de comportamento, com a preservação do sentido moral e ético estabelecido pelo Evangelho.

O que deténs fica, o que és segue contigo.

Valoriza os recursos pela sua utilidade e as posses econômicas na condição da sua indispensabilidade para fomentar o progresso humano e diminuir as aflições que assolam os irmãos sob os camartelos de duras provas e expiações redentoras.

Não submetas ninguém aos teus caprichos em consequência do enganoso poder temporal que logo mais perderás.

Ama e liberta o ser que te fascina, a fim de que ele seja feliz conforme as próprias necessidades e não as tuas vãs aspirações.

Aprende a ser feliz com o de que dispões, libera qualquer tipo de excesso em benefício dos que sofrem carência e se encontram em necessidade.

Alegra-te com a honra de repartir, de poderes servir e, quando haja dúvida na forma de agir, pensa na possibilidade de que poderias ser aquele que ora te solicita. Faze, então, o que anelarias receber.

Acende a luz do bem onde estejas, com quem te encontres, em todo lugar.

Liberta-te do apego, a fim de transitares em paz e poderes alçar voos de plenitude.

Começa exercitando o verbo servir nas tuas experiências diárias, mediante gestos simples de simpatia, até conseguires a doação de tudo que retém na retaguarda.

Verdadeiramente livre é aquele que, em qualquer condição, encontra-se feliz e pleno, sem medo do futuro nem angústias do presente.

Essa conquista, verdadeiro tesouro, somente se consegue através da renovação interior para melhor e do hábito e exercício da solidariedade humana.

A liberdade externa tem sido meta relevante da sociedade na superação dos preconceitos e privilégios infelizes, impostos pela estupidez ancestral de superioridade de classes sociais, de credos, de posses em luta pela igualdade de todas as criaturas humanas.

Não te satisfaças, porém, somente com esta conquista.

Vai além. Sê livre do egoísmo e de suas mazelas perturbadoras.

Viverás além da morte e te utilizarás dos tesouros de amor que consigas acumular na transitória jornada carnal.


Joanna de Ângelis














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