sexta-feira, 17 de julho de 2020

Romeu Grisi - Livro Inesquecível Chico - Romeu Grisi e Gerson Sestini / Chico Xavier - Cap. IX, Pág. 58 - Duas Entidades se Identifiquem e Agradecem



Romeu Grisi - Livro Inesquecível Chico - Romeu Grisi e Gerson Sestini / Chico Xavier - Cap. IX, Pág. 58


Duas Entidades se Identifiquem e Agradecem 


O amigo Farid Mussi passava por momentos angustiosos. Deprimia-se com ele e desejava abrir-se com alguém que pudesse ouvi-lo. Consultava-se intimamente, mas não conseguia relacionar nenhum de seus familiares ou amigos com o qual pudesse fazê-lo.

Certo dia, encontrando-se casualmente comigo, num dos cafés no centro da cidade, abriu-me o coração, expondo suas mágoas.

Compadecido e intuído, lembrei-lhe que procurasse o Chico. Talvez ele tivesse algo a dizer, embora sua presença junto do médium pudesse bastar para que sua alma conturbada se acalmasse.

Ao ouvir-me, notei um raio de esperança despontar em seu coração. Aceitando minha sugestão, assim que pôde, dirigiu-se a Uberaba.

Mais de trezentos quilômetros separavam São José do Rio Preto daquela cidade por estradas com vários trechos de terra batida. Vivia-se a década de 1960.

Lá chegando, postou-se na fila das pessoas a serem atendidas pelo Chico. Qual não foi sua surpresa quando alguém veio busca-lo, pois o médium o estava chamando!

Ao abraçar o Chico, já não continha as lágrimas a embaçar-lhe a vista, pela atenção que o Alto lhe dera ao intuir o médium para trazê-lo junto de si. Passou então a narrar-lhe seus padecimentos. Em dado ponto da entrevista, em meio a palavras confortadoras, Chico falou-lhe:

- Está presente, no momento, uma entidade que se identifica como Maura de Araújo Javarini. Talvez você a conhecesse, pois está me dizendo que residiu em Rio Preto. Ela está agradecendo as preces que lhe foram feitas na ocasião de sua desencarnação. Você se lembra do caso?

Num átimo o consulente recordou-se do drama de Maura. Diante de sua mente o quadro desdobrava-se, levando-o ao passado.

Lembrou-se do féretro que se aproximava no momento em que conversava com o Sr. Antônio Marino, dono de uma alfaiataria, ali perto, quando este comentou, tirando o chapéu.

- O corpo da esposa do padeiro não poderá passar pela igreja para ser recomendado pelo padre, porque ela é suicida. Dizem que tomou uma dose letal de lisol.

Penalizado com o gesto infeliz daquela mulher, lembrou-se da reunião que teriam logo mais e indagou ao amigo:

- Vamos colocar o seu nome esta noite, associando-o às vibrações em favor dos necessitados, na Comunhão do Pensamento? Aquele, também emocionado, observando o acompanhamento que passava diante deles, assentiu. E assim o fizeram.

Voltando daquela memória reativada, Farid confirmou:

- Chico, meu amigo, este fato se passou há muitos anos: foi em 1932, eu me lembro bem, pois fiquei muito impressionado com o desencarne da irmã, que ora se encontra presente. Na época eu frequentava o Círculo Esotérico – por isso estou me lembrando do ano – e o seu nome foi colocado no tattwa. (*)

O médium comentou com Farid:

- Suas valiosas preces, feitas há mais de trinta anos, não foram esquecidas pelo bem que fizeram a esse espírito na atormentada fase vivida no plano espiritual, devido ao suicídio.

Vendo que o consulente se animava, melhorando seu estado mental, o médium deu-lhe outra notícia:

- Está a nosso lado outra entidade feminina que dá o nome de “Madame Sinhá”. Ela me informa que mantinha uma pensão de mulheres em Rio Preto, em um estabelecimento chamado “Bataclã”.

Farid concentrou-se e lembrou-se do telefonema que recebera do conhecido cabaré.

“Madame Sinhá” apresentava-se a ele um tanto contrafeita e solicitara-lhe a atenção ao narrar que, em certa ocasião, um viajante, que estivera em sua pensão, recomendara-lhe a leitura de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Acatando a sugestão que lhe fora dada e sabendo-o espírita, desejava que fosse o portador do livro até o “Bataclã”, pois, de acordo com seu conhecido, o referido livro era um manancial de consolações para os necessitados, de apoio moral, que era o que ela tanto precisava naquele momento.

O medianeiro continuou:

- Embora estranhasse o pedido, e sabendo-se alvo de possíveis comentários maldosos, você enfrentou o preconceito: atendeu à solicitação e dirigiu-se à pensão com a encomenda.

O espírito de “Madame Sinhá” está me dizendo que você presenteou-a com o livro de Allan Kardec, e que este seu pequeno gesto muito a ajudou em sua triste caminhada.

Com sua fala mansa, Chico disse-lhe, em tom mais baixo, junto ao seu ouvido:

- Por esse ato de amor ao próximo, ela aqui está para agradecer o bem que lhe fez e está dizendo:

- Este livro modificou minha vida!

Nosso amigo Farid voltou a São José do Rio Preto renovado com a poderosa dose de energia recebida através do Chico; mostrava-se mais disposto a enfrentar suas dificuldades com maiores esperanças e firme determinação para resolvê-las.

Quando me reencontrou, agradeceu-me a feliz intuição que tive em recomendar-lhe que procurasse o médium. Passou, então, a narrar-me, entusiasmado, o que se passara em Uberaba.

Ainda uma vez, era testemunhada a sublime personalidade de Chico Xavier, que, pela sua prodigiosa faculdade mediúnica, podia fazer muito em favor dos que procuravam, dando provas da imortalidade e identificando espíritos presentes.


Romeu Grisi









Fonte: Julio Miyamoto

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