Introdução
Muitos de nós vivemos inconscientes da sutileza e alcance de nosso órgãos sensoriais, já que precisamos apenas de uma pequena quota de suas informações para registrarmos o mundo que nos rodeia.
Os cinco sentidos Humanos são a base de todas as percepções físicas, mas, quando somamos a eles o “sexto sentido”, não só experimentamos um maior grau de consciência existencial como também passamos a descortinar os mistérios da vida invisível.
Se cada um de nós concentrasse mais a atenção em seu mundo interior, utilizando as sensações como guia ou caminho, com certeza encontraria maior sentido para sua existência. "Deus não poderia dar-lhe (ao homem) um guia mais seguro que a sua própria consciência."(1)
Para desenvolver a mediunidade, é necessário, inicialmente, aprender a comunicar-se com os próprios sentimentos para. a partir daí, entrar em contato com os de outras pessoas (encarnadas ou não). O Criador guia suas criaturas utilizando a capacidade intelectual delas de avaliar seu reino íntimo.
Analisar as faculdades mediúnicas apenas pelo aspecto intelectual é muito diferente do que vivenciá-las sensorialmente. Da mesma forma que não obtemos um real conhecimento da vida marítima, estudando-a através de um atlas geográfico, e sim mantendo estreita relação com os mares e oceanos.
Aqui apresentamos o resultado de nossas experiências e reflexões sobre o fenômeno medianímico. São os "produtos do entendimento", recolhidos na jornada de um caminhante.
Os textos em estudo, selecionados carinhosa e cuidadosamente, representam nossa contribuição modesta e despretensiosa para a divulgação da Codificação Kardequiana, de modo particular de "O Livro dos Médiuns", sendo importante ressaltar que é preciso manter os ensinos da mediunidade incólumes de qualquer tipo de banalização, crendice, distorção ou exotismo.
A superstição, germe de diversos equívocos de interpretação, surge quase sempre envolvendo as novas revelações. Sendo a Doutrina Espírita, nos tempos modernos, uma renovadora mensagem a descortinar o espesso véu que encobre o intercâmbio espiritual entre as duas esferas, pode atrair um grande fluxo de discípulos exaltados e excêntricos, pouco despertos para as verdadeiras intenções da Vida Maior e carentes de estudo, observação, investigação e bom senso. Na verdade, quando nos encontramos presos a antigos clichês mentais estruturados sobre convicções rígidas e fantasiosas, não conseguimos abandoná-las de imediato. A mudança nos convida a ser maleáveis, a desafiar rótulos e a não nos apegar a idéias definitivas sobre a natureza das coisas.
É possível que muitos, ao tomarem contato com nossas singelas anotações neste livro, percebam que estão percorrendo um caminho semelhante ao nosso. Dizemos semelhante porque entendemos que cada ser possui um jeito único de crescer, um lugar peculiar a ocupar neste mundo e um característico poder pessoal de mapear sua própria estrada evolutiva. Para esses, acreditamos que estas análises e reflexões contribuirão com alguma luz ou entendimento no processo de aprimoramento e expansão da consciência, pelo qual todos estamos passando na escola universal.
De tempos em tempos, o Mundo Maior espalha inspirações-sementes, que são pensamentos em germe. Desde que encontrem terra fértil, desabrocham em nós novas formas de ver e analisar as verdades eternas. Repentinamente, vemos com olhos renovados e compreendemos sem nada forçar.
Essa germinação pode ocorrer em nossa intimidade, recapturando o senso perdido de perceber a imensidão de nossos sentidos, que exalta o encanto e a riqueza da vida dentro e fora de nós.
O nosso propósito é colaborar com todos aqueles que, ao buscarem a "dimensão metafísica" da existência, deixam de lado as posturas rígidas e inflexíveis diante das faculdades psíquicas, encarando-as de modo natural e espontâneo e desatando-as das embalagens preconcebidas.
Gostaríamos, caro leitor, que examinasse cautelosamente os capítulos aqui reunidos como se fossem quadros ou esculturas expostos numa galeria de arte. Ou mesmo, que caminhasse como se estivesse num imenso corredor de espelhos, observando em cada um deles o reflexo de si mesmo, a fim de poder apreciar melhor os mais diferentes estados ou sensações da alma.
Diante de tantos presságios de medo, castigo, repressão, culpa, amargura e doença que são lançados sobre os conceitos da mediunidade, sufocando e atemorizando os dotados de percepção extra-sensorial, desejamos a todos eles nossos sinceros votos de muito serviço e entendimento com entusiasmo, pois acreditamos ser esta a melhor "receita" para os candidatos ao desenvolvimento do "sexto sentido".
Esta "receita", porém, não se refere a um trabalho de arrebatamento e exaltação sem controle, mas sim a uma sensação de realização pessoal pelo desempenho de uma tarefa vocacional.
Para tornar claro e compreensível o significado da nossa recomendação, analisemos a origem da palavra entusiasmo. Ela deriva do grego "enthousiasmós" e quer dizer "sopro divino", ou também, "estar repleto da divindade". Compõe-se do prefixo "en" (movimento para dentro) e do vocábulo "theo" (Deus, divindade). O termo é aplicado a indivíduos ou grupos que estão sob inspiração divinamente criativa.
Finalmente, esperamos que estas páginas possam satisfazer de alguma forma o anseio dos leitores, ajudando-os a harmonizar o caminho da conquista da felicidade através da compreensão das próprias experiências mediúnicas, e rogamos ao Divino Autor da Boa Nova que abençoe a todos e lhes dê sua paz, agora e sempre.
Hammed
(1) O Livro dos Espíritos, questão 876.
Fonte: A Imensidão dos Sentidos-pdf
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