
Bezerra de Menezes - Livro Sol de Esperança - Divaldo P. Franco - Cap. 2
Doutrina Espírita
Antes dele, não obstante as conceituações em torno da Imortalidade ensinadas e vividas por Jesus, a morte se nos afigurava a todos como ponto de interrogação, que raros se atreveram a interpretar, traduzindo os enigmas da continuidade da existência após a disjunção celular.
Com Allan Kardec, no entanto, decifraram-se as incógnitas da Vida após a morte, e todos passamos a experimentar as radiosas alegrias da continuidade do princípio espiritual.
Passamos a entender e equacionar os processos de alienação por obsessão, examinando as causas cármicas da perturbação psíquica à luz meridiana dos postulados da reencarnação.
Allan Kardec se atreveu a mergulhar nas águas abissais da cultura, para arrancar dos abismos da ignorância o diamante sem jaça da fé cristã, de modo a projeta-la para os dias do futuro, com as respostas de Deus aos apelos angustiantes do homem encarnado na Terra.
Reverenciar-lhe a memória hoje, é assumirmos compromisso de nossa própria renovação, intransferível nas paisagens dos postulados cristãos que os imortais trouxeram à Terra, para a edificação de um mundo melhor.
É verdade que jazem na ignorância, a respeito da Vida além da tumba, milhões de seres reencarnados, é verdade que a loucura continua dizimando, e cada vez com expressões numéricas mais gritantes, é verdade que a onda avassaladora do suicídio parece convidar-nos ao estupor das horas primevas, quando verificamos, na linguagem das estatísticas, as aberrações de mentes intelectualizadas que se deixam fanar pela utopia enganosa do autocídio, mas não menos verdade é que a mensagem da Doutrina Espírita expande-se em mentes e corações, oferecendo o pábulo mantenedor da esperança às almas, contribuindo, eficazmente, para a mudança das paisagens tormentosas da Terra.
A fé espírita convoca à razão, estribada nos argumentos da pesquisa científica e elaborada ante os postulados renovadores da Vida estuante.
Assim considerando, convém lembrar que Allan Kardec desdenhou o sólio dos príncipes e dos triunfadores da Terra, apagou-se no anonimato de um pseudônimo, renunciou à gratidão popular, deixou à margem os preconceitos da época para sorver, em silêncio, a taça de fel e de amargura, da incompreensão dos corações mais caros, sem perturbar, por um momento sequer, a própria integridade ante as ondas avassaladoras da bajulação, da sordidez e das imposições sub-repticiamente apresentadas pelos que desejavam a mensagem espírita para, apagando-a, brilharem.
Não se deixou, em momento algum, quebrantar-se no ânimo, não aquiesceu ante as conjunturas dos companheiros em perverter o ideal da mensagem dos imortais, de modo a apresenta-la dúctil e maleável, a fim de oferece-la com as características da aceitação da época.
Em verdade, ainda ignoramos sua realidade intrínseca, perfeitamente tracejada em O Livro dos Espíritos e naqueles que lhe são decorrência natural.
Quando muitos se levantam para falar de conceitos já obsoletos, desejando fazer enxertias mirabolantes de modo a torna-la viável para as mentes frívolas, que enxameiam em todos os departamentos da Terra, convém recordar a necessidade de manter a pureza doutrinária dos trabalhadores da primeira época.
Faz-se indispensável, portanto, vivermos espiriticamente melhores hoje do que ontem e amanhã melhores do que hoje, para que sejamos cristãos no sentido profundo da palavra, como aqueles que compreendem a necessidade de transformar e transformar-se, conjugando, na vigilância, o verbo amar, a fim de que a caridade em seus corações tenha regime de urgência na manifestação das ações.
Espíritas! Não consideremos que tudo já se encontre feito e que a nós nos compete apenas tarefa de conclusão das pequenas coisas que ficaram interrompidas.
A Revelação Espírita de hoje nos está convocando a examinar a necessidade de reter o Espírito do Cristo no santuário de nossas vidas.
Evocando o Codificador da Doutrina Espírita no primeiro dia após cem anos de sua desencarnação, penetremo-nos da tríade sublime do trabalho, da solidariedade e da tolerância, para estudarmos a Doutrina Espírita e vivermos o Cristianismo, para meditarmos Kardec e apresentarmos Jesus, para trabalharmos pela redenção da Terra e nos redimirmos a nós mesmos.
Porque se em verdade o Espiritismo é uma luz que fulge para clarear os horizontes do mundo, a palavra de ordem da Era Nova é amor.
Recordemos a mensagem clarificadora e balsamizante da Doutrina Espírita e nos abracemos, dando-nos as mãos, para marchar corajosamente na direção do mundo, cantando a glória de nossa convicção espírita em ações que falem verdadeiramente de nossa integração no Espírito do Cristo, nosso Mestre e Condutor.
E, rogando a Jesus que nos abençoe, solicitamos a Ele, Divino Mestre, permita a Allan Kardec receber, onde se encontre, as homenagens que todos nós, repetindo, em paráfrase, a palavra dos cristãos primeiros: Glória a ti, Kardec! Os que creem na vida imortal te homenageiam e saúdam!
Bezerra de Menezes
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