sábado, 26 de setembro de 2020

Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 199 - Mediunidade e Autoconhecimento




Hammed - Livro A Imensidão dos Sentidos - Francisco do Espírito Santo Neto - Pág. 199


Mediunidade e Autoconhecimento


"Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é necessário antes julgar-se a si mesmo. Há infelizmente muita gente que toma a sua própria opinião por medida exclusiva do bem e do mal, do verdadeiro e do falso. Tudo que contradiz a sua maneira de ver, as suas ideias, o sistema que inventaram ou adotaram é mau aos seus olhos." (Livro dos Médiuns - 2ª Parte - cap. XXIV, item 267- 262.)

O caminho do autoconhecimento nos leva a uma compreensão profunda do comportamento pessoal às suas origens, às suas consequências, a um processo para percebê-lo, cada vez mais, e a uma forma mais adequada de transformá-lo.

Os Espíritos Superiores têm por missão nos ajudar a compreender o que realmente somos e o que realmente sentimos. Estão sempre nos incentivando a parar de simular a criatura idealizada que imaginamos ser, para que possamos descobrir dentro de nós os sentimentos e atitudes desagradáveis que nos causam tantos transtornos e desarmonia.

Como podemos julgar os outros se somos as pessoas que menos nos conhecemos? Nossa consciência, restrita ao nosso grau evolutivo, tanto abriga a criança indefesa como o adulto competente, os caprichos mesquinhos como os anseios sublimes. Se não sabemos de fato quem somos, combatemos e criticamos situações e personagens fictícias. Escolhemos acontecimentos e criaturas substitutas, ligadas ou não na matéria densa, para reprovar e julgar inadvertidamente.

Nossas emoções desconhecidas ou não admitidas podem fugir do nosso controle, de modo imperceptível, e ser lançadas sobre indivíduos inocentes, ou ligadas a falsos argumentos.

O autoconhecimento dá à criatura sabedoria suficiente para que saiba julgar a si própria ? pré-requisito para poder entender os outros. Por isso, Kardec, o sistematizador dos ensinos espíritas, assevera: "Há infelizmente muita gente que toma a sua própria opinião por medida exclusiva do bem e do mal, do verdadeiro e do falso. Tudo o que contradiz a sua maneira de ver as suas ideias, o sistema que inventaram ou adotaram é mau aos seus olhos".

Existem pessoas que fecham por completo a mente à realidade. Outras, bloqueiam parte dela, reduzindo-a ao tamanho que julgam poder controlar.

O autoconhecimento é gradativo e deve ser exercitado ao longo de toda a nossa existência. Muitas vezes, se torna um processo doloroso. Outras, é uma estrada repleta de paz e alegria. Mas, de qualquer forma, ele é indispensável para que se efetive a evolução espiritual.

Em geral, conhecer a si mesmo significa reconhecer e aceitar que há em nós os dois lados de todas as coisas. Somos capazes de ter medo e valentia, de sentir raiva e ternura, de ser generosos e egoístas, frágeis e fortes.

Uma das grandes bênçãos do autoconhecimento é seu poder de transformar, no longo prazo, nossa vulnerabilidade em pontos fortes, ou seja, nosso temor transforma-se em coragem, nosso sofrimento num caminho para a integridade. É óbvio que, para julgar as comunicações dos Espíritos, é necessário conhecer a Doutrina Espírita. Só ela é a luz eficiente para clarear a razão e o sentimento, quando a criatura está rodeada de equívocos. Mas, é preciso aliar ao conhecimento espiritual a clareza de pensamento. Muitos de nós mantemos nossa vida íntima anuviada na ignorância de nós mesmos.

Clareza de pensamento é a principal ferramenta para uma boa avaliação. Ela nos proporciona o material necessário para lidarmos com a realidade.

Ao descobrirmos as raízes que sustentam nossos atos e atitudes, ou ao tomarmos contato com certos aspectos psicológicos que não havíamos percebido em nós mesmos, seremos conduzidos à fonte de nossa sanidade espiritual.

Nossas ideias sobre o que é ser uma boa pessoa podem estar ligadas a preconceitos e distorções. Às vezes, não é tanto a aprovação dos outros que buscamos, e sim a de uma escola de pensamento ou de uma facção religiosa, o que, em verdade, determina que parte de nós deve ser conservada e que parte deve ser negada.

Gastamos muita energia no processo de dissimular nossos sentimentos e emoções, escondendo-os de nós mesmos e dos outros. Transformamo-nos rapidamente em "alguém agradável", acreditando que iremos receber elogios e admiração das pessoas que nos cercam.

As religiões inflexíveis frequentemente reforçam a culpa e o medo que carregamos e, por meio de ameaças, nos induzem a esconder nosso "lado inadequado". Outras, na atualidade, nos pedem que desconsideremos os nossos equívocos, que seriam passageiros, e aspectos temporários de nossa intimidade.

Não podemos esconder nem desconsiderar nosso mundo íntimo, tentando fugir da realidade. Antes de tudo, devemos aprender a julgar a nós mesmos, avaliando e percebendo com lucidez a vida fora e dentro de nós.

Em verdade, o autoconhecimento e o autojulgamento andam de mãos dadas. Um está conectado com o outro. Não podemos tocar numa unidade interior sem afetarmos o conjunto psicológico. Quando valorizamos em demasia o mundo exterior, não ouvimos nosso mundo interior.

Recordemos esta passagem de Paulo ao escrever à igreja da Galácia:

"Se alguém pensa ser alguma coisa, não sendo nada, engana a si mesmo. Cada um examine a sua própria conduta, e então terá o que se gloriar por si só e não por referência ao outro".(1) 

Se desejamos julgar com exatidão e justeza, emancipemos a alma dos grilhões escuros do "ego", começando assim a adquirir a ciência do autoconhecimento, a fim de apreciar o mérito, determinar o valor e estimar a importância de tudo aquilo que nos chega às mãos.


Hammed



(1) Gálatas, 6:3. 







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