domingo, 20 de setembro de 2020

Allan Kardec - Revista Espírita - Ano III, Outubro de 1860




Allan Kardec - Revista Espírita - Ano III, Outubro de 1860


Senhoras, senhores, e vós todos, meus caros e bons irmãos no Espiritismo.

A acolhida tão amiga e benevolente que recebo entre vós, desde a minha chegada, seria bastante para me encher de orgulho, se eu não compreendesse que tais testemunhos se dirigem menos à pessoa do que à Doutrina, da qual não passo de um dos mais humildes obreiros. É a consagração de um princípio e me sinto duplamente feliz, porque esse princípio deve um dia assegurar a felicidade do homem e o repouso da Sociedade, quando for bem compreendido, e ainda melhor quando for praticado. Seus adversários só o combatem porque não o compreendem. Cabe a nós; cabe aos verdadeiros espíritas, àqueles que veem no Espiritismo algo mais do que experiências mais ou menos curiosas, fazê-lo compreendido e propagá-lo, tanto pregando pelo exemplo quanto pela palavra. O Livro dos Espíritos teve como resultado demonstrar o seu alcance filosófico. Se esse livro tem qualquer mérito, seria presunção minha orgulhar-me disso, porque a doutrina que ele encerra não é criação minha. Toda honra pelo bem que ele fez cabe aos sábios Espíritos que o ditaram e que quiseram servir-se de mim. Posso, pois, ouvir o elogio sem que seja ferida a minha modéstia, e sem que o meu amor-próprio por isso fique exaltado. Se eu desejasse prevalecer-me disto, certamente teria reivindicado a sua concepção, em vez de atribuí-la aos Espíritos; e se se pudesse duvidar da superioridade daqueles que cooperaram, bastaria considerar a influência que ele exerceu em tão pouco tempo, só pelo poder da lógica, e sem qualquer dos meios materiais próprios para superexcitar a curiosidade.

Seja como for, senhores, a cordialidade do vosso acolhimento será para mim um poderoso encorajamento na tarefa laboriosa que empreendi e da qual fiz a razão de minha vida, porque me dá a certeza consoladora de que os homens de coração já não são tão raros neste século materialista, como gostam de proclamá-lo. Os sentimentos que fazem nascer em mim esses testemunhos benevolentes são melhor compreendidos do que expressados; e o que lhes dá, aos meus olhos, um valor inestimável, é que não têm por móvel qualquer consideração pessoal. Eu vo-lo agradeço do fundo do coração, em nome do Espiritismo, sobretudo em nome da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que sentir-se-á feliz pelas mostras de simpatia que tendes a bondade de lhe dar, e orgulhosa de contar em Lyon tão grande número de bons e leais confrades. Permiti-me retraçar, nalgumas palavras, as impressões que levo de minha breve passagem entre vós.

A primeira coisa que me chamou a atenção foi o número de adeptos. Eu bem sabia que Lyon os contava em grande número, mas estava longe de suspeitar fosse tão considerável, pois são contados às centenas e em breve, espero, serão incontáveis. Mas se Lyon se distingue pelo número, não o faz menos pela qualidade, o que é ainda melhor. Por toda parte só encontrei espíritas sinceros, que compreendem a Doutrina sob seu verdadeiro ponto de vista.

Há, senhores, três categorias de adeptos: Os primeiros se limitam a acreditar na realidade das manifestações e, antes de tudo, buscam os fenômenos. Para esses o Espiritismo é simplesmente uma série de fatos mais ou menos interessantes.

Os segundos veem mais do que os fatos. Compreendem o seu alcance filosófico; admiram a moral dele decorrente, mas não a praticam. Para eles, a caridade cristã é uma bela máxima, e eis tudo.

Os terceiros, enfim, não se contentam em admirar a moral: praticam-na e aceitam todas as suas consequências. Bem convencidos de que a existência terrena é uma prova passageira, buscam tirar proveito desses curtos instantes para marchar na via do progresso que lhes traçam os Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e reprimir suas inclinações más. Suas relações são sempre seguras, porque suas convicções afastam-nos de todo pensamento do mal. Em tudo a caridade lhes é regra de conduta. Estes são os verdadeiros espíritas, ou melhor, os espíritas cristãos.

Ora, Senhores! Eu vos digo com satisfação que aqui não encontrei nenhum adepto da primeira categoria. Em parte alguma vi se ocuparem do Espiritismo por mera curiosidade. Em parte alguma vi se servirem das comunicações para assuntos fúteis. Em toda parte o objetivo é sério e as intenções honestas. A crer no que vejo e no que me dizem, há muitos da terceira categoria. Honra, pois, aos espíritas lioneses, por haverem tão largamente penetrado essa via progressiva, sem a qual o Espiritismo não teria objetivo. Tal exemplo não será perdido, e terá suas consequências. Não foi sem razão, bem o vejo, que outro dia os Espíritos me responderam, por um dos vossos mais dedicados médiuns, posto que um dos mais obscuros, quando eu lhes manifestava minha surpresa: “Por que admirar-te? Lyon foi a cidade dos mártires. A fé aqui é viva. Ela fornecerá apóstolos ao Espiritismo. Se Paris é o cérebro, Lyon será o coração.” A coincidência desta resposta com a que vos foi dada precedentemente, e que o Sr. Guillaume acaba de recordar em sua alocução, tem algo de muito significativo.

A rapidez com que a Doutrina se propagou nos últimos tempos, malgrado a oposição que ainda encontra, ou talvez por causa dessa oposição, pode ensejar-nos prever o futuro. Evitemos, pois, por prudência, tudo quanto possa produzir uma impressão degradável. Evitemos, não digo de perder uma causa já assegurada, mas retardar-lhe o desenvolvimento. Sigamos nisto os conselhos dos sábios Espíritos e não esqueçamos que, no mundo, muitos resultados foram comprometidos por excesso de precipitação. Não esqueçamos, tampouco, que nossos inimigos do outro mundo, assim como os deste, podem procurar arrastar-nos por uma via perigosa.

Pedistes-me alguns conselhos e para mim é um prazer vos dar aqueles que a experiência puder sugerir-me. Não passarão, sempre, de uma opinião pessoal, que vos convido a ponderar com a vossa sabedoria e da qual fareis o uso que vos parecer mais adequado, pois não tenho a pretensão de me impor como árbitro absoluto.

Tínheis a intenção de formar uma grande sociedade. A respeito, já vos dei o meu modo de pensar e me limitarei a resumi-lo aqui.

Sabe-se que as melhores comunicações são obtidas em reuniões pouco numerosas, nas quais reina a harmonia e uma comunhão de sentimentos. Ora, quanto maior for o número, tanto mais difícil será a obtenção dessa homogeneidade. Como é impossível que no começo de uma ciência, ainda tão nova, não surgissem algumas divergências na maneira de apreciar certas coisas, dessa divergência infalivelmente nasceria um mal-estar, que poderia conduzir à desunião. Ao contrário, os pequenos grupos serão sempre mais homogêneos. Nos pequenos grupos, todos se conhecem melhor, estão mais em família, e podem ser com melhor critério admitidos aqueles que desejamos. Como, em definitivo, todos tendem para um mesmo fim, podem entender-se perfeitamente e entender-se-ão tanto melhor por não haver aquela suscetibilidade incessante, que é incompatível com o recolhimento e a concentração de espírito. Os maus Espíritos que buscam incessantemente semear a discórdia, irritando suscetibilidades, terão sempre menos domínio num pequeno grupo do que num meio numeroso e heterogêneo. Numa palavra, a unidade de vistas e de sentimento será aí mais fácil de se estabelecer.

A multiplicidade de grupos tem outra vantagem: a de obter uma variedade muito maior de comunicações, pela diversidade de aptidões dos médiuns. Que essas reuniões parciais compartilhem com os outros pequenos grupos o que elas obtêm, cada uma por seu lado, e todas aproveitarão assim os seus mútuos trabalhos. Aliás, chegará o momento em que o número de aderentes não mais permitirá uma reunião única, e o grupo deverá fracionar-se pela força das coisas. Por isso seria melhor fazer imediatamente aquilo que serão obrigados a fazer mais tarde.

Do ponto de vista da propaganda, sem dúvida não é nas grandes reuniões que os neófitos podem colher elementos de convicção, mas na intimidade. Há, pois, um duplo motivo para preferir os pequenos grupos, que se podem multiplicar ao infinito. Ora, vinte grupos de dez pessoas, por exemplo, inquestionavelmente obterão mais, e farão mais prosélitos do que uma reunião única de duzentas pessoas.

Falei, há pouco, das divergências que podem surgir, e disse que elas não devem criar obstáculos ao perfeito entendimento entre os centros. Com efeito, essas divergências só podem dar-se nos detalhes e não no fundo. O objetivo é o mesmo: o melhoramento moral; o meio é o mesmo: o ensinamento dado pelos Espíritos. Se tal ensino fosse contraditório; se, evidentemente, um devesse ser falso e o outro verdadeiro, notai bem que isto não poderia alterar o objetivo, que é o de conduzir o homem ao bem, para sua maior felicidade presente e futura. Ora, o bem não poderia ter dois pesos e duas medidas. Contudo, do ponto de vista científico ou dogmático, é útil, ou pelo menos interessante, saber quem está certo e quem está errado. Então! Tendes um critério infalível para apreciá-lo, quer se trate de simples detalhe ou de sistemas radicalmente divergentes. Isto não se aplica somente aos sistemas espíritas, mas a todos os sistemas filosóficos.

Examinai antes o que é mais lógico, o que melhor corresponde às vossas aspirações, que pode melhor atingir o objetivo. O mais verdadeiro será, evidentemente, aquele que explica melhor, que melhor dá a razão de tudo. Se se puder opor a um sistema um único fato em contradição com a sua teoria, é que a teoria é falsa ou incompleta. Examinai a seguir os resultados práticos de cada sistema. A verdade deve estar do lado daquele que produz maior soma de bem; que exerce uma influência mais salutar; que produz mais homens bons e virtuosos; que estimula ao bem pelos motivos mais puros e mais racionais. O objetivo constante a que o homem aspira é a felicidade. A verdade estará do lado do sistema que proporciona maior soma de satisfações morais; numa palavra, que torna as criaturas mais felizes.

Considerando-se que o ensino vem dos Espíritos, os diversos grupos, assim como os indivíduos, se acham sob a influência de certos Espíritos que presidem aos seus trabalhos, ou os dirigem moralmente. Se esses Espíritos não estiverem de acordo, a questão será saber qual deles merece mais confiança. Evidentemente será aquele cuja teoria não pode levantar qualquer objeção séria; numa palavra, aquele que, em todos os pontos, dá mais provas de sua superioridade. Se tudo for bom e racional nesse ensino, pouco importa o nome que tome o Espírito. Neste sentido, a questão de identidade é absolutamente secundária. Se, sob um nome respeitável, o ensino peca em suas qualidades essenciais, podeis seguramente concluir que é um nome apócrifo e que se trata um Espírito impostor ou que se diverte. Regra geral: jamais o nome é uma garantia. A única, a verdadeira garantia de superioridade é o pensamento e a maneira por que este é expresso. Os Espíritos enganadores podem tudo imitar, tudo, menos a verdadeira sabedoria e o verdadeiro sentimento.

Senhores, não é intenção minha dar-vos aqui um curso de Espiritismo, e talvez eu abuse de vossa paciência com todos estes detalhes. Contudo, não posso furtar-me de acrescentar mais algumas palavras.

Acontece muitas vezes que para fazer com que sejam adotadas certas utopias, os Espíritos afetam um falso saber e tentam impô-las retirando do arsenal de palavras técnicas tudo quanto possa fascinar aquele que acredita muito facilmente. Têm ainda um meio mais eficiente, que é o de aparentar virtudes. Apoiados nas grandes palavras caridade, fraternidade, humildade, esperam obter livre passagem para os mais grosseiros absurdos; e é o que acontece muitas vezes, quando não se está prevenido. É preciso, pois, não se deixar levar pelas aparências, tanto da parte dos Espíritos quanto dos homens. Ora, confesso que esta é uma das maiores dificuldades. No entanto, nunca se disse que o Espiritismo é uma ciência fácil. Ele tem os seus escolhos, que só pela experiência podem ser evitados. Para não cair na cilada, é necessário, de princípio, guardar-se contra o entusiasmo que cega e contra o orgulho que leva certos médiuns a se julgarem os únicos intérpretes da verdade. É preciso tudo examinar friamente, tudo pesar maduramente, tudo controlar e, se se desconfia do próprio julgamento, o que por vezes é mais prudente, é preciso relatar a outros, seguindo o provérbio de que quatro olhos veem mais do que dois. Um falso amor-próprio ou uma obsessão podem, isoladamente, fazer persistir uma ideia notoriamente falsa e que é repelida pelo bom-senso de cada um.

Senhores, não ignoro que tenho aqui muitos inimigos. Isto vos espanta, no entanto, nada é mais verdadeiro. Sim, aqui há quem me ouça com ira; não digo entre vós, graças a Deus!, onde espero jamais ter senão amigos. Refiro-me aos Espíritos enganadores, que não querem que vos dê os meios de desmascará-los, desde que descubro as suas astúcias, pondo-vos em guarda, e lhes tiro o domínio que poderiam ter sobre vós. A tal respeito, senhores, dir-vos-ei que seria erro supor que eles exerçam esse domínio apenas sobre os médiuns. Tende a mais absoluta certeza de que, estando em toda parte, os Espíritos agem incessantemente sobre nós, sem o sabermos, quer sejamos ou não sejamos espíritas ou médiuns. A mediunidade não os atrai; ao contrário, ela dá os meios de conhecer seu inimigo, que se trai sempre. Sempre, ouvi bem, e que só abusa dos que se deixam abusar.

Isto, senhores, leva-me a completar meu pensamento sobre o que acabo de dizer a propósito das dissidências que poderiam surgir entre os diferentes grupos, por força da diversidade de ensino. Eu vos disse que, malgrado algumas divergências, eles poderiam entender-se e devem entender-se, desde que sejam verdadeiros espíritas. Eu vos dei o meio de controlar o valor das comunicações, que é o meio de apreciar a natureza das influências exercidas sobre cada um. Dado que toda influência boa emana de um bom Espírito; que tudo quanto é mau vem de uma fonte má; que os maus Espíritos são os inimigos da união e da concórdia, o grupo que for assistido pelo Espírito do mal será o que jogará pedras no outro e não lhe estenderá a mão. Quanto a mim, senhores, eu vos olho a todos como irmãos, quer estejais com a verdade, quer em erro. Mas vos declaro, alto e bom som, que estarei de corpo e alma com os que mostrarem mais caridade e mais abnegação. Se houvesse alguns, o que Deus não permita, que entretivessem sentimentos de ódio, de inveja ou de ciúme, eu os lamentaria, porque estariam sob má influência e eu preferiria supor que esses maus pensamentos lhes viessem de um Espírito estranho do que de seu próprio coração. Mas isto só me tornaria suspeita a veracidade das comunicações que pudessem receber, em virtude do princípio de que um Espírito realmente bom somente sugerirá bons sentimentos.

Terminarei, senhores, esta alocução, certamente já bem longa, com algumas considerações sobre as causas que devem assegurar o futuro do Espiritismo.

Compreendeis todos, pelo que tendes sob os olhos e pelo que sentis em vós mesmos, que num dia futuro o Espiritismo deve exercer uma imensa influência sobre a estrutura social. Mas o dia em que essa influência será generalizada ainda está longe, sem dúvida. São necessárias gerações para que o homem se despoje do homem velho. Contudo, desde agora, se o bem não pode ser geral, já é individual, e porque esse bem é efetivo, a doutrina que o proporciona é aceita com tanta facilidade. Direi mesmo que com muito entusiasmo, por muitos. Com efeito, abstração feita de sua racionalidade, que filosofia é mais capaz de libertar o pensamento do homem dos laços terrenos e de elevar sua alma para o infinito? Qual a que lhe dá uma ideia mais justa, mais lógica, mais apoiada em provas patentes, de sua natureza e de seu destino? Que seus adversários a substituam por algo de melhor; por uma doutrina mais consoladora que se acomode melhor à razão; que substitua a alegria inefável de saber que os seres que nos foram caros na Terra estão junto a nós, nos veem, nos ouvem, nos falam e nos aconselham; que dê um motivo mais legítimo à resignação; que faça temer menos a morte; que proporcione mais calma nas provas da vida; que substitua, enfim, essa suave quietude experimentada quando se pode dizer: sinto-me melhor. Ante uma doutrina que faça tudo isto melhor, o Espiritismo ensarilhará as armas.

O Espiritismo torna, pois, soberanamente feliz. Com ele, não mais isolamento nem desespero. Ele já poupou muitas faltas, impediu vários crimes, levou a paz a inúmeras famílias, corrigiu muitos desvios. Como será, então, quando os homens forem alimentados por tais ideias! Porque então, vindo o raciocínio, eles se fortalecerão e não mais renegarão sua alma. Sim, o Espiritismo torna feliz e é isto que lhe dá um poder irresistível e assegura o seu futuro triunfo. Os homens querem a felicidade; o Espiritismo a proporciona; eles se atirarão nos braços do Espiritismo. Querem aniquilá-lo? Então deem ao homem uma fonte maior de felicidade e de esperança. Isto quanto aos indivíduos.

Duas outras forças parecem ter receado o seu aparecimento: a autoridade civil e a autoridade religiosa. Por que isso? Porque não o conhecem. Hoje a Igreja começa a ver que nele encontrará poderosa arma para combater a incredulidade; a solução lógica de vários dogmas embaraçosos e, finalmente, que ele já traz de volta aos seus deveres de cristãos bom número de ovelhas desgarradas. Por seu lado, o poder civil começa a ver provas de sua benéfica influência sobre a moralidade das classes laboriosas, às quais essa doutrina inculca, pela convicção, ideias de ordem, de respeito à propriedade, e faz compreender o nada das utopias. Testemunha de metamorfoses morais quase miraculosas, em breve entreverá, na difusão dessas ideias, um alimento mais útil ao pensamento do que as alegrias dos cabarés ou o tumulto da praça pública e, consequentemente, uma salvaguarda para a Sociedade. Assim, povo, Igreja e poder, um dia vendo nele um dique contra a brutalidade das paixões, uma garantia da ordem e da tranquilidade, uma volta às ideias religiosas que se extinguem, ninguém terá interesse em entravá-lo. Ao contrário, cada um buscará nele um apoio. Aliás, quem poderá deter o curso desse rio de ideias que já rola suas águas benfazejas nos cinco continentes?

Tais são, meus caros confrades, as considerações que desejava submeter-vos. Termino agradecendo novamente vossa benévola acolhida, cuja lembrança estará sempre presente em minha memória. Agradeço igualmente aos bons Espíritos por toda a satisfação que me proporcionaram durante minha viagem, porque, por toda parte onde me detive, encontrei bons e sinceros espíritas e pude constatar, por meus próprios olhos, o imenso desenvolvimento dessas ideias e com que facilidade elas se enraízam. Por toda parte encontrei gente feliz, aflitos consolados, pesares acalmados, ódios apaziguados; por toda parte a confiança e a esperança sucedendo às angústias da dúvida e da incerteza. Ainda uma vez, o Espiritismo é a chave da verdadeira felicidade e aí está o segredo de seu poder irresistível. Então é utopia uma doutrina que faz tais prodígios? Que Deus, na sua bondade, meus caros amigos, se digne vos enviar bons Espíritos para vos assistir nas vossas comunicações, a fim de que vos esclareçam sobre as verdades que estais encarregados de espalhar. Um dia colhereis centuplicados os frutos do bom grão que houverdes semeado.

Que este repasto de amigos, meus mui amados confrades, como nos ágapes antigos, seja o penhor da união entre todos os verdadeiros espíritas!

Levanto um brinde aos espíritas lioneses, tanto em meu nome quanto no da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas.


Allan Kardec






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