domingo, 20 de setembro de 2020

Manoel Philomeno de Miranda - Livro Transição Planetária - Divaldo P. Franco - Cap. 22 - Preparativos para a conclusão do labor




Manoel Philomeno de Miranda - Livro Transição Planetária - Divaldo P. Franco - Cap. 22


Preparativos para a conclusão do labor


A noite, em especial, estava esplêndida, banhada pelas miríades de astros, quais diamantes estelares piscando no zimbório em festa. Sopravam as ânsias da Natureza carreando ondas de perfume nos braços da leve brisa. Era primavera na região, e o solo, coberto de relva macia e plantas delicadas, exultava ante as bênçãos da vida.

Nosso benfeitor, que demonstrava peculiar alegria, elucidou-nos que se fazia necessária uma revisão dos labores que havíamos realizado durante o período de três meses, desde a primeira incursão à assolada região de Sumatra, na Indonésia, após a qual, com outros companheiros retornamos ao planeta querido para os trabalhos em torno das reencarnações durante o período da grande transição, culminando com as experiências ao lado dos irmãos profundamente equivocados e entregues ao Mal.

Outros serviços, que se encontravam programados nas regiões mais infelizes que sediavam os Espíritos rebeldes e contumazes na crueldade ficariam para momento adequado, quando fossem estabelecidos os parâmetros socorristas para esse fim. Entre esses, receberia cuidados especiais a visita à região infernal em que se encontravam o rabino Eliachim ben Sadoch e os seus súditos desvairados.

O trabalho do bem, que não cessa nunca, prosseguiria em outras áreas, contribuindo para o progresso da Sociedade e do amado planeta. Após as instruções, como lhe era habitual, iniciamos a jornada visitando alguns dos muitos casais que se ofereceram para o programa das reencarnações dos convidados de Alcíone, assim como dos ilustres missionários do passado, ora de retorno, ficando, para a etapa final, a instituição espírita onde nos sediáramos em outra ocasião, de modo a encerrarmos o compromisso assumido naquele reduto de amor e de caridade, onde incontáveis bênçãos eram prodigalizadas a todos.

É evidente que a programação das reencarnações cuidava também daquelas normais no planeta, dos Espíritos que retornavam em condições melhores para poderem participar da construção do novo projeto de iluminação das vidas, assim também apressando a transição.

Milhões de Espíritos terrícolas, portadores de títulos de enobrecimento, encontravam-se assinalados para o prosseguimento de suas tarefas, conforme nos referimos anteriormente, renascendo neste período formoso de renovação e de esperança. Todos, certamente, estariam sob os cuidados especiais dos encarregados da Nova Era, de modo que ninguém pudesse sofrer qualquer tipo de impedimento, desde que se encontrando voltado para os compromissos relevantes e mantendo os propósitos de edificação interior.

Não houve antes, em qualquer época, uma revolução espiritual de tal porte, graças ao significado de que se revestem estes magnos momentos da evolução espiritual das criaturas.

A alegria dos responsáveis pelas reencarnações que, de alguma forma, receberam nossa contribuição, era imensa. Visitando-os e dialogando com os mesmos durante o parcial desprendido pelo sono fisiológico, participamos da sua emoção e dos seus anseios, a fim de que logo pudessem ter no regaço os filhinhos bem-amados, com eles trabalhando nos projetos da nova Terra, do mundo de promissão.

Nesses momentos, atingiam emoções que se convertiam em lágrimas de júbilo e de gratidão a Deus, pela relevância do compromisso espontaneamente assumido. A sublime concessão da progenitura para todos era portadora de um significado muito especial, porque facultava-lhes o desenvolvimento das emoções que se derivam da cocriação ao lado do Excelso Criador.

Por sua vez, os reencarnantes preparavam-se com afinco para corresponder às expectativas da investidura de que se faziam responsáveis. Qualquer clarão na escuridão e no tremedal chama a atenção, atraindo para sua luminosidade, portanto, para o seu epicentro, aqueles que se demoram na treva. Eles seriam, de alguma forma, os novos portadores dos padrões de comportamento moral e espiritual, enfrentando os desafios graves e as perturbações que seriam movimentadas com o objetivo de dificultar-lhes o avanço.

Sempre ocorre esse fenômeno, que é resultado da rebeldia dos insensatos ante a serenidade dos portadores dos significados existenciais, que não se encerram com o túmulo. Em todas as épocas, os bons e nobres nos deveres foram malsinados, incompreendidos, perseguidos, sofrendo o sarcasmo e o repúdio de quantos se comprazem nas situações abomináveis em que permanecem. Nunca, porém, lhes faltarão, com certeza, os recursos originados no mundo espiritual de onde todos procedemos, a fim de que os empreendimentos superiores façam-se coroar do êxito anelado.

Continuamos a ver a descida dos fascículos de luz na direção do orbe terrestre, representando os seres tutelares que penetravam na atmosfera planetária para o desempenho da grandiosa tarefa. Por outro lado, tomávamos conhecimento das ondas volumosas de horror e de sofrimento que esmagavam comunidades inteiras, asfixiando os ideais de muitos e fazendo derruir todas as construções que não estivessem com os seus alicerces fincados na rocha, conforme a expressão vigorosa de Jesus.

De alguma forma, essa luta é bastante antiga, porque sempre houve bons e maus Espíritos na Terra, aqueles que elegeram o progresso como normativa existencial e aqueloutros que optaram por veredas diferenciadas, vinculando-se aos recomeços aflitivos e angustiantes.

Já nos encontrávamos no recinto elegido para o encerramento da nossa excursão, quando Dr. Sílvio foi procurado por um dos membros espirituais da Casa querida.

Apresentando grave apreensão na face, o bondoso amigo solicitou a ajuda do benfeitor para um dos médiuns abnegados da instituição que, naquele momento, se encontrava em uma situação muito grave.

Narrou, em breves palavras, o acontecimento, solicitando a interferência do generoso guia. Tratava-se de um assalto a mão armada, a um trabalhador de Jesus, encontrando-se ele ameaçado de morte por um bandido fortemente drogado.

Orando, na crítica situação, havia recorrido à ajuda dos seus mentores, e, por isso, a sua prece fora ouvida, chegando até nós. Sem mais delongas, o benfeitor convidou-nos a acompanhar o intermediário da solicitação e, deparamo-nos numa rua de péssimo aspecto, em sombras densas como decorrência dos fluidos deletérios de que se vestia a região dedicada ao comércio da carne humana. O assaltante exigira que lhe fossem entregues o relógio, o telefone celular, o dinheiro, e estava em dúvida se o mataria ou o deixaria no corpo, quando nos acercamos da cena perigosa. A arma oscilava na sua mão trêmula, mantendo o dedo no gatilho em posição de disparo. Vitimado por terrível obsessor que o infelicitava, o jovem adicto, usuário de drogas fortes, recebia a inspiração cruel do adversário para que ceifasse a vida daquele que se lhe fizera vitima indefensa.

Nesse momento, Dr. Sílvio dirigiu o pensamento na direção do desencarnado cruel e admoestou-o, informando que ele seria responsável por ambas as existências, tanto a do assassinado como a do assassino, que iria adicionar mais essa hediondez ao seu currículo nefasto. Com austeridade, tocou na fronte do assaltante, que se encontrava sob a ação do malfeitor desencarnado, logrando interromper o fluxo da inspiração inferior, enquanto pôs-se a induzi-lo a que interrompesse o que se converteria em latrocínio.

As descargas de energia do Dr. Sílvio atingiam-lhe os chakras coronário e cerebral, produzindo a liberação momentânea do adversário frio e inclemente, e, de imediato, impôs-lhe uma nova onda de energia vigorosa no centro cardíaco, que leve o efeito de produzir-lhe um grande choque emocional, fazendo-o derrubar o revólver, fazendo-o tombar em seguida vitimado por uma hipotensão circulatória.

Evandro, o médium aturdido, percebeu a interferência do abnegado benfeitor, refez-se do choque, recuperou os seus objetos e, teleguiado pelo guia, afastou-se do local tenebroso em que se encontrava.

Dominado por diferentes emoções que agora o visitavam, começou a recordar-se do motivo que o levara àquele lugar umbralino, dando-se conta de que o seu era um objetivo cristão: caridade a uma jovem mulher em estado lastimável no catre miserável do pardieiro onde, anteriormente, vendia o corpo exausto e descarnado, vivendo os últimos momentos da atormentada existência terrestre.

Não era a primeira vez que a visitava, desde quando foi informado da degradação da sua existência, levando-lhe socorros alimentícios e moedas para a sustentação do corpo fragilizado e vencido, enquanto o anjo da morte rondava-lhe os dias de sofrimento.

As lágrimas escorreram-lhe dos olhos semiabertos, enquanto lhe podíamos ler os pensamentos caracterizados pela compaixão, mas inspirado pelo mentor gentil, tomou o rumo do lar.

Ainda é um grande desafio a ação do bem no mundo tumultuado da atualidade. Nem por isso, devem desanimar aqueles que se dedicam à prática da caridade e ao exercício do bem-fazer, porquanto, se existem os carrascos do além, sempre dispostos ao crime hediondo, também pululam os anjos tutelares, vigilantes e rápidos, na execução da legítima fraternidade.

Pouco depois, o alvoroço tomou conta do sórdido reduto, quando alguém viu o jovem desmaiado que, nesse momento, despertava, alquebrado e ainda sob o efeito da drogadição e do choque vibratório que experimentara. Como era conhecido na área, logo o caso foi encerrada após alguns comentários desairosos, e o local voltou à sua condição tenebrosa de reduto do crime e da vulgaridade.

Concluída a nova tarefa, retornamos ao seio generoso da Casa Espírita, onde fomos recepcionados pelo mentor e diversos colaboradores, inclusive o guia espiritual do nosso Evandro.

A noite seguia alta e as ruas lentamente ficavam desertas, movimentadas por alguns transeuntes retardatários.

O santuário que nos acolhia estava envolto em peregrina luz safirina que o inundava em todos os recantos.

Trabalhadores desencarnados encontravam-se presentes, porque foram informados do encerramento das nossas atividades na atual conjuntura, bem como diversos médiuns e amigos de Jesus, em desdobramento parcial pelo sono fisiológico, igualmente ali se encontravam desejosos de participar das nossas despedidas.

Conduzidos ao salão de conferências e de estudos, que se encontrava repleto, o caroável guia da Casa convidou nosso benfeitor a sentar-se à mesa diretora, enquanto fomos conduzidos a lugares reservados à frente e os demais convidados acomodavam-se nos assentos para eles reservados. Um mesanino elaborado por energias espirituais, ao fundo, apresentava-se, também, totalmente tomado.

No silêncio natural que se fez, ouviu-se uma doce melodia que nos parecia chegar de desconhecida região espiritual, enriquecida por vozes infantis, exaltando a vida e o amor, enquanto flocos delicados de substância luminosa caíam em abundância sobre todos, recolhidos em silenciosa oração.

Quando os últimos sons desapareceram suavemente, a mentora Joaquina ergueu-se e orou comovidamente, rogando as bênçãos de Jesus para a reunião, suplicando-Lhe a presença sublime, de modo a vitalizar-nos, carentes que somos de auxílio e de sabedoria.

Os médiuns presentes, que se encontravam próximos de nós, concentrados, passaram a exteriorizar energia semelhante ao ectoplasma que se direcionava para um tubo transparente colocado sobre o estrado onde se encontrava a mesa diretora.

Lentamente, aquele vapor adentrou-se no cilindro e começou a formar uma figura humana, que logo identificamos como o Dr. Artêmio Guimarães, o que nos produziu indizível júbilo.

Quando terminou a materialização, ele saiu do local em que se condensou, e acercando-se da tribuna, exteriorizando a luminosidade do seu estado de elevação moral, falou com bela entonação vocal:

— Irmãos queridos:

“Abençoe-nos Jesus, o sublime Guia da Humanidade.

“Há pouco tempo, nossos projetos eram possibilidades em delineamento, que hoje se converteram em realidade, graças ao devotamento dos servidores sinceros do Bem.

“Inúmeros grupos de trabalhadores do Evangelho em nosso plano desceram à Terra, a fim de criarem condições para a instalação do Reino dos Céus nos corações, e agora, de retorno à nossa comunidade, deixam espaço para outros lidadores darem prosseguimento ao programa, que se efetivará conforme o progresso dos resultados colhidos nas experiências iniciais.

“Antevemos, felizes, os futuros dias de renovação total do planeta no seu aspecto moral, quando os Espíritos retardatários transferirem-se para outros mundos, onde irão operar o progresso que se negam neste momento e os mensageiros da luz transformarem os mecanismos de guerra em instrumentos de paz, os vícios e crimes em espetáculos de amor e de libertação.

“Os trabalhadores da grande transformação encontram-se, há algum tempo, operando diligentes nos mais variados segmentos sociais e culturais da Terra.

“Nestes dias, porém, dão-se as grandes migrações de Espíritos felizes, interessados na modificação das estruturas sociais do mundo para melhor, quando a dor fugirá envergonhada, por desnecessidade da sua presença entre os seres humanos.

“Tornando factível a promessa de Jesus, a respeito do mundo de regeneração, a caminho de paraíso ou planeta feliz, os abnegados obreiros da Espiritualidade preparam o ambiente em que deverão viver esses construtores do amanhã.

“Congratulamo-nos com os queridos irmãos que agora encerram o seu périplo de fraternidade, após o período que lhes foi concedido para a execução do projeto.

“Como não existe entre nós o repouso em forma de ociosidade, passado breve período de renovação e de estudos, os mesmos volverão ao proscênio terrestre para novas investiduras espirituais, contribuindo mais eficazmente junto aos rebeldes e insanos, em tentativa de despertá-los, a fim de que disponham da oportunidade para o arrependimento e a retificação moral, ao invés do exílio que lhes será imposto pela Divina Legislação.

“Certamente, serão atividades mais penosas e desafiadoras do que as que foram realizadas durante o período que hoje se encerra.

“Confiamos que o Sublime Trabalhador nos equipará de recursos e nos instrumentalizará para a execução do futuro programa, de forma idêntica a esta que se conclui em bênçãos.

“Que Ele mesmo, nosso Exemplo e Modelo, nos conduza com o Seu carinho, são os votos deste vosso amigo devotado e fiel.”

Quando silenciou, novamente ouvimos a música angelical e as vozes infantis em hosanas a Jesus e à vida.

Retornou ao cilindro e diluiu-se diante dos nossos olhos orvalhados de lágrimas quentes.

Foi a vez do Dr. Sílvio erguer-se para agradecer a todos quantos cooperaram com a equipe que lhe coube dirigir.

Com a voz embargada, exorou:

Amado Mestre Jesus:

Convidaste-nos para trabalhar na Tua seara, e totalmente desequipados apresentamo-nos, à última hora, quando nos recebeste, oferecendo-nos o campo a lavrar.

Embora o dia se apagasse em a noite que se aproximava, permitiste que nos apressássemos e arássemos as terras dos corações endurecidos, a fim de podermos nelas ensementar a Tua palavra de amor e luz.

Após os anteriores fracassos em que tombamos, não tergiversaste em conceder-nos o lastro da confiança para a execução do Teu programa de renovação da Terra, apesar da nossa pouca experiência e quase nenhuma sabedoria.

Mesmo lutando contra as nossas imperfeições, visitaste-nos, vezes incontáveis, a fim de sustentar-nos no esforço de autotransformação para melhor, a fim de podermos enfrentar os desafios internos e solucionar as dificuldades exteriores.

Os dias passaram na ampulheta do tempo e chegamos à etapa final com as mãos quase vazias de feitos, embora o coração e a mente agradecidos por todas as Tuas formosas concessões.

Perdoa-nos a imperícia, as limitações, as dificuldades, porém, o que possuímos de melhor oferecemos ao serviço, e o que muito gostaríamos de realizar, tentamos fazê-lo, permanecendo dispostos para os empreendimentos do futuro.

Honra-nos com novos convites e enriquece-nos com a Tua incomparável misericórdia, facultando-nos novos cometimentos de luz.

Agradecemos-Te, Senhor nosso, depositando no Teu coração amoroso os nossos melhores sentimentos de ternura e de gratidão.

Quando silenciou, as emoções haviam alcançado o clímax.

Encerrada a bela reunião, lentamente chegou a hora das despedidas. Repassamos pela mente e pela emoção todos os lances do empreendimento, desde o primeiro tentame junto às vítimas do tsunami do oceano Índico até o socorro ao jovem médium, concluindo pela vitória do amor em todas as suas expressões.

Raiava novo dia, quando nossa caravana, ainda sob o comando do Dr. Sílvio Santana, retornou ao nosso plano espiritual.

À medida que nos afastávamos da Terra querida, podíamos vê-la envolta em luz azul, rodopiando no Cosmo e avançando no rumo de planeta de regeneração.


Manoel Philomeno de Miranda








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