terça-feira, 29 de setembro de 2020

Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Pág. 106 - O médium e os sábios




Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Pág. 106


O médium e os sábios

 
"Certo como estou, da tua obediência, eu te escrevo, sabendo que farás mais do que estou pedindo". Filémon — Cap. 1, v. 21


O médium nunca deve ser adverso ao saber. No entanto, não é justo que se faça de mestre. Seria isso aviltar-se, e o aviltamento obscurece o ambiente de assimilação e desprotege a área dos sentimentos. O sensitivo, quando de posse de conhecimentos acima da coletividade que o procura, deve manter-se discreto e quando falar, deve conservar-se na linha da humildade, sem a pretensão de ser mestre; jamais pensar que os outros não sabem o que dizem e não compreendem o que ele fala. Se, porventura, no momento, não interpretam a sua fala, é do saber espiritual que nada se perde, dentro e fora de todos os mundos.

O respeito a todas as criaturas é norma do cristão. Porém, aos sábios, por terem se adiantado nos méritos da sapiência, devem os médiuns maior respeito. Resta considerar, ainda no que concerne aos sábios, que também eles são médiuns de Cristo e de Deus, no impulso do progresso. Reverenciamos esses espíritos dedicados, missionários da instrução, pois sem o seu concurso o nosso aprendizado ficaria comprometido. Paulo pede a Filémon obediência em tudo, esperando receber mais do que pediu, considerando a capacidade do companheiro. O mesmo Jesus espera dos médiuns, pois os dons que lhes foram concedidos hão de fortalecê-los, na luta pela aquisição do saber, com o auxílio dos sábios.

A capacidade da alma é imensa, pois os recursos são infinitos, mesmo nas situações que nos parecem sem solução. Em circunstâncias semelhantes, lembremo-nos dos exemplos dos grandes sábios, da vida que levaram os santos, e do poder da mente dos místicos, e a fé nos será devolvida, e ganharemos maior poder de servir, com paciência, gratidão, confiança, caridade e amor. Tudo deveremos fazer para o bem da humanidade. E aí repetiremos, como o convertido de Damasco quando falava em II Coríntios, Capítulo 9, versículo 15: "Graças a Deus pelo seu dom inefável". Nós, antes de Cristo, desconhecíamos nossos próprios valores. Com Ele, destampou-se-nos uma fonte inesgotável de vida. Desaparecem, das nossas cogitações, o impossível, o medo e a dúvida. Temos esperança em tudo, e faremos tudo o que nos propusermos a fazer. E tudo o que fazemos, fazemos por amor. O médium, obediente à voz do Cristo na consciência, faz um plantio por excelência grandioso: repara o bem que pode fazer imediatamente, e aprende como pensar, antes que os pensamentos se materializem. Torna-se, por assim dizer, numa lavoura imensurável das ideias cristãs, multiplicando-as em todos os momentos que a vida lhe proporciona.

Os espíritos sábios nunca ficam amargurados por verem que os conselhos que dão não são entendidos e muito menos aplicados. Eles de antemão, conhecem a inexperiência dos seus tutelados e o quanto eles suportam, no campo das responsabilidades. São sábios por que não ignoram mais as leis que orientam e dirigem os seres humanos. Rebuscam e encontram, no próprio passado, essas leis, já que passaram pelos mesmos processos.

Quando Jesus nos convoca para uma missão, nosso esforço deverá ser, sempre, menor do que aquilo que poderíamos fazer, deixando que, de nossa parte, façamos um acréscimo, em gratidão Àquele que nos serviu desde o princípio. Aos médiuns foi dada uma tarefa muito grande de sustentar a vida de muitos fenómenos espirituais, de acreditar e fazer os outros crerem na existência da alma depois do túmulo, de não ter dúvidas na reencarnação, de manter sempre com fidelidade a comunicação entre os dois mundos, persistindo nisto até o fim do nosso mandato.

E ainda mais: de nos esforçarmos, todos os dias, para manter uma linha de conduta compatível com o Evangelho. E é bom quedemos essa alegria aos céus, fazendo mais do que a nossa consciência pede, no exemplo fecundo de todos os preceitos que correspondem ao amor. Porque, quando deixamos de nos envaidecer pelo pouco que sabemos, aí é que começamos a respirar a atmosfera dos santos.

Então, podemos ouvir, com tranquilidade, o pedido do apóstolo, feito a Filémon, como se a nós se dirigisse:

"Certo como estou, da tua obediência, eu te escrevo, sabendo que fareis mais do que eu estou pedindo".


Miramez






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