quarta-feira, 15 de maio de 2024

Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Cap. 11 - Obsessão



Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Cap. 11


Obsessão 
 

"E este, onde quer que o apanha, lança-o por terra e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam". Marcos — Cap. 9, v. 18

A obsessão é um mal coletivo, na atualidade. Dela partem inúmeras enfermidades contra as quais a medicina luta. Eis porque a bondade de Deus fez reviver a doutrina do Cristo na expressão do Espiritismo na face da Terra, como receita divina. 0 remédio, deveis buscá-lo na farmacopeia do Evangelho, tendo no Mestre, o Médico das almas. Todavia, nós mesmos é que devemos tomar os medicamentos, pois, para cada um o efeito é diferente.

O materialismo, na Terra, encontra nos homens que com ele afinam, instrumentos de espíritos da mesma estirpe, que trocam ideias no silêncio das ondas magnéticas, ampliando dúvidas nos corações que tentam esquecer a linha doutrinária de Jesus. E daí partem ramificações de doutrinas nascidas sobre colunas carcomidas pelos seus próprios fundamentos. Contradizendo suas exposições, negam a mediunidade e se servem de médiuns para os espíritos das sombras, que os dominam mais do que aos próprios médiuns da luz. Esses últimos ganham o respeito dos seus direitos, por se tratarem de sensitivos de entidades de alta compreensão espiritual. Os primeiros impõem-lhes as suas intenções, não deixando vestígios de que são eles os que compram as ideias formadas nas mentes dos seus tutelados.

A engrenagem da obsessão é, por assim dizer, de difícil comprovação. Se procurais somente a letra, ou como quiserdes compreender, somente a forma, deslizareis em veredas incompreensíveis, achando que estais com a razão, de posse da verdade. Mas a ilusão não é total, e parcela da consciência profunda, de vez em quando, lança dúvidas no consciente, por força da própria verdade, e a alma passa a cismar acerca do que afirma, e trava consigo mesma monólogos intermináveis. Este já é o caminho para crer na realidade dos preceitos de Jesus, na comunicação dos espíritos, reencarnação, etc. Todavia, não poderemos alardear poderes psíquicos que ainda não alcançamos. Isso é menosprezar os valores espirituais. Os extremos não nos fornecem pouso de segurança. São neles que se alicerçam as maiores obsessões. E a desobsessão das pessoas escravizadas a eles, os extremos, se faz gradativamente, por meio de mudanças internas.

Aparecendo um homem possesso de espírito inferior, que dominava por completo as suas faculdades e o fazia sofrer desde criança, foi levado à presença dos discípulos do Mestre, que nada puderam fazer. Quando esse vê o Cristo, agita o doente, espuma, rilha os dentes e vai saindo do enfermo, deixando-o como se estivesse morto. E Jesus ordena: "Não tornes mais para junto dele". E os discípulos vieram ter com o Mestre, querendo saber o porquê dê eles não expelirem o demônio, e o Senhor respondeu-lhes: "Esta casta não pode sair senão por meio de oração e jejum".

As obsessões são diversificadas, em todas as suas expressões. É indispensável que busquemos suas raízes. Elas são enfermidades da alma, tanto desencarnada quanto encarnada, e para que possamos ser bem sucedidos, diagnostiquemo-las bem, para melhor efeito do medicamento. Almas afins se prendem umas às outras, por lei dos iguais. Escrevei as vossas ideias, os vossos impulsos, analisai bem, que notareis o tipo de companhias espirituais que vos cercam.

O médium é qual um receptor que faz ouvir a mensagem da estação sintonizada por faixa. O medianeiro se prende, por prazeres idênticos, a determinadas entidades que falam e convidam ainda seus companheiros a falarem também por instrumento que a eles se entrega, na força das mesmas ideias. Quando queremos sair de uma faixa de vida, só o conseguimos da mesma forma que tiramos um rádio de determinada estação: mudando de canal. Mudar de canal de vida é fazer uma modificação interna. Esforçamo-nos na autoanálise, gastando conosco mesmos aquele tempo que perdíamos em criticar os outros, procurando corrigir os nossos próprios erros, que o tempo nos mostrará outras dimensões em que vamos viver.

O médium é mais visado pela obsessão, por ser mais sensível à influência espiritual. Essa casta de espíritos é afastada por orações, na verdadeira mística da palavra, criando um ambiente favorável, como se estivesse em permanente oração e jejum. O jejum referido por Cristo significa deixar de pensar como de costume, nas lamentações, nas injúrias, no medo, no ódio, na inveja, no ciúme, etc. Neste exercício permanente, vamos ganhando força e desligando-nos das insinuações inferiores de todas as influências das trevas, aprumando-nos como médiuns de Cristo, no serviço de Deus.

A obsessão nasce de milhares de pontos, na invisibilidade dos nossos pensamentos, palavras e gestos. E se não encontrar resistência, ela se avoluma qual as gotas de chuvas, que formam poças, lagos, rios, e o próprio mar.

"E este, onde quer que o apanha, lança-o por terra e ele espuma, rilha os dentes e vai definhando. Roguei a teus discípulos que o expelissem, e eles não puderam." 


Miramez


















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