sexta-feira, 31 de maio de 2024

Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Vida - Divaldo P. Franco - Cap. 6 - Relacionamentos



Joanna de Ângelis - Livro Jesus e Vida - Divaldo P. Franco - Cap. 6


Relacionamentos


O ser humano é um animal biopsicossocial, dirigido pelo instinto gregário, necessitado da convivência com outrem da mesma espécie, a fim de desenvolver os conteúdos inerentes à sua evolução.

Quando isolado, tende a vivenciar conflitos e perturbações físicas, emocionais e psíquicas, às vezes, irreversíveis.

O calor dos relacionamentos oferece-lhe vitalidade e desenvolve-lhe a confiança nos investimentos da afetividade e de outros sentimentos nobres, contribuindo para a autorrealização nos objetivos a que se vincula.

Os relacionamentos nem sempre se desenvolvem no clima que deveria ser ideal, isto é, de reciprocidade, de respeito e amizade.

Assim sucede, porque o egoísmo e as paixões primitivas dificultam-lhe as manifestações de equilíbrio e de discernimento na pauta da convivência com outrem em particular, e com as demais pessoas em geral.

Destacando-se o temperamento rebelde, fruto das heranças ancestrais de predominância da força bruta sobre os sentimentos dignificantes, o indivíduo que deseja a bênção do relacionamento, ao invés de preocupar-se com o seu significado, aquilo que pode e gostaria de oferecer, deseja, apenas, auferir os benefícios retirados do outro, sem a contribuição pessoal da afetividade, da cooperação.

Todo relacionamento exige reciprocidade para ser exitoso, a fim de ensejar bem-estar, intercâmbio de vibrações harmônicas, alegria de viver.

Os primeiros relacionamentos têm lugar no regaço materno, quando se manifestam as primeiras expressões da afetividade do adulto em relação à criança. É nessa fase que se desenvolvem as sementes do amor divino adormecidas no cerne do ser, aguardando o adubo da ternura, o calor do amparo, a chuva das carícias, os cuidados vigilantes da preservação da vida...

À medida que se fortalecem os laços da família em relação à criança, expande-se-lhe o campo de relacionamento, ensejando-lhe melhor entendimento em torno da vida, que é feita de fatores conjugados em reciprocidade de contribuição, graças à qual é possível o prosseguimento existencial.

Logo depois, surgem os pródromos do relacionamento social na escola - seja no ciclo maternal, infantil, de alfabetização, fundamental... - fortalecendo ou não a segurança no apoio da amizade, conforme as respostas da convivência com os adultos, os educadores, as demais pessoas...

Entre os animais irracionais, com algumas exceções, os pais orientam os filhos em relação ao grupo, na busca da alimentação, da preservação da prole, da espécie, na demarcação da área que lhe pertence, após o que, deixa-os por conta própria, quando já se encontram em condições de sobrevivência.

Em face do instinto de preservação da vida, o fenômeno dá-se por automatismo, imprimindo, pela repetição, nos hábitos dos descendentes, os recursos que os preservarão, auxiliando-os no crescimento e sobrevivência em relação aos predadores e aos fatores circunstanciais e ambientais.

O ser humano, que pensa, nem sempre age conforme aprendeu, permitindo-se desorientar, vivenciando condutas agressivas e infelizes, destruindo os relacionamentos indispensáveis à existência feliz.

Em qualquer relacionamento em que te encontres, cuida de ser leal e honesto, não te utilizando de recursos desprezíveis, mesmo que objetivem resultados que supões serem construtivos. O erro, a intenção malévola não podem contribuir de maneira saudável, porque as suas são estruturas deficientes e enfermiças. O mal jamais operará em favor do bem, porque a sua é uma contribuição destrutiva.

Somente a verdade, mesmo que amarga e muitas vezes afligente, preserva saudáveis os relacionamentos.

A amizade é fator essencial, em qualquer tipo de relacionamento, por caracterizar-se pelo desinteresse pessoal, imediatista, ao influxo da disposição da convivência enriquecedora.

Nessa conjuntura, ninguém se apresenta mais importante, evitando-se sempre a exaltação do ego, que é fator dissolvente de todo empreendimento edificante.

À medida que se estreitam os laços da amizade, podem surgir outras expressões de afetividade, tornando o relacionamento mais complexo e mais profundo, muitas vezes culminando na identificação de propósitos e ideais, que se consolida em matrimônio, abrindo espaço para a constituição da família.

Nos relacionamentos sociais, lamentavelmente, quase sempre predominam a mentira, a bajulação em referência aos poderosos, submissão e falsidade, que logo se convertem em traição e abandono, assim que os ventos dos interesses mudam de direção.

A sociedade, no entanto, merece contribuição enriquecedora, distante dos habituais comportamentos sórdidos, nos quais a intriga e a mentira adquirem cidadania, em detrimento da fidelidade e do respeito, cada qual tentando alcançar mais alto patamar na escada da insensatez.

Essa conduta mórbida expande-se na direção dos relacionamentos comerciais, políticos, artísticos, culturais de toda expressão, porquanto é o indivíduo com os seus próprios recursos que se transfere de uma para outra condição no grupo em que se movimenta. Se a sua é uma conduta enfermiça, naturalmente que a impõe onde se encontre, produzindo equilíbrio ou desordem. Se, no entanto, é portadora de recursos educativos, significando elevação de princípios, por certo contribuirá para a preservação da convivência responsável e benéfica.

O indivíduo, desse modo, é sempre o agente do sucesso ou do desastre na área dos relacionamentos.

A fraternidade constitui, então, o passo mais feliz no processo das relações entre as criaturas humanas, porquanto impulsiona à afeição como se fora biológica, portanto, destituída de paixões individualistas, trabalhando em favor do mesmo clã, do grupo doméstico.

É certo que, nem sempre, no lar, encontram-se espíritos afins, que sejam capazes de trabalhar em comunhão de pensamento e de ideal, muitas vezes, lutando encarniçadamente, devorados pelos ódios ancestrais, que procedem das condutas infelizes de outras existências, agora em processo de recuperação. Entretanto, é na família que se consolidam os sentimentos e se ampliam os tesouros da verdadeira afeição.

Os relacionamentos sexuais, que têm destaque nos grupos humanos, como fundamentais para a vida, são mais frutos do instinto do que mesmo dos sentimentos. Aparentemente surgem como impulsos de falso amor, com paixão abrasadora, que arrasta a comportamentos precipitados e a uniões sem estrutura moral, econômica ou mesmo afetiva.

Logo passam os impulsos defluentes do desejo asselvajado, porque não se submetem ao controle da razão, e desaparecem os relacionamentos, transformando-se, não poucas vezes, em lutas e ódios devoradores.

Considerando a necessidade dos relacionamentos saudáveis, Jesus, o Psicoterapeuta por Excelência, propôs o amor entre as criaturas humanas em todas e quaisquer circunstâncias, porquanto o amor é essencial para a construção da sociedade terrestre.

O amor é a expressão divina que verte do Alto em tudo quanto existe, trabalhando pela felicidade espiritual da Terra, através das criaturas que hospeda na forma física.

Ama, portanto, e relaciona-te com tudo e com todos, sem receio, oferecendo o que possuas de melhor, dessa maneira fruindo de paz e nunca te sentindo a sós...

Mandato mediúnico Asseverou com propriedade o apóstolo Paulo que há diversidade de dons, mas o espírito é o mesmo (Co 15:4-10), graças aos quais se manifestam os fenômenos que procedem de Deus, através da palavra de sabedoria, da escrita, da profecia, das línguas, das curas, tudo como manifestação do espírito.

Posteriormente, por ocasião da Codificação do Espiritismo, Allan Kardec, estudando as faculdades mediúnicas, demonstrou que elas se apresentam com variedade e polimorfia.

Mesmo quando se trata de uma expressão que a tipifica em todos os indivíduos, ei-la que varia de qualidade conforme o instrumento pelo qual se manifesta.

E compreensível que assim ocorra, considerando-se que, na área da inteligência, diversas são as suas manifestações, tais como a de natureza cognitiva, emocional e espiritual. Nada obstante, em cada uma delas ocorrem especificidades que são peculiares às experiências de cada ser humano em decorrência das suas transatas reencarnações, das conquistas ou prejuízos adquiridos.

Se tomar-se como exemplo a cognitiva, ou de natureza intelectual, constata-se que o seu portador pode ser um excelente matemático, e ter muita dificuldade para outras doutrinas, como as filosóficas, históricas, geográficas ou vice-versa.

Depreende-se que se trata de uma aptidão especial compatível com o desenvolvimento cultural ínsito em cada pessoa, que demonstra maior ou menor facilidade para determinado aspecto do conhecimento com o qual já teve ou não contato em existência anterior.

Apresentando-se a faculdade mediúnica de maneira ostensiva ou natural, os fenômenos ocorrem de acordo com a pauta das necessidades evolutivas de cada medianeiro, razão pela qual não existem duas inteligências iguais, da mesma forma que não existem dois médiuns portadores do mesmo nível de registros das ocorrências espirituais.

Se, por um lado, as manifestações ostensivas melhor confirmam a procedência espiritual das ocorrências, mais cuidados requer, de modo que não se transforme em motivo de aflições e de desaires.

Constituindo-se um delicado instrumento com imensas possibilidades para produzir os fenômenos, estes se tornam contínuos e expressivos, cuja qualidade nem sempre é de procedência superior, considerando-se os espíritos que os desencadeiam.

Sendo mais fácil a sintonia do médium com os seres espirituais do seu mesmo nível evolutivo, e estando assessorado por aqueloutros que se lhe vinculam pelos impositivos das reencarnações anteriores, a fase inicial das manifestações é quase sempre turbulenta, aflitiva, quando não ocorrem, nesse período, os tormentosos transtornos obsessivos.

À medida que o estudo, a reflexão, o conhecimento da faculdade favorecem-lhe o bom uso, altera-se-lhe a face perturbadora, tornando-se veículo dos operosos seareiros do amor e da caridade, que a utilizam para os fins nobilitantes a que se destina.

A faculdade natural é mais sutil, propiciando lento e bem cuidado aprimoramento, graças ao qual as expressões fenomênicas tornam-se evidentes e confortadoras.

Apresente-se, desse modo, o fenômeno mediúnico em qualquer aspecto que o caracterize, o comportamento moral saudável do médium, o exercício das virtudes e dos sentimentos dignos do dever cumprido com abnegação, contribuem para o feliz desempenho do compromisso que foi firmado no Grande Lar, antes da atual conjuntura reencarnacionista.

Daí o declararmos abertamente que quem quer que blasone de os obter (fenômenos) à vontade não pode deixar de ser ignorante ou impostor. Daí vem que o verdadeiro Espiritismo jamais se ilará em espetáculo, nem subirá ao tablado das feiras, afirmou com ênfase Allan Kardec. (O Livro dos Médiuns. 28. ed. FEB. Cap. III, item 31)

É procedente a declaração do preclaro Codificador, considerando que os espíritos sérios não se permitem o ridículo nem se fazem instrumento de divertimento para as massas ociosas e insensatas.

O fenômeno ocorre em qualquer lugar, compatível, no entanto, com os valores morais daqueles que lhe participam da apresentação.

Encontramo-lo tanto no banquete de Baltazar, rei da Babilônia, prenunciando os últimos dias do grande império, quanto na sarça ardente do monte Sinai onde Moisés recebeu o Decálogo.

Sempre esteve presente no burlesco de todas as épocas, através de idiotas e de saltimbancos que lhe foram objeto de manifestações, ruidosas umas, apavorantes outras, todas, porém, de qualidade inferior.

De maneira equivalente esteve no Tabor e em inúmeros lugares através dos tempos, traduzindo o triunfo da imortalidade e a glória da vida imperecível.

A mediunidade é faculdade neutra, apresentando-se tanto através de pessoas dignas como estúrdias. Os fenômenos que produz resultam sempre das qualidades morais dos seus portadores.

É compreensível, portanto, que o mandato mediúnico revista-se de elevação e de inteireza espiritual em todo aquele que deseja viver com sabedoria, especialmente quando se encontra comprometido com a atividade espírita.

Nunca deve o médium permitir-se a sistemática sintonia com as entidades de conduta vulgar, objetivando distrair e agradar o público, tão ocioso quanto irresponsável, sempre disposto ao campeonato da frivolidade.

Jamais esquecer-se de que a mediunidade deve ser considerada como um instrumento santo e que santamente deve ser utilizada.

Não bastam as justificativas de que são nobres os fins perseguidos, utilizando-se, porém, de meios atentatórios aos compromissos doutrinários, embora os recursos angariados se destinem a atividades dignificantes.

A mediunidade é ponte através da qual os imortais retornam à convivência com as criaturas reencarnadas, advertindo-as, confortando-as, preparando-as para a sobrevivência à morte.

Canalizar-lhe as energias de maneira sábia e elevada, constitui dever impostergável de todo aquele que, médium ostensivo ou natural, seja portador de uma ou de várias facetas mediúnicas.

Torna-te veraz, e os fenômenos por teu intermédio serão autênticos.

Faze-te responsável e sério, e as ocorrências mediúnicas a que deres origem merecerão credibilidade e consideração.

Vive conforme recomendam os espíritos nobres, e aqueles que participam das tuas experiências mediúnicas se esforçarão para viver condignamente.

Exercita a caridade e a renúncia, ajudando-te e ao teu próximo, e os bons espíritos te elegerão para instrumento do seu ministério de iluminação humana.

Jesus, na condição de Médium de Deus, viveu integralmente tudo quanto nos ensinou a todos, a fim de buscarmos a glória celestial. 


Joanna de Ângelis 
















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