Miramez - Livro Médiuns - João Nunes Maia - Cap. 117, Pág. 177
Silêncio em muitas coisas
"Ele, porém, advertindo-os, mandou que a ninguém declarassem tal cousa" Lucas — Cap. 9, v. 21
O silêncio é uma arte que o coração educado concede para que reine a paz, desde que esse seja fruto da meditação, analisado pelo bom senso. Em horas difíceis, ponderemos antes de falar, ou falemos sem esquecer a vigilância. O médium que não sabe portar-se diante dos outros, transmitindo tudo o que ouve ou vê do mundo espiritual, caminha a passos largos para falsas profecias. Tudo o que existe é certo, mas nem tudo o que ficamos sabendo convém anunciar. Em boca fechada é mais difícil transitarem insetos.
O sensitivo pretensioso entra em caminhos perigosos, e se pensasse melhor, desistiria da pretensão, pelo volume das consequências. Se conhecêssemos melhor a lei na regência da mecânica universal, falaríamos muito pouco, porém, acertadamente. A ostentação nos leva a muitos enganos, porque não sabe esperar. Nada fica em vão, nem escondido, que não venha à luz. Todavia, quando a vaidade força para que os outros saibam do pouco bem que fazemos, empobrece o que é mais útil. Saber, esperar é diligência divina no coração humano. A maior virtude, ou uma das maiores, é aquela que não se preocupa em retratar o que se faz, pois tudo é feito pelo bem da humanidade. O êxito da verdade se evidencia quando ela convém ser anunciada. Dita na hora errada, avança a área alheia e torna-se imprudência, castiga a quem ouve e é recebida como engano. O médium prudente valoriza a doutrina que escolheu para sua fé e é sempre respeitado por todos os profitentes, que vêem nos seus trabalhos mediúnicos verdadeiros estímulos para a paz de todos.
Os dons que possuís, meus companheiros, não podem ser coisa mercável, nem brinquedo de uso fácil. São joias preciosas, fabricadas em milhões de anos pelas mão sábias do tempo, sob o comando da inteligência Suprema. São preciosidades raras que acumulais no coração, não para que elas fiquem pelo brilho que têm, mas pelo bem que podem fazer, irradiando amor para a humanidade inteira. O silêncio bem metrificado é poesia divina no canto universal, é discurso infinito aos ouvidos dos sábios, é xarope de longa vida, é a pedra filosofal dos que iniciaram com o Cristo. Só a caridade conhece quando ele deve nascer. O cristão se escusa da fatuidade e nunca se serve de seu próprio anunciador. Esse facto ridiculariza os direitos naturais do ser humano e desajeita o ambiente entre os amigos. Falar de si mesmo é empobrecer-se. O medianeiro tem de silenciar-se em muitos assuntos, e quando falar das coisas espirituais, sentir-se seguro dos assuntos a publicar.
Se conheceis alguns pormenores da vida do vosso irmão, cujo anúncio afeta a sua moral, sede discretos, embriagai-vos no silêncio e buscai alguma coisa nele que falta em vós, na pauta da sabedoria. Se nas conversações com os outros e na leitura dos livros não encontrais advertências acerca do que podeis falar abertamente, pedi a Deus, pelos canais da prece, para vos ajudar no que podeis dizer, e no tocante ao silêncio, nunca falta ajuda para quem se dispõe a aprender com sinceridade.
Meus filhos, no trato com o dom de curar os enfermos, é de notória edificação a discrição. Deixai que o tempo fale pelos seus processos, que o amor fale pela sua irradiação de serenidade, que Deus anuncie, se for da Sua vontade. Mas vós, sede todo ouvidos; não faleis do bem que praticardes.
"Ele porém, advertindo-os, mandou que a ninguém declarassem tal cousa"
Miramez
Fonte: Médiuns-pdf
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