quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Maria Modesto Cravo - Livro Amorosidade: a cura da ferida do abandono - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira - Prefácio - Amorosidade: o termômetro do amadurecimento espiritual



Maria Modesto Cravo - Livro Amorosidade: a cura da ferida do abandono - Ermance Dufaux / Wanderley Oliveira - Prefácio


Amorosidade: o termômetro do amadurecimento espiritual 


Temos uma ala no Hospital Esperança (1)fundada na década de 1980, destinada a receber e tratar dirigentes e líderes cristãos. Entre seus colaboradores, temos grupos preparados por Eurípedes Barsanulfo que são altamente especializados em vida psíquica e conhecedores de doenças mentais profundas. 

Cuidadores  amorosos  e  amáveis  foram  preparados em cursos intensivos para acompanhar o desencarne e receber, no plano espiritual, grandes vultos dos segmentos católicos, espíritas, umbandistas, evangélicos e afins, uma vez que foram homens e mulheres dotados de extrema devoção e influência na religião, mas portadores de elevado grau de arrogância e orgulho em seus corações.

Era requisito fundamental que fossem orientados por almas doces e pacientes nos primeiros tempos de sua adaptação ao mundo espiritual. Após uma década de experiências nesse setor, chegou-se à conclusão de que alguns traços de personalidade eram inerentes a cada um dos segmentos religiosos e, em 1993, foram criadas alas ainda mais específicas para tratar cada tipo de necessidade apresentada. O setor, então, cresceu e se transformou em uma das maiores especialidades do hospital.

Os perfis mais frequentes nos atendimentos são os com-panheiros que sofrem com elevado nível de ansiedade e aflição, decorrentes do acentuado congestionamento mental provocado pelo acúmulo de conhecimentos espirituais e religiosos adquiridos na vida física, sem a devida educação das emoções.

São homens e mulheres bons, porém atormentados e prisioneiros de lamentável inquietude, em razão do pensamento acelerado e da desordenação de seus sentimentos. Apresentam largo grau de confusão, conflitos e alguns, até, de desorientação psíquica. O cérebro, sem dúvida, é um amortecedor generoso para esse quadro. Mas a morte é um fator determinante e apresenta a conta em forma de verdade. 

Ai de nós sem a misericórdia após o desencarne!

Nessa ala, tais pacientes encontram o remédio que os aquieta, bem como benfeitores e tarefeiros com expressiva afetividade que lhes toca as fibras mais reservadas na alma. Não será exagero dizer que é um local em que eles se preparam para o arrependimento e têm a oportunidade de ampliar a visão sobre as recém-findas reencarnações, nas quais a soberba do saber lhes distraiu de deveres inadiáveis para a própria redenção espiritual.

É um ponto de partida para retomarem o equilíbrio, considerando que muitos dos internos, conforme absorvem as técnicas e os novos conhecimentos, tombam nas depressões, em função da desilusão de suas crenças.

Entre eles, encontramos uma geração de dirigentes espíritas reencarnados no início do século 20, muitos adoecidos com severas perturbações. Irmãos que aprenderam o Espiritismo por fora, sem acompanhar a era do Espiritismo por dentro. Viveram-no nas práticas e tarefas em prejuízo da educação das próprias tendências e do desenvolvimento de qualidades morais e emocionais para o amor legítimo.

Tivemos três ciclos no planejamento das ideias espíritas no planeta. O primeiro foi de 1857 até 1930, começando com o surgimento do Espiritismo até a chegada de Chico Xavier. É o período do alicerce das bases doutrinárias.

O segundo foi de 1930 até 2000, etapa na qual a divulgação social dos princípios espíritas realizou-se em larga escala. O terceiro ciclo, em pleno vigor, vem de 2000 e vai até 2070. É o período da humanização e do desenvolvimento do afeto.

Podemos assim resumir essas três etapas sob a perspectiva da missão desses dirigentes:

1ª geração – os obreiros da caridade e do fenômeno mediúnico.
2ª geração – os modeladores do pensamento espírita. 
3ª geração – os construtores da amorosidade.

E podemos também resumi-las sob a perspectiva da necessidade espiritual desses dirigentes:

1ª geração – espíritos com culpas muito acentuadas que se desdobraram nos serviços de caridade para amenizar suas dores, e na aplicação da mediunidade como arrimo de sua fé.

2ª geração – espíritos com grande bagagem filosófica e religiosa, portadores de muito orgulho e vaidade, que buscaram no conhecimento adquirido recursos para se reorientarem na vida.

3ª geração – espíritos cansados de si mesmos e com muita angústia a respeito do amor. Trazem uma extrema necessidade de viver seus relacionamentos com mais afetividade.

As nossas alas de hoje estão abarrotadas dos dirigentes das duas primeiras gerações, e alguns já retornam ao mundo físico, angustiados por um recomeço em bases novas. A culpa e o orgulho de outrora migraram dentro de suas almas para uma dilacerante saudade de si próprios, uma sensação angustiante de abandono e solidão no mundo. Sentem muita falta de relacionamentos legítimos, de contato fraterno e de vivência do afeto.

Estão novamente na seara, com cinco, dez ou vinte anos de idade, em busca de amorosidade, repugnando os aspectos mais formais e dogmáticos.

Eles fazem parte de uma geração com perfis completamente distintos de seus antecessores e trazem um clamor muito vigoroso para a diversidade, o calor humano e a proximidade afetiva.

Antes de renascerem, receberam um preparo nessas áreas especializadas do Hospital Esperança, visando melhores chances de êxito em suas reencarnações. 

Nos fins dos anos 1990, foi criado o Curso de amorosidade à luz do espírito imortal, do qual todos participaram antes de renascer. A utilidade desse curso ampliou-se com tanta rapidez e variações, que foram criadas várias escolas inspiradas nessa proposta, sob a inspiração e a didática do nosso diretor e educador, Eurípedes Barsanulfo.

Inclusive, muitos encarnados começaram a reciclar conceitos ao frequentarem essas escolas durante o desdobramento pelo sono. Há turmas específicas para esse fim. Outros, com mais idade, porém abertos a essa amorosidade nas relações, igualmente frequentam esses cursos. O índice de frequência varia entre 20% e 30% de presença dos que são matriculados. Este assunto já foi alvo dos estudos da nossa querida Ermance Dufaux.(2)

O curso é muito disputado pelos encarnados e as vagas são preenchidas somente por pessoas que apresentam assiduidade(3) no seu processo de educação emocional e sensibilidade para a proposta renovadora da humanidade: um planeta com mais coração!

Participar do curso requer responsabilidade acentuada e costuma causar fortes emoções em quem absorve as orientações e realiza os tratamentos. Ao regressarem ao corpo, após cada aula, os alunos não são mais os mesmos. 

É óbvio que se espera que sejam sempre melhores.

Nosso objetivo prioritário, nesta obra, é chamar a atenção para o tema considerado o mais urgente em assuntos de espiritualização humana: a amorosidade como expressão plena de maturidade espiritual. Ermance Dufaux organizou os textos que sintetizam parcialmente o referido curso do Hospital Esperança. Poderíamos dizer que menos de 10% dos conteúdos são aqui apresentados, cujo fim maior é a formação de oficinas edificantes nos grupos de espiritualização desejosos de discutir e expandir as qualidades do amor em suas vidas.

Ficaremos gratos e felizes se colaborarmos para abrir as portas das casas de espiritualização, para que haja uma conduta humanizada e amável em seus projetos de esclarecimento e formação. Destacamos aqui, de forma acentuada e urgente, as agremiações espíritas.

Para nós, a amorosidade é o melhor termômetro do amadurecimento espiritual e o caminho para uma Terra mais justa e benevolente. Que Jesus, o Pastor amoroso e terno, nos guie os propósitos sinceros.


Maria Modesto Cravo

Belo Horizonte, abril de 2018



(1) Hospital Esperança – O Hospital Esperança é uma obra de amor erguida por Eurípedes Barsanulfo no mundo espiritual. Seu objetivo é amparar os seguidores de Jesus que se deparam com aflições e culpas conscienciais após o desencarne. Informações mais detalhadas sobre o hospital podem ser encontradas no livro Lírios de esperança, obra de autoria espiritual de Ermance Dufaux, psicografado por Wanderley Oliveira, Editora Dufaux.

(2) Livro Um terço da vida, autoria espiritual de Ermance Dufaux, psicografado por Wanderley Oliveira - Editora Dufaux.

(3) Mesmo estando compromissados com a reforma íntima, o índice de frequência variando entre 20% e 30% de presença dos que são matriculados é muito baixo, mostrando a dificuldade que o espirito encarnado tem para se manter nos propósitos de estudo durante a emancipação pelo sono físico.


Fonte: Amorosidade: a cura da ferida do abandono


Maria Modesto Cravo nasceu na cidade de Uberaba-MG, em 1899.

Teve formação católica e casou-se aos 17 anos com Nestor Cravo fixando residência em Belo Horizonte onde nasceram os seis filhos do casal.

Sentindo os primeiros fenômenos de desiquilíbrio físico-mental em sua esposa, seu marido recebeu orientação para que levasse sua esposa ao encontro de Eurípedes Barsanulfo, na cidade de Sacramento-MG.

Lá, Eurípedes, constatando a existência de suas faculdades mediunicas, submete-a de imediato a tratamento físico-espiritual  através da fluidoterapia pois seu organismo achava-se muito debilitado, em função de grave quadro obsessivo.

Em poucos dias, Maria Modesto apresentava significativa melhora, sendo convidada a trabalhar na equipe mediúnica. Passado pouco tempo, já recuperada, Maria Modesto é orientada por Eurípedes Barsanulfo a mudar-se para Uberaba para desenvolver  importante trabalho espiritual a que já estava destinada.  

Em janeiro de 1919, funda com outros abnegados servidores, o Ponto Bezerra de Menezes, onde passa a servir a enfermos e necessitados. Surge assim, oficialmente, o primeiro núcleo do Espiritismo aberto ao público em Uberaba.

A sua assistência não se limitaria ao intercâmbio espiritual. Em 1922 inicia a realização do Natal dos Pobres, beneficiando os necessitados que ali buscavam o amparo, além da assistência prestada aos cegos, presidiários e outras instituições.

No Ponto, recebe do Dr. Bezerra de Menezes (1831/1900) a incumbência  de criar uma nova instituição, o Sanatório Espírita de Uberaba. A planta arquitetônica do Sanatório é recebida mediunicamente por Maria Modesto.

Em 1928, a pedra fundamental é lançada pelo presidente do Centro Espírita Uberabense, médico sanitarista Henrique von Krugger Schroeder.

Em 1933 o Sanatório é inaugurado, sendo contratado para o cargo de primeiro diretor clínico,  Dr. Inácio Ferreira, jovem psiquiatra formado pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Junto ao Sanatório Espírita, o trabalho de Maria Modesto foi constante, tendo a benfeitora encontrado ainda tempo para auxiliar na fundação da União da Mocidade Espírita de Uberaba (UMEU) e do Lar Espírita para Moças em 1949, este juntamente com o Dr. Inácio que doa o terreno.

É importante lembrar que Chico Xavier, quando ainda morador de Pedro Leopoldo, costumava vir a Uberaba à serviço para participar anualmente da Exposição Agropecuária. Nessas oportunidades era sempre acolhido por Dona Modesta que o levava para participar das atividades do Centro Espírita Uberabense e às sessões noturnas no Sanatório Espírita.

Dona Modesta, como era carinhosamente chamada, considerada a Grande Dama da Caridade de Uberaba, manteve durante toda a sua vida incansável trabalho em prol de todos os necessitados da região. 

Em julho de 1963, já com sérios problemas de saúde, transfere-se para Belo Horizonte, onde vem a falecer em 1964, após prolongada enfermidade.



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